PC da China celebra centenário sob legado do enriquecimento da nação
Data: 30/06/2021
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O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)
Nesse período de resistência a Chiang Kai-shek ela destaca, com carinho acadêmico, a participação das mulheres. Christine fez um relato da história da mobilização do PCCh para construir essa resistência às invasões brutais e repressivas até antes de 1949, quando começa a reforma agrária, que melhora a vida camponesa e financia a industrialização nos anos 1950.
Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)
Ela considera original o fato da revolução ter se apoiado na maioria camponesa, já que o movimento proletário foi completamente esmagado. Foi assim que foi possível superar, “para dizer claramente, o narcotráfico que as potências ocidentais organizaram para derrubar a China”.
Nesse período de resistência a Chiang Kai-shek ela destaca, com carinho acadêmico, a participação das mulheres. Christine fez um relato da história da mobilização do PCCh para construir essa resistência às invasões brutais e repressivas até antes de 1949, quando começa a reforma agrária, que melhora a vida camponesa e financia a industrialização nos anos 1950.
Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)
Ela prestou sua homenagem aos “jovens corajosos” que, de 1921 a 1949 tomaram a “decisão perigosa e ousada” de apostar num futuro emancipado para a China. Ele considera que houve um enorme espírito de sacrifício desses militantes comunistas num período muito longo de repressão, que tornou a empreitada quase improvável e praticamente impossível.
Ela considera original o fato da revolução ter se apoiado na maioria camponesa, já que o movimento proletário foi completamente esmagado. Foi assim que foi possível superar, “para dizer claramente, o narcotráfico que as potências ocidentais organizaram para derrubar a China”.
Nesse período de resistência a Chiang Kai-shek ela destaca, com carinho acadêmico, a participação das mulheres. Christine fez um relato da história da mobilização do PCCh para construir essa resistência às invasões brutais e repressivas até antes de 1949, quando começa a reforma agrária, que melhora a vida camponesa e financia a industrialização nos anos 1950.
Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)
A professora Christine Dabat, do Departamento de História da UFPE, defende que o Brasil precisa desenvolver sua própria cinologia (seu ponto de vista especializado sobre a China), para não depender de interpretações de outros países.
Ela prestou sua homenagem aos “jovens corajosos” que, de 1921 a 1949 tomaram a “decisão perigosa e ousada” de apostar num futuro emancipado para a China. Ele considera que houve um enorme espírito de sacrifício desses militantes comunistas num período muito longo de repressão, que tornou a empreitada quase improvável e praticamente impossível.
Ela considera original o fato da revolução ter se apoiado na maioria camponesa, já que o movimento proletário foi completamente esmagado. Foi assim que foi possível superar, “para dizer claramente, o narcotráfico que as potências ocidentais organizaram para derrubar a China”.
Nesse período de resistência a Chiang Kai-shek ela destaca, com carinho acadêmico, a participação das mulheres. Christine fez um relato da história da mobilização do PCCh para construir essa resistência às invasões brutais e repressivas até antes de 1949, quando começa a reforma agrária, que melhora a vida camponesa e financia a industrialização nos anos 1950.
Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)
A professora Christine Dabat, do Departamento de História da UFPE, defende que o Brasil precisa desenvolver sua própria cinologia (seu ponto de vista especializado sobre a China), para não depender de interpretações de outros países.
Ela prestou sua homenagem aos “jovens corajosos” que, de 1921 a 1949 tomaram a “decisão perigosa e ousada” de apostar num futuro emancipado para a China. Ele considera que houve um enorme espírito de sacrifício desses militantes comunistas num período muito longo de repressão, que tornou a empreitada quase improvável e praticamente impossível.
Ela considera original o fato da revolução ter se apoiado na maioria camponesa, já que o movimento proletário foi completamente esmagado. Foi assim que foi possível superar, “para dizer claramente, o narcotráfico que as potências ocidentais organizaram para derrubar a China”.
Nesse período de resistência a Chiang Kai-shek ela destaca, com carinho acadêmico, a participação das mulheres. Christine fez um relato da história da mobilização do PCCh para construir essa resistência às invasões brutais e repressivas até antes de 1949, quando começa a reforma agrária, que melhora a vida camponesa e financia a industrialização nos anos 1950.
Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)
O Brasil é o único país da América Latina com voos diretos para a China, assim como a China é parceiro importante na infraestrutura do Brasil, seja na mineração, na agricultura, na infraestrutura de hidrelétricas, aeroportos, portos, linhas elétricas e concessão de portos. “O comércio bilateral ultrapassou US$ 100 bi e nunca desceu. A China é o maior país destino de exportações brasileiras, com mais de 30% e grande destino de investimentos diretos chineses”.
A professora Christine Dabat, do Departamento de História da UFPE, defende que o Brasil precisa desenvolver sua própria cinologia (seu ponto de vista especializado sobre a China), para não depender de interpretações de outros países.
Ela prestou sua homenagem aos “jovens corajosos” que, de 1921 a 1949 tomaram a “decisão perigosa e ousada” de apostar num futuro emancipado para a China. Ele considera que houve um enorme espírito de sacrifício desses militantes comunistas num período muito longo de repressão, que tornou a empreitada quase improvável e praticamente impossível.
Ela considera original o fato da revolução ter se apoiado na maioria camponesa, já que o movimento proletário foi completamente esmagado. Foi assim que foi possível superar, “para dizer claramente, o narcotráfico que as potências ocidentais organizaram para derrubar a China”.
Nesse período de resistência a Chiang Kai-shek ela destaca, com carinho acadêmico, a participação das mulheres. Christine fez um relato da história da mobilização do PCCh para construir essa resistência às invasões brutais e repressivas até antes de 1949, quando começa a reforma agrária, que melhora a vida camponesa e financia a industrialização nos anos 1950.
Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)
A iniciativa de Cinturão e Nova Rota da Seda também tornam-se um desafio monumental para a estratégia do país. Discutem-se 128 medidas envolvendo defesa, economia, política, cultura e meio ambiente, entre outras. Ele diz que, mesmo não assinando a iniciativa chinesa, o Brasil como maior país da América Latina com participação ativa na governança global, é parceiro estratégico. Ele citou inúmeros mecanismos de diálogos bilaterais e multilaterais entre Brasil e China.
O Brasil é o único país da América Latina com voos diretos para a China, assim como a China é parceiro importante na infraestrutura do Brasil, seja na mineração, na agricultura, na infraestrutura de hidrelétricas, aeroportos, portos, linhas elétricas e concessão de portos. “O comércio bilateral ultrapassou US$ 100 bi e nunca desceu. A China é o maior país destino de exportações brasileiras, com mais de 30% e grande destino de investimentos diretos chineses”.
A professora Christine Dabat, do Departamento de História da UFPE, defende que o Brasil precisa desenvolver sua própria cinologia (seu ponto de vista especializado sobre a China), para não depender de interpretações de outros países.
Ela prestou sua homenagem aos “jovens corajosos” que, de 1921 a 1949 tomaram a “decisão perigosa e ousada” de apostar num futuro emancipado para a China. Ele considera que houve um enorme espírito de sacrifício desses militantes comunistas num período muito longo de repressão, que tornou a empreitada quase improvável e praticamente impossível.
Ela considera original o fato da revolução ter se apoiado na maioria camponesa, já que o movimento proletário foi completamente esmagado. Foi assim que foi possível superar, “para dizer claramente, o narcotráfico que as potências ocidentais organizaram para derrubar a China”.
Nesse período de resistência a Chiang Kai-shek ela destaca, com carinho acadêmico, a participação das mulheres. Christine fez um relato da história da mobilização do PCCh para construir essa resistência às invasões brutais e repressivas até antes de 1949, quando começa a reforma agrária, que melhora a vida camponesa e financia a industrialização nos anos 1950.
Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)
Ele ressaltou como o marxismo está na base das reformas da estrutura e do socialismo chinês, “mas ajustado para a cultura, afazeres e hábitos chineses”. “A China está numa nova etapa em que se pergunta de qual governança precisa para resolver as contradições que aparecem nesse momento para não aumentar a desigualdade”, salienta, mostrando que o PCCh se preocupa em desenvolver uma estrutura eficiente que resolva os problemas que surgem, que modernize a governança chinesa no partido para as reformas.
A iniciativa de Cinturão e Nova Rota da Seda também tornam-se um desafio monumental para a estratégia do país. Discutem-se 128 medidas envolvendo defesa, economia, política, cultura e meio ambiente, entre outras. Ele diz que, mesmo não assinando a iniciativa chinesa, o Brasil como maior país da América Latina com participação ativa na governança global, é parceiro estratégico. Ele citou inúmeros mecanismos de diálogos bilaterais e multilaterais entre Brasil e China.
O Brasil é o único país da América Latina com voos diretos para a China, assim como a China é parceiro importante na infraestrutura do Brasil, seja na mineração, na agricultura, na infraestrutura de hidrelétricas, aeroportos, portos, linhas elétricas e concessão de portos. “O comércio bilateral ultrapassou US$ 100 bi e nunca desceu. A China é o maior país destino de exportações brasileiras, com mais de 30% e grande destino de investimentos diretos chineses”.
A professora Christine Dabat, do Departamento de História da UFPE, defende que o Brasil precisa desenvolver sua própria cinologia (seu ponto de vista especializado sobre a China), para não depender de interpretações de outros países.
Ela prestou sua homenagem aos “jovens corajosos” que, de 1921 a 1949 tomaram a “decisão perigosa e ousada” de apostar num futuro emancipado para a China. Ele considera que houve um enorme espírito de sacrifício desses militantes comunistas num período muito longo de repressão, que tornou a empreitada quase improvável e praticamente impossível.
Ela considera original o fato da revolução ter se apoiado na maioria camponesa, já que o movimento proletário foi completamente esmagado. Foi assim que foi possível superar, “para dizer claramente, o narcotráfico que as potências ocidentais organizaram para derrubar a China”.
Nesse período de resistência a Chiang Kai-shek ela destaca, com carinho acadêmico, a participação das mulheres. Christine fez um relato da história da mobilização do PCCh para construir essa resistência às invasões brutais e repressivas até antes de 1949, quando começa a reforma agrária, que melhora a vida camponesa e financia a industrialização nos anos 1950.
Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)Zhou Zhiwei, diretor-executivo do Centro de Pesquisa do Brasil do Instituto Latino-Americano na Academia Chinesa de Ciências Sociais, destaca o salta de US$ 23 de PIB per capita dos chineses na década de 1940 para US$ 10 mil dólares, hoje. “A China era um país castigado pelo imperialismo, feudalismo e colonialismo e conseguiu emancipação e êxitos impressionantes, sempre orientado pelo marxismo leninismo, colocando os trabalhadores sempre em primeiro lugar”, declarou.
Ele ressaltou como o marxismo está na base das reformas da estrutura e do socialismo chinês, “mas ajustado para a cultura, afazeres e hábitos chineses”. “A China está numa nova etapa em que se pergunta de qual governança precisa para resolver as contradições que aparecem nesse momento para não aumentar a desigualdade”, salienta, mostrando que o PCCh se preocupa em desenvolver uma estrutura eficiente que resolva os problemas que surgem, que modernize a governança chinesa no partido para as reformas.
A iniciativa de Cinturão e Nova Rota da Seda também tornam-se um desafio monumental para a estratégia do país. Discutem-se 128 medidas envolvendo defesa, economia, política, cultura e meio ambiente, entre outras. Ele diz que, mesmo não assinando a iniciativa chinesa, o Brasil como maior país da América Latina com participação ativa na governança global, é parceiro estratégico. Ele citou inúmeros mecanismos de diálogos bilaterais e multilaterais entre Brasil e China.
O Brasil é o único país da América Latina com voos diretos para a China, assim como a China é parceiro importante na infraestrutura do Brasil, seja na mineração, na agricultura, na infraestrutura de hidrelétricas, aeroportos, portos, linhas elétricas e concessão de portos. “O comércio bilateral ultrapassou US$ 100 bi e nunca desceu. A China é o maior país destino de exportações brasileiras, com mais de 30% e grande destino de investimentos diretos chineses”.
A professora Christine Dabat, do Departamento de História da UFPE, defende que o Brasil precisa desenvolver sua própria cinologia (seu ponto de vista especializado sobre a China), para não depender de interpretações de outros países.
Ela prestou sua homenagem aos “jovens corajosos” que, de 1921 a 1949 tomaram a “decisão perigosa e ousada” de apostar num futuro emancipado para a China. Ele considera que houve um enorme espírito de sacrifício desses militantes comunistas num período muito longo de repressão, que tornou a empreitada quase improvável e praticamente impossível.
Ela considera original o fato da revolução ter se apoiado na maioria camponesa, já que o movimento proletário foi completamente esmagado. Foi assim que foi possível superar, “para dizer claramente, o narcotráfico que as potências ocidentais organizaram para derrubar a China”.
Nesse período de resistência a Chiang Kai-shek ela destaca, com carinho acadêmico, a participação das mulheres. Christine fez um relato da história da mobilização do PCCh para construir essa resistência às invasões brutais e repressivas até antes de 1949, quando começa a reforma agrária, que melhora a vida camponesa e financia a industrialização nos anos 1950.
Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)
O diálogo histórico entre os países foi de mão dupla, conforme o desenvolvimento brasileiro inédito entre 1930 e 1978 também foi fonte para a China compreender seu potencial. Ela terminou homenageando Haroldo Lima, recentemente falecido em decorrência da covid-19, que tinha uma relação interessada com a China. “A distância do estado brasileiro da experiência chinesa se aprofunda, conforme fica mais evidente a tragédia em que o Brasil mergulha, ao avançar em pobreza e desigualdade e deixar sua população à mercê de um vírus”, observa.
Zhou Zhiwei, diretor-executivo do Centro de Pesquisa do Brasil do Instituto Latino-Americano na Academia Chinesa de Ciências Sociais, destaca o salta de US$ 23 de PIB per capita dos chineses na década de 1940 para US$ 10 mil dólares, hoje. “A China era um país castigado pelo imperialismo, feudalismo e colonialismo e conseguiu emancipação e êxitos impressionantes, sempre orientado pelo marxismo leninismo, colocando os trabalhadores sempre em primeiro lugar”, declarou.
Ele ressaltou como o marxismo está na base das reformas da estrutura e do socialismo chinês, “mas ajustado para a cultura, afazeres e hábitos chineses”. “A China está numa nova etapa em que se pergunta de qual governança precisa para resolver as contradições que aparecem nesse momento para não aumentar a desigualdade”, salienta, mostrando que o PCCh se preocupa em desenvolver uma estrutura eficiente que resolva os problemas que surgem, que modernize a governança chinesa no partido para as reformas.
A iniciativa de Cinturão e Nova Rota da Seda também tornam-se um desafio monumental para a estratégia do país. Discutem-se 128 medidas envolvendo defesa, economia, política, cultura e meio ambiente, entre outras. Ele diz que, mesmo não assinando a iniciativa chinesa, o Brasil como maior país da América Latina com participação ativa na governança global, é parceiro estratégico. Ele citou inúmeros mecanismos de diálogos bilaterais e multilaterais entre Brasil e China.
O Brasil é o único país da América Latina com voos diretos para a China, assim como a China é parceiro importante na infraestrutura do Brasil, seja na mineração, na agricultura, na infraestrutura de hidrelétricas, aeroportos, portos, linhas elétricas e concessão de portos. “O comércio bilateral ultrapassou US$ 100 bi e nunca desceu. A China é o maior país destino de exportações brasileiras, com mais de 30% e grande destino de investimentos diretos chineses”.
A professora Christine Dabat, do Departamento de História da UFPE, defende que o Brasil precisa desenvolver sua própria cinologia (seu ponto de vista especializado sobre a China), para não depender de interpretações de outros países.
Ela prestou sua homenagem aos “jovens corajosos” que, de 1921 a 1949 tomaram a “decisão perigosa e ousada” de apostar num futuro emancipado para a China. Ele considera que houve um enorme espírito de sacrifício desses militantes comunistas num período muito longo de repressão, que tornou a empreitada quase improvável e praticamente impossível.
Ela considera original o fato da revolução ter se apoiado na maioria camponesa, já que o movimento proletário foi completamente esmagado. Foi assim que foi possível superar, “para dizer claramente, o narcotráfico que as potências ocidentais organizaram para derrubar a China”.
Nesse período de resistência a Chiang Kai-shek ela destaca, com carinho acadêmico, a participação das mulheres. Christine fez um relato da história da mobilização do PCCh para construir essa resistência às invasões brutais e repressivas até antes de 1949, quando começa a reforma agrária, que melhora a vida camponesa e financia a industrialização nos anos 1950.
Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)
“Prestes esteve na China para comemorar os dez anos da revolução”, relatou ela. A virada dos anos 1950 na China foi paralela ao enfrentamento no Brasil, pelos comunistas, de poderosas forças do atraso. “A ditadura militar exigiu muito dos comunistas em buscar a melhor forma de defender seu povo e achar meios de sobreviver física e ideologicamente à clandestinidade, à ilegalidade, à perseguição, às mortes e à tortura”, destacou, citando ainda a Carta de Krushev, que causou abalos ideológicos no movimento comunista internacional.
O diálogo histórico entre os países foi de mão dupla, conforme o desenvolvimento brasileiro inédito entre 1930 e 1978 também foi fonte para a China compreender seu potencial. Ela terminou homenageando Haroldo Lima, recentemente falecido em decorrência da covid-19, que tinha uma relação interessada com a China. “A distância do estado brasileiro da experiência chinesa se aprofunda, conforme fica mais evidente a tragédia em que o Brasil mergulha, ao avançar em pobreza e desigualdade e deixar sua população à mercê de um vírus”, observa.
Zhou Zhiwei, diretor-executivo do Centro de Pesquisa do Brasil do Instituto Latino-Americano na Academia Chinesa de Ciências Sociais, destaca o salta de US$ 23 de PIB per capita dos chineses na década de 1940 para US$ 10 mil dólares, hoje. “A China era um país castigado pelo imperialismo, feudalismo e colonialismo e conseguiu emancipação e êxitos impressionantes, sempre orientado pelo marxismo leninismo, colocando os trabalhadores sempre em primeiro lugar”, declarou.
Ele ressaltou como o marxismo está na base das reformas da estrutura e do socialismo chinês, “mas ajustado para a cultura, afazeres e hábitos chineses”. “A China está numa nova etapa em que se pergunta de qual governança precisa para resolver as contradições que aparecem nesse momento para não aumentar a desigualdade”, salienta, mostrando que o PCCh se preocupa em desenvolver uma estrutura eficiente que resolva os problemas que surgem, que modernize a governança chinesa no partido para as reformas.
A iniciativa de Cinturão e Nova Rota da Seda também tornam-se um desafio monumental para a estratégia do país. Discutem-se 128 medidas envolvendo defesa, economia, política, cultura e meio ambiente, entre outras. Ele diz que, mesmo não assinando a iniciativa chinesa, o Brasil como maior país da América Latina com participação ativa na governança global, é parceiro estratégico. Ele citou inúmeros mecanismos de diálogos bilaterais e multilaterais entre Brasil e China.
O Brasil é o único país da América Latina com voos diretos para a China, assim como a China é parceiro importante na infraestrutura do Brasil, seja na mineração, na agricultura, na infraestrutura de hidrelétricas, aeroportos, portos, linhas elétricas e concessão de portos. “O comércio bilateral ultrapassou US$ 100 bi e nunca desceu. A China é o maior país destino de exportações brasileiras, com mais de 30% e grande destino de investimentos diretos chineses”.
A professora Christine Dabat, do Departamento de História da UFPE, defende que o Brasil precisa desenvolver sua própria cinologia (seu ponto de vista especializado sobre a China), para não depender de interpretações de outros países.
Ela prestou sua homenagem aos “jovens corajosos” que, de 1921 a 1949 tomaram a “decisão perigosa e ousada” de apostar num futuro emancipado para a China. Ele considera que houve um enorme espírito de sacrifício desses militantes comunistas num período muito longo de repressão, que tornou a empreitada quase improvável e praticamente impossível.
Ela considera original o fato da revolução ter se apoiado na maioria camponesa, já que o movimento proletário foi completamente esmagado. Foi assim que foi possível superar, “para dizer claramente, o narcotráfico que as potências ocidentais organizaram para derrubar a China”.
Nesse período de resistência a Chiang Kai-shek ela destaca, com carinho acadêmico, a participação das mulheres. Christine fez um relato da história da mobilização do PCCh para construir essa resistência às invasões brutais e repressivas até antes de 1949, quando começa a reforma agrária, que melhora a vida camponesa e financia a industrialização nos anos 1950.
Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)Ana Prestes resgatou similaridades entre o surgimento dos partidos comunistas no Brasil e na China, a partir de uma trajetória que remete à sua linhagem familiar. A modernização brasileira tem raízes no movimento tenentista e na espetacular Coluna Prestes, iniciada por seu avô Luiz Carlos Prestes, que se tornou um dos mais proeminentes líderes comunistas do mundo. Ela mostra que, desde os anos 1920, já havia uma intersecção entre as trajetórias dos dois partidos.
“Prestes esteve na China para comemorar os dez anos da revolução”, relatou ela. A virada dos anos 1950 na China foi paralela ao enfrentamento no Brasil, pelos comunistas, de poderosas forças do atraso. “A ditadura militar exigiu muito dos comunistas em buscar a melhor forma de defender seu povo e achar meios de sobreviver física e ideologicamente à clandestinidade, à ilegalidade, à perseguição, às mortes e à tortura”, destacou, citando ainda a Carta de Krushev, que causou abalos ideológicos no movimento comunista internacional.
O diálogo histórico entre os países foi de mão dupla, conforme o desenvolvimento brasileiro inédito entre 1930 e 1978 também foi fonte para a China compreender seu potencial. Ela terminou homenageando Haroldo Lima, recentemente falecido em decorrência da covid-19, que tinha uma relação interessada com a China. “A distância do estado brasileiro da experiência chinesa se aprofunda, conforme fica mais evidente a tragédia em que o Brasil mergulha, ao avançar em pobreza e desigualdade e deixar sua população à mercê de um vírus”, observa.
Zhou Zhiwei, diretor-executivo do Centro de Pesquisa do Brasil do Instituto Latino-Americano na Academia Chinesa de Ciências Sociais, destaca o salta de US$ 23 de PIB per capita dos chineses na década de 1940 para US$ 10 mil dólares, hoje. “A China era um país castigado pelo imperialismo, feudalismo e colonialismo e conseguiu emancipação e êxitos impressionantes, sempre orientado pelo marxismo leninismo, colocando os trabalhadores sempre em primeiro lugar”, declarou.
Ele ressaltou como o marxismo está na base das reformas da estrutura e do socialismo chinês, “mas ajustado para a cultura, afazeres e hábitos chineses”. “A China está numa nova etapa em que se pergunta de qual governança precisa para resolver as contradições que aparecem nesse momento para não aumentar a desigualdade”, salienta, mostrando que o PCCh se preocupa em desenvolver uma estrutura eficiente que resolva os problemas que surgem, que modernize a governança chinesa no partido para as reformas.
A iniciativa de Cinturão e Nova Rota da Seda também tornam-se um desafio monumental para a estratégia do país. Discutem-se 128 medidas envolvendo defesa, economia, política, cultura e meio ambiente, entre outras. Ele diz que, mesmo não assinando a iniciativa chinesa, o Brasil como maior país da América Latina com participação ativa na governança global, é parceiro estratégico. Ele citou inúmeros mecanismos de diálogos bilaterais e multilaterais entre Brasil e China.
O Brasil é o único país da América Latina com voos diretos para a China, assim como a China é parceiro importante na infraestrutura do Brasil, seja na mineração, na agricultura, na infraestrutura de hidrelétricas, aeroportos, portos, linhas elétricas e concessão de portos. “O comércio bilateral ultrapassou US$ 100 bi e nunca desceu. A China é o maior país destino de exportações brasileiras, com mais de 30% e grande destino de investimentos diretos chineses”.
A professora Christine Dabat, do Departamento de História da UFPE, defende que o Brasil precisa desenvolver sua própria cinologia (seu ponto de vista especializado sobre a China), para não depender de interpretações de outros países.
Ela prestou sua homenagem aos “jovens corajosos” que, de 1921 a 1949 tomaram a “decisão perigosa e ousada” de apostar num futuro emancipado para a China. Ele considera que houve um enorme espírito de sacrifício desses militantes comunistas num período muito longo de repressão, que tornou a empreitada quase improvável e praticamente impossível.
Ela considera original o fato da revolução ter se apoiado na maioria camponesa, já que o movimento proletário foi completamente esmagado. Foi assim que foi possível superar, “para dizer claramente, o narcotráfico que as potências ocidentais organizaram para derrubar a China”.
Nesse período de resistência a Chiang Kai-shek ela destaca, com carinho acadêmico, a participação das mulheres. Christine fez um relato da história da mobilização do PCCh para construir essa resistência às invasões brutais e repressivas até antes de 1949, quando começa a reforma agrária, que melhora a vida camponesa e financia a industrialização nos anos 1950.
Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)
Ana Prestes resgatou similaridades entre o surgimento dos partidos comunistas no Brasil e na China, a partir de uma trajetória que remete à sua linhagem familiar. A modernização brasileira tem raízes no movimento tenentista e na espetacular Coluna Prestes, iniciada por seu avô Luiz Carlos Prestes, que se tornou um dos mais proeminentes líderes comunistas do mundo. Ela mostra que, desde os anos 1920, já havia uma intersecção entre as trajetórias dos dois partidos.
“Prestes esteve na China para comemorar os dez anos da revolução”, relatou ela. A virada dos anos 1950 na China foi paralela ao enfrentamento no Brasil, pelos comunistas, de poderosas forças do atraso. “A ditadura militar exigiu muito dos comunistas em buscar a melhor forma de defender seu povo e achar meios de sobreviver física e ideologicamente à clandestinidade, à ilegalidade, à perseguição, às mortes e à tortura”, destacou, citando ainda a Carta de Krushev, que causou abalos ideológicos no movimento comunista internacional.
O diálogo histórico entre os países foi de mão dupla, conforme o desenvolvimento brasileiro inédito entre 1930 e 1978 também foi fonte para a China compreender seu potencial. Ela terminou homenageando Haroldo Lima, recentemente falecido em decorrência da covid-19, que tinha uma relação interessada com a China. “A distância do estado brasileiro da experiência chinesa se aprofunda, conforme fica mais evidente a tragédia em que o Brasil mergulha, ao avançar em pobreza e desigualdade e deixar sua população à mercê de um vírus”, observa.
Zhou Zhiwei, diretor-executivo do Centro de Pesquisa do Brasil do Instituto Latino-Americano na Academia Chinesa de Ciências Sociais, destaca o salta de US$ 23 de PIB per capita dos chineses na década de 1940 para US$ 10 mil dólares, hoje. “A China era um país castigado pelo imperialismo, feudalismo e colonialismo e conseguiu emancipação e êxitos impressionantes, sempre orientado pelo marxismo leninismo, colocando os trabalhadores sempre em primeiro lugar”, declarou.
Ele ressaltou como o marxismo está na base das reformas da estrutura e do socialismo chinês, “mas ajustado para a cultura, afazeres e hábitos chineses”. “A China está numa nova etapa em que se pergunta de qual governança precisa para resolver as contradições que aparecem nesse momento para não aumentar a desigualdade”, salienta, mostrando que o PCCh se preocupa em desenvolver uma estrutura eficiente que resolva os problemas que surgem, que modernize a governança chinesa no partido para as reformas.
A iniciativa de Cinturão e Nova Rota da Seda também tornam-se um desafio monumental para a estratégia do país. Discutem-se 128 medidas envolvendo defesa, economia, política, cultura e meio ambiente, entre outras. Ele diz que, mesmo não assinando a iniciativa chinesa, o Brasil como maior país da América Latina com participação ativa na governança global, é parceiro estratégico. Ele citou inúmeros mecanismos de diálogos bilaterais e multilaterais entre Brasil e China.
O Brasil é o único país da América Latina com voos diretos para a China, assim como a China é parceiro importante na infraestrutura do Brasil, seja na mineração, na agricultura, na infraestrutura de hidrelétricas, aeroportos, portos, linhas elétricas e concessão de portos. “O comércio bilateral ultrapassou US$ 100 bi e nunca desceu. A China é o maior país destino de exportações brasileiras, com mais de 30% e grande destino de investimentos diretos chineses”.
A professora Christine Dabat, do Departamento de História da UFPE, defende que o Brasil precisa desenvolver sua própria cinologia (seu ponto de vista especializado sobre a China), para não depender de interpretações de outros países.
Ela prestou sua homenagem aos “jovens corajosos” que, de 1921 a 1949 tomaram a “decisão perigosa e ousada” de apostar num futuro emancipado para a China. Ele considera que houve um enorme espírito de sacrifício desses militantes comunistas num período muito longo de repressão, que tornou a empreitada quase improvável e praticamente impossível.
Ela considera original o fato da revolução ter se apoiado na maioria camponesa, já que o movimento proletário foi completamente esmagado. Foi assim que foi possível superar, “para dizer claramente, o narcotráfico que as potências ocidentais organizaram para derrubar a China”.
Nesse período de resistência a Chiang Kai-shek ela destaca, com carinho acadêmico, a participação das mulheres. Christine fez um relato da história da mobilização do PCCh para construir essa resistência às invasões brutais e repressivas até antes de 1949, quando começa a reforma agrária, que melhora a vida camponesa e financia a industrialização nos anos 1950.
Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)
Ele mencionou o modo como nas décadas de 1970 e 1980, ambos os países passam por transformações profundas. “Apesar de sua dimensão, Brasil e China não têm muita força na governança mundial, ou voz na participação mundial. Precisamos melhorar nossa capacidade de contar nossas historias”, disse, apontando para a necessidade de fortalecer mecanismos de estudo e pesquisa sino-brasileira. O centro de pesquisa específico para estudos da China na FGV e o Instituto Confúcio, são janelas de conhecimento importantes, na opinião dele.
Ana Prestes resgatou similaridades entre o surgimento dos partidos comunistas no Brasil e na China, a partir de uma trajetória que remete à sua linhagem familiar. A modernização brasileira tem raízes no movimento tenentista e na espetacular Coluna Prestes, iniciada por seu avô Luiz Carlos Prestes, que se tornou um dos mais proeminentes líderes comunistas do mundo. Ela mostra que, desde os anos 1920, já havia uma intersecção entre as trajetórias dos dois partidos.
“Prestes esteve na China para comemorar os dez anos da revolução”, relatou ela. A virada dos anos 1950 na China foi paralela ao enfrentamento no Brasil, pelos comunistas, de poderosas forças do atraso. “A ditadura militar exigiu muito dos comunistas em buscar a melhor forma de defender seu povo e achar meios de sobreviver física e ideologicamente à clandestinidade, à ilegalidade, à perseguição, às mortes e à tortura”, destacou, citando ainda a Carta de Krushev, que causou abalos ideológicos no movimento comunista internacional.
O diálogo histórico entre os países foi de mão dupla, conforme o desenvolvimento brasileiro inédito entre 1930 e 1978 também foi fonte para a China compreender seu potencial. Ela terminou homenageando Haroldo Lima, recentemente falecido em decorrência da covid-19, que tinha uma relação interessada com a China. “A distância do estado brasileiro da experiência chinesa se aprofunda, conforme fica mais evidente a tragédia em que o Brasil mergulha, ao avançar em pobreza e desigualdade e deixar sua população à mercê de um vírus”, observa.
Zhou Zhiwei, diretor-executivo do Centro de Pesquisa do Brasil do Instituto Latino-Americano na Academia Chinesa de Ciências Sociais, destaca o salta de US$ 23 de PIB per capita dos chineses na década de 1940 para US$ 10 mil dólares, hoje. “A China era um país castigado pelo imperialismo, feudalismo e colonialismo e conseguiu emancipação e êxitos impressionantes, sempre orientado pelo marxismo leninismo, colocando os trabalhadores sempre em primeiro lugar”, declarou.
Ele ressaltou como o marxismo está na base das reformas da estrutura e do socialismo chinês, “mas ajustado para a cultura, afazeres e hábitos chineses”. “A China está numa nova etapa em que se pergunta de qual governança precisa para resolver as contradições que aparecem nesse momento para não aumentar a desigualdade”, salienta, mostrando que o PCCh se preocupa em desenvolver uma estrutura eficiente que resolva os problemas que surgem, que modernize a governança chinesa no partido para as reformas.
A iniciativa de Cinturão e Nova Rota da Seda também tornam-se um desafio monumental para a estratégia do país. Discutem-se 128 medidas envolvendo defesa, economia, política, cultura e meio ambiente, entre outras. Ele diz que, mesmo não assinando a iniciativa chinesa, o Brasil como maior país da América Latina com participação ativa na governança global, é parceiro estratégico. Ele citou inúmeros mecanismos de diálogos bilaterais e multilaterais entre Brasil e China.
O Brasil é o único país da América Latina com voos diretos para a China, assim como a China é parceiro importante na infraestrutura do Brasil, seja na mineração, na agricultura, na infraestrutura de hidrelétricas, aeroportos, portos, linhas elétricas e concessão de portos. “O comércio bilateral ultrapassou US$ 100 bi e nunca desceu. A China é o maior país destino de exportações brasileiras, com mais de 30% e grande destino de investimentos diretos chineses”.
A professora Christine Dabat, do Departamento de História da UFPE, defende que o Brasil precisa desenvolver sua própria cinologia (seu ponto de vista especializado sobre a China), para não depender de interpretações de outros países.
Ela prestou sua homenagem aos “jovens corajosos” que, de 1921 a 1949 tomaram a “decisão perigosa e ousada” de apostar num futuro emancipado para a China. Ele considera que houve um enorme espírito de sacrifício desses militantes comunistas num período muito longo de repressão, que tornou a empreitada quase improvável e praticamente impossível.
Ela considera original o fato da revolução ter se apoiado na maioria camponesa, já que o movimento proletário foi completamente esmagado. Foi assim que foi possível superar, “para dizer claramente, o narcotráfico que as potências ocidentais organizaram para derrubar a China”.
Nesse período de resistência a Chiang Kai-shek ela destaca, com carinho acadêmico, a participação das mulheres. Christine fez um relato da história da mobilização do PCCh para construir essa resistência às invasões brutais e repressivas até antes de 1949, quando começa a reforma agrária, que melhora a vida camponesa e financia a industrialização nos anos 1950.
Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)
Tem reunido especialistas brasileiros e chineses para debater temas como mecanismos de inovação, segurança alimentar, energia limpa e internacionalização da moeda chinesa, a iniciativa do Cinturão e Rota e educação, entre outros. Ele acredita que, apesar das distancias geográficas, culturais, e da barreira do idioma, há aproximações no contexto econômico e social.
Ele mencionou o modo como nas décadas de 1970 e 1980, ambos os países passam por transformações profundas. “Apesar de sua dimensão, Brasil e China não têm muita força na governança mundial, ou voz na participação mundial. Precisamos melhorar nossa capacidade de contar nossas historias”, disse, apontando para a necessidade de fortalecer mecanismos de estudo e pesquisa sino-brasileira. O centro de pesquisa específico para estudos da China na FGV e o Instituto Confúcio, são janelas de conhecimento importantes, na opinião dele.
Ana Prestes resgatou similaridades entre o surgimento dos partidos comunistas no Brasil e na China, a partir de uma trajetória que remete à sua linhagem familiar. A modernização brasileira tem raízes no movimento tenentista e na espetacular Coluna Prestes, iniciada por seu avô Luiz Carlos Prestes, que se tornou um dos mais proeminentes líderes comunistas do mundo. Ela mostra que, desde os anos 1920, já havia uma intersecção entre as trajetórias dos dois partidos.
