"Sanções não trazem a paz", afirma Jerônimo de Sousa, secretário-geral do PCP

O Partido Comunista Português (PCP) afirmou que as sanções impostas pelos Estados Unidos, e seguidas pelos países europeus, contra a Rússia piora “as condições de vida do povo português” enquanto favorece o “lucro das multinacionais do petróleo”, e exigiu seu fim.

Após reunião do Comitê Central, o PCP divulgou uma nota denunciando que “o crescente agravamento da situação e das condições de vida dos trabalhadores e do povo é também da responsabilidade daqueles que apoiam a escalada da guerra e a espiral de sanções”.

Para o partido, “o aumento dos preços dos combustíveis é escandaloso” e o governo português precisa tomar “acabar com o apoio às sanções e exigir que elas acabem”.

Diversas sanções foram impostas pelos Estados Unidos e seus aliados contra a Rússia numa suposta tentativa de impedir com que a guerra se prolongasse. A Rússia foi, por exemplo, excluída do sistema de pagamentos Swift e teve seu petróleo sancionado pela União Europeia.

A tentativa de exclusão da Rússia do mercado internacional tem feito com que o preço de diversas mercadorias, como do petróleo, esteja subindo, o que piora as condições de vida nos países dependentes.

Segundo o PCP, “alguém está a ganhar com as sanções e não é o povo português, nem os trabalhadores, os pequenos e médios agricultores, empresários ou pescadores”.

“Basta de dar apoio a este escandaloso roubo!”, exigiu o partido.

Ainda de acordo com a nota, a “profunda dependência externa” de Portugal faz com que o país esteja vulnerável em caso de “novas quebras nas cadeias de abastecimento à escala mundial”.

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, foi questionado se o fim das sanções não poderia endossar a posição da Rússia na guerra na Ucrânia. “Não sei como isso pode defender os interesses da Rússia quando estamos aqui falando da defesa dos interesses dos trabalhadores portugueses e do povo português. É isso que nos inquieta”, respondeu o líder comunista.

Estônia

A primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas, disse que “está cada vez mais difícil alcançar a unidade dos países da União Europeia no que se refere à operação especial russa na Ucrânia devido às consequências das sanções contra Moscou”.

“Estamos em um ponto em que as sanções começam a ferir o nosso lado. No início as sanções eram difíceis apenas para a Rússia, mas agora estamos chegando a um ponto em que as sanções são dolorosas para os nossos próprios países, e agora a questão é quanta dor estamos dispostos a suportar”, acrescentou.

A inflação média, no acumulado de 12 meses, da zona do euro foi de 8,1% em maio. No Reino Unido a taxa se manteve nos 9%. A Estônia, no entanto, registrou o valor mais elevado no bloco continental com 20%. Na Alemanha, a inflação atingiu 7,9% e é a maior desde 1974.

Zhao Lijian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, sublinhou que “os fatos já mostraram que a pressão das sanções não facilita a solução da crise ucraniana. As sanções indiscriminadas impostas contra a Rússia por alguns países não aliviaram a situação na Ucrânia e, em vez disso, a Europa e o mundo pagarão um alto preço por elas”.