“Prestes esteve na China para comemorar os dez anos da revolução”, relatou ela. A virada dos anos 1950 na China foi paralela ao enfrentamento no Brasil, pelos comunistas, de poderosas forças do atraso. “A ditadura militar exigiu muito dos comunistas em buscar a melhor forma de defender seu povo e achar meios de sobreviver física e ideologicamente à clandestinidade, à ilegalidade, à perseguição, às mortes e à tortura”, destacou, citando ainda a Carta de Krushev, que causou abalos ideológicos no movimento comunista internacional.
O diálogo histórico entre os países foi de mão dupla, conforme o desenvolvimento brasileiro inédito entre 1930 e 1978 também foi fonte para a China compreender seu potencial. Ela terminou homenageando Haroldo Lima, recentemente falecido em decorrência da covid-19, que tinha uma relação interessada com a China. “A distância do estado brasileiro da experiência chinesa se aprofunda, conforme fica mais evidente a tragédia em que o Brasil mergulha, ao avançar em pobreza e desigualdade e deixar sua população à mercê de um vírus”, observa.
Zhou Zhiwei, diretor-executivo do Centro de Pesquisa do Brasil do Instituto Latino-Americano na Academia Chinesa de Ciências Sociais, destaca o salta de US$ 23 de PIB per capita dos chineses na década de 1940 para US$ 10 mil dólares, hoje. “A China era um país castigado pelo imperialismo, feudalismo e colonialismo e conseguiu emancipação e êxitos impressionantes, sempre orientado pelo marxismo leninismo, colocando os trabalhadores sempre em primeiro lugar”, declarou.
Ele ressaltou como o marxismo está na base das reformas da estrutura e do socialismo chinês, “mas ajustado para a cultura, afazeres e hábitos chineses”. “A China está numa nova etapa em que se pergunta de qual governança precisa para resolver as contradições que aparecem nesse momento para não aumentar a desigualdade”, salienta, mostrando que o PCCh se preocupa em desenvolver uma estrutura eficiente que resolva os problemas que surgem, que modernize a governança chinesa no partido para as reformas.
A iniciativa de Cinturão e Nova Rota da Seda também tornam-se um desafio monumental para a estratégia do país. Discutem-se 128 medidas envolvendo defesa, economia, política, cultura e meio ambiente, entre outras. Ele diz que, mesmo não assinando a iniciativa chinesa, o Brasil como maior país da América Latina com participação ativa na governança global, é parceiro estratégico. Ele citou inúmeros mecanismos de diálogos bilaterais e multilaterais entre Brasil e China.
O Brasil é o único país da América Latina com voos diretos para a China, assim como a China é parceiro importante na infraestrutura do Brasil, seja na mineração, na agricultura, na infraestrutura de hidrelétricas, aeroportos, portos, linhas elétricas e concessão de portos. “O comércio bilateral ultrapassou US$ 100 bi e nunca desceu. A China é o maior país destino de exportações brasileiras, com mais de 30% e grande destino de investimentos diretos chineses”.
A professora Christine Dabat, do Departamento de História da UFPE, defende que o Brasil precisa desenvolver sua própria cinologia (seu ponto de vista especializado sobre a China), para não depender de interpretações de outros países.
Ela prestou sua homenagem aos “jovens corajosos” que, de 1921 a 1949 tomaram a “decisão perigosa e ousada” de apostar num futuro emancipado para a China. Ele considera que houve um enorme espírito de sacrifício desses militantes comunistas num período muito longo de repressão, que tornou a empreitada quase improvável e praticamente impossível.
Ela considera original o fato da revolução ter se apoiado na maioria camponesa, já que o movimento proletário foi completamente esmagado. Foi assim que foi possível superar, “para dizer claramente, o narcotráfico que as potências ocidentais organizaram para derrubar a China”.
Nesse período de resistência a Chiang Kai-shek ela destaca, com carinho acadêmico, a participação das mulheres. Christine fez um relato da história da mobilização do PCCh para construir essa resistência às invasões brutais e repressivas até antes de 1949, quando começa a reforma agrária, que melhora a vida camponesa e financia a industrialização nos anos 1950.
Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)Peng Xiantang, vice-diretor do Centro Sino-Brasileiro de Pesquisas Socioeconômicas do Instituto Confúcio da Universidade de Pernambuco e diretor chinês do Instituto Confúcio da UPE, salientou o intercambio cultural que promove no Brasil, desse 2013.
Tem reunido especialistas brasileiros e chineses para debater temas como mecanismos de inovação, segurança alimentar, energia limpa e internacionalização da moeda chinesa, a iniciativa do Cinturão e Rota e educação, entre outros. Ele acredita que, apesar das distancias geográficas, culturais, e da barreira do idioma, há aproximações no contexto econômico e social.
Ele mencionou o modo como nas décadas de 1970 e 1980, ambos os países passam por transformações profundas. “Apesar de sua dimensão, Brasil e China não têm muita força na governança mundial, ou voz na participação mundial. Precisamos melhorar nossa capacidade de contar nossas historias”, disse, apontando para a necessidade de fortalecer mecanismos de estudo e pesquisa sino-brasileira. O centro de pesquisa específico para estudos da China na FGV e o Instituto Confúcio, são janelas de conhecimento importantes, na opinião dele.
Ana Prestes resgatou similaridades entre o surgimento dos partidos comunistas no Brasil e na China, a partir de uma trajetória que remete à sua linhagem familiar. A modernização brasileira tem raízes no movimento tenentista e na espetacular Coluna Prestes, iniciada por seu avô Luiz Carlos Prestes, que se tornou um dos mais proeminentes líderes comunistas do mundo. Ela mostra que, desde os anos 1920, já havia uma intersecção entre as trajetórias dos dois partidos.
“Prestes esteve na China para comemorar os dez anos da revolução”, relatou ela. A virada dos anos 1950 na China foi paralela ao enfrentamento no Brasil, pelos comunistas, de poderosas forças do atraso. “A ditadura militar exigiu muito dos comunistas em buscar a melhor forma de defender seu povo e achar meios de sobreviver física e ideologicamente à clandestinidade, à ilegalidade, à perseguição, às mortes e à tortura”, destacou, citando ainda a Carta de Krushev, que causou abalos ideológicos no movimento comunista internacional.
O diálogo histórico entre os países foi de mão dupla, conforme o desenvolvimento brasileiro inédito entre 1930 e 1978 também foi fonte para a China compreender seu potencial. Ela terminou homenageando Haroldo Lima, recentemente falecido em decorrência da covid-19, que tinha uma relação interessada com a China. “A distância do estado brasileiro da experiência chinesa se aprofunda, conforme fica mais evidente a tragédia em que o Brasil mergulha, ao avançar em pobreza e desigualdade e deixar sua população à mercê de um vírus”, observa.
Zhou Zhiwei, diretor-executivo do Centro de Pesquisa do Brasil do Instituto Latino-Americano na Academia Chinesa de Ciências Sociais, destaca o salta de US$ 23 de PIB per capita dos chineses na década de 1940 para US$ 10 mil dólares, hoje. “A China era um país castigado pelo imperialismo, feudalismo e colonialismo e conseguiu emancipação e êxitos impressionantes, sempre orientado pelo marxismo leninismo, colocando os trabalhadores sempre em primeiro lugar”, declarou.
Ele ressaltou como o marxismo está na base das reformas da estrutura e do socialismo chinês, “mas ajustado para a cultura, afazeres e hábitos chineses”. “A China está numa nova etapa em que se pergunta de qual governança precisa para resolver as contradições que aparecem nesse momento para não aumentar a desigualdade”, salienta, mostrando que o PCCh se preocupa em desenvolver uma estrutura eficiente que resolva os problemas que surgem, que modernize a governança chinesa no partido para as reformas.
A iniciativa de Cinturão e Nova Rota da Seda também tornam-se um desafio monumental para a estratégia do país. Discutem-se 128 medidas envolvendo defesa, economia, política, cultura e meio ambiente, entre outras. Ele diz que, mesmo não assinando a iniciativa chinesa, o Brasil como maior país da América Latina com participação ativa na governança global, é parceiro estratégico. Ele citou inúmeros mecanismos de diálogos bilaterais e multilaterais entre Brasil e China.
O Brasil é o único país da América Latina com voos diretos para a China, assim como a China é parceiro importante na infraestrutura do Brasil, seja na mineração, na agricultura, na infraestrutura de hidrelétricas, aeroportos, portos, linhas elétricas e concessão de portos. “O comércio bilateral ultrapassou US$ 100 bi e nunca desceu. A China é o maior país destino de exportações brasileiras, com mais de 30% e grande destino de investimentos diretos chineses”.
A professora Christine Dabat, do Departamento de História da UFPE, defende que o Brasil precisa desenvolver sua própria cinologia (seu ponto de vista especializado sobre a China), para não depender de interpretações de outros países.
Ela prestou sua homenagem aos “jovens corajosos” que, de 1921 a 1949 tomaram a “decisão perigosa e ousada” de apostar num futuro emancipado para a China. Ele considera que houve um enorme espírito de sacrifício desses militantes comunistas num período muito longo de repressão, que tornou a empreitada quase improvável e praticamente impossível.
Ela considera original o fato da revolução ter se apoiado na maioria camponesa, já que o movimento proletário foi completamente esmagado. Foi assim que foi possível superar, “para dizer claramente, o narcotráfico que as potências ocidentais organizaram para derrubar a China”.
Nesse período de resistência a Chiang Kai-shek ela destaca, com carinho acadêmico, a participação das mulheres. Christine fez um relato da história da mobilização do PCCh para construir essa resistência às invasões brutais e repressivas até antes de 1949, quando começa a reforma agrária, que melhora a vida camponesa e financia a industrialização nos anos 1950.
Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)
Para ele, a China busca uma nova forma de se relacionar com o mundo, que pode ajudar a América Latina a superar a falta de um projeto nacional devido às restrições impostas pelo imperialismo americano.
Peng Xiantang, vice-diretor do Centro Sino-Brasileiro de Pesquisas Socioeconômicas do Instituto Confúcio da Universidade de Pernambuco e diretor chinês do Instituto Confúcio da UPE, salientou o intercambio cultural que promove no Brasil, desse 2013.
Tem reunido especialistas brasileiros e chineses para debater temas como mecanismos de inovação, segurança alimentar, energia limpa e internacionalização da moeda chinesa, a iniciativa do Cinturão e Rota e educação, entre outros. Ele acredita que, apesar das distancias geográficas, culturais, e da barreira do idioma, há aproximações no contexto econômico e social.
Ele mencionou o modo como nas décadas de 1970 e 1980, ambos os países passam por transformações profundas. “Apesar de sua dimensão, Brasil e China não têm muita força na governança mundial, ou voz na participação mundial. Precisamos melhorar nossa capacidade de contar nossas historias”, disse, apontando para a necessidade de fortalecer mecanismos de estudo e pesquisa sino-brasileira. O centro de pesquisa específico para estudos da China na FGV e o Instituto Confúcio, são janelas de conhecimento importantes, na opinião dele.
Ana Prestes resgatou similaridades entre o surgimento dos partidos comunistas no Brasil e na China, a partir de uma trajetória que remete à sua linhagem familiar. A modernização brasileira tem raízes no movimento tenentista e na espetacular Coluna Prestes, iniciada por seu avô Luiz Carlos Prestes, que se tornou um dos mais proeminentes líderes comunistas do mundo. Ela mostra que, desde os anos 1920, já havia uma intersecção entre as trajetórias dos dois partidos.
“Prestes esteve na China para comemorar os dez anos da revolução”, relatou ela. A virada dos anos 1950 na China foi paralela ao enfrentamento no Brasil, pelos comunistas, de poderosas forças do atraso. “A ditadura militar exigiu muito dos comunistas em buscar a melhor forma de defender seu povo e achar meios de sobreviver física e ideologicamente à clandestinidade, à ilegalidade, à perseguição, às mortes e à tortura”, destacou, citando ainda a Carta de Krushev, que causou abalos ideológicos no movimento comunista internacional.
O diálogo histórico entre os países foi de mão dupla, conforme o desenvolvimento brasileiro inédito entre 1930 e 1978 também foi fonte para a China compreender seu potencial. Ela terminou homenageando Haroldo Lima, recentemente falecido em decorrência da covid-19, que tinha uma relação interessada com a China. “A distância do estado brasileiro da experiência chinesa se aprofunda, conforme fica mais evidente a tragédia em que o Brasil mergulha, ao avançar em pobreza e desigualdade e deixar sua população à mercê de um vírus”, observa.
Zhou Zhiwei, diretor-executivo do Centro de Pesquisa do Brasil do Instituto Latino-Americano na Academia Chinesa de Ciências Sociais, destaca o salta de US$ 23 de PIB per capita dos chineses na década de 1940 para US$ 10 mil dólares, hoje. “A China era um país castigado pelo imperialismo, feudalismo e colonialismo e conseguiu emancipação e êxitos impressionantes, sempre orientado pelo marxismo leninismo, colocando os trabalhadores sempre em primeiro lugar”, declarou.
Ele ressaltou como o marxismo está na base das reformas da estrutura e do socialismo chinês, “mas ajustado para a cultura, afazeres e hábitos chineses”. “A China está numa nova etapa em que se pergunta de qual governança precisa para resolver as contradições que aparecem nesse momento para não aumentar a desigualdade”, salienta, mostrando que o PCCh se preocupa em desenvolver uma estrutura eficiente que resolva os problemas que surgem, que modernize a governança chinesa no partido para as reformas.
A iniciativa de Cinturão e Nova Rota da Seda também tornam-se um desafio monumental para a estratégia do país. Discutem-se 128 medidas envolvendo defesa, economia, política, cultura e meio ambiente, entre outras. Ele diz que, mesmo não assinando a iniciativa chinesa, o Brasil como maior país da América Latina com participação ativa na governança global, é parceiro estratégico. Ele citou inúmeros mecanismos de diálogos bilaterais e multilaterais entre Brasil e China.
O Brasil é o único país da América Latina com voos diretos para a China, assim como a China é parceiro importante na infraestrutura do Brasil, seja na mineração, na agricultura, na infraestrutura de hidrelétricas, aeroportos, portos, linhas elétricas e concessão de portos. “O comércio bilateral ultrapassou US$ 100 bi e nunca desceu. A China é o maior país destino de exportações brasileiras, com mais de 30% e grande destino de investimentos diretos chineses”.
A professora Christine Dabat, do Departamento de História da UFPE, defende que o Brasil precisa desenvolver sua própria cinologia (seu ponto de vista especializado sobre a China), para não depender de interpretações de outros países.
Ela prestou sua homenagem aos “jovens corajosos” que, de 1921 a 1949 tomaram a “decisão perigosa e ousada” de apostar num futuro emancipado para a China. Ele considera que houve um enorme espírito de sacrifício desses militantes comunistas num período muito longo de repressão, que tornou a empreitada quase improvável e praticamente impossível.
Ela considera original o fato da revolução ter se apoiado na maioria camponesa, já que o movimento proletário foi completamente esmagado. Foi assim que foi possível superar, “para dizer claramente, o narcotráfico que as potências ocidentais organizaram para derrubar a China”.
Nesse período de resistência a Chiang Kai-shek ela destaca, com carinho acadêmico, a participação das mulheres. Christine fez um relato da história da mobilização do PCCh para construir essa resistência às invasões brutais e repressivas até antes de 1949, quando começa a reforma agrária, que melhora a vida camponesa e financia a industrialização nos anos 1950.
Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)
Ele agradeceu a cooperação chinesa com o Brasil em meio à pandemia, “em que pese as agressões gratuitas não compartilhadas pelo povo brasileiro”.
Para ele, a China busca uma nova forma de se relacionar com o mundo, que pode ajudar a América Latina a superar a falta de um projeto nacional devido às restrições impostas pelo imperialismo americano.
Peng Xiantang, vice-diretor do Centro Sino-Brasileiro de Pesquisas Socioeconômicas do Instituto Confúcio da Universidade de Pernambuco e diretor chinês do Instituto Confúcio da UPE, salientou o intercambio cultural que promove no Brasil, desse 2013.
Tem reunido especialistas brasileiros e chineses para debater temas como mecanismos de inovação, segurança alimentar, energia limpa e internacionalização da moeda chinesa, a iniciativa do Cinturão e Rota e educação, entre outros. Ele acredita que, apesar das distancias geográficas, culturais, e da barreira do idioma, há aproximações no contexto econômico e social.
Ele mencionou o modo como nas décadas de 1970 e 1980, ambos os países passam por transformações profundas. “Apesar de sua dimensão, Brasil e China não têm muita força na governança mundial, ou voz na participação mundial. Precisamos melhorar nossa capacidade de contar nossas historias”, disse, apontando para a necessidade de fortalecer mecanismos de estudo e pesquisa sino-brasileira. O centro de pesquisa específico para estudos da China na FGV e o Instituto Confúcio, são janelas de conhecimento importantes, na opinião dele.
Ana Prestes resgatou similaridades entre o surgimento dos partidos comunistas no Brasil e na China, a partir de uma trajetória que remete à sua linhagem familiar. A modernização brasileira tem raízes no movimento tenentista e na espetacular Coluna Prestes, iniciada por seu avô Luiz Carlos Prestes, que se tornou um dos mais proeminentes líderes comunistas do mundo. Ela mostra que, desde os anos 1920, já havia uma intersecção entre as trajetórias dos dois partidos.
“Prestes esteve na China para comemorar os dez anos da revolução”, relatou ela. A virada dos anos 1950 na China foi paralela ao enfrentamento no Brasil, pelos comunistas, de poderosas forças do atraso. “A ditadura militar exigiu muito dos comunistas em buscar a melhor forma de defender seu povo e achar meios de sobreviver física e ideologicamente à clandestinidade, à ilegalidade, à perseguição, às mortes e à tortura”, destacou, citando ainda a Carta de Krushev, que causou abalos ideológicos no movimento comunista internacional.
O diálogo histórico entre os países foi de mão dupla, conforme o desenvolvimento brasileiro inédito entre 1930 e 1978 também foi fonte para a China compreender seu potencial. Ela terminou homenageando Haroldo Lima, recentemente falecido em decorrência da covid-19, que tinha uma relação interessada com a China. “A distância do estado brasileiro da experiência chinesa se aprofunda, conforme fica mais evidente a tragédia em que o Brasil mergulha, ao avançar em pobreza e desigualdade e deixar sua população à mercê de um vírus”, observa.
Zhou Zhiwei, diretor-executivo do Centro de Pesquisa do Brasil do Instituto Latino-Americano na Academia Chinesa de Ciências Sociais, destaca o salta de US$ 23 de PIB per capita dos chineses na década de 1940 para US$ 10 mil dólares, hoje. “A China era um país castigado pelo imperialismo, feudalismo e colonialismo e conseguiu emancipação e êxitos impressionantes, sempre orientado pelo marxismo leninismo, colocando os trabalhadores sempre em primeiro lugar”, declarou.
Ele ressaltou como o marxismo está na base das reformas da estrutura e do socialismo chinês, “mas ajustado para a cultura, afazeres e hábitos chineses”. “A China está numa nova etapa em que se pergunta de qual governança precisa para resolver as contradições que aparecem nesse momento para não aumentar a desigualdade”, salienta, mostrando que o PCCh se preocupa em desenvolver uma estrutura eficiente que resolva os problemas que surgem, que modernize a governança chinesa no partido para as reformas.
A iniciativa de Cinturão e Nova Rota da Seda também tornam-se um desafio monumental para a estratégia do país. Discutem-se 128 medidas envolvendo defesa, economia, política, cultura e meio ambiente, entre outras. Ele diz que, mesmo não assinando a iniciativa chinesa, o Brasil como maior país da América Latina com participação ativa na governança global, é parceiro estratégico. Ele citou inúmeros mecanismos de diálogos bilaterais e multilaterais entre Brasil e China.
O Brasil é o único país da América Latina com voos diretos para a China, assim como a China é parceiro importante na infraestrutura do Brasil, seja na mineração, na agricultura, na infraestrutura de hidrelétricas, aeroportos, portos, linhas elétricas e concessão de portos. “O comércio bilateral ultrapassou US$ 100 bi e nunca desceu. A China é o maior país destino de exportações brasileiras, com mais de 30% e grande destino de investimentos diretos chineses”.
A professora Christine Dabat, do Departamento de História da UFPE, defende que o Brasil precisa desenvolver sua própria cinologia (seu ponto de vista especializado sobre a China), para não depender de interpretações de outros países.
Ela prestou sua homenagem aos “jovens corajosos” que, de 1921 a 1949 tomaram a “decisão perigosa e ousada” de apostar num futuro emancipado para a China. Ele considera que houve um enorme espírito de sacrifício desses militantes comunistas num período muito longo de repressão, que tornou a empreitada quase improvável e praticamente impossível.
Ela considera original o fato da revolução ter se apoiado na maioria camponesa, já que o movimento proletário foi completamente esmagado. Foi assim que foi possível superar, “para dizer claramente, o narcotráfico que as potências ocidentais organizaram para derrubar a China”.
Nesse período de resistência a Chiang Kai-shek ela destaca, com carinho acadêmico, a participação das mulheres. Christine fez um relato da história da mobilização do PCCh para construir essa resistência às invasões brutais e repressivas até antes de 1949, quando começa a reforma agrária, que melhora a vida camponesa e financia a industrialização nos anos 1950.
Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)
“Tornou a China um país de classe média, com serviços públicos gratuitos e acessíveis para todos, um ambiente propício e fértil para os investimentos internacionais, com preocupação com a necessidade de preservação ambiental, sendo o país que mais investe em energias limpas e as melhores práticas de desenvolvimento sustentável”, apontou.
Ele agradeceu a cooperação chinesa com o Brasil em meio à pandemia, “em que pese as agressões gratuitas não compartilhadas pelo povo brasileiro”.
Para ele, a China busca uma nova forma de se relacionar com o mundo, que pode ajudar a América Latina a superar a falta de um projeto nacional devido às restrições impostas pelo imperialismo americano.
Peng Xiantang, vice-diretor do Centro Sino-Brasileiro de Pesquisas Socioeconômicas do Instituto Confúcio da Universidade de Pernambuco e diretor chinês do Instituto Confúcio da UPE, salientou o intercambio cultural que promove no Brasil, desse 2013.
Tem reunido especialistas brasileiros e chineses para debater temas como mecanismos de inovação, segurança alimentar, energia limpa e internacionalização da moeda chinesa, a iniciativa do Cinturão e Rota e educação, entre outros. Ele acredita que, apesar das distancias geográficas, culturais, e da barreira do idioma, há aproximações no contexto econômico e social.
Ele mencionou o modo como nas décadas de 1970 e 1980, ambos os países passam por transformações profundas. “Apesar de sua dimensão, Brasil e China não têm muita força na governança mundial, ou voz na participação mundial. Precisamos melhorar nossa capacidade de contar nossas historias”, disse, apontando para a necessidade de fortalecer mecanismos de estudo e pesquisa sino-brasileira. O centro de pesquisa específico para estudos da China na FGV e o Instituto Confúcio, são janelas de conhecimento importantes, na opinião dele.
Ana Prestes resgatou similaridades entre o surgimento dos partidos comunistas no Brasil e na China, a partir de uma trajetória que remete à sua linhagem familiar. A modernização brasileira tem raízes no movimento tenentista e na espetacular Coluna Prestes, iniciada por seu avô Luiz Carlos Prestes, que se tornou um dos mais proeminentes líderes comunistas do mundo. Ela mostra que, desde os anos 1920, já havia uma intersecção entre as trajetórias dos dois partidos.
“Prestes esteve na China para comemorar os dez anos da revolução”, relatou ela. A virada dos anos 1950 na China foi paralela ao enfrentamento no Brasil, pelos comunistas, de poderosas forças do atraso. “A ditadura militar exigiu muito dos comunistas em buscar a melhor forma de defender seu povo e achar meios de sobreviver física e ideologicamente à clandestinidade, à ilegalidade, à perseguição, às mortes e à tortura”, destacou, citando ainda a Carta de Krushev, que causou abalos ideológicos no movimento comunista internacional.
O diálogo histórico entre os países foi de mão dupla, conforme o desenvolvimento brasileiro inédito entre 1930 e 1978 também foi fonte para a China compreender seu potencial. Ela terminou homenageando Haroldo Lima, recentemente falecido em decorrência da covid-19, que tinha uma relação interessada com a China. “A distância do estado brasileiro da experiência chinesa se aprofunda, conforme fica mais evidente a tragédia em que o Brasil mergulha, ao avançar em pobreza e desigualdade e deixar sua população à mercê de um vírus”, observa.
Zhou Zhiwei, diretor-executivo do Centro de Pesquisa do Brasil do Instituto Latino-Americano na Academia Chinesa de Ciências Sociais, destaca o salta de US$ 23 de PIB per capita dos chineses na década de 1940 para US$ 10 mil dólares, hoje. “A China era um país castigado pelo imperialismo, feudalismo e colonialismo e conseguiu emancipação e êxitos impressionantes, sempre orientado pelo marxismo leninismo, colocando os trabalhadores sempre em primeiro lugar”, declarou.
Ele ressaltou como o marxismo está na base das reformas da estrutura e do socialismo chinês, “mas ajustado para a cultura, afazeres e hábitos chineses”. “A China está numa nova etapa em que se pergunta de qual governança precisa para resolver as contradições que aparecem nesse momento para não aumentar a desigualdade”, salienta, mostrando que o PCCh se preocupa em desenvolver uma estrutura eficiente que resolva os problemas que surgem, que modernize a governança chinesa no partido para as reformas.
A iniciativa de Cinturão e Nova Rota da Seda também tornam-se um desafio monumental para a estratégia do país. Discutem-se 128 medidas envolvendo defesa, economia, política, cultura e meio ambiente, entre outras. Ele diz que, mesmo não assinando a iniciativa chinesa, o Brasil como maior país da América Latina com participação ativa na governança global, é parceiro estratégico. Ele citou inúmeros mecanismos de diálogos bilaterais e multilaterais entre Brasil e China.
O Brasil é o único país da América Latina com voos diretos para a China, assim como a China é parceiro importante na infraestrutura do Brasil, seja na mineração, na agricultura, na infraestrutura de hidrelétricas, aeroportos, portos, linhas elétricas e concessão de portos. “O comércio bilateral ultrapassou US$ 100 bi e nunca desceu. A China é o maior país destino de exportações brasileiras, com mais de 30% e grande destino de investimentos diretos chineses”.
A professora Christine Dabat, do Departamento de História da UFPE, defende que o Brasil precisa desenvolver sua própria cinologia (seu ponto de vista especializado sobre a China), para não depender de interpretações de outros países.
Ela prestou sua homenagem aos “jovens corajosos” que, de 1921 a 1949 tomaram a “decisão perigosa e ousada” de apostar num futuro emancipado para a China. Ele considera que houve um enorme espírito de sacrifício desses militantes comunistas num período muito longo de repressão, que tornou a empreitada quase improvável e praticamente impossível.
Ela considera original o fato da revolução ter se apoiado na maioria camponesa, já que o movimento proletário foi completamente esmagado. Foi assim que foi possível superar, “para dizer claramente, o narcotráfico que as potências ocidentais organizaram para derrubar a China”.
Nesse período de resistência a Chiang Kai-shek ela destaca, com carinho acadêmico, a participação das mulheres. Christine fez um relato da história da mobilização do PCCh para construir essa resistência às invasões brutais e repressivas até antes de 1949, quando começa a reforma agrária, que melhora a vida camponesa e financia a industrialização nos anos 1950.
Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)
Esse perplexidade se expressa na dificuldade da intelectualidade ocidental em categorizar o fenômeno econômico e político que é o socialismo chinês. “Pouco me preocupo com a terminologia, pois Marx dizia que o que importa é a prática”, disse ele. A combinação de elementos do capitalismo e do socialismo foi capaz, como observa ele, de levar a China a um crescimento exponencial do seu PIB, universalizou a alfabetização, desenvolveu a tecnologia do 5G e chegou a Marte.
“Tornou a China um país de classe média, com serviços públicos gratuitos e acessíveis para todos, um ambiente propício e fértil para os investimentos internacionais, com preocupação com a necessidade de preservação ambiental, sendo o país que mais investe em energias limpas e as melhores práticas de desenvolvimento sustentável”, apontou.
Ele agradeceu a cooperação chinesa com o Brasil em meio à pandemia, “em que pese as agressões gratuitas não compartilhadas pelo povo brasileiro”.
Para ele, a China busca uma nova forma de se relacionar com o mundo, que pode ajudar a América Latina a superar a falta de um projeto nacional devido às restrições impostas pelo imperialismo americano.
Peng Xiantang, vice-diretor do Centro Sino-Brasileiro de Pesquisas Socioeconômicas do Instituto Confúcio da Universidade de Pernambuco e diretor chinês do Instituto Confúcio da UPE, salientou o intercambio cultural que promove no Brasil, desse 2013.
Tem reunido especialistas brasileiros e chineses para debater temas como mecanismos de inovação, segurança alimentar, energia limpa e internacionalização da moeda chinesa, a iniciativa do Cinturão e Rota e educação, entre outros. Ele acredita que, apesar das distancias geográficas, culturais, e da barreira do idioma, há aproximações no contexto econômico e social.
Ele mencionou o modo como nas décadas de 1970 e 1980, ambos os países passam por transformações profundas. “Apesar de sua dimensão, Brasil e China não têm muita força na governança mundial, ou voz na participação mundial. Precisamos melhorar nossa capacidade de contar nossas historias”, disse, apontando para a necessidade de fortalecer mecanismos de estudo e pesquisa sino-brasileira. O centro de pesquisa específico para estudos da China na FGV e o Instituto Confúcio, são janelas de conhecimento importantes, na opinião dele.
Ana Prestes resgatou similaridades entre o surgimento dos partidos comunistas no Brasil e na China, a partir de uma trajetória que remete à sua linhagem familiar. A modernização brasileira tem raízes no movimento tenentista e na espetacular Coluna Prestes, iniciada por seu avô Luiz Carlos Prestes, que se tornou um dos mais proeminentes líderes comunistas do mundo. Ela mostra que, desde os anos 1920, já havia uma intersecção entre as trajetórias dos dois partidos.
“Prestes esteve na China para comemorar os dez anos da revolução”, relatou ela. A virada dos anos 1950 na China foi paralela ao enfrentamento no Brasil, pelos comunistas, de poderosas forças do atraso. “A ditadura militar exigiu muito dos comunistas em buscar a melhor forma de defender seu povo e achar meios de sobreviver física e ideologicamente à clandestinidade, à ilegalidade, à perseguição, às mortes e à tortura”, destacou, citando ainda a Carta de Krushev, que causou abalos ideológicos no movimento comunista internacional.
O diálogo histórico entre os países foi de mão dupla, conforme o desenvolvimento brasileiro inédito entre 1930 e 1978 também foi fonte para a China compreender seu potencial. Ela terminou homenageando Haroldo Lima, recentemente falecido em decorrência da covid-19, que tinha uma relação interessada com a China. “A distância do estado brasileiro da experiência chinesa se aprofunda, conforme fica mais evidente a tragédia em que o Brasil mergulha, ao avançar em pobreza e desigualdade e deixar sua população à mercê de um vírus”, observa.
Zhou Zhiwei, diretor-executivo do Centro de Pesquisa do Brasil do Instituto Latino-Americano na Academia Chinesa de Ciências Sociais, destaca o salta de US$ 23 de PIB per capita dos chineses na década de 1940 para US$ 10 mil dólares, hoje. “A China era um país castigado pelo imperialismo, feudalismo e colonialismo e conseguiu emancipação e êxitos impressionantes, sempre orientado pelo marxismo leninismo, colocando os trabalhadores sempre em primeiro lugar”, declarou.
Ele ressaltou como o marxismo está na base das reformas da estrutura e do socialismo chinês, “mas ajustado para a cultura, afazeres e hábitos chineses”. “A China está numa nova etapa em que se pergunta de qual governança precisa para resolver as contradições que aparecem nesse momento para não aumentar a desigualdade”, salienta, mostrando que o PCCh se preocupa em desenvolver uma estrutura eficiente que resolva os problemas que surgem, que modernize a governança chinesa no partido para as reformas.
A iniciativa de Cinturão e Nova Rota da Seda também tornam-se um desafio monumental para a estratégia do país. Discutem-se 128 medidas envolvendo defesa, economia, política, cultura e meio ambiente, entre outras. Ele diz que, mesmo não assinando a iniciativa chinesa, o Brasil como maior país da América Latina com participação ativa na governança global, é parceiro estratégico. Ele citou inúmeros mecanismos de diálogos bilaterais e multilaterais entre Brasil e China.
O Brasil é o único país da América Latina com voos diretos para a China, assim como a China é parceiro importante na infraestrutura do Brasil, seja na mineração, na agricultura, na infraestrutura de hidrelétricas, aeroportos, portos, linhas elétricas e concessão de portos. “O comércio bilateral ultrapassou US$ 100 bi e nunca desceu. A China é o maior país destino de exportações brasileiras, com mais de 30% e grande destino de investimentos diretos chineses”.
A professora Christine Dabat, do Departamento de História da UFPE, defende que o Brasil precisa desenvolver sua própria cinologia (seu ponto de vista especializado sobre a China), para não depender de interpretações de outros países.
Ela prestou sua homenagem aos “jovens corajosos” que, de 1921 a 1949 tomaram a “decisão perigosa e ousada” de apostar num futuro emancipado para a China. Ele considera que houve um enorme espírito de sacrifício desses militantes comunistas num período muito longo de repressão, que tornou a empreitada quase improvável e praticamente impossível.
Ela considera original o fato da revolução ter se apoiado na maioria camponesa, já que o movimento proletário foi completamente esmagado. Foi assim que foi possível superar, “para dizer claramente, o narcotráfico que as potências ocidentais organizaram para derrubar a China”.
Nesse período de resistência a Chiang Kai-shek ela destaca, com carinho acadêmico, a participação das mulheres. Christine fez um relato da história da mobilização do PCCh para construir essa resistência às invasões brutais e repressivas até antes de 1949, quando começa a reforma agrária, que melhora a vida camponesa e financia a industrialização nos anos 1950.
Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)Pedro Josephi falou como o mundo permanece perplexo diante do processo revolucionário que levou a China ao centro da produtividade global e a se tornar o país mais atrativo para investimentos internacionais. Ele ressaltou como o PCCh, com seus 90 milhões de filiados, realizou uma profunda reforma agrária e uma industrialização que foram fundamentos desse processo.
Esse perplexidade se expressa na dificuldade da intelectualidade ocidental em categorizar o fenômeno econômico e político que é o socialismo chinês. “Pouco me preocupo com a terminologia, pois Marx dizia que o que importa é a prática”, disse ele. A combinação de elementos do capitalismo e do socialismo foi capaz, como observa ele, de levar a China a um crescimento exponencial do seu PIB, universalizou a alfabetização, desenvolveu a tecnologia do 5G e chegou a Marte.
“Tornou a China um país de classe média, com serviços públicos gratuitos e acessíveis para todos, um ambiente propício e fértil para os investimentos internacionais, com preocupação com a necessidade de preservação ambiental, sendo o país que mais investe em energias limpas e as melhores práticas de desenvolvimento sustentável”, apontou.
Ele agradeceu a cooperação chinesa com o Brasil em meio à pandemia, “em que pese as agressões gratuitas não compartilhadas pelo povo brasileiro”.
Para ele, a China busca uma nova forma de se relacionar com o mundo, que pode ajudar a América Latina a superar a falta de um projeto nacional devido às restrições impostas pelo imperialismo americano.
Peng Xiantang, vice-diretor do Centro Sino-Brasileiro de Pesquisas Socioeconômicas do Instituto Confúcio da Universidade de Pernambuco e diretor chinês do Instituto Confúcio da UPE, salientou o intercambio cultural que promove no Brasil, desse 2013.
Tem reunido especialistas brasileiros e chineses para debater temas como mecanismos de inovação, segurança alimentar, energia limpa e internacionalização da moeda chinesa, a iniciativa do Cinturão e Rota e educação, entre outros. Ele acredita que, apesar das distancias geográficas, culturais, e da barreira do idioma, há aproximações no contexto econômico e social.
Ele mencionou o modo como nas décadas de 1970 e 1980, ambos os países passam por transformações profundas. “Apesar de sua dimensão, Brasil e China não têm muita força na governança mundial, ou voz na participação mundial. Precisamos melhorar nossa capacidade de contar nossas historias”, disse, apontando para a necessidade de fortalecer mecanismos de estudo e pesquisa sino-brasileira. O centro de pesquisa específico para estudos da China na FGV e o Instituto Confúcio, são janelas de conhecimento importantes, na opinião dele.
Ana Prestes resgatou similaridades entre o surgimento dos partidos comunistas no Brasil e na China, a partir de uma trajetória que remete à sua linhagem familiar. A modernização brasileira tem raízes no movimento tenentista e na espetacular Coluna Prestes, iniciada por seu avô Luiz Carlos Prestes, que se tornou um dos mais proeminentes líderes comunistas do mundo. Ela mostra que, desde os anos 1920, já havia uma intersecção entre as trajetórias dos dois partidos.
“Prestes esteve na China para comemorar os dez anos da revolução”, relatou ela. A virada dos anos 1950 na China foi paralela ao enfrentamento no Brasil, pelos comunistas, de poderosas forças do atraso. “A ditadura militar exigiu muito dos comunistas em buscar a melhor forma de defender seu povo e achar meios de sobreviver física e ideologicamente à clandestinidade, à ilegalidade, à perseguição, às mortes e à tortura”, destacou, citando ainda a Carta de Krushev, que causou abalos ideológicos no movimento comunista internacional.
O diálogo histórico entre os países foi de mão dupla, conforme o desenvolvimento brasileiro inédito entre 1930 e 1978 também foi fonte para a China compreender seu potencial. Ela terminou homenageando Haroldo Lima, recentemente falecido em decorrência da covid-19, que tinha uma relação interessada com a China. “A distância do estado brasileiro da experiência chinesa se aprofunda, conforme fica mais evidente a tragédia em que o Brasil mergulha, ao avançar em pobreza e desigualdade e deixar sua população à mercê de um vírus”, observa.
Zhou Zhiwei, diretor-executivo do Centro de Pesquisa do Brasil do Instituto Latino-Americano na Academia Chinesa de Ciências Sociais, destaca o salta de US$ 23 de PIB per capita dos chineses na década de 1940 para US$ 10 mil dólares, hoje. “A China era um país castigado pelo imperialismo, feudalismo e colonialismo e conseguiu emancipação e êxitos impressionantes, sempre orientado pelo marxismo leninismo, colocando os trabalhadores sempre em primeiro lugar”, declarou.
Ele ressaltou como o marxismo está na base das reformas da estrutura e do socialismo chinês, “mas ajustado para a cultura, afazeres e hábitos chineses”. “A China está numa nova etapa em que se pergunta de qual governança precisa para resolver as contradições que aparecem nesse momento para não aumentar a desigualdade”, salienta, mostrando que o PCCh se preocupa em desenvolver uma estrutura eficiente que resolva os problemas que surgem, que modernize a governança chinesa no partido para as reformas.
A iniciativa de Cinturão e Nova Rota da Seda também tornam-se um desafio monumental para a estratégia do país. Discutem-se 128 medidas envolvendo defesa, economia, política, cultura e meio ambiente, entre outras. Ele diz que, mesmo não assinando a iniciativa chinesa, o Brasil como maior país da América Latina com participação ativa na governança global, é parceiro estratégico. Ele citou inúmeros mecanismos de diálogos bilaterais e multilaterais entre Brasil e China.
O Brasil é o único país da América Latina com voos diretos para a China, assim como a China é parceiro importante na infraestrutura do Brasil, seja na mineração, na agricultura, na infraestrutura de hidrelétricas, aeroportos, portos, linhas elétricas e concessão de portos. “O comércio bilateral ultrapassou US$ 100 bi e nunca desceu. A China é o maior país destino de exportações brasileiras, com mais de 30% e grande destino de investimentos diretos chineses”.
A professora Christine Dabat, do Departamento de História da UFPE, defende que o Brasil precisa desenvolver sua própria cinologia (seu ponto de vista especializado sobre a China), para não depender de interpretações de outros países.
Ela prestou sua homenagem aos “jovens corajosos” que, de 1921 a 1949 tomaram a “decisão perigosa e ousada” de apostar num futuro emancipado para a China. Ele considera que houve um enorme espírito de sacrifício desses militantes comunistas num período muito longo de repressão, que tornou a empreitada quase improvável e praticamente impossível.
Ela considera original o fato da revolução ter se apoiado na maioria camponesa, já que o movimento proletário foi completamente esmagado. Foi assim que foi possível superar, “para dizer claramente, o narcotráfico que as potências ocidentais organizaram para derrubar a China”.
Nesse período de resistência a Chiang Kai-shek ela destaca, com carinho acadêmico, a participação das mulheres. Christine fez um relato da história da mobilização do PCCh para construir essa resistência às invasões brutais e repressivas até antes de 1949, quando começa a reforma agrária, que melhora a vida camponesa e financia a industrialização nos anos 1950.
Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)Leia a íntegra do discurso de Luciana SantosPedro Josephi falou como o mundo permanece perplexo diante do processo revolucionário que levou a China ao centro da produtividade global e a se tornar o país mais atrativo para investimentos internacionais. Ele ressaltou como o PCCh, com seus 90 milhões de filiados, realizou uma profunda reforma agrária e uma industrialização que foram fundamentos desse processo.
Esse perplexidade se expressa na dificuldade da intelectualidade ocidental em categorizar o fenômeno econômico e político que é o socialismo chinês. “Pouco me preocupo com a terminologia, pois Marx dizia que o que importa é a prática”, disse ele. A combinação de elementos do capitalismo e do socialismo foi capaz, como observa ele, de levar a China a um crescimento exponencial do seu PIB, universalizou a alfabetização, desenvolveu a tecnologia do 5G e chegou a Marte.
“Tornou a China um país de classe média, com serviços públicos gratuitos e acessíveis para todos, um ambiente propício e fértil para os investimentos internacionais, com preocupação com a necessidade de preservação ambiental, sendo o país que mais investe em energias limpas e as melhores práticas de desenvolvimento sustentável”, apontou.
Ele agradeceu a cooperação chinesa com o Brasil em meio à pandemia, “em que pese as agressões gratuitas não compartilhadas pelo povo brasileiro”.
Para ele, a China busca uma nova forma de se relacionar com o mundo, que pode ajudar a América Latina a superar a falta de um projeto nacional devido às restrições impostas pelo imperialismo americano.
Peng Xiantang, vice-diretor do Centro Sino-Brasileiro de Pesquisas Socioeconômicas do Instituto Confúcio da Universidade de Pernambuco e diretor chinês do Instituto Confúcio da UPE, salientou o intercambio cultural que promove no Brasil, desse 2013.
Tem reunido especialistas brasileiros e chineses para debater temas como mecanismos de inovação, segurança alimentar, energia limpa e internacionalização da moeda chinesa, a iniciativa do Cinturão e Rota e educação, entre outros. Ele acredita que, apesar das distancias geográficas, culturais, e da barreira do idioma, há aproximações no contexto econômico e social.
Ele mencionou o modo como nas décadas de 1970 e 1980, ambos os países passam por transformações profundas. “Apesar de sua dimensão, Brasil e China não têm muita força na governança mundial, ou voz na participação mundial. Precisamos melhorar nossa capacidade de contar nossas historias”, disse, apontando para a necessidade de fortalecer mecanismos de estudo e pesquisa sino-brasileira. O centro de pesquisa específico para estudos da China na FGV e o Instituto Confúcio, são janelas de conhecimento importantes, na opinião dele.
Ana Prestes resgatou similaridades entre o surgimento dos partidos comunistas no Brasil e na China, a partir de uma trajetória que remete à sua linhagem familiar. A modernização brasileira tem raízes no movimento tenentista e na espetacular Coluna Prestes, iniciada por seu avô Luiz Carlos Prestes, que se tornou um dos mais proeminentes líderes comunistas do mundo. Ela mostra que, desde os anos 1920, já havia uma intersecção entre as trajetórias dos dois partidos.
“Prestes esteve na China para comemorar os dez anos da revolução”, relatou ela. A virada dos anos 1950 na China foi paralela ao enfrentamento no Brasil, pelos comunistas, de poderosas forças do atraso. “A ditadura militar exigiu muito dos comunistas em buscar a melhor forma de defender seu povo e achar meios de sobreviver física e ideologicamente à clandestinidade, à ilegalidade, à perseguição, às mortes e à tortura”, destacou, citando ainda a Carta de Krushev, que causou abalos ideológicos no movimento comunista internacional.
O diálogo histórico entre os países foi de mão dupla, conforme o desenvolvimento brasileiro inédito entre 1930 e 1978 também foi fonte para a China compreender seu potencial. Ela terminou homenageando Haroldo Lima, recentemente falecido em decorrência da covid-19, que tinha uma relação interessada com a China. “A distância do estado brasileiro da experiência chinesa se aprofunda, conforme fica mais evidente a tragédia em que o Brasil mergulha, ao avançar em pobreza e desigualdade e deixar sua população à mercê de um vírus”, observa.
Zhou Zhiwei, diretor-executivo do Centro de Pesquisa do Brasil do Instituto Latino-Americano na Academia Chinesa de Ciências Sociais, destaca o salta de US$ 23 de PIB per capita dos chineses na década de 1940 para US$ 10 mil dólares, hoje. “A China era um país castigado pelo imperialismo, feudalismo e colonialismo e conseguiu emancipação e êxitos impressionantes, sempre orientado pelo marxismo leninismo, colocando os trabalhadores sempre em primeiro lugar”, declarou.
Ele ressaltou como o marxismo está na base das reformas da estrutura e do socialismo chinês, “mas ajustado para a cultura, afazeres e hábitos chineses”. “A China está numa nova etapa em que se pergunta de qual governança precisa para resolver as contradições que aparecem nesse momento para não aumentar a desigualdade”, salienta, mostrando que o PCCh se preocupa em desenvolver uma estrutura eficiente que resolva os problemas que surgem, que modernize a governança chinesa no partido para as reformas.
A iniciativa de Cinturão e Nova Rota da Seda também tornam-se um desafio monumental para a estratégia do país. Discutem-se 128 medidas envolvendo defesa, economia, política, cultura e meio ambiente, entre outras. Ele diz que, mesmo não assinando a iniciativa chinesa, o Brasil como maior país da América Latina com participação ativa na governança global, é parceiro estratégico. Ele citou inúmeros mecanismos de diálogos bilaterais e multilaterais entre Brasil e China.
O Brasil é o único país da América Latina com voos diretos para a China, assim como a China é parceiro importante na infraestrutura do Brasil, seja na mineração, na agricultura, na infraestrutura de hidrelétricas, aeroportos, portos, linhas elétricas e concessão de portos. “O comércio bilateral ultrapassou US$ 100 bi e nunca desceu. A China é o maior país destino de exportações brasileiras, com mais de 30% e grande destino de investimentos diretos chineses”.
A professora Christine Dabat, do Departamento de História da UFPE, defende que o Brasil precisa desenvolver sua própria cinologia (seu ponto de vista especializado sobre a China), para não depender de interpretações de outros países.
Ela prestou sua homenagem aos “jovens corajosos” que, de 1921 a 1949 tomaram a “decisão perigosa e ousada” de apostar num futuro emancipado para a China. Ele considera que houve um enorme espírito de sacrifício desses militantes comunistas num período muito longo de repressão, que tornou a empreitada quase improvável e praticamente impossível.
Ela considera original o fato da revolução ter se apoiado na maioria camponesa, já que o movimento proletário foi completamente esmagado. Foi assim que foi possível superar, “para dizer claramente, o narcotráfico que as potências ocidentais organizaram para derrubar a China”.
Nesse período de resistência a Chiang Kai-shek ela destaca, com carinho acadêmico, a participação das mulheres. Christine fez um relato da história da mobilização do PCCh para construir essa resistência às invasões brutais e repressivas até antes de 1949, quando começa a reforma agrária, que melhora a vida camponesa e financia a industrialização nos anos 1950.
Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)
Da mesma forma, diz ela, a parceria que já existe entre os PCs deve se desenvolver em patamares superiores com intercambio maior entre delegações e conhecimento. “O desenvolvimento da República Popular da China e sua política internacional contribuem decisivamente para o desenvolvimento e o crescimento de dezenas de outros países que se integram numa política de ganha—ganha e de cooperação mútua que vão dando uma nova fisionomia para as relações internacionais no mundo”, encerrou Luciana.
Leia a íntegra do discurso de Luciana SantosPedro Josephi falou como o mundo permanece perplexo diante do processo revolucionário que levou a China ao centro da produtividade global e a se tornar o país mais atrativo para investimentos internacionais. Ele ressaltou como o PCCh, com seus 90 milhões de filiados, realizou uma profunda reforma agrária e uma industrialização que foram fundamentos desse processo.
Esse perplexidade se expressa na dificuldade da intelectualidade ocidental em categorizar o fenômeno econômico e político que é o socialismo chinês. “Pouco me preocupo com a terminologia, pois Marx dizia que o que importa é a prática”, disse ele. A combinação de elementos do capitalismo e do socialismo foi capaz, como observa ele, de levar a China a um crescimento exponencial do seu PIB, universalizou a alfabetização, desenvolveu a tecnologia do 5G e chegou a Marte.
“Tornou a China um país de classe média, com serviços públicos gratuitos e acessíveis para todos, um ambiente propício e fértil para os investimentos internacionais, com preocupação com a necessidade de preservação ambiental, sendo o país que mais investe em energias limpas e as melhores práticas de desenvolvimento sustentável”, apontou.
Ele agradeceu a cooperação chinesa com o Brasil em meio à pandemia, “em que pese as agressões gratuitas não compartilhadas pelo povo brasileiro”.
Para ele, a China busca uma nova forma de se relacionar com o mundo, que pode ajudar a América Latina a superar a falta de um projeto nacional devido às restrições impostas pelo imperialismo americano.
Peng Xiantang, vice-diretor do Centro Sino-Brasileiro de Pesquisas Socioeconômicas do Instituto Confúcio da Universidade de Pernambuco e diretor chinês do Instituto Confúcio da UPE, salientou o intercambio cultural que promove no Brasil, desse 2013.
Tem reunido especialistas brasileiros e chineses para debater temas como mecanismos de inovação, segurança alimentar, energia limpa e internacionalização da moeda chinesa, a iniciativa do Cinturão e Rota e educação, entre outros. Ele acredita que, apesar das distancias geográficas, culturais, e da barreira do idioma, há aproximações no contexto econômico e social.
Ele mencionou o modo como nas décadas de 1970 e 1980, ambos os países passam por transformações profundas. “Apesar de sua dimensão, Brasil e China não têm muita força na governança mundial, ou voz na participação mundial. Precisamos melhorar nossa capacidade de contar nossas historias”, disse, apontando para a necessidade de fortalecer mecanismos de estudo e pesquisa sino-brasileira. O centro de pesquisa específico para estudos da China na FGV e o Instituto Confúcio, são janelas de conhecimento importantes, na opinião dele.
Ana Prestes resgatou similaridades entre o surgimento dos partidos comunistas no Brasil e na China, a partir de uma trajetória que remete à sua linhagem familiar. A modernização brasileira tem raízes no movimento tenentista e na espetacular Coluna Prestes, iniciada por seu avô Luiz Carlos Prestes, que se tornou um dos mais proeminentes líderes comunistas do mundo. Ela mostra que, desde os anos 1920, já havia uma intersecção entre as trajetórias dos dois partidos.
“Prestes esteve na China para comemorar os dez anos da revolução”, relatou ela. A virada dos anos 1950 na China foi paralela ao enfrentamento no Brasil, pelos comunistas, de poderosas forças do atraso. “A ditadura militar exigiu muito dos comunistas em buscar a melhor forma de defender seu povo e achar meios de sobreviver física e ideologicamente à clandestinidade, à ilegalidade, à perseguição, às mortes e à tortura”, destacou, citando ainda a Carta de Krushev, que causou abalos ideológicos no movimento comunista internacional.
O diálogo histórico entre os países foi de mão dupla, conforme o desenvolvimento brasileiro inédito entre 1930 e 1978 também foi fonte para a China compreender seu potencial. Ela terminou homenageando Haroldo Lima, recentemente falecido em decorrência da covid-19, que tinha uma relação interessada com a China. “A distância do estado brasileiro da experiência chinesa se aprofunda, conforme fica mais evidente a tragédia em que o Brasil mergulha, ao avançar em pobreza e desigualdade e deixar sua população à mercê de um vírus”, observa.
Zhou Zhiwei, diretor-executivo do Centro de Pesquisa do Brasil do Instituto Latino-Americano na Academia Chinesa de Ciências Sociais, destaca o salta de US$ 23 de PIB per capita dos chineses na década de 1940 para US$ 10 mil dólares, hoje. “A China era um país castigado pelo imperialismo, feudalismo e colonialismo e conseguiu emancipação e êxitos impressionantes, sempre orientado pelo marxismo leninismo, colocando os trabalhadores sempre em primeiro lugar”, declarou.
Ele ressaltou como o marxismo está na base das reformas da estrutura e do socialismo chinês, “mas ajustado para a cultura, afazeres e hábitos chineses”. “A China está numa nova etapa em que se pergunta de qual governança precisa para resolver as contradições que aparecem nesse momento para não aumentar a desigualdade”, salienta, mostrando que o PCCh se preocupa em desenvolver uma estrutura eficiente que resolva os problemas que surgem, que modernize a governança chinesa no partido para as reformas.
A iniciativa de Cinturão e Nova Rota da Seda também tornam-se um desafio monumental para a estratégia do país. Discutem-se 128 medidas envolvendo defesa, economia, política, cultura e meio ambiente, entre outras. Ele diz que, mesmo não assinando a iniciativa chinesa, o Brasil como maior país da América Latina com participação ativa na governança global, é parceiro estratégico. Ele citou inúmeros mecanismos de diálogos bilaterais e multilaterais entre Brasil e China.
O Brasil é o único país da América Latina com voos diretos para a China, assim como a China é parceiro importante na infraestrutura do Brasil, seja na mineração, na agricultura, na infraestrutura de hidrelétricas, aeroportos, portos, linhas elétricas e concessão de portos. “O comércio bilateral ultrapassou US$ 100 bi e nunca desceu. A China é o maior país destino de exportações brasileiras, com mais de 30% e grande destino de investimentos diretos chineses”.
A professora Christine Dabat, do Departamento de História da UFPE, defende que o Brasil precisa desenvolver sua própria cinologia (seu ponto de vista especializado sobre a China), para não depender de interpretações de outros países.
Ela prestou sua homenagem aos “jovens corajosos” que, de 1921 a 1949 tomaram a “decisão perigosa e ousada” de apostar num futuro emancipado para a China. Ele considera que houve um enorme espírito de sacrifício desses militantes comunistas num período muito longo de repressão, que tornou a empreitada quase improvável e praticamente impossível.
Ela considera original o fato da revolução ter se apoiado na maioria camponesa, já que o movimento proletário foi completamente esmagado. Foi assim que foi possível superar, “para dizer claramente, o narcotráfico que as potências ocidentais organizaram para derrubar a China”.
Nesse período de resistência a Chiang Kai-shek ela destaca, com carinho acadêmico, a participação das mulheres. Christine fez um relato da história da mobilização do PCCh para construir essa resistência às invasões brutais e repressivas até antes de 1949, quando começa a reforma agrária, que melhora a vida camponesa e financia a industrialização nos anos 1950.
Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)
Ela também compara as trajetórias desenvolvimentistas das duas nações, em que a emergência da China está ligada ao socialismo moderno e nacionalista que adotou. “Já o Brasil, luta por um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, ainda tendo que enfrentar as forças reacionárias e negacionistas do conservadorismo, as forças que defendem os interesses imperialistas que impõem ao país restrições ao desenvolvimento econômico, social e político de toda a ordem”, afirma.
Da mesma forma, diz ela, a parceria que já existe entre os PCs deve se desenvolver em patamares superiores com intercambio maior entre delegações e conhecimento. “O desenvolvimento da República Popular da China e sua política internacional contribuem decisivamente para o desenvolvimento e o crescimento de dezenas de outros países que se integram numa política de ganha—ganha e de cooperação mútua que vão dando uma nova fisionomia para as relações internacionais no mundo”, encerrou Luciana.
Leia a íntegra do discurso de Luciana SantosPedro Josephi falou como o mundo permanece perplexo diante do processo revolucionário que levou a China ao centro da produtividade global e a se tornar o país mais atrativo para investimentos internacionais. Ele ressaltou como o PCCh, com seus 90 milhões de filiados, realizou uma profunda reforma agrária e uma industrialização que foram fundamentos desse processo.
Esse perplexidade se expressa na dificuldade da intelectualidade ocidental em categorizar o fenômeno econômico e político que é o socialismo chinês. “Pouco me preocupo com a terminologia, pois Marx dizia que o que importa é a prática”, disse ele. A combinação de elementos do capitalismo e do socialismo foi capaz, como observa ele, de levar a China a um crescimento exponencial do seu PIB, universalizou a alfabetização, desenvolveu a tecnologia do 5G e chegou a Marte.
“Tornou a China um país de classe média, com serviços públicos gratuitos e acessíveis para todos, um ambiente propício e fértil para os investimentos internacionais, com preocupação com a necessidade de preservação ambiental, sendo o país que mais investe em energias limpas e as melhores práticas de desenvolvimento sustentável”, apontou.
Ele agradeceu a cooperação chinesa com o Brasil em meio à pandemia, “em que pese as agressões gratuitas não compartilhadas pelo povo brasileiro”.
Para ele, a China busca uma nova forma de se relacionar com o mundo, que pode ajudar a América Latina a superar a falta de um projeto nacional devido às restrições impostas pelo imperialismo americano.
Peng Xiantang, vice-diretor do Centro Sino-Brasileiro de Pesquisas Socioeconômicas do Instituto Confúcio da Universidade de Pernambuco e diretor chinês do Instituto Confúcio da UPE, salientou o intercambio cultural que promove no Brasil, desse 2013.
Tem reunido especialistas brasileiros e chineses para debater temas como mecanismos de inovação, segurança alimentar, energia limpa e internacionalização da moeda chinesa, a iniciativa do Cinturão e Rota e educação, entre outros. Ele acredita que, apesar das distancias geográficas, culturais, e da barreira do idioma, há aproximações no contexto econômico e social.
Ele mencionou o modo como nas décadas de 1970 e 1980, ambos os países passam por transformações profundas. “Apesar de sua dimensão, Brasil e China não têm muita força na governança mundial, ou voz na participação mundial. Precisamos melhorar nossa capacidade de contar nossas historias”, disse, apontando para a necessidade de fortalecer mecanismos de estudo e pesquisa sino-brasileira. O centro de pesquisa específico para estudos da China na FGV e o Instituto Confúcio, são janelas de conhecimento importantes, na opinião dele.
Ana Prestes resgatou similaridades entre o surgimento dos partidos comunistas no Brasil e na China, a partir de uma trajetória que remete à sua linhagem familiar. A modernização brasileira tem raízes no movimento tenentista e na espetacular Coluna Prestes, iniciada por seu avô Luiz Carlos Prestes, que se tornou um dos mais proeminentes líderes comunistas do mundo. Ela mostra que, desde os anos 1920, já havia uma intersecção entre as trajetórias dos dois partidos.
“Prestes esteve na China para comemorar os dez anos da revolução”, relatou ela. A virada dos anos 1950 na China foi paralela ao enfrentamento no Brasil, pelos comunistas, de poderosas forças do atraso. “A ditadura militar exigiu muito dos comunistas em buscar a melhor forma de defender seu povo e achar meios de sobreviver física e ideologicamente à clandestinidade, à ilegalidade, à perseguição, às mortes e à tortura”, destacou, citando ainda a Carta de Krushev, que causou abalos ideológicos no movimento comunista internacional.
O diálogo histórico entre os países foi de mão dupla, conforme o desenvolvimento brasileiro inédito entre 1930 e 1978 também foi fonte para a China compreender seu potencial. Ela terminou homenageando Haroldo Lima, recentemente falecido em decorrência da covid-19, que tinha uma relação interessada com a China. “A distância do estado brasileiro da experiência chinesa se aprofunda, conforme fica mais evidente a tragédia em que o Brasil mergulha, ao avançar em pobreza e desigualdade e deixar sua população à mercê de um vírus”, observa.
Zhou Zhiwei, diretor-executivo do Centro de Pesquisa do Brasil do Instituto Latino-Americano na Academia Chinesa de Ciências Sociais, destaca o salta de US$ 23 de PIB per capita dos chineses na década de 1940 para US$ 10 mil dólares, hoje. “A China era um país castigado pelo imperialismo, feudalismo e colonialismo e conseguiu emancipação e êxitos impressionantes, sempre orientado pelo marxismo leninismo, colocando os trabalhadores sempre em primeiro lugar”, declarou.
Ele ressaltou como o marxismo está na base das reformas da estrutura e do socialismo chinês, “mas ajustado para a cultura, afazeres e hábitos chineses”. “A China está numa nova etapa em que se pergunta de qual governança precisa para resolver as contradições que aparecem nesse momento para não aumentar a desigualdade”, salienta, mostrando que o PCCh se preocupa em desenvolver uma estrutura eficiente que resolva os problemas que surgem, que modernize a governança chinesa no partido para as reformas.
A iniciativa de Cinturão e Nova Rota da Seda também tornam-se um desafio monumental para a estratégia do país. Discutem-se 128 medidas envolvendo defesa, economia, política, cultura e meio ambiente, entre outras. Ele diz que, mesmo não assinando a iniciativa chinesa, o Brasil como maior país da América Latina com participação ativa na governança global, é parceiro estratégico. Ele citou inúmeros mecanismos de diálogos bilaterais e multilaterais entre Brasil e China.
O Brasil é o único país da América Latina com voos diretos para a China, assim como a China é parceiro importante na infraestrutura do Brasil, seja na mineração, na agricultura, na infraestrutura de hidrelétricas, aeroportos, portos, linhas elétricas e concessão de portos. “O comércio bilateral ultrapassou US$ 100 bi e nunca desceu. A China é o maior país destino de exportações brasileiras, com mais de 30% e grande destino de investimentos diretos chineses”.
A professora Christine Dabat, do Departamento de História da UFPE, defende que o Brasil precisa desenvolver sua própria cinologia (seu ponto de vista especializado sobre a China), para não depender de interpretações de outros países.
Ela prestou sua homenagem aos “jovens corajosos” que, de 1921 a 1949 tomaram a “decisão perigosa e ousada” de apostar num futuro emancipado para a China. Ele considera que houve um enorme espírito de sacrifício desses militantes comunistas num período muito longo de repressão, que tornou a empreitada quase improvável e praticamente impossível.
Ela considera original o fato da revolução ter se apoiado na maioria camponesa, já que o movimento proletário foi completamente esmagado. Foi assim que foi possível superar, “para dizer claramente, o narcotráfico que as potências ocidentais organizaram para derrubar a China”.
Nesse período de resistência a Chiang Kai-shek ela destaca, com carinho acadêmico, a participação das mulheres. Christine fez um relato da história da mobilização do PCCh para construir essa resistência às invasões brutais e repressivas até antes de 1949, quando começa a reforma agrária, que melhora a vida camponesa e financia a industrialização nos anos 1950.
Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)
Luciana compara a complementariedade das economias chinesa e brasileira em sua parceria comercial. Parceria que se consolidou com o agrupamento BRICS de cinco emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). “Juntos, representam cerca de 42% da população do mundo, 23% do PIB, 30% do território e 18% do comércio mundial”.
Ela também compara as trajetórias desenvolvimentistas das duas nações, em que a emergência da China está ligada ao socialismo moderno e nacionalista que adotou. “Já o Brasil, luta por um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, ainda tendo que enfrentar as forças reacionárias e negacionistas do conservadorismo, as forças que defendem os interesses imperialistas que impõem ao país restrições ao desenvolvimento econômico, social e político de toda a ordem”, afirma.
Da mesma forma, diz ela, a parceria que já existe entre os PCs deve se desenvolver em patamares superiores com intercambio maior entre delegações e conhecimento. “O desenvolvimento da República Popular da China e sua política internacional contribuem decisivamente para o desenvolvimento e o crescimento de dezenas de outros países que se integram numa política de ganha—ganha e de cooperação mútua que vão dando uma nova fisionomia para as relações internacionais no mundo”, encerrou Luciana.
Leia a íntegra do discurso de Luciana SantosPedro Josephi falou como o mundo permanece perplexo diante do processo revolucionário que levou a China ao centro da produtividade global e a se tornar o país mais atrativo para investimentos internacionais. Ele ressaltou como o PCCh, com seus 90 milhões de filiados, realizou uma profunda reforma agrária e uma industrialização que foram fundamentos desse processo.
Esse perplexidade se expressa na dificuldade da intelectualidade ocidental em categorizar o fenômeno econômico e político que é o socialismo chinês. “Pouco me preocupo com a terminologia, pois Marx dizia que o que importa é a prática”, disse ele. A combinação de elementos do capitalismo e do socialismo foi capaz, como observa ele, de levar a China a um crescimento exponencial do seu PIB, universalizou a alfabetização, desenvolveu a tecnologia do 5G e chegou a Marte.
“Tornou a China um país de classe média, com serviços públicos gratuitos e acessíveis para todos, um ambiente propício e fértil para os investimentos internacionais, com preocupação com a necessidade de preservação ambiental, sendo o país que mais investe em energias limpas e as melhores práticas de desenvolvimento sustentável”, apontou.
Ele agradeceu a cooperação chinesa com o Brasil em meio à pandemia, “em que pese as agressões gratuitas não compartilhadas pelo povo brasileiro”.
Para ele, a China busca uma nova forma de se relacionar com o mundo, que pode ajudar a América Latina a superar a falta de um projeto nacional devido às restrições impostas pelo imperialismo americano.
Peng Xiantang, vice-diretor do Centro Sino-Brasileiro de Pesquisas Socioeconômicas do Instituto Confúcio da Universidade de Pernambuco e diretor chinês do Instituto Confúcio da UPE, salientou o intercambio cultural que promove no Brasil, desse 2013.
Tem reunido especialistas brasileiros e chineses para debater temas como mecanismos de inovação, segurança alimentar, energia limpa e internacionalização da moeda chinesa, a iniciativa do Cinturão e Rota e educação, entre outros. Ele acredita que, apesar das distancias geográficas, culturais, e da barreira do idioma, há aproximações no contexto econômico e social.
Ele mencionou o modo como nas décadas de 1970 e 1980, ambos os países passam por transformações profundas. “Apesar de sua dimensão, Brasil e China não têm muita força na governança mundial, ou voz na participação mundial. Precisamos melhorar nossa capacidade de contar nossas historias”, disse, apontando para a necessidade de fortalecer mecanismos de estudo e pesquisa sino-brasileira. O centro de pesquisa específico para estudos da China na FGV e o Instituto Confúcio, são janelas de conhecimento importantes, na opinião dele.
Ana Prestes resgatou similaridades entre o surgimento dos partidos comunistas no Brasil e na China, a partir de uma trajetória que remete à sua linhagem familiar. A modernização brasileira tem raízes no movimento tenentista e na espetacular Coluna Prestes, iniciada por seu avô Luiz Carlos Prestes, que se tornou um dos mais proeminentes líderes comunistas do mundo. Ela mostra que, desde os anos 1920, já havia uma intersecção entre as trajetórias dos dois partidos.
“Prestes esteve na China para comemorar os dez anos da revolução”, relatou ela. A virada dos anos 1950 na China foi paralela ao enfrentamento no Brasil, pelos comunistas, de poderosas forças do atraso. “A ditadura militar exigiu muito dos comunistas em buscar a melhor forma de defender seu povo e achar meios de sobreviver física e ideologicamente à clandestinidade, à ilegalidade, à perseguição, às mortes e à tortura”, destacou, citando ainda a Carta de Krushev, que causou abalos ideológicos no movimento comunista internacional.
O diálogo histórico entre os países foi de mão dupla, conforme o desenvolvimento brasileiro inédito entre 1930 e 1978 também foi fonte para a China compreender seu potencial. Ela terminou homenageando Haroldo Lima, recentemente falecido em decorrência da covid-19, que tinha uma relação interessada com a China. “A distância do estado brasileiro da experiência chinesa se aprofunda, conforme fica mais evidente a tragédia em que o Brasil mergulha, ao avançar em pobreza e desigualdade e deixar sua população à mercê de um vírus”, observa.
Zhou Zhiwei, diretor-executivo do Centro de Pesquisa do Brasil do Instituto Latino-Americano na Academia Chinesa de Ciências Sociais, destaca o salta de US$ 23 de PIB per capita dos chineses na década de 1940 para US$ 10 mil dólares, hoje. “A China era um país castigado pelo imperialismo, feudalismo e colonialismo e conseguiu emancipação e êxitos impressionantes, sempre orientado pelo marxismo leninismo, colocando os trabalhadores sempre em primeiro lugar”, declarou.
Ele ressaltou como o marxismo está na base das reformas da estrutura e do socialismo chinês, “mas ajustado para a cultura, afazeres e hábitos chineses”. “A China está numa nova etapa em que se pergunta de qual governança precisa para resolver as contradições que aparecem nesse momento para não aumentar a desigualdade”, salienta, mostrando que o PCCh se preocupa em desenvolver uma estrutura eficiente que resolva os problemas que surgem, que modernize a governança chinesa no partido para as reformas.
A iniciativa de Cinturão e Nova Rota da Seda também tornam-se um desafio monumental para a estratégia do país. Discutem-se 128 medidas envolvendo defesa, economia, política, cultura e meio ambiente, entre outras. Ele diz que, mesmo não assinando a iniciativa chinesa, o Brasil como maior país da América Latina com participação ativa na governança global, é parceiro estratégico. Ele citou inúmeros mecanismos de diálogos bilaterais e multilaterais entre Brasil e China.
O Brasil é o único país da América Latina com voos diretos para a China, assim como a China é parceiro importante na infraestrutura do Brasil, seja na mineração, na agricultura, na infraestrutura de hidrelétricas, aeroportos, portos, linhas elétricas e concessão de portos. “O comércio bilateral ultrapassou US$ 100 bi e nunca desceu. A China é o maior país destino de exportações brasileiras, com mais de 30% e grande destino de investimentos diretos chineses”.
A professora Christine Dabat, do Departamento de História da UFPE, defende que o Brasil precisa desenvolver sua própria cinologia (seu ponto de vista especializado sobre a China), para não depender de interpretações de outros países.
Ela prestou sua homenagem aos “jovens corajosos” que, de 1921 a 1949 tomaram a “decisão perigosa e ousada” de apostar num futuro emancipado para a China. Ele considera que houve um enorme espírito de sacrifício desses militantes comunistas num período muito longo de repressão, que tornou a empreitada quase improvável e praticamente impossível.
Ela considera original o fato da revolução ter se apoiado na maioria camponesa, já que o movimento proletário foi completamente esmagado. Foi assim que foi possível superar, “para dizer claramente, o narcotráfico que as potências ocidentais organizaram para derrubar a China”.
Nesse período de resistência a Chiang Kai-shek ela destaca, com carinho acadêmico, a participação das mulheres. Christine fez um relato da história da mobilização do PCCh para construir essa resistência às invasões brutais e repressivas até antes de 1949, quando começa a reforma agrária, que melhora a vida camponesa e financia a industrialização nos anos 1950.
Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)Luciana Santos descreveu em poucas palavras a jornada épica iniciada por doze pessoas, entre elas um líder camponês, de 28 anos, Mao Tsetung, ao fundar o PCCh. Trajetória que se tornou uma grande marcha de 28 anos de lutas para a conquista de Beijing, em 1949. “Em apenas 43 anos, a partir de 1978, a economia chinesa, de atrasada, periférica, começou a ultrapassar a economia de países altamente desenvolvidos, construindo um parque industrial avançado, com alta tecnologia, eliminando a pobreza extrema no interior, rumo a um progresso social, político e econômico sem precedentes na história da humanidade”, pontuou Luciana.
Luciana compara a complementariedade das economias chinesa e brasileira em sua parceria comercial. Parceria que se consolidou com o agrupamento BRICS de cinco emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). “Juntos, representam cerca de 42% da população do mundo, 23% do PIB, 30% do território e 18% do comércio mundial”.
Ela também compara as trajetórias desenvolvimentistas das duas nações, em que a emergência da China está ligada ao socialismo moderno e nacionalista que adotou. “Já o Brasil, luta por um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, ainda tendo que enfrentar as forças reacionárias e negacionistas do conservadorismo, as forças que defendem os interesses imperialistas que impõem ao país restrições ao desenvolvimento econômico, social e político de toda a ordem”, afirma.
Da mesma forma, diz ela, a parceria que já existe entre os PCs deve se desenvolver em patamares superiores com intercambio maior entre delegações e conhecimento. “O desenvolvimento da República Popular da China e sua política internacional contribuem decisivamente para o desenvolvimento e o crescimento de dezenas de outros países que se integram numa política de ganha—ganha e de cooperação mútua que vão dando uma nova fisionomia para as relações internacionais no mundo”, encerrou Luciana.
Leia a íntegra do discurso de Luciana SantosPedro Josephi falou como o mundo permanece perplexo diante do processo revolucionário que levou a China ao centro da produtividade global e a se tornar o país mais atrativo para investimentos internacionais. Ele ressaltou como o PCCh, com seus 90 milhões de filiados, realizou uma profunda reforma agrária e uma industrialização que foram fundamentos desse processo.
Esse perplexidade se expressa na dificuldade da intelectualidade ocidental em categorizar o fenômeno econômico e político que é o socialismo chinês. “Pouco me preocupo com a terminologia, pois Marx dizia que o que importa é a prática”, disse ele. A combinação de elementos do capitalismo e do socialismo foi capaz, como observa ele, de levar a China a um crescimento exponencial do seu PIB, universalizou a alfabetização, desenvolveu a tecnologia do 5G e chegou a Marte.
“Tornou a China um país de classe média, com serviços públicos gratuitos e acessíveis para todos, um ambiente propício e fértil para os investimentos internacionais, com preocupação com a necessidade de preservação ambiental, sendo o país que mais investe em energias limpas e as melhores práticas de desenvolvimento sustentável”, apontou.
Ele agradeceu a cooperação chinesa com o Brasil em meio à pandemia, “em que pese as agressões gratuitas não compartilhadas pelo povo brasileiro”.
Para ele, a China busca uma nova forma de se relacionar com o mundo, que pode ajudar a América Latina a superar a falta de um projeto nacional devido às restrições impostas pelo imperialismo americano.
Peng Xiantang, vice-diretor do Centro Sino-Brasileiro de Pesquisas Socioeconômicas do Instituto Confúcio da Universidade de Pernambuco e diretor chinês do Instituto Confúcio da UPE, salientou o intercambio cultural que promove no Brasil, desse 2013.
Tem reunido especialistas brasileiros e chineses para debater temas como mecanismos de inovação, segurança alimentar, energia limpa e internacionalização da moeda chinesa, a iniciativa do Cinturão e Rota e educação, entre outros. Ele acredita que, apesar das distancias geográficas, culturais, e da barreira do idioma, há aproximações no contexto econômico e social.
Ele mencionou o modo como nas décadas de 1970 e 1980, ambos os países passam por transformações profundas. “Apesar de sua dimensão, Brasil e China não têm muita força na governança mundial, ou voz na participação mundial. Precisamos melhorar nossa capacidade de contar nossas historias”, disse, apontando para a necessidade de fortalecer mecanismos de estudo e pesquisa sino-brasileira. O centro de pesquisa específico para estudos da China na FGV e o Instituto Confúcio, são janelas de conhecimento importantes, na opinião dele.
Ana Prestes resgatou similaridades entre o surgimento dos partidos comunistas no Brasil e na China, a partir de uma trajetória que remete à sua linhagem familiar. A modernização brasileira tem raízes no movimento tenentista e na espetacular Coluna Prestes, iniciada por seu avô Luiz Carlos Prestes, que se tornou um dos mais proeminentes líderes comunistas do mundo. Ela mostra que, desde os anos 1920, já havia uma intersecção entre as trajetórias dos dois partidos.
“Prestes esteve na China para comemorar os dez anos da revolução”, relatou ela. A virada dos anos 1950 na China foi paralela ao enfrentamento no Brasil, pelos comunistas, de poderosas forças do atraso. “A ditadura militar exigiu muito dos comunistas em buscar a melhor forma de defender seu povo e achar meios de sobreviver física e ideologicamente à clandestinidade, à ilegalidade, à perseguição, às mortes e à tortura”, destacou, citando ainda a Carta de Krushev, que causou abalos ideológicos no movimento comunista internacional.
O diálogo histórico entre os países foi de mão dupla, conforme o desenvolvimento brasileiro inédito entre 1930 e 1978 também foi fonte para a China compreender seu potencial. Ela terminou homenageando Haroldo Lima, recentemente falecido em decorrência da covid-19, que tinha uma relação interessada com a China. “A distância do estado brasileiro da experiência chinesa se aprofunda, conforme fica mais evidente a tragédia em que o Brasil mergulha, ao avançar em pobreza e desigualdade e deixar sua população à mercê de um vírus”, observa.
Zhou Zhiwei, diretor-executivo do Centro de Pesquisa do Brasil do Instituto Latino-Americano na Academia Chinesa de Ciências Sociais, destaca o salta de US$ 23 de PIB per capita dos chineses na década de 1940 para US$ 10 mil dólares, hoje. “A China era um país castigado pelo imperialismo, feudalismo e colonialismo e conseguiu emancipação e êxitos impressionantes, sempre orientado pelo marxismo leninismo, colocando os trabalhadores sempre em primeiro lugar”, declarou.
Ele ressaltou como o marxismo está na base das reformas da estrutura e do socialismo chinês, “mas ajustado para a cultura, afazeres e hábitos chineses”. “A China está numa nova etapa em que se pergunta de qual governança precisa para resolver as contradições que aparecem nesse momento para não aumentar a desigualdade”, salienta, mostrando que o PCCh se preocupa em desenvolver uma estrutura eficiente que resolva os problemas que surgem, que modernize a governança chinesa no partido para as reformas.
A iniciativa de Cinturão e Nova Rota da Seda também tornam-se um desafio monumental para a estratégia do país. Discutem-se 128 medidas envolvendo defesa, economia, política, cultura e meio ambiente, entre outras. Ele diz que, mesmo não assinando a iniciativa chinesa, o Brasil como maior país da América Latina com participação ativa na governança global, é parceiro estratégico. Ele citou inúmeros mecanismos de diálogos bilaterais e multilaterais entre Brasil e China.
O Brasil é o único país da América Latina com voos diretos para a China, assim como a China é parceiro importante na infraestrutura do Brasil, seja na mineração, na agricultura, na infraestrutura de hidrelétricas, aeroportos, portos, linhas elétricas e concessão de portos. “O comércio bilateral ultrapassou US$ 100 bi e nunca desceu. A China é o maior país destino de exportações brasileiras, com mais de 30% e grande destino de investimentos diretos chineses”.
A professora Christine Dabat, do Departamento de História da UFPE, defende que o Brasil precisa desenvolver sua própria cinologia (seu ponto de vista especializado sobre a China), para não depender de interpretações de outros países.
Ela prestou sua homenagem aos “jovens corajosos” que, de 1921 a 1949 tomaram a “decisão perigosa e ousada” de apostar num futuro emancipado para a China. Ele considera que houve um enorme espírito de sacrifício desses militantes comunistas num período muito longo de repressão, que tornou a empreitada quase improvável e praticamente impossível.
Ela considera original o fato da revolução ter se apoiado na maioria camponesa, já que o movimento proletário foi completamente esmagado. Foi assim que foi possível superar, “para dizer claramente, o narcotráfico que as potências ocidentais organizaram para derrubar a China”.
Nesse período de resistência a Chiang Kai-shek ela destaca, com carinho acadêmico, a participação das mulheres. Christine fez um relato da história da mobilização do PCCh para construir essa resistência às invasões brutais e repressivas até antes de 1949, quando começa a reforma agrária, que melhora a vida camponesa e financia a industrialização nos anos 1950.
Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)
Luciana Santos descreveu em poucas palavras a jornada épica iniciada por doze pessoas, entre elas um líder camponês, de 28 anos, Mao Tsetung, ao fundar o PCCh. Trajetória que se tornou uma grande marcha de 28 anos de lutas para a conquista de Beijing, em 1949. “Em apenas 43 anos, a partir de 1978, a economia chinesa, de atrasada, periférica, começou a ultrapassar a economia de países altamente desenvolvidos, construindo um parque industrial avançado, com alta tecnologia, eliminando a pobreza extrema no interior, rumo a um progresso social, político e econômico sem precedentes na história da humanidade”, pontuou Luciana.
Luciana compara a complementariedade das economias chinesa e brasileira em sua parceria comercial. Parceria que se consolidou com o agrupamento BRICS de cinco emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). “Juntos, representam cerca de 42% da população do mundo, 23% do PIB, 30% do território e 18% do comércio mundial”.
Ela também compara as trajetórias desenvolvimentistas das duas nações, em que a emergência da China está ligada ao socialismo moderno e nacionalista que adotou. “Já o Brasil, luta por um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, ainda tendo que enfrentar as forças reacionárias e negacionistas do conservadorismo, as forças que defendem os interesses imperialistas que impõem ao país restrições ao desenvolvimento econômico, social e político de toda a ordem”, afirma.
Da mesma forma, diz ela, a parceria que já existe entre os PCs deve se desenvolver em patamares superiores com intercambio maior entre delegações e conhecimento. “O desenvolvimento da República Popular da China e sua política internacional contribuem decisivamente para o desenvolvimento e o crescimento de dezenas de outros países que se integram numa política de ganha—ganha e de cooperação mútua que vão dando uma nova fisionomia para as relações internacionais no mundo”, encerrou Luciana.
Leia a íntegra do discurso de Luciana SantosPedro Josephi falou como o mundo permanece perplexo diante do processo revolucionário que levou a China ao centro da produtividade global e a se tornar o país mais atrativo para investimentos internacionais. Ele ressaltou como o PCCh, com seus 90 milhões de filiados, realizou uma profunda reforma agrária e uma industrialização que foram fundamentos desse processo.
Esse perplexidade se expressa na dificuldade da intelectualidade ocidental em categorizar o fenômeno econômico e político que é o socialismo chinês. “Pouco me preocupo com a terminologia, pois Marx dizia que o que importa é a prática”, disse ele. A combinação de elementos do capitalismo e do socialismo foi capaz, como observa ele, de levar a China a um crescimento exponencial do seu PIB, universalizou a alfabetização, desenvolveu a tecnologia do 5G e chegou a Marte.
“Tornou a China um país de classe média, com serviços públicos gratuitos e acessíveis para todos, um ambiente propício e fértil para os investimentos internacionais, com preocupação com a necessidade de preservação ambiental, sendo o país que mais investe em energias limpas e as melhores práticas de desenvolvimento sustentável”, apontou.
Ele agradeceu a cooperação chinesa com o Brasil em meio à pandemia, “em que pese as agressões gratuitas não compartilhadas pelo povo brasileiro”.
Para ele, a China busca uma nova forma de se relacionar com o mundo, que pode ajudar a América Latina a superar a falta de um projeto nacional devido às restrições impostas pelo imperialismo americano.
Peng Xiantang, vice-diretor do Centro Sino-Brasileiro de Pesquisas Socioeconômicas do Instituto Confúcio da Universidade de Pernambuco e diretor chinês do Instituto Confúcio da UPE, salientou o intercambio cultural que promove no Brasil, desse 2013.
Tem reunido especialistas brasileiros e chineses para debater temas como mecanismos de inovação, segurança alimentar, energia limpa e internacionalização da moeda chinesa, a iniciativa do Cinturão e Rota e educação, entre outros. Ele acredita que, apesar das distancias geográficas, culturais, e da barreira do idioma, há aproximações no contexto econômico e social.
Ele mencionou o modo como nas décadas de 1970 e 1980, ambos os países passam por transformações profundas. “Apesar de sua dimensão, Brasil e China não têm muita força na governança mundial, ou voz na participação mundial. Precisamos melhorar nossa capacidade de contar nossas historias”, disse, apontando para a necessidade de fortalecer mecanismos de estudo e pesquisa sino-brasileira. O centro de pesquisa específico para estudos da China na FGV e o Instituto Confúcio, são janelas de conhecimento importantes, na opinião dele.
Ana Prestes resgatou similaridades entre o surgimento dos partidos comunistas no Brasil e na China, a partir de uma trajetória que remete à sua linhagem familiar. A modernização brasileira tem raízes no movimento tenentista e na espetacular Coluna Prestes, iniciada por seu avô Luiz Carlos Prestes, que se tornou um dos mais proeminentes líderes comunistas do mundo. Ela mostra que, desde os anos 1920, já havia uma intersecção entre as trajetórias dos dois partidos.
“Prestes esteve na China para comemorar os dez anos da revolução”, relatou ela. A virada dos anos 1950 na China foi paralela ao enfrentamento no Brasil, pelos comunistas, de poderosas forças do atraso. “A ditadura militar exigiu muito dos comunistas em buscar a melhor forma de defender seu povo e achar meios de sobreviver física e ideologicamente à clandestinidade, à ilegalidade, à perseguição, às mortes e à tortura”, destacou, citando ainda a Carta de Krushev, que causou abalos ideológicos no movimento comunista internacional.
O diálogo histórico entre os países foi de mão dupla, conforme o desenvolvimento brasileiro inédito entre 1930 e 1978 também foi fonte para a China compreender seu potencial. Ela terminou homenageando Haroldo Lima, recentemente falecido em decorrência da covid-19, que tinha uma relação interessada com a China. “A distância do estado brasileiro da experiência chinesa se aprofunda, conforme fica mais evidente a tragédia em que o Brasil mergulha, ao avançar em pobreza e desigualdade e deixar sua população à mercê de um vírus”, observa.
Zhou Zhiwei, diretor-executivo do Centro de Pesquisa do Brasil do Instituto Latino-Americano na Academia Chinesa de Ciências Sociais, destaca o salta de US$ 23 de PIB per capita dos chineses na década de 1940 para US$ 10 mil dólares, hoje. “A China era um país castigado pelo imperialismo, feudalismo e colonialismo e conseguiu emancipação e êxitos impressionantes, sempre orientado pelo marxismo leninismo, colocando os trabalhadores sempre em primeiro lugar”, declarou.
Ele ressaltou como o marxismo está na base das reformas da estrutura e do socialismo chinês, “mas ajustado para a cultura, afazeres e hábitos chineses”. “A China está numa nova etapa em que se pergunta de qual governança precisa para resolver as contradições que aparecem nesse momento para não aumentar a desigualdade”, salienta, mostrando que o PCCh se preocupa em desenvolver uma estrutura eficiente que resolva os problemas que surgem, que modernize a governança chinesa no partido para as reformas.
A iniciativa de Cinturão e Nova Rota da Seda também tornam-se um desafio monumental para a estratégia do país. Discutem-se 128 medidas envolvendo defesa, economia, política, cultura e meio ambiente, entre outras. Ele diz que, mesmo não assinando a iniciativa chinesa, o Brasil como maior país da América Latina com participação ativa na governança global, é parceiro estratégico. Ele citou inúmeros mecanismos de diálogos bilaterais e multilaterais entre Brasil e China.
O Brasil é o único país da América Latina com voos diretos para a China, assim como a China é parceiro importante na infraestrutura do Brasil, seja na mineração, na agricultura, na infraestrutura de hidrelétricas, aeroportos, portos, linhas elétricas e concessão de portos. “O comércio bilateral ultrapassou US$ 100 bi e nunca desceu. A China é o maior país destino de exportações brasileiras, com mais de 30% e grande destino de investimentos diretos chineses”.
A professora Christine Dabat, do Departamento de História da UFPE, defende que o Brasil precisa desenvolver sua própria cinologia (seu ponto de vista especializado sobre a China), para não depender de interpretações de outros países.
Ela prestou sua homenagem aos “jovens corajosos” que, de 1921 a 1949 tomaram a “decisão perigosa e ousada” de apostar num futuro emancipado para a China. Ele considera que houve um enorme espírito de sacrifício desses militantes comunistas num período muito longo de repressão, que tornou a empreitada quase improvável e praticamente impossível.
Ela considera original o fato da revolução ter se apoiado na maioria camponesa, já que o movimento proletário foi completamente esmagado. Foi assim que foi possível superar, “para dizer claramente, o narcotráfico que as potências ocidentais organizaram para derrubar a China”.
Nesse período de resistência a Chiang Kai-shek ela destaca, com carinho acadêmico, a participação das mulheres. Christine fez um relato da história da mobilização do PCCh para construir essa resistência às invasões brutais e repressivas até antes de 1949, quando começa a reforma agrária, que melhora a vida camponesa e financia a industrialização nos anos 1950.
Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)Leia a íntegra do discurso de Renato Rabelo
Luciana Santos descreveu em poucas palavras a jornada épica iniciada por doze pessoas, entre elas um líder camponês, de 28 anos, Mao Tsetung, ao fundar o PCCh. Trajetória que se tornou uma grande marcha de 28 anos de lutas para a conquista de Beijing, em 1949. “Em apenas 43 anos, a partir de 1978, a economia chinesa, de atrasada, periférica, começou a ultrapassar a economia de países altamente desenvolvidos, construindo um parque industrial avançado, com alta tecnologia, eliminando a pobreza extrema no interior, rumo a um progresso social, político e econômico sem precedentes na história da humanidade”, pontuou Luciana.
Luciana compara a complementariedade das economias chinesa e brasileira em sua parceria comercial. Parceria que se consolidou com o agrupamento BRICS de cinco emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). “Juntos, representam cerca de 42% da população do mundo, 23% do PIB, 30% do território e 18% do comércio mundial”.
Ela também compara as trajetórias desenvolvimentistas das duas nações, em que a emergência da China está ligada ao socialismo moderno e nacionalista que adotou. “Já o Brasil, luta por um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, ainda tendo que enfrentar as forças reacionárias e negacionistas do conservadorismo, as forças que defendem os interesses imperialistas que impõem ao país restrições ao desenvolvimento econômico, social e político de toda a ordem”, afirma.
Da mesma forma, diz ela, a parceria que já existe entre os PCs deve se desenvolver em patamares superiores com intercambio maior entre delegações e conhecimento. “O desenvolvimento da República Popular da China e sua política internacional contribuem decisivamente para o desenvolvimento e o crescimento de dezenas de outros países que se integram numa política de ganha—ganha e de cooperação mútua que vão dando uma nova fisionomia para as relações internacionais no mundo”, encerrou Luciana.
Leia a íntegra do discurso de Luciana SantosPedro Josephi falou como o mundo permanece perplexo diante do processo revolucionário que levou a China ao centro da produtividade global e a se tornar o país mais atrativo para investimentos internacionais. Ele ressaltou como o PCCh, com seus 90 milhões de filiados, realizou uma profunda reforma agrária e uma industrialização que foram fundamentos desse processo.
Esse perplexidade se expressa na dificuldade da intelectualidade ocidental em categorizar o fenômeno econômico e político que é o socialismo chinês. “Pouco me preocupo com a terminologia, pois Marx dizia que o que importa é a prática”, disse ele. A combinação de elementos do capitalismo e do socialismo foi capaz, como observa ele, de levar a China a um crescimento exponencial do seu PIB, universalizou a alfabetização, desenvolveu a tecnologia do 5G e chegou a Marte.
“Tornou a China um país de classe média, com serviços públicos gratuitos e acessíveis para todos, um ambiente propício e fértil para os investimentos internacionais, com preocupação com a necessidade de preservação ambiental, sendo o país que mais investe em energias limpas e as melhores práticas de desenvolvimento sustentável”, apontou.
Ele agradeceu a cooperação chinesa com o Brasil em meio à pandemia, “em que pese as agressões gratuitas não compartilhadas pelo povo brasileiro”.
Para ele, a China busca uma nova forma de se relacionar com o mundo, que pode ajudar a América Latina a superar a falta de um projeto nacional devido às restrições impostas pelo imperialismo americano.
Peng Xiantang, vice-diretor do Centro Sino-Brasileiro de Pesquisas Socioeconômicas do Instituto Confúcio da Universidade de Pernambuco e diretor chinês do Instituto Confúcio da UPE, salientou o intercambio cultural que promove no Brasil, desse 2013.
Tem reunido especialistas brasileiros e chineses para debater temas como mecanismos de inovação, segurança alimentar, energia limpa e internacionalização da moeda chinesa, a iniciativa do Cinturão e Rota e educação, entre outros. Ele acredita que, apesar das distancias geográficas, culturais, e da barreira do idioma, há aproximações no contexto econômico e social.
Ele mencionou o modo como nas décadas de 1970 e 1980, ambos os países passam por transformações profundas. “Apesar de sua dimensão, Brasil e China não têm muita força na governança mundial, ou voz na participação mundial. Precisamos melhorar nossa capacidade de contar nossas historias”, disse, apontando para a necessidade de fortalecer mecanismos de estudo e pesquisa sino-brasileira. O centro de pesquisa específico para estudos da China na FGV e o Instituto Confúcio, são janelas de conhecimento importantes, na opinião dele.
Ana Prestes resgatou similaridades entre o surgimento dos partidos comunistas no Brasil e na China, a partir de uma trajetória que remete à sua linhagem familiar. A modernização brasileira tem raízes no movimento tenentista e na espetacular Coluna Prestes, iniciada por seu avô Luiz Carlos Prestes, que se tornou um dos mais proeminentes líderes comunistas do mundo. Ela mostra que, desde os anos 1920, já havia uma intersecção entre as trajetórias dos dois partidos.
“Prestes esteve na China para comemorar os dez anos da revolução”, relatou ela. A virada dos anos 1950 na China foi paralela ao enfrentamento no Brasil, pelos comunistas, de poderosas forças do atraso. “A ditadura militar exigiu muito dos comunistas em buscar a melhor forma de defender seu povo e achar meios de sobreviver física e ideologicamente à clandestinidade, à ilegalidade, à perseguição, às mortes e à tortura”, destacou, citando ainda a Carta de Krushev, que causou abalos ideológicos no movimento comunista internacional.
O diálogo histórico entre os países foi de mão dupla, conforme o desenvolvimento brasileiro inédito entre 1930 e 1978 também foi fonte para a China compreender seu potencial. Ela terminou homenageando Haroldo Lima, recentemente falecido em decorrência da covid-19, que tinha uma relação interessada com a China. “A distância do estado brasileiro da experiência chinesa se aprofunda, conforme fica mais evidente a tragédia em que o Brasil mergulha, ao avançar em pobreza e desigualdade e deixar sua população à mercê de um vírus”, observa.
Zhou Zhiwei, diretor-executivo do Centro de Pesquisa do Brasil do Instituto Latino-Americano na Academia Chinesa de Ciências Sociais, destaca o salta de US$ 23 de PIB per capita dos chineses na década de 1940 para US$ 10 mil dólares, hoje. “A China era um país castigado pelo imperialismo, feudalismo e colonialismo e conseguiu emancipação e êxitos impressionantes, sempre orientado pelo marxismo leninismo, colocando os trabalhadores sempre em primeiro lugar”, declarou.
Ele ressaltou como o marxismo está na base das reformas da estrutura e do socialismo chinês, “mas ajustado para a cultura, afazeres e hábitos chineses”. “A China está numa nova etapa em que se pergunta de qual governança precisa para resolver as contradições que aparecem nesse momento para não aumentar a desigualdade”, salienta, mostrando que o PCCh se preocupa em desenvolver uma estrutura eficiente que resolva os problemas que surgem, que modernize a governança chinesa no partido para as reformas.
A iniciativa de Cinturão e Nova Rota da Seda também tornam-se um desafio monumental para a estratégia do país. Discutem-se 128 medidas envolvendo defesa, economia, política, cultura e meio ambiente, entre outras. Ele diz que, mesmo não assinando a iniciativa chinesa, o Brasil como maior país da América Latina com participação ativa na governança global, é parceiro estratégico. Ele citou inúmeros mecanismos de diálogos bilaterais e multilaterais entre Brasil e China.
O Brasil é o único país da América Latina com voos diretos para a China, assim como a China é parceiro importante na infraestrutura do Brasil, seja na mineração, na agricultura, na infraestrutura de hidrelétricas, aeroportos, portos, linhas elétricas e concessão de portos. “O comércio bilateral ultrapassou US$ 100 bi e nunca desceu. A China é o maior país destino de exportações brasileiras, com mais de 30% e grande destino de investimentos diretos chineses”.
A professora Christine Dabat, do Departamento de História da UFPE, defende que o Brasil precisa desenvolver sua própria cinologia (seu ponto de vista especializado sobre a China), para não depender de interpretações de outros países.
Ela prestou sua homenagem aos “jovens corajosos” que, de 1921 a 1949 tomaram a “decisão perigosa e ousada” de apostar num futuro emancipado para a China. Ele considera que houve um enorme espírito de sacrifício desses militantes comunistas num período muito longo de repressão, que tornou a empreitada quase improvável e praticamente impossível.
Ela considera original o fato da revolução ter se apoiado na maioria camponesa, já que o movimento proletário foi completamente esmagado. Foi assim que foi possível superar, “para dizer claramente, o narcotráfico que as potências ocidentais organizaram para derrubar a China”.
Nesse período de resistência a Chiang Kai-shek ela destaca, com carinho acadêmico, a participação das mulheres. Christine fez um relato da história da mobilização do PCCh para construir essa resistência às invasões brutais e repressivas até antes de 1949, quando começa a reforma agrária, que melhora a vida camponesa e financia a industrialização nos anos 1950.
Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)
“O verdadeiro legado da República Popular da China ao mundo pós-pandemia é sua capacidade cada vez maior de se gestar de forma consciente um Estado e uma sociedade, com base no projeto e na planificação”, diz o dirigente comunista brasileiro, ressaltando a dedicação da Fundação Maurício Grabois ao estudo e pesquisa da experiência chinesa.
Leia a íntegra do discurso de Renato Rabelo
Luciana Santos descreveu em poucas palavras a jornada épica iniciada por doze pessoas, entre elas um líder camponês, de 28 anos, Mao Tsetung, ao fundar o PCCh. Trajetória que se tornou uma grande marcha de 28 anos de lutas para a conquista de Beijing, em 1949. “Em apenas 43 anos, a partir de 1978, a economia chinesa, de atrasada, periférica, começou a ultrapassar a economia de países altamente desenvolvidos, construindo um parque industrial avançado, com alta tecnologia, eliminando a pobreza extrema no interior, rumo a um progresso social, político e econômico sem precedentes na história da humanidade”, pontuou Luciana.
Luciana compara a complementariedade das economias chinesa e brasileira em sua parceria comercial. Parceria que se consolidou com o agrupamento BRICS de cinco emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). “Juntos, representam cerca de 42% da população do mundo, 23% do PIB, 30% do território e 18% do comércio mundial”.
Ela também compara as trajetórias desenvolvimentistas das duas nações, em que a emergência da China está ligada ao socialismo moderno e nacionalista que adotou. “Já o Brasil, luta por um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, ainda tendo que enfrentar as forças reacionárias e negacionistas do conservadorismo, as forças que defendem os interesses imperialistas que impõem ao país restrições ao desenvolvimento econômico, social e político de toda a ordem”, afirma.
Da mesma forma, diz ela, a parceria que já existe entre os PCs deve se desenvolver em patamares superiores com intercambio maior entre delegações e conhecimento. “O desenvolvimento da República Popular da China e sua política internacional contribuem decisivamente para o desenvolvimento e o crescimento de dezenas de outros países que se integram numa política de ganha—ganha e de cooperação mútua que vão dando uma nova fisionomia para as relações internacionais no mundo”, encerrou Luciana.
Leia a íntegra do discurso de Luciana SantosPedro Josephi falou como o mundo permanece perplexo diante do processo revolucionário que levou a China ao centro da produtividade global e a se tornar o país mais atrativo para investimentos internacionais. Ele ressaltou como o PCCh, com seus 90 milhões de filiados, realizou uma profunda reforma agrária e uma industrialização que foram fundamentos desse processo.
Esse perplexidade se expressa na dificuldade da intelectualidade ocidental em categorizar o fenômeno econômico e político que é o socialismo chinês. “Pouco me preocupo com a terminologia, pois Marx dizia que o que importa é a prática”, disse ele. A combinação de elementos do capitalismo e do socialismo foi capaz, como observa ele, de levar a China a um crescimento exponencial do seu PIB, universalizou a alfabetização, desenvolveu a tecnologia do 5G e chegou a Marte.
“Tornou a China um país de classe média, com serviços públicos gratuitos e acessíveis para todos, um ambiente propício e fértil para os investimentos internacionais, com preocupação com a necessidade de preservação ambiental, sendo o país que mais investe em energias limpas e as melhores práticas de desenvolvimento sustentável”, apontou.
Ele agradeceu a cooperação chinesa com o Brasil em meio à pandemia, “em que pese as agressões gratuitas não compartilhadas pelo povo brasileiro”.
Para ele, a China busca uma nova forma de se relacionar com o mundo, que pode ajudar a América Latina a superar a falta de um projeto nacional devido às restrições impostas pelo imperialismo americano.
Peng Xiantang, vice-diretor do Centro Sino-Brasileiro de Pesquisas Socioeconômicas do Instituto Confúcio da Universidade de Pernambuco e diretor chinês do Instituto Confúcio da UPE, salientou o intercambio cultural que promove no Brasil, desse 2013.
Tem reunido especialistas brasileiros e chineses para debater temas como mecanismos de inovação, segurança alimentar, energia limpa e internacionalização da moeda chinesa, a iniciativa do Cinturão e Rota e educação, entre outros. Ele acredita que, apesar das distancias geográficas, culturais, e da barreira do idioma, há aproximações no contexto econômico e social.
Ele mencionou o modo como nas décadas de 1970 e 1980, ambos os países passam por transformações profundas. “Apesar de sua dimensão, Brasil e China não têm muita força na governança mundial, ou voz na participação mundial. Precisamos melhorar nossa capacidade de contar nossas historias”, disse, apontando para a necessidade de fortalecer mecanismos de estudo e pesquisa sino-brasileira. O centro de pesquisa específico para estudos da China na FGV e o Instituto Confúcio, são janelas de conhecimento importantes, na opinião dele.
Ana Prestes resgatou similaridades entre o surgimento dos partidos comunistas no Brasil e na China, a partir de uma trajetória que remete à sua linhagem familiar. A modernização brasileira tem raízes no movimento tenentista e na espetacular Coluna Prestes, iniciada por seu avô Luiz Carlos Prestes, que se tornou um dos mais proeminentes líderes comunistas do mundo. Ela mostra que, desde os anos 1920, já havia uma intersecção entre as trajetórias dos dois partidos.
“Prestes esteve na China para comemorar os dez anos da revolução”, relatou ela. A virada dos anos 1950 na China foi paralela ao enfrentamento no Brasil, pelos comunistas, de poderosas forças do atraso. “A ditadura militar exigiu muito dos comunistas em buscar a melhor forma de defender seu povo e achar meios de sobreviver física e ideologicamente à clandestinidade, à ilegalidade, à perseguição, às mortes e à tortura”, destacou, citando ainda a Carta de Krushev, que causou abalos ideológicos no movimento comunista internacional.
O diálogo histórico entre os países foi de mão dupla, conforme o desenvolvimento brasileiro inédito entre 1930 e 1978 também foi fonte para a China compreender seu potencial. Ela terminou homenageando Haroldo Lima, recentemente falecido em decorrência da covid-19, que tinha uma relação interessada com a China. “A distância do estado brasileiro da experiência chinesa se aprofunda, conforme fica mais evidente a tragédia em que o Brasil mergulha, ao avançar em pobreza e desigualdade e deixar sua população à mercê de um vírus”, observa.
Zhou Zhiwei, diretor-executivo do Centro de Pesquisa do Brasil do Instituto Latino-Americano na Academia Chinesa de Ciências Sociais, destaca o salta de US$ 23 de PIB per capita dos chineses na década de 1940 para US$ 10 mil dólares, hoje. “A China era um país castigado pelo imperialismo, feudalismo e colonialismo e conseguiu emancipação e êxitos impressionantes, sempre orientado pelo marxismo leninismo, colocando os trabalhadores sempre em primeiro lugar”, declarou.
Ele ressaltou como o marxismo está na base das reformas da estrutura e do socialismo chinês, “mas ajustado para a cultura, afazeres e hábitos chineses”. “A China está numa nova etapa em que se pergunta de qual governança precisa para resolver as contradições que aparecem nesse momento para não aumentar a desigualdade”, salienta, mostrando que o PCCh se preocupa em desenvolver uma estrutura eficiente que resolva os problemas que surgem, que modernize a governança chinesa no partido para as reformas.
A iniciativa de Cinturão e Nova Rota da Seda também tornam-se um desafio monumental para a estratégia do país. Discutem-se 128 medidas envolvendo defesa, economia, política, cultura e meio ambiente, entre outras. Ele diz que, mesmo não assinando a iniciativa chinesa, o Brasil como maior país da América Latina com participação ativa na governança global, é parceiro estratégico. Ele citou inúmeros mecanismos de diálogos bilaterais e multilaterais entre Brasil e China.
O Brasil é o único país da América Latina com voos diretos para a China, assim como a China é parceiro importante na infraestrutura do Brasil, seja na mineração, na agricultura, na infraestrutura de hidrelétricas, aeroportos, portos, linhas elétricas e concessão de portos. “O comércio bilateral ultrapassou US$ 100 bi e nunca desceu. A China é o maior país destino de exportações brasileiras, com mais de 30% e grande destino de investimentos diretos chineses”.
A professora Christine Dabat, do Departamento de História da UFPE, defende que o Brasil precisa desenvolver sua própria cinologia (seu ponto de vista especializado sobre a China), para não depender de interpretações de outros países.
Ela prestou sua homenagem aos “jovens corajosos” que, de 1921 a 1949 tomaram a “decisão perigosa e ousada” de apostar num futuro emancipado para a China. Ele considera que houve um enorme espírito de sacrifício desses militantes comunistas num período muito longo de repressão, que tornou a empreitada quase improvável e praticamente impossível.
Ela considera original o fato da revolução ter se apoiado na maioria camponesa, já que o movimento proletário foi completamente esmagado. Foi assim que foi possível superar, “para dizer claramente, o narcotráfico que as potências ocidentais organizaram para derrubar a China”.
Nesse período de resistência a Chiang Kai-shek ela destaca, com carinho acadêmico, a participação das mulheres. Christine fez um relato da história da mobilização do PCCh para construir essa resistência às invasões brutais e repressivas até antes de 1949, quando começa a reforma agrária, que melhora a vida camponesa e financia a industrialização nos anos 1950.
Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)
Renato se mostra atento as novas perspectivas apontadas pelo presidente Xi Jinping em seu relatório ao 19º Congresso do Partido Comunista da China, em 2017, quando sinalizou uma nova etapa de desafios ao socialismo chinês. Ele observa como o governo encarou a epidemia em Wuhan como um teste para o Partido.
“O verdadeiro legado da República Popular da China ao mundo pós-pandemia é sua capacidade cada vez maior de se gestar de forma consciente um Estado e uma sociedade, com base no projeto e na planificação”, diz o dirigente comunista brasileiro, ressaltando a dedicação da Fundação Maurício Grabois ao estudo e pesquisa da experiência chinesa.
Leia a íntegra do discurso de Renato Rabelo
Luciana Santos descreveu em poucas palavras a jornada épica iniciada por doze pessoas, entre elas um líder camponês, de 28 anos, Mao Tsetung, ao fundar o PCCh. Trajetória que se tornou uma grande marcha de 28 anos de lutas para a conquista de Beijing, em 1949. “Em apenas 43 anos, a partir de 1978, a economia chinesa, de atrasada, periférica, começou a ultrapassar a economia de países altamente desenvolvidos, construindo um parque industrial avançado, com alta tecnologia, eliminando a pobreza extrema no interior, rumo a um progresso social, político e econômico sem precedentes na história da humanidade”, pontuou Luciana.
Luciana compara a complementariedade das economias chinesa e brasileira em sua parceria comercial. Parceria que se consolidou com o agrupamento BRICS de cinco emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). “Juntos, representam cerca de 42% da população do mundo, 23% do PIB, 30% do território e 18% do comércio mundial”.
Ela também compara as trajetórias desenvolvimentistas das duas nações, em que a emergência da China está ligada ao socialismo moderno e nacionalista que adotou. “Já o Brasil, luta por um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, ainda tendo que enfrentar as forças reacionárias e negacionistas do conservadorismo, as forças que defendem os interesses imperialistas que impõem ao país restrições ao desenvolvimento econômico, social e político de toda a ordem”, afirma.
Da mesma forma, diz ela, a parceria que já existe entre os PCs deve se desenvolver em patamares superiores com intercambio maior entre delegações e conhecimento. “O desenvolvimento da República Popular da China e sua política internacional contribuem decisivamente para o desenvolvimento e o crescimento de dezenas de outros países que se integram numa política de ganha—ganha e de cooperação mútua que vão dando uma nova fisionomia para as relações internacionais no mundo”, encerrou Luciana.
Leia a íntegra do discurso de Luciana SantosPedro Josephi falou como o mundo permanece perplexo diante do processo revolucionário que levou a China ao centro da produtividade global e a se tornar o país mais atrativo para investimentos internacionais. Ele ressaltou como o PCCh, com seus 90 milhões de filiados, realizou uma profunda reforma agrária e uma industrialização que foram fundamentos desse processo.
Esse perplexidade se expressa na dificuldade da intelectualidade ocidental em categorizar o fenômeno econômico e político que é o socialismo chinês. “Pouco me preocupo com a terminologia, pois Marx dizia que o que importa é a prática”, disse ele. A combinação de elementos do capitalismo e do socialismo foi capaz, como observa ele, de levar a China a um crescimento exponencial do seu PIB, universalizou a alfabetização, desenvolveu a tecnologia do 5G e chegou a Marte.
“Tornou a China um país de classe média, com serviços públicos gratuitos e acessíveis para todos, um ambiente propício e fértil para os investimentos internacionais, com preocupação com a necessidade de preservação ambiental, sendo o país que mais investe em energias limpas e as melhores práticas de desenvolvimento sustentável”, apontou.
Ele agradeceu a cooperação chinesa com o Brasil em meio à pandemia, “em que pese as agressões gratuitas não compartilhadas pelo povo brasileiro”.
Para ele, a China busca uma nova forma de se relacionar com o mundo, que pode ajudar a América Latina a superar a falta de um projeto nacional devido às restrições impostas pelo imperialismo americano.
Peng Xiantang, vice-diretor do Centro Sino-Brasileiro de Pesquisas Socioeconômicas do Instituto Confúcio da Universidade de Pernambuco e diretor chinês do Instituto Confúcio da UPE, salientou o intercambio cultural que promove no Brasil, desse 2013.
Tem reunido especialistas brasileiros e chineses para debater temas como mecanismos de inovação, segurança alimentar, energia limpa e internacionalização da moeda chinesa, a iniciativa do Cinturão e Rota e educação, entre outros. Ele acredita que, apesar das distancias geográficas, culturais, e da barreira do idioma, há aproximações no contexto econômico e social.
Ele mencionou o modo como nas décadas de 1970 e 1980, ambos os países passam por transformações profundas. “Apesar de sua dimensão, Brasil e China não têm muita força na governança mundial, ou voz na participação mundial. Precisamos melhorar nossa capacidade de contar nossas historias”, disse, apontando para a necessidade de fortalecer mecanismos de estudo e pesquisa sino-brasileira. O centro de pesquisa específico para estudos da China na FGV e o Instituto Confúcio, são janelas de conhecimento importantes, na opinião dele.
Ana Prestes resgatou similaridades entre o surgimento dos partidos comunistas no Brasil e na China, a partir de uma trajetória que remete à sua linhagem familiar. A modernização brasileira tem raízes no movimento tenentista e na espetacular Coluna Prestes, iniciada por seu avô Luiz Carlos Prestes, que se tornou um dos mais proeminentes líderes comunistas do mundo. Ela mostra que, desde os anos 1920, já havia uma intersecção entre as trajetórias dos dois partidos.
“Prestes esteve na China para comemorar os dez anos da revolução”, relatou ela. A virada dos anos 1950 na China foi paralela ao enfrentamento no Brasil, pelos comunistas, de poderosas forças do atraso. “A ditadura militar exigiu muito dos comunistas em buscar a melhor forma de defender seu povo e achar meios de sobreviver física e ideologicamente à clandestinidade, à ilegalidade, à perseguição, às mortes e à tortura”, destacou, citando ainda a Carta de Krushev, que causou abalos ideológicos no movimento comunista internacional.
O diálogo histórico entre os países foi de mão dupla, conforme o desenvolvimento brasileiro inédito entre 1930 e 1978 também foi fonte para a China compreender seu potencial. Ela terminou homenageando Haroldo Lima, recentemente falecido em decorrência da covid-19, que tinha uma relação interessada com a China. “A distância do estado brasileiro da experiência chinesa se aprofunda, conforme fica mais evidente a tragédia em que o Brasil mergulha, ao avançar em pobreza e desigualdade e deixar sua população à mercê de um vírus”, observa.
Zhou Zhiwei, diretor-executivo do Centro de Pesquisa do Brasil do Instituto Latino-Americano na Academia Chinesa de Ciências Sociais, destaca o salta de US$ 23 de PIB per capita dos chineses na década de 1940 para US$ 10 mil dólares, hoje. “A China era um país castigado pelo imperialismo, feudalismo e colonialismo e conseguiu emancipação e êxitos impressionantes, sempre orientado pelo marxismo leninismo, colocando os trabalhadores sempre em primeiro lugar”, declarou.
Ele ressaltou como o marxismo está na base das reformas da estrutura e do socialismo chinês, “mas ajustado para a cultura, afazeres e hábitos chineses”. “A China está numa nova etapa em que se pergunta de qual governança precisa para resolver as contradições que aparecem nesse momento para não aumentar a desigualdade”, salienta, mostrando que o PCCh se preocupa em desenvolver uma estrutura eficiente que resolva os problemas que surgem, que modernize a governança chinesa no partido para as reformas.
A iniciativa de Cinturão e Nova Rota da Seda também tornam-se um desafio monumental para a estratégia do país. Discutem-se 128 medidas envolvendo defesa, economia, política, cultura e meio ambiente, entre outras. Ele diz que, mesmo não assinando a iniciativa chinesa, o Brasil como maior país da América Latina com participação ativa na governança global, é parceiro estratégico. Ele citou inúmeros mecanismos de diálogos bilaterais e multilaterais entre Brasil e China.
O Brasil é o único país da América Latina com voos diretos para a China, assim como a China é parceiro importante na infraestrutura do Brasil, seja na mineração, na agricultura, na infraestrutura de hidrelétricas, aeroportos, portos, linhas elétricas e concessão de portos. “O comércio bilateral ultrapassou US$ 100 bi e nunca desceu. A China é o maior país destino de exportações brasileiras, com mais de 30% e grande destino de investimentos diretos chineses”.
A professora Christine Dabat, do Departamento de História da UFPE, defende que o Brasil precisa desenvolver sua própria cinologia (seu ponto de vista especializado sobre a China), para não depender de interpretações de outros países.
Ela prestou sua homenagem aos “jovens corajosos” que, de 1921 a 1949 tomaram a “decisão perigosa e ousada” de apostar num futuro emancipado para a China. Ele considera que houve um enorme espírito de sacrifício desses militantes comunistas num período muito longo de repressão, que tornou a empreitada quase improvável e praticamente impossível.
Ela considera original o fato da revolução ter se apoiado na maioria camponesa, já que o movimento proletário foi completamente esmagado. Foi assim que foi possível superar, “para dizer claramente, o narcotráfico que as potências ocidentais organizaram para derrubar a China”.
Nesse período de resistência a Chiang Kai-shek ela destaca, com carinho acadêmico, a participação das mulheres. Christine fez um relato da história da mobilização do PCCh para construir essa resistência às invasões brutais e repressivas até antes de 1949, quando começa a reforma agrária, que melhora a vida camponesa e financia a industrialização nos anos 1950.
Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)
Entre as etapas da condução histórica do partido, ele citou a política de Reforma e Abertura, caracterizada como sendo a etapa primária do socialismo, surgida na 3ª Sessão Plenária do Comitê Central do Partido Comunista da China, em dezembro de 1978. Deng Xiaoping foi o grande dirigente desse novo período, comparado com as experiências exitosas de desenvolvimento em países da Ásia, que não seguiram o Consenso de Washington.
Renato se mostra atento as novas perspectivas apontadas pelo presidente Xi Jinping em seu relatório ao 19º Congresso do Partido Comunista da China, em 2017, quando sinalizou uma nova etapa de desafios ao socialismo chinês. Ele observa como o governo encarou a epidemia em Wuhan como um teste para o Partido.
“O verdadeiro legado da República Popular da China ao mundo pós-pandemia é sua capacidade cada vez maior de se gestar de forma consciente um Estado e uma sociedade, com base no projeto e na planificação”, diz o dirigente comunista brasileiro, ressaltando a dedicação da Fundação Maurício Grabois ao estudo e pesquisa da experiência chinesa.
Leia a íntegra do discurso de Renato Rabelo
Luciana Santos descreveu em poucas palavras a jornada épica iniciada por doze pessoas, entre elas um líder camponês, de 28 anos, Mao Tsetung, ao fundar o PCCh. Trajetória que se tornou uma grande marcha de 28 anos de lutas para a conquista de Beijing, em 1949. “Em apenas 43 anos, a partir de 1978, a economia chinesa, de atrasada, periférica, começou a ultrapassar a economia de países altamente desenvolvidos, construindo um parque industrial avançado, com alta tecnologia, eliminando a pobreza extrema no interior, rumo a um progresso social, político e econômico sem precedentes na história da humanidade”, pontuou Luciana.
Luciana compara a complementariedade das economias chinesa e brasileira em sua parceria comercial. Parceria que se consolidou com o agrupamento BRICS de cinco emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). “Juntos, representam cerca de 42% da população do mundo, 23% do PIB, 30% do território e 18% do comércio mundial”.
Ela também compara as trajetórias desenvolvimentistas das duas nações, em que a emergência da China está ligada ao socialismo moderno e nacionalista que adotou. “Já o Brasil, luta por um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, ainda tendo que enfrentar as forças reacionárias e negacionistas do conservadorismo, as forças que defendem os interesses imperialistas que impõem ao país restrições ao desenvolvimento econômico, social e político de toda a ordem”, afirma.
Da mesma forma, diz ela, a parceria que já existe entre os PCs deve se desenvolver em patamares superiores com intercambio maior entre delegações e conhecimento. “O desenvolvimento da República Popular da China e sua política internacional contribuem decisivamente para o desenvolvimento e o crescimento de dezenas de outros países que se integram numa política de ganha—ganha e de cooperação mútua que vão dando uma nova fisionomia para as relações internacionais no mundo”, encerrou Luciana.
Leia a íntegra do discurso de Luciana SantosPedro Josephi falou como o mundo permanece perplexo diante do processo revolucionário que levou a China ao centro da produtividade global e a se tornar o país mais atrativo para investimentos internacionais. Ele ressaltou como o PCCh, com seus 90 milhões de filiados, realizou uma profunda reforma agrária e uma industrialização que foram fundamentos desse processo.
Esse perplexidade se expressa na dificuldade da intelectualidade ocidental em categorizar o fenômeno econômico e político que é o socialismo chinês. “Pouco me preocupo com a terminologia, pois Marx dizia que o que importa é a prática”, disse ele. A combinação de elementos do capitalismo e do socialismo foi capaz, como observa ele, de levar a China a um crescimento exponencial do seu PIB, universalizou a alfabetização, desenvolveu a tecnologia do 5G e chegou a Marte.
“Tornou a China um país de classe média, com serviços públicos gratuitos e acessíveis para todos, um ambiente propício e fértil para os investimentos internacionais, com preocupação com a necessidade de preservação ambiental, sendo o país que mais investe em energias limpas e as melhores práticas de desenvolvimento sustentável”, apontou.
Ele agradeceu a cooperação chinesa com o Brasil em meio à pandemia, “em que pese as agressões gratuitas não compartilhadas pelo povo brasileiro”.
Para ele, a China busca uma nova forma de se relacionar com o mundo, que pode ajudar a América Latina a superar a falta de um projeto nacional devido às restrições impostas pelo imperialismo americano.
Peng Xiantang, vice-diretor do Centro Sino-Brasileiro de Pesquisas Socioeconômicas do Instituto Confúcio da Universidade de Pernambuco e diretor chinês do Instituto Confúcio da UPE, salientou o intercambio cultural que promove no Brasil, desse 2013.
Tem reunido especialistas brasileiros e chineses para debater temas como mecanismos de inovação, segurança alimentar, energia limpa e internacionalização da moeda chinesa, a iniciativa do Cinturão e Rota e educação, entre outros. Ele acredita que, apesar das distancias geográficas, culturais, e da barreira do idioma, há aproximações no contexto econômico e social.
Ele mencionou o modo como nas décadas de 1970 e 1980, ambos os países passam por transformações profundas. “Apesar de sua dimensão, Brasil e China não têm muita força na governança mundial, ou voz na participação mundial. Precisamos melhorar nossa capacidade de contar nossas historias”, disse, apontando para a necessidade de fortalecer mecanismos de estudo e pesquisa sino-brasileira. O centro de pesquisa específico para estudos da China na FGV e o Instituto Confúcio, são janelas de conhecimento importantes, na opinião dele.
Ana Prestes resgatou similaridades entre o surgimento dos partidos comunistas no Brasil e na China, a partir de uma trajetória que remete à sua linhagem familiar. A modernização brasileira tem raízes no movimento tenentista e na espetacular Coluna Prestes, iniciada por seu avô Luiz Carlos Prestes, que se tornou um dos mais proeminentes líderes comunistas do mundo. Ela mostra que, desde os anos 1920, já havia uma intersecção entre as trajetórias dos dois partidos.
“Prestes esteve na China para comemorar os dez anos da revolução”, relatou ela. A virada dos anos 1950 na China foi paralela ao enfrentamento no Brasil, pelos comunistas, de poderosas forças do atraso. “A ditadura militar exigiu muito dos comunistas em buscar a melhor forma de defender seu povo e achar meios de sobreviver física e ideologicamente à clandestinidade, à ilegalidade, à perseguição, às mortes e à tortura”, destacou, citando ainda a Carta de Krushev, que causou abalos ideológicos no movimento comunista internacional.
O diálogo histórico entre os países foi de mão dupla, conforme o desenvolvimento brasileiro inédito entre 1930 e 1978 também foi fonte para a China compreender seu potencial. Ela terminou homenageando Haroldo Lima, recentemente falecido em decorrência da covid-19, que tinha uma relação interessada com a China. “A distância do estado brasileiro da experiência chinesa se aprofunda, conforme fica mais evidente a tragédia em que o Brasil mergulha, ao avançar em pobreza e desigualdade e deixar sua população à mercê de um vírus”, observa.
Zhou Zhiwei, diretor-executivo do Centro de Pesquisa do Brasil do Instituto Latino-Americano na Academia Chinesa de Ciências Sociais, destaca o salta de US$ 23 de PIB per capita dos chineses na década de 1940 para US$ 10 mil dólares, hoje. “A China era um país castigado pelo imperialismo, feudalismo e colonialismo e conseguiu emancipação e êxitos impressionantes, sempre orientado pelo marxismo leninismo, colocando os trabalhadores sempre em primeiro lugar”, declarou.
Ele ressaltou como o marxismo está na base das reformas da estrutura e do socialismo chinês, “mas ajustado para a cultura, afazeres e hábitos chineses”. “A China está numa nova etapa em que se pergunta de qual governança precisa para resolver as contradições que aparecem nesse momento para não aumentar a desigualdade”, salienta, mostrando que o PCCh se preocupa em desenvolver uma estrutura eficiente que resolva os problemas que surgem, que modernize a governança chinesa no partido para as reformas.
A iniciativa de Cinturão e Nova Rota da Seda também tornam-se um desafio monumental para a estratégia do país. Discutem-se 128 medidas envolvendo defesa, economia, política, cultura e meio ambiente, entre outras. Ele diz que, mesmo não assinando a iniciativa chinesa, o Brasil como maior país da América Latina com participação ativa na governança global, é parceiro estratégico. Ele citou inúmeros mecanismos de diálogos bilaterais e multilaterais entre Brasil e China.
O Brasil é o único país da América Latina com voos diretos para a China, assim como a China é parceiro importante na infraestrutura do Brasil, seja na mineração, na agricultura, na infraestrutura de hidrelétricas, aeroportos, portos, linhas elétricas e concessão de portos. “O comércio bilateral ultrapassou US$ 100 bi e nunca desceu. A China é o maior país destino de exportações brasileiras, com mais de 30% e grande destino de investimentos diretos chineses”.
A professora Christine Dabat, do Departamento de História da UFPE, defende que o Brasil precisa desenvolver sua própria cinologia (seu ponto de vista especializado sobre a China), para não depender de interpretações de outros países.
Ela prestou sua homenagem aos “jovens corajosos” que, de 1921 a 1949 tomaram a “decisão perigosa e ousada” de apostar num futuro emancipado para a China. Ele considera que houve um enorme espírito de sacrifício desses militantes comunistas num período muito longo de repressão, que tornou a empreitada quase improvável e praticamente impossível.
Ela considera original o fato da revolução ter se apoiado na maioria camponesa, já que o movimento proletário foi completamente esmagado. Foi assim que foi possível superar, “para dizer claramente, o narcotráfico que as potências ocidentais organizaram para derrubar a China”.
Nesse período de resistência a Chiang Kai-shek ela destaca, com carinho acadêmico, a participação das mulheres. Christine fez um relato da história da mobilização do PCCh para construir essa resistência às invasões brutais e repressivas até antes de 1949, quando começa a reforma agrária, que melhora a vida camponesa e financia a industrialização nos anos 1950.
Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)
Ele também enfatizou o caráter inovador e original do marxismo chinês, a partir do pensamento de Mao Tsetung e Den Xiaoping. “A China na sua experiência não copiou modelos e teve elevado êxito histórico, demonstrou originalidade. O Partido Comunista da China conseguiu elaborar uma orientação autônoma para a construção do socialismo conforme sua realidade nacional”.
Entre as etapas da condução histórica do partido, ele citou a política de Reforma e Abertura, caracterizada como sendo a etapa primária do socialismo, surgida na 3ª Sessão Plenária do Comitê Central do Partido Comunista da China, em dezembro de 1978. Deng Xiaoping foi o grande dirigente desse novo período, comparado com as experiências exitosas de desenvolvimento em países da Ásia, que não seguiram o Consenso de Washington.
Renato se mostra atento as novas perspectivas apontadas pelo presidente Xi Jinping em seu relatório ao 19º Congresso do Partido Comunista da China, em 2017, quando sinalizou uma nova etapa de desafios ao socialismo chinês. Ele observa como o governo encarou a epidemia em Wuhan como um teste para o Partido.
“O verdadeiro legado da República Popular da China ao mundo pós-pandemia é sua capacidade cada vez maior de se gestar de forma consciente um Estado e uma sociedade, com base no projeto e na planificação”, diz o dirigente comunista brasileiro, ressaltando a dedicação da Fundação Maurício Grabois ao estudo e pesquisa da experiência chinesa.
Leia a íntegra do discurso de Renato Rabelo
Luciana Santos descreveu em poucas palavras a jornada épica iniciada por doze pessoas, entre elas um líder camponês, de 28 anos, Mao Tsetung, ao fundar o PCCh. Trajetória que se tornou uma grande marcha de 28 anos de lutas para a conquista de Beijing, em 1949. “Em apenas 43 anos, a partir de 1978, a economia chinesa, de atrasada, periférica, começou a ultrapassar a economia de países altamente desenvolvidos, construindo um parque industrial avançado, com alta tecnologia, eliminando a pobreza extrema no interior, rumo a um progresso social, político e econômico sem precedentes na história da humanidade”, pontuou Luciana.
Luciana compara a complementariedade das economias chinesa e brasileira em sua parceria comercial. Parceria que se consolidou com o agrupamento BRICS de cinco emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). “Juntos, representam cerca de 42% da população do mundo, 23% do PIB, 30% do território e 18% do comércio mundial”.
Ela também compara as trajetórias desenvolvimentistas das duas nações, em que a emergência da China está ligada ao socialismo moderno e nacionalista que adotou. “Já o Brasil, luta por um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, ainda tendo que enfrentar as forças reacionárias e negacionistas do conservadorismo, as forças que defendem os interesses imperialistas que impõem ao país restrições ao desenvolvimento econômico, social e político de toda a ordem”, afirma.
Da mesma forma, diz ela, a parceria que já existe entre os PCs deve se desenvolver em patamares superiores com intercambio maior entre delegações e conhecimento. “O desenvolvimento da República Popular da China e sua política internacional contribuem decisivamente para o desenvolvimento e o crescimento de dezenas de outros países que se integram numa política de ganha—ganha e de cooperação mútua que vão dando uma nova fisionomia para as relações internacionais no mundo”, encerrou Luciana.
Leia a íntegra do discurso de Luciana SantosPedro Josephi falou como o mundo permanece perplexo diante do processo revolucionário que levou a China ao centro da produtividade global e a se tornar o país mais atrativo para investimentos internacionais. Ele ressaltou como o PCCh, com seus 90 milhões de filiados, realizou uma profunda reforma agrária e uma industrialização que foram fundamentos desse processo.
Esse perplexidade se expressa na dificuldade da intelectualidade ocidental em categorizar o fenômeno econômico e político que é o socialismo chinês. “Pouco me preocupo com a terminologia, pois Marx dizia que o que importa é a prática”, disse ele. A combinação de elementos do capitalismo e do socialismo foi capaz, como observa ele, de levar a China a um crescimento exponencial do seu PIB, universalizou a alfabetização, desenvolveu a tecnologia do 5G e chegou a Marte.
“Tornou a China um país de classe média, com serviços públicos gratuitos e acessíveis para todos, um ambiente propício e fértil para os investimentos internacionais, com preocupação com a necessidade de preservação ambiental, sendo o país que mais investe em energias limpas e as melhores práticas de desenvolvimento sustentável”, apontou.
Ele agradeceu a cooperação chinesa com o Brasil em meio à pandemia, “em que pese as agressões gratuitas não compartilhadas pelo povo brasileiro”.
Para ele, a China busca uma nova forma de se relacionar com o mundo, que pode ajudar a América Latina a superar a falta de um projeto nacional devido às restrições impostas pelo imperialismo americano.
Peng Xiantang, vice-diretor do Centro Sino-Brasileiro de Pesquisas Socioeconômicas do Instituto Confúcio da Universidade de Pernambuco e diretor chinês do Instituto Confúcio da UPE, salientou o intercambio cultural que promove no Brasil, desse 2013.
Tem reunido especialistas brasileiros e chineses para debater temas como mecanismos de inovação, segurança alimentar, energia limpa e internacionalização da moeda chinesa, a iniciativa do Cinturão e Rota e educação, entre outros. Ele acredita que, apesar das distancias geográficas, culturais, e da barreira do idioma, há aproximações no contexto econômico e social.
Ele mencionou o modo como nas décadas de 1970 e 1980, ambos os países passam por transformações profundas. “Apesar de sua dimensão, Brasil e China não têm muita força na governança mundial, ou voz na participação mundial. Precisamos melhorar nossa capacidade de contar nossas historias”, disse, apontando para a necessidade de fortalecer mecanismos de estudo e pesquisa sino-brasileira. O centro de pesquisa específico para estudos da China na FGV e o Instituto Confúcio, são janelas de conhecimento importantes, na opinião dele.
Ana Prestes resgatou similaridades entre o surgimento dos partidos comunistas no Brasil e na China, a partir de uma trajetória que remete à sua linhagem familiar. A modernização brasileira tem raízes no movimento tenentista e na espetacular Coluna Prestes, iniciada por seu avô Luiz Carlos Prestes, que se tornou um dos mais proeminentes líderes comunistas do mundo. Ela mostra que, desde os anos 1920, já havia uma intersecção entre as trajetórias dos dois partidos.
“Prestes esteve na China para comemorar os dez anos da revolução”, relatou ela. A virada dos anos 1950 na China foi paralela ao enfrentamento no Brasil, pelos comunistas, de poderosas forças do atraso. “A ditadura militar exigiu muito dos comunistas em buscar a melhor forma de defender seu povo e achar meios de sobreviver física e ideologicamente à clandestinidade, à ilegalidade, à perseguição, às mortes e à tortura”, destacou, citando ainda a Carta de Krushev, que causou abalos ideológicos no movimento comunista internacional.
O diálogo histórico entre os países foi de mão dupla, conforme o desenvolvimento brasileiro inédito entre 1930 e 1978 também foi fonte para a China compreender seu potencial. Ela terminou homenageando Haroldo Lima, recentemente falecido em decorrência da covid-19, que tinha uma relação interessada com a China. “A distância do estado brasileiro da experiência chinesa se aprofunda, conforme fica mais evidente a tragédia em que o Brasil mergulha, ao avançar em pobreza e desigualdade e deixar sua população à mercê de um vírus”, observa.
Zhou Zhiwei, diretor-executivo do Centro de Pesquisa do Brasil do Instituto Latino-Americano na Academia Chinesa de Ciências Sociais, destaca o salta de US$ 23 de PIB per capita dos chineses na década de 1940 para US$ 10 mil dólares, hoje. “A China era um país castigado pelo imperialismo, feudalismo e colonialismo e conseguiu emancipação e êxitos impressionantes, sempre orientado pelo marxismo leninismo, colocando os trabalhadores sempre em primeiro lugar”, declarou.
Ele ressaltou como o marxismo está na base das reformas da estrutura e do socialismo chinês, “mas ajustado para a cultura, afazeres e hábitos chineses”. “A China está numa nova etapa em que se pergunta de qual governança precisa para resolver as contradições que aparecem nesse momento para não aumentar a desigualdade”, salienta, mostrando que o PCCh se preocupa em desenvolver uma estrutura eficiente que resolva os problemas que surgem, que modernize a governança chinesa no partido para as reformas.
A iniciativa de Cinturão e Nova Rota da Seda também tornam-se um desafio monumental para a estratégia do país. Discutem-se 128 medidas envolvendo defesa, economia, política, cultura e meio ambiente, entre outras. Ele diz que, mesmo não assinando a iniciativa chinesa, o Brasil como maior país da América Latina com participação ativa na governança global, é parceiro estratégico. Ele citou inúmeros mecanismos de diálogos bilaterais e multilaterais entre Brasil e China.
O Brasil é o único país da América Latina com voos diretos para a China, assim como a China é parceiro importante na infraestrutura do Brasil, seja na mineração, na agricultura, na infraestrutura de hidrelétricas, aeroportos, portos, linhas elétricas e concessão de portos. “O comércio bilateral ultrapassou US$ 100 bi e nunca desceu. A China é o maior país destino de exportações brasileiras, com mais de 30% e grande destino de investimentos diretos chineses”.
A professora Christine Dabat, do Departamento de História da UFPE, defende que o Brasil precisa desenvolver sua própria cinologia (seu ponto de vista especializado sobre a China), para não depender de interpretações de outros países.
Ela prestou sua homenagem aos “jovens corajosos” que, de 1921 a 1949 tomaram a “decisão perigosa e ousada” de apostar num futuro emancipado para a China. Ele considera que houve um enorme espírito de sacrifício desses militantes comunistas num período muito longo de repressão, que tornou a empreitada quase improvável e praticamente impossível.
Ela considera original o fato da revolução ter se apoiado na maioria camponesa, já que o movimento proletário foi completamente esmagado. Foi assim que foi possível superar, “para dizer claramente, o narcotráfico que as potências ocidentais organizaram para derrubar a China”.
Nesse período de resistência a Chiang Kai-shek ela destaca, com carinho acadêmico, a participação das mulheres. Christine fez um relato da história da mobilização do PCCh para construir essa resistência às invasões brutais e repressivas até antes de 1949, quando começa a reforma agrária, que melhora a vida camponesa e financia a industrialização nos anos 1950.
Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)
Renato aponta as valiosas vitórias chinesas que só foram possíveis com a liderança do partido. “A vitória da revolução democrática de 1949, levou a China a pôr fim ao sistema de monarquia absoluta feudal, edificar um sistema democrático-popular, unificar o país e suas diferentes etnias, dar um fim conclusivo à sociedade semifeudal e semicolonial, revogar todos os tratados impostos pelas potências estrangeiras e não mais se submeter ao mando do imperialismo na China.
Ele também enfatizou o caráter inovador e original do marxismo chinês, a partir do pensamento de Mao Tsetung e Den Xiaoping. “A China na sua experiência não copiou modelos e teve elevado êxito histórico, demonstrou originalidade. O Partido Comunista da China conseguiu elaborar uma orientação autônoma para a construção do socialismo conforme sua realidade nacional”.
Entre as etapas da condução histórica do partido, ele citou a política de Reforma e Abertura, caracterizada como sendo a etapa primária do socialismo, surgida na 3ª Sessão Plenária do Comitê Central do Partido Comunista da China, em dezembro de 1978. Deng Xiaoping foi o grande dirigente desse novo período, comparado com as experiências exitosas de desenvolvimento em países da Ásia, que não seguiram o Consenso de Washington.
Renato se mostra atento as novas perspectivas apontadas pelo presidente Xi Jinping em seu relatório ao 19º Congresso do Partido Comunista da China, em 2017, quando sinalizou uma nova etapa de desafios ao socialismo chinês. Ele observa como o governo encarou a epidemia em Wuhan como um teste para o Partido.
“O verdadeiro legado da República Popular da China ao mundo pós-pandemia é sua capacidade cada vez maior de se gestar de forma consciente um Estado e uma sociedade, com base no projeto e na planificação”, diz o dirigente comunista brasileiro, ressaltando a dedicação da Fundação Maurício Grabois ao estudo e pesquisa da experiência chinesa.
Leia a íntegra do discurso de Renato Rabelo
Luciana Santos descreveu em poucas palavras a jornada épica iniciada por doze pessoas, entre elas um líder camponês, de 28 anos, Mao Tsetung, ao fundar o PCCh. Trajetória que se tornou uma grande marcha de 28 anos de lutas para a conquista de Beijing, em 1949. “Em apenas 43 anos, a partir de 1978, a economia chinesa, de atrasada, periférica, começou a ultrapassar a economia de países altamente desenvolvidos, construindo um parque industrial avançado, com alta tecnologia, eliminando a pobreza extrema no interior, rumo a um progresso social, político e econômico sem precedentes na história da humanidade”, pontuou Luciana.
Luciana compara a complementariedade das economias chinesa e brasileira em sua parceria comercial. Parceria que se consolidou com o agrupamento BRICS de cinco emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). “Juntos, representam cerca de 42% da população do mundo, 23% do PIB, 30% do território e 18% do comércio mundial”.
Ela também compara as trajetórias desenvolvimentistas das duas nações, em que a emergência da China está ligada ao socialismo moderno e nacionalista que adotou. “Já o Brasil, luta por um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, ainda tendo que enfrentar as forças reacionárias e negacionistas do conservadorismo, as forças que defendem os interesses imperialistas que impõem ao país restrições ao desenvolvimento econômico, social e político de toda a ordem”, afirma.
Da mesma forma, diz ela, a parceria que já existe entre os PCs deve se desenvolver em patamares superiores com intercambio maior entre delegações e conhecimento. “O desenvolvimento da República Popular da China e sua política internacional contribuem decisivamente para o desenvolvimento e o crescimento de dezenas de outros países que se integram numa política de ganha—ganha e de cooperação mútua que vão dando uma nova fisionomia para as relações internacionais no mundo”, encerrou Luciana.
Leia a íntegra do discurso de Luciana SantosPedro Josephi falou como o mundo permanece perplexo diante do processo revolucionário que levou a China ao centro da produtividade global e a se tornar o país mais atrativo para investimentos internacionais. Ele ressaltou como o PCCh, com seus 90 milhões de filiados, realizou uma profunda reforma agrária e uma industrialização que foram fundamentos desse processo.
Esse perplexidade se expressa na dificuldade da intelectualidade ocidental em categorizar o fenômeno econômico e político que é o socialismo chinês. “Pouco me preocupo com a terminologia, pois Marx dizia que o que importa é a prática”, disse ele. A combinação de elementos do capitalismo e do socialismo foi capaz, como observa ele, de levar a China a um crescimento exponencial do seu PIB, universalizou a alfabetização, desenvolveu a tecnologia do 5G e chegou a Marte.
“Tornou a China um país de classe média, com serviços públicos gratuitos e acessíveis para todos, um ambiente propício e fértil para os investimentos internacionais, com preocupação com a necessidade de preservação ambiental, sendo o país que mais investe em energias limpas e as melhores práticas de desenvolvimento sustentável”, apontou.
Ele agradeceu a cooperação chinesa com o Brasil em meio à pandemia, “em que pese as agressões gratuitas não compartilhadas pelo povo brasileiro”.
Para ele, a China busca uma nova forma de se relacionar com o mundo, que pode ajudar a América Latina a superar a falta de um projeto nacional devido às restrições impostas pelo imperialismo americano.
Peng Xiantang, vice-diretor do Centro Sino-Brasileiro de Pesquisas Socioeconômicas do Instituto Confúcio da Universidade de Pernambuco e diretor chinês do Instituto Confúcio da UPE, salientou o intercambio cultural que promove no Brasil, desse 2013.
Tem reunido especialistas brasileiros e chineses para debater temas como mecanismos de inovação, segurança alimentar, energia limpa e internacionalização da moeda chinesa, a iniciativa do Cinturão e Rota e educação, entre outros. Ele acredita que, apesar das distancias geográficas, culturais, e da barreira do idioma, há aproximações no contexto econômico e social.
Ele mencionou o modo como nas décadas de 1970 e 1980, ambos os países passam por transformações profundas. “Apesar de sua dimensão, Brasil e China não têm muita força na governança mundial, ou voz na participação mundial. Precisamos melhorar nossa capacidade de contar nossas historias”, disse, apontando para a necessidade de fortalecer mecanismos de estudo e pesquisa sino-brasileira. O centro de pesquisa específico para estudos da China na FGV e o Instituto Confúcio, são janelas de conhecimento importantes, na opinião dele.
Ana Prestes resgatou similaridades entre o surgimento dos partidos comunistas no Brasil e na China, a partir de uma trajetória que remete à sua linhagem familiar. A modernização brasileira tem raízes no movimento tenentista e na espetacular Coluna Prestes, iniciada por seu avô Luiz Carlos Prestes, que se tornou um dos mais proeminentes líderes comunistas do mundo. Ela mostra que, desde os anos 1920, já havia uma intersecção entre as trajetórias dos dois partidos.
“Prestes esteve na China para comemorar os dez anos da revolução”, relatou ela. A virada dos anos 1950 na China foi paralela ao enfrentamento no Brasil, pelos comunistas, de poderosas forças do atraso. “A ditadura militar exigiu muito dos comunistas em buscar a melhor forma de defender seu povo e achar meios de sobreviver física e ideologicamente à clandestinidade, à ilegalidade, à perseguição, às mortes e à tortura”, destacou, citando ainda a Carta de Krushev, que causou abalos ideológicos no movimento comunista internacional.
O diálogo histórico entre os países foi de mão dupla, conforme o desenvolvimento brasileiro inédito entre 1930 e 1978 também foi fonte para a China compreender seu potencial. Ela terminou homenageando Haroldo Lima, recentemente falecido em decorrência da covid-19, que tinha uma relação interessada com a China. “A distância do estado brasileiro da experiência chinesa se aprofunda, conforme fica mais evidente a tragédia em que o Brasil mergulha, ao avançar em pobreza e desigualdade e deixar sua população à mercê de um vírus”, observa.
Zhou Zhiwei, diretor-executivo do Centro de Pesquisa do Brasil do Instituto Latino-Americano na Academia Chinesa de Ciências Sociais, destaca o salta de US$ 23 de PIB per capita dos chineses na década de 1940 para US$ 10 mil dólares, hoje. “A China era um país castigado pelo imperialismo, feudalismo e colonialismo e conseguiu emancipação e êxitos impressionantes, sempre orientado pelo marxismo leninismo, colocando os trabalhadores sempre em primeiro lugar”, declarou.
Ele ressaltou como o marxismo está na base das reformas da estrutura e do socialismo chinês, “mas ajustado para a cultura, afazeres e hábitos chineses”. “A China está numa nova etapa em que se pergunta de qual governança precisa para resolver as contradições que aparecem nesse momento para não aumentar a desigualdade”, salienta, mostrando que o PCCh se preocupa em desenvolver uma estrutura eficiente que resolva os problemas que surgem, que modernize a governança chinesa no partido para as reformas.
A iniciativa de Cinturão e Nova Rota da Seda também tornam-se um desafio monumental para a estratégia do país. Discutem-se 128 medidas envolvendo defesa, economia, política, cultura e meio ambiente, entre outras. Ele diz que, mesmo não assinando a iniciativa chinesa, o Brasil como maior país da América Latina com participação ativa na governança global, é parceiro estratégico. Ele citou inúmeros mecanismos de diálogos bilaterais e multilaterais entre Brasil e China.
O Brasil é o único país da América Latina com voos diretos para a China, assim como a China é parceiro importante na infraestrutura do Brasil, seja na mineração, na agricultura, na infraestrutura de hidrelétricas, aeroportos, portos, linhas elétricas e concessão de portos. “O comércio bilateral ultrapassou US$ 100 bi e nunca desceu. A China é o maior país destino de exportações brasileiras, com mais de 30% e grande destino de investimentos diretos chineses”.
A professora Christine Dabat, do Departamento de História da UFPE, defende que o Brasil precisa desenvolver sua própria cinologia (seu ponto de vista especializado sobre a China), para não depender de interpretações de outros países.
Ela prestou sua homenagem aos “jovens corajosos” que, de 1921 a 1949 tomaram a “decisão perigosa e ousada” de apostar num futuro emancipado para a China. Ele considera que houve um enorme espírito de sacrifício desses militantes comunistas num período muito longo de repressão, que tornou a empreitada quase improvável e praticamente impossível.
Ela considera original o fato da revolução ter se apoiado na maioria camponesa, já que o movimento proletário foi completamente esmagado. Foi assim que foi possível superar, “para dizer claramente, o narcotráfico que as potências ocidentais organizaram para derrubar a China”.
Nesse período de resistência a Chiang Kai-shek ela destaca, com carinho acadêmico, a participação das mulheres. Christine fez um relato da história da mobilização do PCCh para construir essa resistência às invasões brutais e repressivas até antes de 1949, quando começa a reforma agrária, que melhora a vida camponesa e financia a industrialização nos anos 1950.
Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)Renato Rabelo afirmou o olhar atento do PCdoB para a experiência dos dirigentes partidários chineses, incorporando o papel das especificidades brasileiras para a construção do socialismo. Para ele, o centenário do Partido Comunista da China é um acontecimento de magnitude para toda a humanidade.
Ele relacionou a fundação dos partidos comunistas da China e do Brasil, com a diferença de um ano, ao momento de triunfo da Revolução de Outubro, na Rússia. “Diante dessa realidade, o Partido Comunista da China foi fundado como resultado de um movimento de combinação entre a teoria do marxismo-leninismo e o crescimento das lutas camponesa, operária e patriótica da época”, afirmou.
Renato aponta as valiosas vitórias chinesas que só foram possíveis com a liderança do partido. “A vitória da revolução democrática de 1949, levou a China a pôr fim ao sistema de monarquia absoluta feudal, edificar um sistema democrático-popular, unificar o país e suas diferentes etnias, dar um fim conclusivo à sociedade semifeudal e semicolonial, revogar todos os tratados impostos pelas potências estrangeiras e não mais se submeter ao mando do imperialismo na China.
Ele também enfatizou o caráter inovador e original do marxismo chinês, a partir do pensamento de Mao Tsetung e Den Xiaoping. “A China na sua experiência não copiou modelos e teve elevado êxito histórico, demonstrou originalidade. O Partido Comunista da China conseguiu elaborar uma orientação autônoma para a construção do socialismo conforme sua realidade nacional”.
Entre as etapas da condução histórica do partido, ele citou a política de Reforma e Abertura, caracterizada como sendo a etapa primária do socialismo, surgida na 3ª Sessão Plenária do Comitê Central do Partido Comunista da China, em dezembro de 1978. Deng Xiaoping foi o grande dirigente desse novo período, comparado com as experiências exitosas de desenvolvimento em países da Ásia, que não seguiram o Consenso de Washington.
Renato se mostra atento as novas perspectivas apontadas pelo presidente Xi Jinping em seu relatório ao 19º Congresso do Partido Comunista da China, em 2017, quando sinalizou uma nova etapa de desafios ao socialismo chinês. Ele observa como o governo encarou a epidemia em Wuhan como um teste para o Partido.
“O verdadeiro legado da República Popular da China ao mundo pós-pandemia é sua capacidade cada vez maior de se gestar de forma consciente um Estado e uma sociedade, com base no projeto e na planificação”, diz o dirigente comunista brasileiro, ressaltando a dedicação da Fundação Maurício Grabois ao estudo e pesquisa da experiência chinesa.
Leia a íntegra do discurso de Renato Rabelo
Luciana Santos descreveu em poucas palavras a jornada épica iniciada por doze pessoas, entre elas um líder camponês, de 28 anos, Mao Tsetung, ao fundar o PCCh. Trajetória que se tornou uma grande marcha de 28 anos de lutas para a conquista de Beijing, em 1949. “Em apenas 43 anos, a partir de 1978, a economia chinesa, de atrasada, periférica, começou a ultrapassar a economia de países altamente desenvolvidos, construindo um parque industrial avançado, com alta tecnologia, eliminando a pobreza extrema no interior, rumo a um progresso social, político e econômico sem precedentes na história da humanidade”, pontuou Luciana.
Luciana compara a complementariedade das economias chinesa e brasileira em sua parceria comercial. Parceria que se consolidou com o agrupamento BRICS de cinco emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). “Juntos, representam cerca de 42% da população do mundo, 23% do PIB, 30% do território e 18% do comércio mundial”.
Ela também compara as trajetórias desenvolvimentistas das duas nações, em que a emergência da China está ligada ao socialismo moderno e nacionalista que adotou. “Já o Brasil, luta por um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, ainda tendo que enfrentar as forças reacionárias e negacionistas do conservadorismo, as forças que defendem os interesses imperialistas que impõem ao país restrições ao desenvolvimento econômico, social e político de toda a ordem”, afirma.
Da mesma forma, diz ela, a parceria que já existe entre os PCs deve se desenvolver em patamares superiores com intercambio maior entre delegações e conhecimento. “O desenvolvimento da República Popular da China e sua política internacional contribuem decisivamente para o desenvolvimento e o crescimento de dezenas de outros países que se integram numa política de ganha—ganha e de cooperação mútua que vão dando uma nova fisionomia para as relações internacionais no mundo”, encerrou Luciana.
Leia a íntegra do discurso de Luciana SantosPedro Josephi falou como o mundo permanece perplexo diante do processo revolucionário que levou a China ao centro da produtividade global e a se tornar o país mais atrativo para investimentos internacionais. Ele ressaltou como o PCCh, com seus 90 milhões de filiados, realizou uma profunda reforma agrária e uma industrialização que foram fundamentos desse processo.
Esse perplexidade se expressa na dificuldade da intelectualidade ocidental em categorizar o fenômeno econômico e político que é o socialismo chinês. “Pouco me preocupo com a terminologia, pois Marx dizia que o que importa é a prática”, disse ele. A combinação de elementos do capitalismo e do socialismo foi capaz, como observa ele, de levar a China a um crescimento exponencial do seu PIB, universalizou a alfabetização, desenvolveu a tecnologia do 5G e chegou a Marte.
“Tornou a China um país de classe média, com serviços públicos gratuitos e acessíveis para todos, um ambiente propício e fértil para os investimentos internacionais, com preocupação com a necessidade de preservação ambiental, sendo o país que mais investe em energias limpas e as melhores práticas de desenvolvimento sustentável”, apontou.
Ele agradeceu a cooperação chinesa com o Brasil em meio à pandemia, “em que pese as agressões gratuitas não compartilhadas pelo povo brasileiro”.
Para ele, a China busca uma nova forma de se relacionar com o mundo, que pode ajudar a América Latina a superar a falta de um projeto nacional devido às restrições impostas pelo imperialismo americano.
Peng Xiantang, vice-diretor do Centro Sino-Brasileiro de Pesquisas Socioeconômicas do Instituto Confúcio da Universidade de Pernambuco e diretor chinês do Instituto Confúcio da UPE, salientou o intercambio cultural que promove no Brasil, desse 2013.
Tem reunido especialistas brasileiros e chineses para debater temas como mecanismos de inovação, segurança alimentar, energia limpa e internacionalização da moeda chinesa, a iniciativa do Cinturão e Rota e educação, entre outros. Ele acredita que, apesar das distancias geográficas, culturais, e da barreira do idioma, há aproximações no contexto econômico e social.
Ele mencionou o modo como nas décadas de 1970 e 1980, ambos os países passam por transformações profundas. “Apesar de sua dimensão, Brasil e China não têm muita força na governança mundial, ou voz na participação mundial. Precisamos melhorar nossa capacidade de contar nossas historias”, disse, apontando para a necessidade de fortalecer mecanismos de estudo e pesquisa sino-brasileira. O centro de pesquisa específico para estudos da China na FGV e o Instituto Confúcio, são janelas de conhecimento importantes, na opinião dele.
Ana Prestes resgatou similaridades entre o surgimento dos partidos comunistas no Brasil e na China, a partir de uma trajetória que remete à sua linhagem familiar. A modernização brasileira tem raízes no movimento tenentista e na espetacular Coluna Prestes, iniciada por seu avô Luiz Carlos Prestes, que se tornou um dos mais proeminentes líderes comunistas do mundo. Ela mostra que, desde os anos 1920, já havia uma intersecção entre as trajetórias dos dois partidos.
“Prestes esteve na China para comemorar os dez anos da revolução”, relatou ela. A virada dos anos 1950 na China foi paralela ao enfrentamento no Brasil, pelos comunistas, de poderosas forças do atraso. “A ditadura militar exigiu muito dos comunistas em buscar a melhor forma de defender seu povo e achar meios de sobreviver física e ideologicamente à clandestinidade, à ilegalidade, à perseguição, às mortes e à tortura”, destacou, citando ainda a Carta de Krushev, que causou abalos ideológicos no movimento comunista internacional.
O diálogo histórico entre os países foi de mão dupla, conforme o desenvolvimento brasileiro inédito entre 1930 e 1978 também foi fonte para a China compreender seu potencial. Ela terminou homenageando Haroldo Lima, recentemente falecido em decorrência da covid-19, que tinha uma relação interessada com a China. “A distância do estado brasileiro da experiência chinesa se aprofunda, conforme fica mais evidente a tragédia em que o Brasil mergulha, ao avançar em pobreza e desigualdade e deixar sua população à mercê de um vírus”, observa.
Zhou Zhiwei, diretor-executivo do Centro de Pesquisa do Brasil do Instituto Latino-Americano na Academia Chinesa de Ciências Sociais, destaca o salta de US$ 23 de PIB per capita dos chineses na década de 1940 para US$ 10 mil dólares, hoje. “A China era um país castigado pelo imperialismo, feudalismo e colonialismo e conseguiu emancipação e êxitos impressionantes, sempre orientado pelo marxismo leninismo, colocando os trabalhadores sempre em primeiro lugar”, declarou.
Ele ressaltou como o marxismo está na base das reformas da estrutura e do socialismo chinês, “mas ajustado para a cultura, afazeres e hábitos chineses”. “A China está numa nova etapa em que se pergunta de qual governança precisa para resolver as contradições que aparecem nesse momento para não aumentar a desigualdade”, salienta, mostrando que o PCCh se preocupa em desenvolver uma estrutura eficiente que resolva os problemas que surgem, que modernize a governança chinesa no partido para as reformas.
A iniciativa de Cinturão e Nova Rota da Seda também tornam-se um desafio monumental para a estratégia do país. Discutem-se 128 medidas envolvendo defesa, economia, política, cultura e meio ambiente, entre outras. Ele diz que, mesmo não assinando a iniciativa chinesa, o Brasil como maior país da América Latina com participação ativa na governança global, é parceiro estratégico. Ele citou inúmeros mecanismos de diálogos bilaterais e multilaterais entre Brasil e China.
O Brasil é o único país da América Latina com voos diretos para a China, assim como a China é parceiro importante na infraestrutura do Brasil, seja na mineração, na agricultura, na infraestrutura de hidrelétricas, aeroportos, portos, linhas elétricas e concessão de portos. “O comércio bilateral ultrapassou US$ 100 bi e nunca desceu. A China é o maior país destino de exportações brasileiras, com mais de 30% e grande destino de investimentos diretos chineses”.
A professora Christine Dabat, do Departamento de História da UFPE, defende que o Brasil precisa desenvolver sua própria cinologia (seu ponto de vista especializado sobre a China), para não depender de interpretações de outros países.
Ela prestou sua homenagem aos “jovens corajosos” que, de 1921 a 1949 tomaram a “decisão perigosa e ousada” de apostar num futuro emancipado para a China. Ele considera que houve um enorme espírito de sacrifício desses militantes comunistas num período muito longo de repressão, que tornou a empreitada quase improvável e praticamente impossível.
Ela considera original o fato da revolução ter se apoiado na maioria camponesa, já que o movimento proletário foi completamente esmagado. Foi assim que foi possível superar, “para dizer claramente, o narcotráfico que as potências ocidentais organizaram para derrubar a China”.
Nesse período de resistência a Chiang Kai-shek ela destaca, com carinho acadêmico, a participação das mulheres. Christine fez um relato da história da mobilização do PCCh para construir essa resistência às invasões brutais e repressivas até antes de 1949, quando começa a reforma agrária, que melhora a vida camponesa e financia a industrialização nos anos 1950.
Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)
O terceiro conceito, segundo ela, é a grandeza da inovação que manifesta-se no espírito de pioneirismo e na busca de atualização constante. Ela pontua as etapas históricas da revolução, desde a luta contra as dominações estrangeiras, a reconstrução e unificação da nação, com as atuais inovações teóricas. Ela citou o grande projeto de Cinturão e Rota, que propôs um novo conceito de desenvolvimento.
Ela conclui afirmando o duro combate a condutas nocivas de formalismo, burocratismo, hedonismo e extravagância. Há uma campanha sólida anticorrupção para consolidar os alicerces da governabilidade.
Leia a íntegra do discurso da cônsul Yan YuqingRenato Rabelo afirmou o olhar atento do PCdoB para a experiência dos dirigentes partidários chineses, incorporando o papel das especificidades brasileiras para a construção do socialismo. Para ele, o centenário do Partido Comunista da China é um acontecimento de magnitude para toda a humanidade.
Ele relacionou a fundação dos partidos comunistas da China e do Brasil, com a diferença de um ano, ao momento de triunfo da Revolução de Outubro, na Rússia. “Diante dessa realidade, o Partido Comunista da China foi fundado como resultado de um movimento de combinação entre a teoria do marxismo-leninismo e o crescimento das lutas camponesa, operária e patriótica da época”, afirmou.
Renato aponta as valiosas vitórias chinesas que só foram possíveis com a liderança do partido. “A vitória da revolução democrática de 1949, levou a China a pôr fim ao sistema de monarquia absoluta feudal, edificar um sistema democrático-popular, unificar o país e suas diferentes etnias, dar um fim conclusivo à sociedade semifeudal e semicolonial, revogar todos os tratados impostos pelas potências estrangeiras e não mais se submeter ao mando do imperialismo na China.
Ele também enfatizou o caráter inovador e original do marxismo chinês, a partir do pensamento de Mao Tsetung e Den Xiaoping. “A China na sua experiência não copiou modelos e teve elevado êxito histórico, demonstrou originalidade. O Partido Comunista da China conseguiu elaborar uma orientação autônoma para a construção do socialismo conforme sua realidade nacional”.
Entre as etapas da condução histórica do partido, ele citou a política de Reforma e Abertura, caracterizada como sendo a etapa primária do socialismo, surgida na 3ª Sessão Plenária do Comitê Central do Partido Comunista da China, em dezembro de 1978. Deng Xiaoping foi o grande dirigente desse novo período, comparado com as experiências exitosas de desenvolvimento em países da Ásia, que não seguiram o Consenso de Washington.
Renato se mostra atento as novas perspectivas apontadas pelo presidente Xi Jinping em seu relatório ao 19º Congresso do Partido Comunista da China, em 2017, quando sinalizou uma nova etapa de desafios ao socialismo chinês. Ele observa como o governo encarou a epidemia em Wuhan como um teste para o Partido.
“O verdadeiro legado da República Popular da China ao mundo pós-pandemia é sua capacidade cada vez maior de se gestar de forma consciente um Estado e uma sociedade, com base no projeto e na planificação”, diz o dirigente comunista brasileiro, ressaltando a dedicação da Fundação Maurício Grabois ao estudo e pesquisa da experiência chinesa.
Leia a íntegra do discurso de Renato Rabelo
Luciana Santos descreveu em poucas palavras a jornada épica iniciada por doze pessoas, entre elas um líder camponês, de 28 anos, Mao Tsetung, ao fundar o PCCh. Trajetória que se tornou uma grande marcha de 28 anos de lutas para a conquista de Beijing, em 1949. “Em apenas 43 anos, a partir de 1978, a economia chinesa, de atrasada, periférica, começou a ultrapassar a economia de países altamente desenvolvidos, construindo um parque industrial avançado, com alta tecnologia, eliminando a pobreza extrema no interior, rumo a um progresso social, político e econômico sem precedentes na história da humanidade”, pontuou Luciana.
Luciana compara a complementariedade das economias chinesa e brasileira em sua parceria comercial. Parceria que se consolidou com o agrupamento BRICS de cinco emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). “Juntos, representam cerca de 42% da população do mundo, 23% do PIB, 30% do território e 18% do comércio mundial”.
Ela também compara as trajetórias desenvolvimentistas das duas nações, em que a emergência da China está ligada ao socialismo moderno e nacionalista que adotou. “Já o Brasil, luta por um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, ainda tendo que enfrentar as forças reacionárias e negacionistas do conservadorismo, as forças que defendem os interesses imperialistas que impõem ao país restrições ao desenvolvimento econômico, social e político de toda a ordem”, afirma.
Da mesma forma, diz ela, a parceria que já existe entre os PCs deve se desenvolver em patamares superiores com intercambio maior entre delegações e conhecimento. “O desenvolvimento da República Popular da China e sua política internacional contribuem decisivamente para o desenvolvimento e o crescimento de dezenas de outros países que se integram numa política de ganha—ganha e de cooperação mútua que vão dando uma nova fisionomia para as relações internacionais no mundo”, encerrou Luciana.
Leia a íntegra do discurso de Luciana SantosPedro Josephi falou como o mundo permanece perplexo diante do processo revolucionário que levou a China ao centro da produtividade global e a se tornar o país mais atrativo para investimentos internacionais. Ele ressaltou como o PCCh, com seus 90 milhões de filiados, realizou uma profunda reforma agrária e uma industrialização que foram fundamentos desse processo.
Esse perplexidade se expressa na dificuldade da intelectualidade ocidental em categorizar o fenômeno econômico e político que é o socialismo chinês. “Pouco me preocupo com a terminologia, pois Marx dizia que o que importa é a prática”, disse ele. A combinação de elementos do capitalismo e do socialismo foi capaz, como observa ele, de levar a China a um crescimento exponencial do seu PIB, universalizou a alfabetização, desenvolveu a tecnologia do 5G e chegou a Marte.
“Tornou a China um país de classe média, com serviços públicos gratuitos e acessíveis para todos, um ambiente propício e fértil para os investimentos internacionais, com preocupação com a necessidade de preservação ambiental, sendo o país que mais investe em energias limpas e as melhores práticas de desenvolvimento sustentável”, apontou.
Ele agradeceu a cooperação chinesa com o Brasil em meio à pandemia, “em que pese as agressões gratuitas não compartilhadas pelo povo brasileiro”.
Para ele, a China busca uma nova forma de se relacionar com o mundo, que pode ajudar a América Latina a superar a falta de um projeto nacional devido às restrições impostas pelo imperialismo americano.
Peng Xiantang, vice-diretor do Centro Sino-Brasileiro de Pesquisas Socioeconômicas do Instituto Confúcio da Universidade de Pernambuco e diretor chinês do Instituto Confúcio da UPE, salientou o intercambio cultural que promove no Brasil, desse 2013.
Tem reunido especialistas brasileiros e chineses para debater temas como mecanismos de inovação, segurança alimentar, energia limpa e internacionalização da moeda chinesa, a iniciativa do Cinturão e Rota e educação, entre outros. Ele acredita que, apesar das distancias geográficas, culturais, e da barreira do idioma, há aproximações no contexto econômico e social.
Ele mencionou o modo como nas décadas de 1970 e 1980, ambos os países passam por transformações profundas. “Apesar de sua dimensão, Brasil e China não têm muita força na governança mundial, ou voz na participação mundial. Precisamos melhorar nossa capacidade de contar nossas historias”, disse, apontando para a necessidade de fortalecer mecanismos de estudo e pesquisa sino-brasileira. O centro de pesquisa específico para estudos da China na FGV e o Instituto Confúcio, são janelas de conhecimento importantes, na opinião dele.
Ana Prestes resgatou similaridades entre o surgimento dos partidos comunistas no Brasil e na China, a partir de uma trajetória que remete à sua linhagem familiar. A modernização brasileira tem raízes no movimento tenentista e na espetacular Coluna Prestes, iniciada por seu avô Luiz Carlos Prestes, que se tornou um dos mais proeminentes líderes comunistas do mundo. Ela mostra que, desde os anos 1920, já havia uma intersecção entre as trajetórias dos dois partidos.
“Prestes esteve na China para comemorar os dez anos da revolução”, relatou ela. A virada dos anos 1950 na China foi paralela ao enfrentamento no Brasil, pelos comunistas, de poderosas forças do atraso. “A ditadura militar exigiu muito dos comunistas em buscar a melhor forma de defender seu povo e achar meios de sobreviver física e ideologicamente à clandestinidade, à ilegalidade, à perseguição, às mortes e à tortura”, destacou, citando ainda a Carta de Krushev, que causou abalos ideológicos no movimento comunista internacional.
O diálogo histórico entre os países foi de mão dupla, conforme o desenvolvimento brasileiro inédito entre 1930 e 1978 também foi fonte para a China compreender seu potencial. Ela terminou homenageando Haroldo Lima, recentemente falecido em decorrência da covid-19, que tinha uma relação interessada com a China. “A distância do estado brasileiro da experiência chinesa se aprofunda, conforme fica mais evidente a tragédia em que o Brasil mergulha, ao avançar em pobreza e desigualdade e deixar sua população à mercê de um vírus”, observa.
Zhou Zhiwei, diretor-executivo do Centro de Pesquisa do Brasil do Instituto Latino-Americano na Academia Chinesa de Ciências Sociais, destaca o salta de US$ 23 de PIB per capita dos chineses na década de 1940 para US$ 10 mil dólares, hoje. “A China era um país castigado pelo imperialismo, feudalismo e colonialismo e conseguiu emancipação e êxitos impressionantes, sempre orientado pelo marxismo leninismo, colocando os trabalhadores sempre em primeiro lugar”, declarou.
Ele ressaltou como o marxismo está na base das reformas da estrutura e do socialismo chinês, “mas ajustado para a cultura, afazeres e hábitos chineses”. “A China está numa nova etapa em que se pergunta de qual governança precisa para resolver as contradições que aparecem nesse momento para não aumentar a desigualdade”, salienta, mostrando que o PCCh se preocupa em desenvolver uma estrutura eficiente que resolva os problemas que surgem, que modernize a governança chinesa no partido para as reformas.
A iniciativa de Cinturão e Nova Rota da Seda também tornam-se um desafio monumental para a estratégia do país. Discutem-se 128 medidas envolvendo defesa, economia, política, cultura e meio ambiente, entre outras. Ele diz que, mesmo não assinando a iniciativa chinesa, o Brasil como maior país da América Latina com participação ativa na governança global, é parceiro estratégico. Ele citou inúmeros mecanismos de diálogos bilaterais e multilaterais entre Brasil e China.
O Brasil é o único país da América Latina com voos diretos para a China, assim como a China é parceiro importante na infraestrutura do Brasil, seja na mineração, na agricultura, na infraestrutura de hidrelétricas, aeroportos, portos, linhas elétricas e concessão de portos. “O comércio bilateral ultrapassou US$ 100 bi e nunca desceu. A China é o maior país destino de exportações brasileiras, com mais de 30% e grande destino de investimentos diretos chineses”.
A professora Christine Dabat, do Departamento de História da UFPE, defende que o Brasil precisa desenvolver sua própria cinologia (seu ponto de vista especializado sobre a China), para não depender de interpretações de outros países.
Ela prestou sua homenagem aos “jovens corajosos” que, de 1921 a 1949 tomaram a “decisão perigosa e ousada” de apostar num futuro emancipado para a China. Ele considera que houve um enorme espírito de sacrifício desses militantes comunistas num período muito longo de repressão, que tornou a empreitada quase improvável e praticamente impossível.
Ela considera original o fato da revolução ter se apoiado na maioria camponesa, já que o movimento proletário foi completamente esmagado. Foi assim que foi possível superar, “para dizer claramente, o narcotráfico que as potências ocidentais organizaram para derrubar a China”.
Nesse período de resistência a Chiang Kai-shek ela destaca, com carinho acadêmico, a participação das mulheres. Christine fez um relato da história da mobilização do PCCh para construir essa resistência às invasões brutais e repressivas até antes de 1949, quando começa a reforma agrária, que melhora a vida camponesa e financia a industrialização nos anos 1950.
Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)
“A razão pela qual o Partido Comunista da China ganhou o apoio espontâneo de centenas de milhões de chineses reside no fato de que sempre serve ao povo de forma dedicada, exerce o poder em benefício do povo, sensibiliza-se com o povo e busca o bem-estar do povo”, reafirma a cônsul. Ela ainda destaca o engajamento da China em parcerias e iniciativas por todo o mundo pela paz, cooperação, transformar o sistema de governança global, condizente com seu papel como grande nação.
O terceiro conceito, segundo ela, é a grandeza da inovação que manifesta-se no espírito de pioneirismo e na busca de atualização constante. Ela pontua as etapas históricas da revolução, desde a luta contra as dominações estrangeiras, a reconstrução e unificação da nação, com as atuais inovações teóricas. Ela citou o grande projeto de Cinturão e Rota, que propôs um novo conceito de desenvolvimento.
Ela conclui afirmando o duro combate a condutas nocivas de formalismo, burocratismo, hedonismo e extravagância. Há uma campanha sólida anticorrupção para consolidar os alicerces da governabilidade.
Leia a íntegra do discurso da cônsul Yan YuqingRenato Rabelo afirmou o olhar atento do PCdoB para a experiência dos dirigentes partidários chineses, incorporando o papel das especificidades brasileiras para a construção do socialismo. Para ele, o centenário do Partido Comunista da China é um acontecimento de magnitude para toda a humanidade.
Ele relacionou a fundação dos partidos comunistas da China e do Brasil, com a diferença de um ano, ao momento de triunfo da Revolução de Outubro, na Rússia. “Diante dessa realidade, o Partido Comunista da China foi fundado como resultado de um movimento de combinação entre a teoria do marxismo-leninismo e o crescimento das lutas camponesa, operária e patriótica da época”, afirmou.
Renato aponta as valiosas vitórias chinesas que só foram possíveis com a liderança do partido. “A vitória da revolução democrática de 1949, levou a China a pôr fim ao sistema de monarquia absoluta feudal, edificar um sistema democrático-popular, unificar o país e suas diferentes etnias, dar um fim conclusivo à sociedade semifeudal e semicolonial, revogar todos os tratados impostos pelas potências estrangeiras e não mais se submeter ao mando do imperialismo na China.
Ele também enfatizou o caráter inovador e original do marxismo chinês, a partir do pensamento de Mao Tsetung e Den Xiaoping. “A China na sua experiência não copiou modelos e teve elevado êxito histórico, demonstrou originalidade. O Partido Comunista da China conseguiu elaborar uma orientação autônoma para a construção do socialismo conforme sua realidade nacional”.
Entre as etapas da condução histórica do partido, ele citou a política de Reforma e Abertura, caracterizada como sendo a etapa primária do socialismo, surgida na 3ª Sessão Plenária do Comitê Central do Partido Comunista da China, em dezembro de 1978. Deng Xiaoping foi o grande dirigente desse novo período, comparado com as experiências exitosas de desenvolvimento em países da Ásia, que não seguiram o Consenso de Washington.
Renato se mostra atento as novas perspectivas apontadas pelo presidente Xi Jinping em seu relatório ao 19º Congresso do Partido Comunista da China, em 2017, quando sinalizou uma nova etapa de desafios ao socialismo chinês. Ele observa como o governo encarou a epidemia em Wuhan como um teste para o Partido.
“O verdadeiro legado da República Popular da China ao mundo pós-pandemia é sua capacidade cada vez maior de se gestar de forma consciente um Estado e uma sociedade, com base no projeto e na planificação”, diz o dirigente comunista brasileiro, ressaltando a dedicação da Fundação Maurício Grabois ao estudo e pesquisa da experiência chinesa.
Leia a íntegra do discurso de Renato Rabelo
Luciana Santos descreveu em poucas palavras a jornada épica iniciada por doze pessoas, entre elas um líder camponês, de 28 anos, Mao Tsetung, ao fundar o PCCh. Trajetória que se tornou uma grande marcha de 28 anos de lutas para a conquista de Beijing, em 1949. “Em apenas 43 anos, a partir de 1978, a economia chinesa, de atrasada, periférica, começou a ultrapassar a economia de países altamente desenvolvidos, construindo um parque industrial avançado, com alta tecnologia, eliminando a pobreza extrema no interior, rumo a um progresso social, político e econômico sem precedentes na história da humanidade”, pontuou Luciana.
Luciana compara a complementariedade das economias chinesa e brasileira em sua parceria comercial. Parceria que se consolidou com o agrupamento BRICS de cinco emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). “Juntos, representam cerca de 42% da população do mundo, 23% do PIB, 30% do território e 18% do comércio mundial”.
Ela também compara as trajetórias desenvolvimentistas das duas nações, em que a emergência da China está ligada ao socialismo moderno e nacionalista que adotou. “Já o Brasil, luta por um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, ainda tendo que enfrentar as forças reacionárias e negacionistas do conservadorismo, as forças que defendem os interesses imperialistas que impõem ao país restrições ao desenvolvimento econômico, social e político de toda a ordem”, afirma.
Da mesma forma, diz ela, a parceria que já existe entre os PCs deve se desenvolver em patamares superiores com intercambio maior entre delegações e conhecimento. “O desenvolvimento da República Popular da China e sua política internacional contribuem decisivamente para o desenvolvimento e o crescimento de dezenas de outros países que se integram numa política de ganha—ganha e de cooperação mútua que vão dando uma nova fisionomia para as relações internacionais no mundo”, encerrou Luciana.
Leia a íntegra do discurso de Luciana SantosPedro Josephi falou como o mundo permanece perplexo diante do processo revolucionário que levou a China ao centro da produtividade global e a se tornar o país mais atrativo para investimentos internacionais. Ele ressaltou como o PCCh, com seus 90 milhões de filiados, realizou uma profunda reforma agrária e uma industrialização que foram fundamentos desse processo.
Esse perplexidade se expressa na dificuldade da intelectualidade ocidental em categorizar o fenômeno econômico e político que é o socialismo chinês. “Pouco me preocupo com a terminologia, pois Marx dizia que o que importa é a prática”, disse ele. A combinação de elementos do capitalismo e do socialismo foi capaz, como observa ele, de levar a China a um crescimento exponencial do seu PIB, universalizou a alfabetização, desenvolveu a tecnologia do 5G e chegou a Marte.
“Tornou a China um país de classe média, com serviços públicos gratuitos e acessíveis para todos, um ambiente propício e fértil para os investimentos internacionais, com preocupação com a necessidade de preservação ambiental, sendo o país que mais investe em energias limpas e as melhores práticas de desenvolvimento sustentável”, apontou.
Ele agradeceu a cooperação chinesa com o Brasil em meio à pandemia, “em que pese as agressões gratuitas não compartilhadas pelo povo brasileiro”.
Para ele, a China busca uma nova forma de se relacionar com o mundo, que pode ajudar a América Latina a superar a falta de um projeto nacional devido às restrições impostas pelo imperialismo americano.
Peng Xiantang, vice-diretor do Centro Sino-Brasileiro de Pesquisas Socioeconômicas do Instituto Confúcio da Universidade de Pernambuco e diretor chinês do Instituto Confúcio da UPE, salientou o intercambio cultural que promove no Brasil, desse 2013.
Tem reunido especialistas brasileiros e chineses para debater temas como mecanismos de inovação, segurança alimentar, energia limpa e internacionalização da moeda chinesa, a iniciativa do Cinturão e Rota e educação, entre outros. Ele acredita que, apesar das distancias geográficas, culturais, e da barreira do idioma, há aproximações no contexto econômico e social.
Ele mencionou o modo como nas décadas de 1970 e 1980, ambos os países passam por transformações profundas. “Apesar de sua dimensão, Brasil e China não têm muita força na governança mundial, ou voz na participação mundial. Precisamos melhorar nossa capacidade de contar nossas historias”, disse, apontando para a necessidade de fortalecer mecanismos de estudo e pesquisa sino-brasileira. O centro de pesquisa específico para estudos da China na FGV e o Instituto Confúcio, são janelas de conhecimento importantes, na opinião dele.
Ana Prestes resgatou similaridades entre o surgimento dos partidos comunistas no Brasil e na China, a partir de uma trajetória que remete à sua linhagem familiar. A modernização brasileira tem raízes no movimento tenentista e na espetacular Coluna Prestes, iniciada por seu avô Luiz Carlos Prestes, que se tornou um dos mais proeminentes líderes comunistas do mundo. Ela mostra que, desde os anos 1920, já havia uma intersecção entre as trajetórias dos dois partidos.
“Prestes esteve na China para comemorar os dez anos da revolução”, relatou ela. A virada dos anos 1950 na China foi paralela ao enfrentamento no Brasil, pelos comunistas, de poderosas forças do atraso. “A ditadura militar exigiu muito dos comunistas em buscar a melhor forma de defender seu povo e achar meios de sobreviver física e ideologicamente à clandestinidade, à ilegalidade, à perseguição, às mortes e à tortura”, destacou, citando ainda a Carta de Krushev, que causou abalos ideológicos no movimento comunista internacional.
O diálogo histórico entre os países foi de mão dupla, conforme o desenvolvimento brasileiro inédito entre 1930 e 1978 também foi fonte para a China compreender seu potencial. Ela terminou homenageando Haroldo Lima, recentemente falecido em decorrência da covid-19, que tinha uma relação interessada com a China. “A distância do estado brasileiro da experiência chinesa se aprofunda, conforme fica mais evidente a tragédia em que o Brasil mergulha, ao avançar em pobreza e desigualdade e deixar sua população à mercê de um vírus”, observa.
Zhou Zhiwei, diretor-executivo do Centro de Pesquisa do Brasil do Instituto Latino-Americano na Academia Chinesa de Ciências Sociais, destaca o salta de US$ 23 de PIB per capita dos chineses na década de 1940 para US$ 10 mil dólares, hoje. “A China era um país castigado pelo imperialismo, feudalismo e colonialismo e conseguiu emancipação e êxitos impressionantes, sempre orientado pelo marxismo leninismo, colocando os trabalhadores sempre em primeiro lugar”, declarou.
Ele ressaltou como o marxismo está na base das reformas da estrutura e do socialismo chinês, “mas ajustado para a cultura, afazeres e hábitos chineses”. “A China está numa nova etapa em que se pergunta de qual governança precisa para resolver as contradições que aparecem nesse momento para não aumentar a desigualdade”, salienta, mostrando que o PCCh se preocupa em desenvolver uma estrutura eficiente que resolva os problemas que surgem, que modernize a governança chinesa no partido para as reformas.
A iniciativa de Cinturão e Nova Rota da Seda também tornam-se um desafio monumental para a estratégia do país. Discutem-se 128 medidas envolvendo defesa, economia, política, cultura e meio ambiente, entre outras. Ele diz que, mesmo não assinando a iniciativa chinesa, o Brasil como maior país da América Latina com participação ativa na governança global, é parceiro estratégico. Ele citou inúmeros mecanismos de diálogos bilaterais e multilaterais entre Brasil e China.
O Brasil é o único país da América Latina com voos diretos para a China, assim como a China é parceiro importante na infraestrutura do Brasil, seja na mineração, na agricultura, na infraestrutura de hidrelétricas, aeroportos, portos, linhas elétricas e concessão de portos. “O comércio bilateral ultrapassou US$ 100 bi e nunca desceu. A China é o maior país destino de exportações brasileiras, com mais de 30% e grande destino de investimentos diretos chineses”.
A professora Christine Dabat, do Departamento de História da UFPE, defende que o Brasil precisa desenvolver sua própria cinologia (seu ponto de vista especializado sobre a China), para não depender de interpretações de outros países.
Ela prestou sua homenagem aos “jovens corajosos” que, de 1921 a 1949 tomaram a “decisão perigosa e ousada” de apostar num futuro emancipado para a China. Ele considera que houve um enorme espírito de sacrifício desses militantes comunistas num período muito longo de repressão, que tornou a empreitada quase improvável e praticamente impossível.
Ela considera original o fato da revolução ter se apoiado na maioria camponesa, já que o movimento proletário foi completamente esmagado. Foi assim que foi possível superar, “para dizer claramente, o narcotráfico que as potências ocidentais organizaram para derrubar a China”.
Nesse período de resistência a Chiang Kai-shek ela destaca, com carinho acadêmico, a participação das mulheres. Christine fez um relato da história da mobilização do PCCh para construir essa resistência às invasões brutais e repressivas até antes de 1949, quando começa a reforma agrária, que melhora a vida camponesa e financia a industrialização nos anos 1950.
Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)
Outro conceito que ela salienta é a “grandeza das práticas”, que se não estiverem firmadas na realidade do povo podem sofrer danos e até reviravoltas. “A grandeza das práticas reflete-se em priorizar os interesses do povo e persistir na linha das massas populares”, diz ela. Ela concorda com a linha do Partido de primar pelo vínculo próximo com a população.
“A razão pela qual o Partido Comunista da China ganhou o apoio espontâneo de centenas de milhões de chineses reside no fato de que sempre serve ao povo de forma dedicada, exerce o poder em benefício do povo, sensibiliza-se com o povo e busca o bem-estar do povo”, reafirma a cônsul. Ela ainda destaca o engajamento da China em parcerias e iniciativas por todo o mundo pela paz, cooperação, transformar o sistema de governança global, condizente com seu papel como grande nação.
O terceiro conceito, segundo ela, é a grandeza da inovação que manifesta-se no espírito de pioneirismo e na busca de atualização constante. Ela pontua as etapas históricas da revolução, desde a luta contra as dominações estrangeiras, a reconstrução e unificação da nação, com as atuais inovações teóricas. Ela citou o grande projeto de Cinturão e Rota, que propôs um novo conceito de desenvolvimento.
Ela conclui afirmando o duro combate a condutas nocivas de formalismo, burocratismo, hedonismo e extravagância. Há uma campanha sólida anticorrupção para consolidar os alicerces da governabilidade.
Leia a íntegra do discurso da cônsul Yan YuqingRenato Rabelo afirmou o olhar atento do PCdoB para a experiência dos dirigentes partidários chineses, incorporando o papel das especificidades brasileiras para a construção do socialismo. Para ele, o centenário do Partido Comunista da China é um acontecimento de magnitude para toda a humanidade.
Ele relacionou a fundação dos partidos comunistas da China e do Brasil, com a diferença de um ano, ao momento de triunfo da Revolução de Outubro, na Rússia. “Diante dessa realidade, o Partido Comunista da China foi fundado como resultado de um movimento de combinação entre a teoria do marxismo-leninismo e o crescimento das lutas camponesa, operária e patriótica da época”, afirmou.
Renato aponta as valiosas vitórias chinesas que só foram possíveis com a liderança do partido. “A vitória da revolução democrática de 1949, levou a China a pôr fim ao sistema de monarquia absoluta feudal, edificar um sistema democrático-popular, unificar o país e suas diferentes etnias, dar um fim conclusivo à sociedade semifeudal e semicolonial, revogar todos os tratados impostos pelas potências estrangeiras e não mais se submeter ao mando do imperialismo na China.
Ele também enfatizou o caráter inovador e original do marxismo chinês, a partir do pensamento de Mao Tsetung e Den Xiaoping. “A China na sua experiência não copiou modelos e teve elevado êxito histórico, demonstrou originalidade. O Partido Comunista da China conseguiu elaborar uma orientação autônoma para a construção do socialismo conforme sua realidade nacional”.
Entre as etapas da condução histórica do partido, ele citou a política de Reforma e Abertura, caracterizada como sendo a etapa primária do socialismo, surgida na 3ª Sessão Plenária do Comitê Central do Partido Comunista da China, em dezembro de 1978. Deng Xiaoping foi o grande dirigente desse novo período, comparado com as experiências exitosas de desenvolvimento em países da Ásia, que não seguiram o Consenso de Washington.
Renato se mostra atento as novas perspectivas apontadas pelo presidente Xi Jinping em seu relatório ao 19º Congresso do Partido Comunista da China, em 2017, quando sinalizou uma nova etapa de desafios ao socialismo chinês. Ele observa como o governo encarou a epidemia em Wuhan como um teste para o Partido.
“O verdadeiro legado da República Popular da China ao mundo pós-pandemia é sua capacidade cada vez maior de se gestar de forma consciente um Estado e uma sociedade, com base no projeto e na planificação”, diz o dirigente comunista brasileiro, ressaltando a dedicação da Fundação Maurício Grabois ao estudo e pesquisa da experiência chinesa.
Leia a íntegra do discurso de Renato Rabelo
Luciana Santos descreveu em poucas palavras a jornada épica iniciada por doze pessoas, entre elas um líder camponês, de 28 anos, Mao Tsetung, ao fundar o PCCh. Trajetória que se tornou uma grande marcha de 28 anos de lutas para a conquista de Beijing, em 1949. “Em apenas 43 anos, a partir de 1978, a economia chinesa, de atrasada, periférica, começou a ultrapassar a economia de países altamente desenvolvidos, construindo um parque industrial avançado, com alta tecnologia, eliminando a pobreza extrema no interior, rumo a um progresso social, político e econômico sem precedentes na história da humanidade”, pontuou Luciana.
Luciana compara a complementariedade das economias chinesa e brasileira em sua parceria comercial. Parceria que se consolidou com o agrupamento BRICS de cinco emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). “Juntos, representam cerca de 42% da população do mundo, 23% do PIB, 30% do território e 18% do comércio mundial”.
Ela também compara as trajetórias desenvolvimentistas das duas nações, em que a emergência da China está ligada ao socialismo moderno e nacionalista que adotou. “Já o Brasil, luta por um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, ainda tendo que enfrentar as forças reacionárias e negacionistas do conservadorismo, as forças que defendem os interesses imperialistas que impõem ao país restrições ao desenvolvimento econômico, social e político de toda a ordem”, afirma.
Da mesma forma, diz ela, a parceria que já existe entre os PCs deve se desenvolver em patamares superiores com intercambio maior entre delegações e conhecimento. “O desenvolvimento da República Popular da China e sua política internacional contribuem decisivamente para o desenvolvimento e o crescimento de dezenas de outros países que se integram numa política de ganha—ganha e de cooperação mútua que vão dando uma nova fisionomia para as relações internacionais no mundo”, encerrou Luciana.
Leia a íntegra do discurso de Luciana SantosPedro Josephi falou como o mundo permanece perplexo diante do processo revolucionário que levou a China ao centro da produtividade global e a se tornar o país mais atrativo para investimentos internacionais. Ele ressaltou como o PCCh, com seus 90 milhões de filiados, realizou uma profunda reforma agrária e uma industrialização que foram fundamentos desse processo.
Esse perplexidade se expressa na dificuldade da intelectualidade ocidental em categorizar o fenômeno econômico e político que é o socialismo chinês. “Pouco me preocupo com a terminologia, pois Marx dizia que o que importa é a prática”, disse ele. A combinação de elementos do capitalismo e do socialismo foi capaz, como observa ele, de levar a China a um crescimento exponencial do seu PIB, universalizou a alfabetização, desenvolveu a tecnologia do 5G e chegou a Marte.
“Tornou a China um país de classe média, com serviços públicos gratuitos e acessíveis para todos, um ambiente propício e fértil para os investimentos internacionais, com preocupação com a necessidade de preservação ambiental, sendo o país que mais investe em energias limpas e as melhores práticas de desenvolvimento sustentável”, apontou.
Ele agradeceu a cooperação chinesa com o Brasil em meio à pandemia, “em que pese as agressões gratuitas não compartilhadas pelo povo brasileiro”.
Para ele, a China busca uma nova forma de se relacionar com o mundo, que pode ajudar a América Latina a superar a falta de um projeto nacional devido às restrições impostas pelo imperialismo americano.
Peng Xiantang, vice-diretor do Centro Sino-Brasileiro de Pesquisas Socioeconômicas do Instituto Confúcio da Universidade de Pernambuco e diretor chinês do Instituto Confúcio da UPE, salientou o intercambio cultural que promove no Brasil, desse 2013.
Tem reunido especialistas brasileiros e chineses para debater temas como mecanismos de inovação, segurança alimentar, energia limpa e internacionalização da moeda chinesa, a iniciativa do Cinturão e Rota e educação, entre outros. Ele acredita que, apesar das distancias geográficas, culturais, e da barreira do idioma, há aproximações no contexto econômico e social.
Ele mencionou o modo como nas décadas de 1970 e 1980, ambos os países passam por transformações profundas. “Apesar de sua dimensão, Brasil e China não têm muita força na governança mundial, ou voz na participação mundial. Precisamos melhorar nossa capacidade de contar nossas historias”, disse, apontando para a necessidade de fortalecer mecanismos de estudo e pesquisa sino-brasileira. O centro de pesquisa específico para estudos da China na FGV e o Instituto Confúcio, são janelas de conhecimento importantes, na opinião dele.
Ana Prestes resgatou similaridades entre o surgimento dos partidos comunistas no Brasil e na China, a partir de uma trajetória que remete à sua linhagem familiar. A modernização brasileira tem raízes no movimento tenentista e na espetacular Coluna Prestes, iniciada por seu avô Luiz Carlos Prestes, que se tornou um dos mais proeminentes líderes comunistas do mundo. Ela mostra que, desde os anos 1920, já havia uma intersecção entre as trajetórias dos dois partidos.
“Prestes esteve na China para comemorar os dez anos da revolução”, relatou ela. A virada dos anos 1950 na China foi paralela ao enfrentamento no Brasil, pelos comunistas, de poderosas forças do atraso. “A ditadura militar exigiu muito dos comunistas em buscar a melhor forma de defender seu povo e achar meios de sobreviver física e ideologicamente à clandestinidade, à ilegalidade, à perseguição, às mortes e à tortura”, destacou, citando ainda a Carta de Krushev, que causou abalos ideológicos no movimento comunista internacional.
O diálogo histórico entre os países foi de mão dupla, conforme o desenvolvimento brasileiro inédito entre 1930 e 1978 também foi fonte para a China compreender seu potencial. Ela terminou homenageando Haroldo Lima, recentemente falecido em decorrência da covid-19, que tinha uma relação interessada com a China. “A distância do estado brasileiro da experiência chinesa se aprofunda, conforme fica mais evidente a tragédia em que o Brasil mergulha, ao avançar em pobreza e desigualdade e deixar sua população à mercê de um vírus”, observa.
Zhou Zhiwei, diretor-executivo do Centro de Pesquisa do Brasil do Instituto Latino-Americano na Academia Chinesa de Ciências Sociais, destaca o salta de US$ 23 de PIB per capita dos chineses na década de 1940 para US$ 10 mil dólares, hoje. “A China era um país castigado pelo imperialismo, feudalismo e colonialismo e conseguiu emancipação e êxitos impressionantes, sempre orientado pelo marxismo leninismo, colocando os trabalhadores sempre em primeiro lugar”, declarou.
Ele ressaltou como o marxismo está na base das reformas da estrutura e do socialismo chinês, “mas ajustado para a cultura, afazeres e hábitos chineses”. “A China está numa nova etapa em que se pergunta de qual governança precisa para resolver as contradições que aparecem nesse momento para não aumentar a desigualdade”, salienta, mostrando que o PCCh se preocupa em desenvolver uma estrutura eficiente que resolva os problemas que surgem, que modernize a governança chinesa no partido para as reformas.
A iniciativa de Cinturão e Nova Rota da Seda também tornam-se um desafio monumental para a estratégia do país. Discutem-se 128 medidas envolvendo defesa, economia, política, cultura e meio ambiente, entre outras. Ele diz que, mesmo não assinando a iniciativa chinesa, o Brasil como maior país da América Latina com participação ativa na governança global, é parceiro estratégico. Ele citou inúmeros mecanismos de diálogos bilaterais e multilaterais entre Brasil e China.
O Brasil é o único país da América Latina com voos diretos para a China, assim como a China é parceiro importante na infraestrutura do Brasil, seja na mineração, na agricultura, na infraestrutura de hidrelétricas, aeroportos, portos, linhas elétricas e concessão de portos. “O comércio bilateral ultrapassou US$ 100 bi e nunca desceu. A China é o maior país destino de exportações brasileiras, com mais de 30% e grande destino de investimentos diretos chineses”.
A professora Christine Dabat, do Departamento de História da UFPE, defende que o Brasil precisa desenvolver sua própria cinologia (seu ponto de vista especializado sobre a China), para não depender de interpretações de outros países.
Ela prestou sua homenagem aos “jovens corajosos” que, de 1921 a 1949 tomaram a “decisão perigosa e ousada” de apostar num futuro emancipado para a China. Ele considera que houve um enorme espírito de sacrifício desses militantes comunistas num período muito longo de repressão, que tornou a empreitada quase improvável e praticamente impossível.
Ela considera original o fato da revolução ter se apoiado na maioria camponesa, já que o movimento proletário foi completamente esmagado. Foi assim que foi possível superar, “para dizer claramente, o narcotráfico que as potências ocidentais organizaram para derrubar a China”.
Nesse período de resistência a Chiang Kai-shek ela destaca, com carinho acadêmico, a participação das mulheres. Christine fez um relato da história da mobilização do PCCh para construir essa resistência às invasões brutais e repressivas até antes de 1949, quando começa a reforma agrária, que melhora a vida camponesa e financia a industrialização nos anos 1950.
Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)
Ela citou novamente o secretário-geral Xi Jinping, quando disse: “O Partido Comunista da China conseguiu cumprir as missões árduas que as outras forças políticas não foram capazes de realizar, porque persiste no marxismo como o guia para suas ações e mantém o compromisso de enriquecer e desenvolver esta teoria científica nas suas práticas.” Mas ressaltou, também, que o Partido vem adaptando o marxismo à realidade chinesa, desde Mao Zedong e Deng Xiaoping, por meio de conceitos como a “Tríplice Representatividade”, o Desenvolvimento Científico e, agora, o Pensamento de Xi Jinping sobre o Socialismo com Características Chinesas na Nova Era.
Outro conceito que ela salienta é a “grandeza das práticas”, que se não estiverem firmadas na realidade do povo podem sofrer danos e até reviravoltas. “A grandeza das práticas reflete-se em priorizar os interesses do povo e persistir na linha das massas populares”, diz ela. Ela concorda com a linha do Partido de primar pelo vínculo próximo com a população.
“A razão pela qual o Partido Comunista da China ganhou o apoio espontâneo de centenas de milhões de chineses reside no fato de que sempre serve ao povo de forma dedicada, exerce o poder em benefício do povo, sensibiliza-se com o povo e busca o bem-estar do povo”, reafirma a cônsul. Ela ainda destaca o engajamento da China em parcerias e iniciativas por todo o mundo pela paz, cooperação, transformar o sistema de governança global, condizente com seu papel como grande nação.
O terceiro conceito, segundo ela, é a grandeza da inovação que manifesta-se no espírito de pioneirismo e na busca de atualização constante. Ela pontua as etapas históricas da revolução, desde a luta contra as dominações estrangeiras, a reconstrução e unificação da nação, com as atuais inovações teóricas. Ela citou o grande projeto de Cinturão e Rota, que propôs um novo conceito de desenvolvimento.
Ela conclui afirmando o duro combate a condutas nocivas de formalismo, burocratismo, hedonismo e extravagância. Há uma campanha sólida anticorrupção para consolidar os alicerces da governabilidade.
Leia a íntegra do discurso da cônsul Yan YuqingRenato Rabelo afirmou o olhar atento do PCdoB para a experiência dos dirigentes partidários chineses, incorporando o papel das especificidades brasileiras para a construção do socialismo. Para ele, o centenário do Partido Comunista da China é um acontecimento de magnitude para toda a humanidade.
Ele relacionou a fundação dos partidos comunistas da China e do Brasil, com a diferença de um ano, ao momento de triunfo da Revolução de Outubro, na Rússia. “Diante dessa realidade, o Partido Comunista da China foi fundado como resultado de um movimento de combinação entre a teoria do marxismo-leninismo e o crescimento das lutas camponesa, operária e patriótica da época”, afirmou.
Renato aponta as valiosas vitórias chinesas que só foram possíveis com a liderança do partido. “A vitória da revolução democrática de 1949, levou a China a pôr fim ao sistema de monarquia absoluta feudal, edificar um sistema democrático-popular, unificar o país e suas diferentes etnias, dar um fim conclusivo à sociedade semifeudal e semicolonial, revogar todos os tratados impostos pelas potências estrangeiras e não mais se submeter ao mando do imperialismo na China.
Ele também enfatizou o caráter inovador e original do marxismo chinês, a partir do pensamento de Mao Tsetung e Den Xiaoping. “A China na sua experiência não copiou modelos e teve elevado êxito histórico, demonstrou originalidade. O Partido Comunista da China conseguiu elaborar uma orientação autônoma para a construção do socialismo conforme sua realidade nacional”.
Entre as etapas da condução histórica do partido, ele citou a política de Reforma e Abertura, caracterizada como sendo a etapa primária do socialismo, surgida na 3ª Sessão Plenária do Comitê Central do Partido Comunista da China, em dezembro de 1978. Deng Xiaoping foi o grande dirigente desse novo período, comparado com as experiências exitosas de desenvolvimento em países da Ásia, que não seguiram o Consenso de Washington.
Renato se mostra atento as novas perspectivas apontadas pelo presidente Xi Jinping em seu relatório ao 19º Congresso do Partido Comunista da China, em 2017, quando sinalizou uma nova etapa de desafios ao socialismo chinês. Ele observa como o governo encarou a epidemia em Wuhan como um teste para o Partido.
“O verdadeiro legado da República Popular da China ao mundo pós-pandemia é sua capacidade cada vez maior de se gestar de forma consciente um Estado e uma sociedade, com base no projeto e na planificação”, diz o dirigente comunista brasileiro, ressaltando a dedicação da Fundação Maurício Grabois ao estudo e pesquisa da experiência chinesa.
Leia a íntegra do discurso de Renato Rabelo
Luciana Santos descreveu em poucas palavras a jornada épica iniciada por doze pessoas, entre elas um líder camponês, de 28 anos, Mao Tsetung, ao fundar o PCCh. Trajetória que se tornou uma grande marcha de 28 anos de lutas para a conquista de Beijing, em 1949. “Em apenas 43 anos, a partir de 1978, a economia chinesa, de atrasada, periférica, começou a ultrapassar a economia de países altamente desenvolvidos, construindo um parque industrial avançado, com alta tecnologia, eliminando a pobreza extrema no interior, rumo a um progresso social, político e econômico sem precedentes na história da humanidade”, pontuou Luciana.
Luciana compara a complementariedade das economias chinesa e brasileira em sua parceria comercial. Parceria que se consolidou com o agrupamento BRICS de cinco emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). “Juntos, representam cerca de 42% da população do mundo, 23% do PIB, 30% do território e 18% do comércio mundial”.
Ela também compara as trajetórias desenvolvimentistas das duas nações, em que a emergência da China está ligada ao socialismo moderno e nacionalista que adotou. “Já o Brasil, luta por um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, ainda tendo que enfrentar as forças reacionárias e negacionistas do conservadorismo, as forças que defendem os interesses imperialistas que impõem ao país restrições ao desenvolvimento econômico, social e político de toda a ordem”, afirma.
Da mesma forma, diz ela, a parceria que já existe entre os PCs deve se desenvolver em patamares superiores com intercambio maior entre delegações e conhecimento. “O desenvolvimento da República Popular da China e sua política internacional contribuem decisivamente para o desenvolvimento e o crescimento de dezenas de outros países que se integram numa política de ganha—ganha e de cooperação mútua que vão dando uma nova fisionomia para as relações internacionais no mundo”, encerrou Luciana.
Leia a íntegra do discurso de Luciana SantosPedro Josephi falou como o mundo permanece perplexo diante do processo revolucionário que levou a China ao centro da produtividade global e a se tornar o país mais atrativo para investimentos internacionais. Ele ressaltou como o PCCh, com seus 90 milhões de filiados, realizou uma profunda reforma agrária e uma industrialização que foram fundamentos desse processo.
Esse perplexidade se expressa na dificuldade da intelectualidade ocidental em categorizar o fenômeno econômico e político que é o socialismo chinês. “Pouco me preocupo com a terminologia, pois Marx dizia que o que importa é a prática”, disse ele. A combinação de elementos do capitalismo e do socialismo foi capaz, como observa ele, de levar a China a um crescimento exponencial do seu PIB, universalizou a alfabetização, desenvolveu a tecnologia do 5G e chegou a Marte.
“Tornou a China um país de classe média, com serviços públicos gratuitos e acessíveis para todos, um ambiente propício e fértil para os investimentos internacionais, com preocupação com a necessidade de preservação ambiental, sendo o país que mais investe em energias limpas e as melhores práticas de desenvolvimento sustentável”, apontou.
Ele agradeceu a cooperação chinesa com o Brasil em meio à pandemia, “em que pese as agressões gratuitas não compartilhadas pelo povo brasileiro”.
Para ele, a China busca uma nova forma de se relacionar com o mundo, que pode ajudar a América Latina a superar a falta de um projeto nacional devido às restrições impostas pelo imperialismo americano.
Peng Xiantang, vice-diretor do Centro Sino-Brasileiro de Pesquisas Socioeconômicas do Instituto Confúcio da Universidade de Pernambuco e diretor chinês do Instituto Confúcio da UPE, salientou o intercambio cultural que promove no Brasil, desse 2013.
Tem reunido especialistas brasileiros e chineses para debater temas como mecanismos de inovação, segurança alimentar, energia limpa e internacionalização da moeda chinesa, a iniciativa do Cinturão e Rota e educação, entre outros. Ele acredita que, apesar das distancias geográficas, culturais, e da barreira do idioma, há aproximações no contexto econômico e social.
Ele mencionou o modo como nas décadas de 1970 e 1980, ambos os países passam por transformações profundas. “Apesar de sua dimensão, Brasil e China não têm muita força na governança mundial, ou voz na participação mundial. Precisamos melhorar nossa capacidade de contar nossas historias”, disse, apontando para a necessidade de fortalecer mecanismos de estudo e pesquisa sino-brasileira. O centro de pesquisa específico para estudos da China na FGV e o Instituto Confúcio, são janelas de conhecimento importantes, na opinião dele.
Ana Prestes resgatou similaridades entre o surgimento dos partidos comunistas no Brasil e na China, a partir de uma trajetória que remete à sua linhagem familiar. A modernização brasileira tem raízes no movimento tenentista e na espetacular Coluna Prestes, iniciada por seu avô Luiz Carlos Prestes, que se tornou um dos mais proeminentes líderes comunistas do mundo. Ela mostra que, desde os anos 1920, já havia uma intersecção entre as trajetórias dos dois partidos.
“Prestes esteve na China para comemorar os dez anos da revolução”, relatou ela. A virada dos anos 1950 na China foi paralela ao enfrentamento no Brasil, pelos comunistas, de poderosas forças do atraso. “A ditadura militar exigiu muito dos comunistas em buscar a melhor forma de defender seu povo e achar meios de sobreviver física e ideologicamente à clandestinidade, à ilegalidade, à perseguição, às mortes e à tortura”, destacou, citando ainda a Carta de Krushev, que causou abalos ideológicos no movimento comunista internacional.
O diálogo histórico entre os países foi de mão dupla, conforme o desenvolvimento brasileiro inédito entre 1930 e 1978 também foi fonte para a China compreender seu potencial. Ela terminou homenageando Haroldo Lima, recentemente falecido em decorrência da covid-19, que tinha uma relação interessada com a China. “A distância do estado brasileiro da experiência chinesa se aprofunda, conforme fica mais evidente a tragédia em que o Brasil mergulha, ao avançar em pobreza e desigualdade e deixar sua população à mercê de um vírus”, observa.
Zhou Zhiwei, diretor-executivo do Centro de Pesquisa do Brasil do Instituto Latino-Americano na Academia Chinesa de Ciências Sociais, destaca o salta de US$ 23 de PIB per capita dos chineses na década de 1940 para US$ 10 mil dólares, hoje. “A China era um país castigado pelo imperialismo, feudalismo e colonialismo e conseguiu emancipação e êxitos impressionantes, sempre orientado pelo marxismo leninismo, colocando os trabalhadores sempre em primeiro lugar”, declarou.
Ele ressaltou como o marxismo está na base das reformas da estrutura e do socialismo chinês, “mas ajustado para a cultura, afazeres e hábitos chineses”. “A China está numa nova etapa em que se pergunta de qual governança precisa para resolver as contradições que aparecem nesse momento para não aumentar a desigualdade”, salienta, mostrando que o PCCh se preocupa em desenvolver uma estrutura eficiente que resolva os problemas que surgem, que modernize a governança chinesa no partido para as reformas.
A iniciativa de Cinturão e Nova Rota da Seda também tornam-se um desafio monumental para a estratégia do país. Discutem-se 128 medidas envolvendo defesa, economia, política, cultura e meio ambiente, entre outras. Ele diz que, mesmo não assinando a iniciativa chinesa, o Brasil como maior país da América Latina com participação ativa na governança global, é parceiro estratégico. Ele citou inúmeros mecanismos de diálogos bilaterais e multilaterais entre Brasil e China.
O Brasil é o único país da América Latina com voos diretos para a China, assim como a China é parceiro importante na infraestrutura do Brasil, seja na mineração, na agricultura, na infraestrutura de hidrelétricas, aeroportos, portos, linhas elétricas e concessão de portos. “O comércio bilateral ultrapassou US$ 100 bi e nunca desceu. A China é o maior país destino de exportações brasileiras, com mais de 30% e grande destino de investimentos diretos chineses”.
A professora Christine Dabat, do Departamento de História da UFPE, defende que o Brasil precisa desenvolver sua própria cinologia (seu ponto de vista especializado sobre a China), para não depender de interpretações de outros países.
Ela prestou sua homenagem aos “jovens corajosos” que, de 1921 a 1949 tomaram a “decisão perigosa e ousada” de apostar num futuro emancipado para a China. Ele considera que houve um enorme espírito de sacrifício desses militantes comunistas num período muito longo de repressão, que tornou a empreitada quase improvável e praticamente impossível.
Ela considera original o fato da revolução ter se apoiado na maioria camponesa, já que o movimento proletário foi completamente esmagado. Foi assim que foi possível superar, “para dizer claramente, o narcotráfico que as potências ocidentais organizaram para derrubar a China”.
Nesse período de resistência a Chiang Kai-shek ela destaca, com carinho acadêmico, a participação das mulheres. Christine fez um relato da história da mobilização do PCCh para construir essa resistência às invasões brutais e repressivas até antes de 1949, quando começa a reforma agrária, que melhora a vida camponesa e financia a industrialização nos anos 1950.
Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)
Ela abriu o diálogo salientando os conceitos essenciais que norteiam a trajetória do Partido. O primeiro, para ela, é a “grandeza das ideias”, expresso por Xi Jinping na “missão original de buscar o bem-estar do povo chinês”, ao erradicar a pobreza absoluta entre 1,4 bilhões de chineses, fazer o país prosperar, estabelecer o estado de direito e derrotando a pandemia.
Ela citou novamente o secretário-geral Xi Jinping, quando disse: “O Partido Comunista da China conseguiu cumprir as missões árduas que as outras forças políticas não foram capazes de realizar, porque persiste no marxismo como o guia para suas ações e mantém o compromisso de enriquecer e desenvolver esta teoria científica nas suas práticas.” Mas ressaltou, também, que o Partido vem adaptando o marxismo à realidade chinesa, desde Mao Zedong e Deng Xiaoping, por meio de conceitos como a “Tríplice Representatividade”, o Desenvolvimento Científico e, agora, o Pensamento de Xi Jinping sobre o Socialismo com Características Chinesas na Nova Era.
Outro conceito que ela salienta é a “grandeza das práticas”, que se não estiverem firmadas na realidade do povo podem sofrer danos e até reviravoltas. “A grandeza das práticas reflete-se em priorizar os interesses do povo e persistir na linha das massas populares”, diz ela. Ela concorda com a linha do Partido de primar pelo vínculo próximo com a população.
“A razão pela qual o Partido Comunista da China ganhou o apoio espontâneo de centenas de milhões de chineses reside no fato de que sempre serve ao povo de forma dedicada, exerce o poder em benefício do povo, sensibiliza-se com o povo e busca o bem-estar do povo”, reafirma a cônsul. Ela ainda destaca o engajamento da China em parcerias e iniciativas por todo o mundo pela paz, cooperação, transformar o sistema de governança global, condizente com seu papel como grande nação.
O terceiro conceito, segundo ela, é a grandeza da inovação que manifesta-se no espírito de pioneirismo e na busca de atualização constante. Ela pontua as etapas históricas da revolução, desde a luta contra as dominações estrangeiras, a reconstrução e unificação da nação, com as atuais inovações teóricas. Ela citou o grande projeto de Cinturão e Rota, que propôs um novo conceito de desenvolvimento.
Ela conclui afirmando o duro combate a condutas nocivas de formalismo, burocratismo, hedonismo e extravagância. Há uma campanha sólida anticorrupção para consolidar os alicerces da governabilidade.
Leia a íntegra do discurso da cônsul Yan YuqingRenato Rabelo afirmou o olhar atento do PCdoB para a experiência dos dirigentes partidários chineses, incorporando o papel das especificidades brasileiras para a construção do socialismo. Para ele, o centenário do Partido Comunista da China é um acontecimento de magnitude para toda a humanidade.
Ele relacionou a fundação dos partidos comunistas da China e do Brasil, com a diferença de um ano, ao momento de triunfo da Revolução de Outubro, na Rússia. “Diante dessa realidade, o Partido Comunista da China foi fundado como resultado de um movimento de combinação entre a teoria do marxismo-leninismo e o crescimento das lutas camponesa, operária e patriótica da época”, afirmou.
Renato aponta as valiosas vitórias chinesas que só foram possíveis com a liderança do partido. “A vitória da revolução democrática de 1949, levou a China a pôr fim ao sistema de monarquia absoluta feudal, edificar um sistema democrático-popular, unificar o país e suas diferentes etnias, dar um fim conclusivo à sociedade semifeudal e semicolonial, revogar todos os tratados impostos pelas potências estrangeiras e não mais se submeter ao mando do imperialismo na China.
Ele também enfatizou o caráter inovador e original do marxismo chinês, a partir do pensamento de Mao Tsetung e Den Xiaoping. “A China na sua experiência não copiou modelos e teve elevado êxito histórico, demonstrou originalidade. O Partido Comunista da China conseguiu elaborar uma orientação autônoma para a construção do socialismo conforme sua realidade nacional”.
Entre as etapas da condução histórica do partido, ele citou a política de Reforma e Abertura, caracterizada como sendo a etapa primária do socialismo, surgida na 3ª Sessão Plenária do Comitê Central do Partido Comunista da China, em dezembro de 1978. Deng Xiaoping foi o grande dirigente desse novo período, comparado com as experiências exitosas de desenvolvimento em países da Ásia, que não seguiram o Consenso de Washington.
Renato se mostra atento as novas perspectivas apontadas pelo presidente Xi Jinping em seu relatório ao 19º Congresso do Partido Comunista da China, em 2017, quando sinalizou uma nova etapa de desafios ao socialismo chinês. Ele observa como o governo encarou a epidemia em Wuhan como um teste para o Partido.
“O verdadeiro legado da República Popular da China ao mundo pós-pandemia é sua capacidade cada vez maior de se gestar de forma consciente um Estado e uma sociedade, com base no projeto e na planificação”, diz o dirigente comunista brasileiro, ressaltando a dedicação da Fundação Maurício Grabois ao estudo e pesquisa da experiência chinesa.
Leia a íntegra do discurso de Renato Rabelo
Luciana Santos descreveu em poucas palavras a jornada épica iniciada por doze pessoas, entre elas um líder camponês, de 28 anos, Mao Tsetung, ao fundar o PCCh. Trajetória que se tornou uma grande marcha de 28 anos de lutas para a conquista de Beijing, em 1949. “Em apenas 43 anos, a partir de 1978, a economia chinesa, de atrasada, periférica, começou a ultrapassar a economia de países altamente desenvolvidos, construindo um parque industrial avançado, com alta tecnologia, eliminando a pobreza extrema no interior, rumo a um progresso social, político e econômico sem precedentes na história da humanidade”, pontuou Luciana.
Luciana compara a complementariedade das economias chinesa e brasileira em sua parceria comercial. Parceria que se consolidou com o agrupamento BRICS de cinco emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). “Juntos, representam cerca de 42% da população do mundo, 23% do PIB, 30% do território e 18% do comércio mundial”.
Ela também compara as trajetórias desenvolvimentistas das duas nações, em que a emergência da China está ligada ao socialismo moderno e nacionalista que adotou. “Já o Brasil, luta por um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, ainda tendo que enfrentar as forças reacionárias e negacionistas do conservadorismo, as forças que defendem os interesses imperialistas que impõem ao país restrições ao desenvolvimento econômico, social e político de toda a ordem”, afirma.
Da mesma forma, diz ela, a parceria que já existe entre os PCs deve se desenvolver em patamares superiores com intercambio maior entre delegações e conhecimento. “O desenvolvimento da República Popular da China e sua política internacional contribuem decisivamente para o desenvolvimento e o crescimento de dezenas de outros países que se integram numa política de ganha—ganha e de cooperação mútua que vão dando uma nova fisionomia para as relações internacionais no mundo”, encerrou Luciana.
Leia a íntegra do discurso de Luciana SantosPedro Josephi falou como o mundo permanece perplexo diante do processo revolucionário que levou a China ao centro da produtividade global e a se tornar o país mais atrativo para investimentos internacionais. Ele ressaltou como o PCCh, com seus 90 milhões de filiados, realizou uma profunda reforma agrária e uma industrialização que foram fundamentos desse processo.
Esse perplexidade se expressa na dificuldade da intelectualidade ocidental em categorizar o fenômeno econômico e político que é o socialismo chinês. “Pouco me preocupo com a terminologia, pois Marx dizia que o que importa é a prática”, disse ele. A combinação de elementos do capitalismo e do socialismo foi capaz, como observa ele, de levar a China a um crescimento exponencial do seu PIB, universalizou a alfabetização, desenvolveu a tecnologia do 5G e chegou a Marte.
“Tornou a China um país de classe média, com serviços públicos gratuitos e acessíveis para todos, um ambiente propício e fértil para os investimentos internacionais, com preocupação com a necessidade de preservação ambiental, sendo o país que mais investe em energias limpas e as melhores práticas de desenvolvimento sustentável”, apontou.
Ele agradeceu a cooperação chinesa com o Brasil em meio à pandemia, “em que pese as agressões gratuitas não compartilhadas pelo povo brasileiro”.
Para ele, a China busca uma nova forma de se relacionar com o mundo, que pode ajudar a América Latina a superar a falta de um projeto nacional devido às restrições impostas pelo imperialismo americano.
Peng Xiantang, vice-diretor do Centro Sino-Brasileiro de Pesquisas Socioeconômicas do Instituto Confúcio da Universidade de Pernambuco e diretor chinês do Instituto Confúcio da UPE, salientou o intercambio cultural que promove no Brasil, desse 2013.
Tem reunido especialistas brasileiros e chineses para debater temas como mecanismos de inovação, segurança alimentar, energia limpa e internacionalização da moeda chinesa, a iniciativa do Cinturão e Rota e educação, entre outros. Ele acredita que, apesar das distancias geográficas, culturais, e da barreira do idioma, há aproximações no contexto econômico e social.
Ele mencionou o modo como nas décadas de 1970 e 1980, ambos os países passam por transformações profundas. “Apesar de sua dimensão, Brasil e China não têm muita força na governança mundial, ou voz na participação mundial. Precisamos melhorar nossa capacidade de contar nossas historias”, disse, apontando para a necessidade de fortalecer mecanismos de estudo e pesquisa sino-brasileira. O centro de pesquisa específico para estudos da China na FGV e o Instituto Confúcio, são janelas de conhecimento importantes, na opinião dele.
Ana Prestes resgatou similaridades entre o surgimento dos partidos comunistas no Brasil e na China, a partir de uma trajetória que remete à sua linhagem familiar. A modernização brasileira tem raízes no movimento tenentista e na espetacular Coluna Prestes, iniciada por seu avô Luiz Carlos Prestes, que se tornou um dos mais proeminentes líderes comunistas do mundo. Ela mostra que, desde os anos 1920, já havia uma intersecção entre as trajetórias dos dois partidos.
“Prestes esteve na China para comemorar os dez anos da revolução”, relatou ela. A virada dos anos 1950 na China foi paralela ao enfrentamento no Brasil, pelos comunistas, de poderosas forças do atraso. “A ditadura militar exigiu muito dos comunistas em buscar a melhor forma de defender seu povo e achar meios de sobreviver física e ideologicamente à clandestinidade, à ilegalidade, à perseguição, às mortes e à tortura”, destacou, citando ainda a Carta de Krushev, que causou abalos ideológicos no movimento comunista internacional.
O diálogo histórico entre os países foi de mão dupla, conforme o desenvolvimento brasileiro inédito entre 1930 e 1978 também foi fonte para a China compreender seu potencial. Ela terminou homenageando Haroldo Lima, recentemente falecido em decorrência da covid-19, que tinha uma relação interessada com a China. “A distância do estado brasileiro da experiência chinesa se aprofunda, conforme fica mais evidente a tragédia em que o Brasil mergulha, ao avançar em pobreza e desigualdade e deixar sua população à mercê de um vírus”, observa.
Zhou Zhiwei, diretor-executivo do Centro de Pesquisa do Brasil do Instituto Latino-Americano na Academia Chinesa de Ciências Sociais, destaca o salta de US$ 23 de PIB per capita dos chineses na década de 1940 para US$ 10 mil dólares, hoje. “A China era um país castigado pelo imperialismo, feudalismo e colonialismo e conseguiu emancipação e êxitos impressionantes, sempre orientado pelo marxismo leninismo, colocando os trabalhadores sempre em primeiro lugar”, declarou.
Ele ressaltou como o marxismo está na base das reformas da estrutura e do socialismo chinês, “mas ajustado para a cultura, afazeres e hábitos chineses”. “A China está numa nova etapa em que se pergunta de qual governança precisa para resolver as contradições que aparecem nesse momento para não aumentar a desigualdade”, salienta, mostrando que o PCCh se preocupa em desenvolver uma estrutura eficiente que resolva os problemas que surgem, que modernize a governança chinesa no partido para as reformas.
A iniciativa de Cinturão e Nova Rota da Seda também tornam-se um desafio monumental para a estratégia do país. Discutem-se 128 medidas envolvendo defesa, economia, política, cultura e meio ambiente, entre outras. Ele diz que, mesmo não assinando a iniciativa chinesa, o Brasil como maior país da América Latina com participação ativa na governança global, é parceiro estratégico. Ele citou inúmeros mecanismos de diálogos bilaterais e multilaterais entre Brasil e China.
O Brasil é o único país da América Latina com voos diretos para a China, assim como a China é parceiro importante na infraestrutura do Brasil, seja na mineração, na agricultura, na infraestrutura de hidrelétricas, aeroportos, portos, linhas elétricas e concessão de portos. “O comércio bilateral ultrapassou US$ 100 bi e nunca desceu. A China é o maior país destino de exportações brasileiras, com mais de 30% e grande destino de investimentos diretos chineses”.
A professora Christine Dabat, do Departamento de História da UFPE, defende que o Brasil precisa desenvolver sua própria cinologia (seu ponto de vista especializado sobre a China), para não depender de interpretações de outros países.
Ela prestou sua homenagem aos “jovens corajosos” que, de 1921 a 1949 tomaram a “decisão perigosa e ousada” de apostar num futuro emancipado para a China. Ele considera que houve um enorme espírito de sacrifício desses militantes comunistas num período muito longo de repressão, que tornou a empreitada quase improvável e praticamente impossível.
Ela considera original o fato da revolução ter se apoiado na maioria camponesa, já que o movimento proletário foi completamente esmagado. Foi assim que foi possível superar, “para dizer claramente, o narcotráfico que as potências ocidentais organizaram para derrubar a China”.
Nesse período de resistência a Chiang Kai-shek ela destaca, com carinho acadêmico, a participação das mulheres. Christine fez um relato da história da mobilização do PCCh para construir essa resistência às invasões brutais e repressivas até antes de 1949, quando começa a reforma agrária, que melhora a vida camponesa e financia a industrialização nos anos 1950.
Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)
A cônsul-geral da China em Recife, Yan Yuqing, considera que o centenário do partido chinês é um momento de “relembrar esta história centenária, analisar o papel do Partido para o desenvolvimento da China e do mundo, celebrar os intercâmbios realizados com partidos políticos no Brasil e em outros países, e vislumbrar as perspectivas em sua nova trajetória.
Ela abriu o diálogo salientando os conceitos essenciais que norteiam a trajetória do Partido. O primeiro, para ela, é a “grandeza das ideias”, expresso por Xi Jinping na “missão original de buscar o bem-estar do povo chinês”, ao erradicar a pobreza absoluta entre 1,4 bilhões de chineses, fazer o país prosperar, estabelecer o estado de direito e derrotando a pandemia.
Ela citou novamente o secretário-geral Xi Jinping, quando disse: “O Partido Comunista da China conseguiu cumprir as missões árduas que as outras forças políticas não foram capazes de realizar, porque persiste no marxismo como o guia para suas ações e mantém o compromisso de enriquecer e desenvolver esta teoria científica nas suas práticas.” Mas ressaltou, também, que o Partido vem adaptando o marxismo à realidade chinesa, desde Mao Zedong e Deng Xiaoping, por meio de conceitos como a “Tríplice Representatividade”, o Desenvolvimento Científico e, agora, o Pensamento de Xi Jinping sobre o Socialismo com Características Chinesas na Nova Era.
Outro conceito que ela salienta é a “grandeza das práticas”, que se não estiverem firmadas na realidade do povo podem sofrer danos e até reviravoltas. “A grandeza das práticas reflete-se em priorizar os interesses do povo e persistir na linha das massas populares”, diz ela. Ela concorda com a linha do Partido de primar pelo vínculo próximo com a população.
“A razão pela qual o Partido Comunista da China ganhou o apoio espontâneo de centenas de milhões de chineses reside no fato de que sempre serve ao povo de forma dedicada, exerce o poder em benefício do povo, sensibiliza-se com o povo e busca o bem-estar do povo”, reafirma a cônsul. Ela ainda destaca o engajamento da China em parcerias e iniciativas por todo o mundo pela paz, cooperação, transformar o sistema de governança global, condizente com seu papel como grande nação.
O terceiro conceito, segundo ela, é a grandeza da inovação que manifesta-se no espírito de pioneirismo e na busca de atualização constante. Ela pontua as etapas históricas da revolução, desde a luta contra as dominações estrangeiras, a reconstrução e unificação da nação, com as atuais inovações teóricas. Ela citou o grande projeto de Cinturão e Rota, que propôs um novo conceito de desenvolvimento.
Ela conclui afirmando o duro combate a condutas nocivas de formalismo, burocratismo, hedonismo e extravagância. Há uma campanha sólida anticorrupção para consolidar os alicerces da governabilidade.
Leia a íntegra do discurso da cônsul Yan YuqingRenato Rabelo afirmou o olhar atento do PCdoB para a experiência dos dirigentes partidários chineses, incorporando o papel das especificidades brasileiras para a construção do socialismo. Para ele, o centenário do Partido Comunista da China é um acontecimento de magnitude para toda a humanidade.
Ele relacionou a fundação dos partidos comunistas da China e do Brasil, com a diferença de um ano, ao momento de triunfo da Revolução de Outubro, na Rússia. “Diante dessa realidade, o Partido Comunista da China foi fundado como resultado de um movimento de combinação entre a teoria do marxismo-leninismo e o crescimento das lutas camponesa, operária e patriótica da época”, afirmou.
Renato aponta as valiosas vitórias chinesas que só foram possíveis com a liderança do partido. “A vitória da revolução democrática de 1949, levou a China a pôr fim ao sistema de monarquia absoluta feudal, edificar um sistema democrático-popular, unificar o país e suas diferentes etnias, dar um fim conclusivo à sociedade semifeudal e semicolonial, revogar todos os tratados impostos pelas potências estrangeiras e não mais se submeter ao mando do imperialismo na China.
Ele também enfatizou o caráter inovador e original do marxismo chinês, a partir do pensamento de Mao Tsetung e Den Xiaoping. “A China na sua experiência não copiou modelos e teve elevado êxito histórico, demonstrou originalidade. O Partido Comunista da China conseguiu elaborar uma orientação autônoma para a construção do socialismo conforme sua realidade nacional”.
Entre as etapas da condução histórica do partido, ele citou a política de Reforma e Abertura, caracterizada como sendo a etapa primária do socialismo, surgida na 3ª Sessão Plenária do Comitê Central do Partido Comunista da China, em dezembro de 1978. Deng Xiaoping foi o grande dirigente desse novo período, comparado com as experiências exitosas de desenvolvimento em países da Ásia, que não seguiram o Consenso de Washington.
Renato se mostra atento as novas perspectivas apontadas pelo presidente Xi Jinping em seu relatório ao 19º Congresso do Partido Comunista da China, em 2017, quando sinalizou uma nova etapa de desafios ao socialismo chinês. Ele observa como o governo encarou a epidemia em Wuhan como um teste para o Partido.
“O verdadeiro legado da República Popular da China ao mundo pós-pandemia é sua capacidade cada vez maior de se gestar de forma consciente um Estado e uma sociedade, com base no projeto e na planificação”, diz o dirigente comunista brasileiro, ressaltando a dedicação da Fundação Maurício Grabois ao estudo e pesquisa da experiência chinesa.
Leia a íntegra do discurso de Renato Rabelo
Luciana Santos descreveu em poucas palavras a jornada épica iniciada por doze pessoas, entre elas um líder camponês, de 28 anos, Mao Tsetung, ao fundar o PCCh. Trajetória que se tornou uma grande marcha de 28 anos de lutas para a conquista de Beijing, em 1949. “Em apenas 43 anos, a partir de 1978, a economia chinesa, de atrasada, periférica, começou a ultrapassar a economia de países altamente desenvolvidos, construindo um parque industrial avançado, com alta tecnologia, eliminando a pobreza extrema no interior, rumo a um progresso social, político e econômico sem precedentes na história da humanidade”, pontuou Luciana.
Luciana compara a complementariedade das economias chinesa e brasileira em sua parceria comercial. Parceria que se consolidou com o agrupamento BRICS de cinco emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). “Juntos, representam cerca de 42% da população do mundo, 23% do PIB, 30% do território e 18% do comércio mundial”.
Ela também compara as trajetórias desenvolvimentistas das duas nações, em que a emergência da China está ligada ao socialismo moderno e nacionalista que adotou. “Já o Brasil, luta por um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, ainda tendo que enfrentar as forças reacionárias e negacionistas do conservadorismo, as forças que defendem os interesses imperialistas que impõem ao país restrições ao desenvolvimento econômico, social e político de toda a ordem”, afirma.
Da mesma forma, diz ela, a parceria que já existe entre os PCs deve se desenvolver em patamares superiores com intercambio maior entre delegações e conhecimento. “O desenvolvimento da República Popular da China e sua política internacional contribuem decisivamente para o desenvolvimento e o crescimento de dezenas de outros países que se integram numa política de ganha—ganha e de cooperação mútua que vão dando uma nova fisionomia para as relações internacionais no mundo”, encerrou Luciana.
Leia a íntegra do discurso de Luciana SantosPedro Josephi falou como o mundo permanece perplexo diante do processo revolucionário que levou a China ao centro da produtividade global e a se tornar o país mais atrativo para investimentos internacionais. Ele ressaltou como o PCCh, com seus 90 milhões de filiados, realizou uma profunda reforma agrária e uma industrialização que foram fundamentos desse processo.
Esse perplexidade se expressa na dificuldade da intelectualidade ocidental em categorizar o fenômeno econômico e político que é o socialismo chinês. “Pouco me preocupo com a terminologia, pois Marx dizia que o que importa é a prática”, disse ele. A combinação de elementos do capitalismo e do socialismo foi capaz, como observa ele, de levar a China a um crescimento exponencial do seu PIB, universalizou a alfabetização, desenvolveu a tecnologia do 5G e chegou a Marte.
“Tornou a China um país de classe média, com serviços públicos gratuitos e acessíveis para todos, um ambiente propício e fértil para os investimentos internacionais, com preocupação com a necessidade de preservação ambiental, sendo o país que mais investe em energias limpas e as melhores práticas de desenvolvimento sustentável”, apontou.
Ele agradeceu a cooperação chinesa com o Brasil em meio à pandemia, “em que pese as agressões gratuitas não compartilhadas pelo povo brasileiro”.
Para ele, a China busca uma nova forma de se relacionar com o mundo, que pode ajudar a América Latina a superar a falta de um projeto nacional devido às restrições impostas pelo imperialismo americano.
Peng Xiantang, vice-diretor do Centro Sino-Brasileiro de Pesquisas Socioeconômicas do Instituto Confúcio da Universidade de Pernambuco e diretor chinês do Instituto Confúcio da UPE, salientou o intercambio cultural que promove no Brasil, desse 2013.
Tem reunido especialistas brasileiros e chineses para debater temas como mecanismos de inovação, segurança alimentar, energia limpa e internacionalização da moeda chinesa, a iniciativa do Cinturão e Rota e educação, entre outros. Ele acredita que, apesar das distancias geográficas, culturais, e da barreira do idioma, há aproximações no contexto econômico e social.
Ele mencionou o modo como nas décadas de 1970 e 1980, ambos os países passam por transformações profundas. “Apesar de sua dimensão, Brasil e China não têm muita força na governança mundial, ou voz na participação mundial. Precisamos melhorar nossa capacidade de contar nossas historias”, disse, apontando para a necessidade de fortalecer mecanismos de estudo e pesquisa sino-brasileira. O centro de pesquisa específico para estudos da China na FGV e o Instituto Confúcio, são janelas de conhecimento importantes, na opinião dele.
Ana Prestes resgatou similaridades entre o surgimento dos partidos comunistas no Brasil e na China, a partir de uma trajetória que remete à sua linhagem familiar. A modernização brasileira tem raízes no movimento tenentista e na espetacular Coluna Prestes, iniciada por seu avô Luiz Carlos Prestes, que se tornou um dos mais proeminentes líderes comunistas do mundo. Ela mostra que, desde os anos 1920, já havia uma intersecção entre as trajetórias dos dois partidos.
“Prestes esteve na China para comemorar os dez anos da revolução”, relatou ela. A virada dos anos 1950 na China foi paralela ao enfrentamento no Brasil, pelos comunistas, de poderosas forças do atraso. “A ditadura militar exigiu muito dos comunistas em buscar a melhor forma de defender seu povo e achar meios de sobreviver física e ideologicamente à clandestinidade, à ilegalidade, à perseguição, às mortes e à tortura”, destacou, citando ainda a Carta de Krushev, que causou abalos ideológicos no movimento comunista internacional.
O diálogo histórico entre os países foi de mão dupla, conforme o desenvolvimento brasileiro inédito entre 1930 e 1978 também foi fonte para a China compreender seu potencial. Ela terminou homenageando Haroldo Lima, recentemente falecido em decorrência da covid-19, que tinha uma relação interessada com a China. “A distância do estado brasileiro da experiência chinesa se aprofunda, conforme fica mais evidente a tragédia em que o Brasil mergulha, ao avançar em pobreza e desigualdade e deixar sua população à mercê de um vírus”, observa.
Zhou Zhiwei, diretor-executivo do Centro de Pesquisa do Brasil do Instituto Latino-Americano na Academia Chinesa de Ciências Sociais, destaca o salta de US$ 23 de PIB per capita dos chineses na década de 1940 para US$ 10 mil dólares, hoje. “A China era um país castigado pelo imperialismo, feudalismo e colonialismo e conseguiu emancipação e êxitos impressionantes, sempre orientado pelo marxismo leninismo, colocando os trabalhadores sempre em primeiro lugar”, declarou.
Ele ressaltou como o marxismo está na base das reformas da estrutura e do socialismo chinês, “mas ajustado para a cultura, afazeres e hábitos chineses”. “A China está numa nova etapa em que se pergunta de qual governança precisa para resolver as contradições que aparecem nesse momento para não aumentar a desigualdade”, salienta, mostrando que o PCCh se preocupa em desenvolver uma estrutura eficiente que resolva os problemas que surgem, que modernize a governança chinesa no partido para as reformas.
A iniciativa de Cinturão e Nova Rota da Seda também tornam-se um desafio monumental para a estratégia do país. Discutem-se 128 medidas envolvendo defesa, economia, política, cultura e meio ambiente, entre outras. Ele diz que, mesmo não assinando a iniciativa chinesa, o Brasil como maior país da América Latina com participação ativa na governança global, é parceiro estratégico. Ele citou inúmeros mecanismos de diálogos bilaterais e multilaterais entre Brasil e China.
O Brasil é o único país da América Latina com voos diretos para a China, assim como a China é parceiro importante na infraestrutura do Brasil, seja na mineração, na agricultura, na infraestrutura de hidrelétricas, aeroportos, portos, linhas elétricas e concessão de portos. “O comércio bilateral ultrapassou US$ 100 bi e nunca desceu. A China é o maior país destino de exportações brasileiras, com mais de 30% e grande destino de investimentos diretos chineses”.
A professora Christine Dabat, do Departamento de História da UFPE, defende que o Brasil precisa desenvolver sua própria cinologia (seu ponto de vista especializado sobre a China), para não depender de interpretações de outros países.
Ela prestou sua homenagem aos “jovens corajosos” que, de 1921 a 1949 tomaram a “decisão perigosa e ousada” de apostar num futuro emancipado para a China. Ele considera que houve um enorme espírito de sacrifício desses militantes comunistas num período muito longo de repressão, que tornou a empreitada quase improvável e praticamente impossível.
Ela considera original o fato da revolução ter se apoiado na maioria camponesa, já que o movimento proletário foi completamente esmagado. Foi assim que foi possível superar, “para dizer claramente, o narcotráfico que as potências ocidentais organizaram para derrubar a China”.
Nesse período de resistência a Chiang Kai-shek ela destaca, com carinho acadêmico, a participação das mulheres. Christine fez um relato da história da mobilização do PCCh para construir essa resistência às invasões brutais e repressivas até antes de 1949, quando começa a reforma agrária, que melhora a vida camponesa e financia a industrialização nos anos 1950.
Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)
O evento foi organizado pelo Consulado Geral da China em Recife, em parceria com a Fundação Maurício Grabois, a Fundação Leonel Brizola e o Centro Sino-Brasileiro de Pesquisas Socioeconômicas. Todos destacaram o enorme avanço alcançado em pouco mais de setenta anos de revolução. Nos últimos 40 anos, a China retirou 840 milhões de pessoas da linha da pobreza, sendo assim responsável por 83% dos seres humanos retirados da miséria no mundo nesse período. A China sob o critério da Paridade do Poder de Compra (PPC) já é dimensionada como a maior economia do mundo.
A cônsul-geral da China em Recife, Yan Yuqing, considera que o centenário do partido chinês é um momento de “relembrar esta história centenária, analisar o papel do Partido para o desenvolvimento da China e do mundo, celebrar os intercâmbios realizados com partidos políticos no Brasil e em outros países, e vislumbrar as perspectivas em sua nova trajetória.
Ela abriu o diálogo salientando os conceitos essenciais que norteiam a trajetória do Partido. O primeiro, para ela, é a “grandeza das ideias”, expresso por Xi Jinping na “missão original de buscar o bem-estar do povo chinês”, ao erradicar a pobreza absoluta entre 1,4 bilhões de chineses, fazer o país prosperar, estabelecer o estado de direito e derrotando a pandemia.
Ela citou novamente o secretário-geral Xi Jinping, quando disse: “O Partido Comunista da China conseguiu cumprir as missões árduas que as outras forças políticas não foram capazes de realizar, porque persiste no marxismo como o guia para suas ações e mantém o compromisso de enriquecer e desenvolver esta teoria científica nas suas práticas.” Mas ressaltou, também, que o Partido vem adaptando o marxismo à realidade chinesa, desde Mao Zedong e Deng Xiaoping, por meio de conceitos como a “Tríplice Representatividade”, o Desenvolvimento Científico e, agora, o Pensamento de Xi Jinping sobre o Socialismo com Características Chinesas na Nova Era.
Outro conceito que ela salienta é a “grandeza das práticas”, que se não estiverem firmadas na realidade do povo podem sofrer danos e até reviravoltas. “A grandeza das práticas reflete-se em priorizar os interesses do povo e persistir na linha das massas populares”, diz ela. Ela concorda com a linha do Partido de primar pelo vínculo próximo com a população.
“A razão pela qual o Partido Comunista da China ganhou o apoio espontâneo de centenas de milhões de chineses reside no fato de que sempre serve ao povo de forma dedicada, exerce o poder em benefício do povo, sensibiliza-se com o povo e busca o bem-estar do povo”, reafirma a cônsul. Ela ainda destaca o engajamento da China em parcerias e iniciativas por todo o mundo pela paz, cooperação, transformar o sistema de governança global, condizente com seu papel como grande nação.
O terceiro conceito, segundo ela, é a grandeza da inovação que manifesta-se no espírito de pioneirismo e na busca de atualização constante. Ela pontua as etapas históricas da revolução, desde a luta contra as dominações estrangeiras, a reconstrução e unificação da nação, com as atuais inovações teóricas. Ela citou o grande projeto de Cinturão e Rota, que propôs um novo conceito de desenvolvimento.
Ela conclui afirmando o duro combate a condutas nocivas de formalismo, burocratismo, hedonismo e extravagância. Há uma campanha sólida anticorrupção para consolidar os alicerces da governabilidade.
Leia a íntegra do discurso da cônsul Yan YuqingRenato Rabelo afirmou o olhar atento do PCdoB para a experiência dos dirigentes partidários chineses, incorporando o papel das especificidades brasileiras para a construção do socialismo. Para ele, o centenário do Partido Comunista da China é um acontecimento de magnitude para toda a humanidade.
Ele relacionou a fundação dos partidos comunistas da China e do Brasil, com a diferença de um ano, ao momento de triunfo da Revolução de Outubro, na Rússia. “Diante dessa realidade, o Partido Comunista da China foi fundado como resultado de um movimento de combinação entre a teoria do marxismo-leninismo e o crescimento das lutas camponesa, operária e patriótica da época”, afirmou.
Renato aponta as valiosas vitórias chinesas que só foram possíveis com a liderança do partido. “A vitória da revolução democrática de 1949, levou a China a pôr fim ao sistema de monarquia absoluta feudal, edificar um sistema democrático-popular, unificar o país e suas diferentes etnias, dar um fim conclusivo à sociedade semifeudal e semicolonial, revogar todos os tratados impostos pelas potências estrangeiras e não mais se submeter ao mando do imperialismo na China.
Ele também enfatizou o caráter inovador e original do marxismo chinês, a partir do pensamento de Mao Tsetung e Den Xiaoping. “A China na sua experiência não copiou modelos e teve elevado êxito histórico, demonstrou originalidade. O Partido Comunista da China conseguiu elaborar uma orientação autônoma para a construção do socialismo conforme sua realidade nacional”.
Entre as etapas da condução histórica do partido, ele citou a política de Reforma e Abertura, caracterizada como sendo a etapa primária do socialismo, surgida na 3ª Sessão Plenária do Comitê Central do Partido Comunista da China, em dezembro de 1978. Deng Xiaoping foi o grande dirigente desse novo período, comparado com as experiências exitosas de desenvolvimento em países da Ásia, que não seguiram o Consenso de Washington.
Renato se mostra atento as novas perspectivas apontadas pelo presidente Xi Jinping em seu relatório ao 19º Congresso do Partido Comunista da China, em 2017, quando sinalizou uma nova etapa de desafios ao socialismo chinês. Ele observa como o governo encarou a epidemia em Wuhan como um teste para o Partido.
“O verdadeiro legado da República Popular da China ao mundo pós-pandemia é sua capacidade cada vez maior de se gestar de forma consciente um Estado e uma sociedade, com base no projeto e na planificação”, diz o dirigente comunista brasileiro, ressaltando a dedicação da Fundação Maurício Grabois ao estudo e pesquisa da experiência chinesa.
Leia a íntegra do discurso de Renato Rabelo
Luciana Santos descreveu em poucas palavras a jornada épica iniciada por doze pessoas, entre elas um líder camponês, de 28 anos, Mao Tsetung, ao fundar o PCCh. Trajetória que se tornou uma grande marcha de 28 anos de lutas para a conquista de Beijing, em 1949. “Em apenas 43 anos, a partir de 1978, a economia chinesa, de atrasada, periférica, começou a ultrapassar a economia de países altamente desenvolvidos, construindo um parque industrial avançado, com alta tecnologia, eliminando a pobreza extrema no interior, rumo a um progresso social, político e econômico sem precedentes na história da humanidade”, pontuou Luciana.
Luciana compara a complementariedade das economias chinesa e brasileira em sua parceria comercial. Parceria que se consolidou com o agrupamento BRICS de cinco emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). “Juntos, representam cerca de 42% da população do mundo, 23% do PIB, 30% do território e 18% do comércio mundial”.
Ela também compara as trajetórias desenvolvimentistas das duas nações, em que a emergência da China está ligada ao socialismo moderno e nacionalista que adotou. “Já o Brasil, luta por um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, ainda tendo que enfrentar as forças reacionárias e negacionistas do conservadorismo, as forças que defendem os interesses imperialistas que impõem ao país restrições ao desenvolvimento econômico, social e político de toda a ordem”, afirma.
Da mesma forma, diz ela, a parceria que já existe entre os PCs deve se desenvolver em patamares superiores com intercambio maior entre delegações e conhecimento. “O desenvolvimento da República Popular da China e sua política internacional contribuem decisivamente para o desenvolvimento e o crescimento de dezenas de outros países que se integram numa política de ganha—ganha e de cooperação mútua que vão dando uma nova fisionomia para as relações internacionais no mundo”, encerrou Luciana.
Leia a íntegra do discurso de Luciana SantosPedro Josephi falou como o mundo permanece perplexo diante do processo revolucionário que levou a China ao centro da produtividade global e a se tornar o país mais atrativo para investimentos internacionais. Ele ressaltou como o PCCh, com seus 90 milhões de filiados, realizou uma profunda reforma agrária e uma industrialização que foram fundamentos desse processo.
Esse perplexidade se expressa na dificuldade da intelectualidade ocidental em categorizar o fenômeno econômico e político que é o socialismo chinês. “Pouco me preocupo com a terminologia, pois Marx dizia que o que importa é a prática”, disse ele. A combinação de elementos do capitalismo e do socialismo foi capaz, como observa ele, de levar a China a um crescimento exponencial do seu PIB, universalizou a alfabetização, desenvolveu a tecnologia do 5G e chegou a Marte.
“Tornou a China um país de classe média, com serviços públicos gratuitos e acessíveis para todos, um ambiente propício e fértil para os investimentos internacionais, com preocupação com a necessidade de preservação ambiental, sendo o país que mais investe em energias limpas e as melhores práticas de desenvolvimento sustentável”, apontou.
Ele agradeceu a cooperação chinesa com o Brasil em meio à pandemia, “em que pese as agressões gratuitas não compartilhadas pelo povo brasileiro”.
Para ele, a China busca uma nova forma de se relacionar com o mundo, que pode ajudar a América Latina a superar a falta de um projeto nacional devido às restrições impostas pelo imperialismo americano.
Peng Xiantang, vice-diretor do Centro Sino-Brasileiro de Pesquisas Socioeconômicas do Instituto Confúcio da Universidade de Pernambuco e diretor chinês do Instituto Confúcio da UPE, salientou o intercambio cultural que promove no Brasil, desse 2013.
Tem reunido especialistas brasileiros e chineses para debater temas como mecanismos de inovação, segurança alimentar, energia limpa e internacionalização da moeda chinesa, a iniciativa do Cinturão e Rota e educação, entre outros. Ele acredita que, apesar das distancias geográficas, culturais, e da barreira do idioma, há aproximações no contexto econômico e social.
Ele mencionou o modo como nas décadas de 1970 e 1980, ambos os países passam por transformações profundas. “Apesar de sua dimensão, Brasil e China não têm muita força na governança mundial, ou voz na participação mundial. Precisamos melhorar nossa capacidade de contar nossas historias”, disse, apontando para a necessidade de fortalecer mecanismos de estudo e pesquisa sino-brasileira. O centro de pesquisa específico para estudos da China na FGV e o Instituto Confúcio, são janelas de conhecimento importantes, na opinião dele.
Ana Prestes resgatou similaridades entre o surgimento dos partidos comunistas no Brasil e na China, a partir de uma trajetória que remete à sua linhagem familiar. A modernização brasileira tem raízes no movimento tenentista e na espetacular Coluna Prestes, iniciada por seu avô Luiz Carlos Prestes, que se tornou um dos mais proeminentes líderes comunistas do mundo. Ela mostra que, desde os anos 1920, já havia uma intersecção entre as trajetórias dos dois partidos.
“Prestes esteve na China para comemorar os dez anos da revolução”, relatou ela. A virada dos anos 1950 na China foi paralela ao enfrentamento no Brasil, pelos comunistas, de poderosas forças do atraso. “A ditadura militar exigiu muito dos comunistas em buscar a melhor forma de defender seu povo e achar meios de sobreviver física e ideologicamente à clandestinidade, à ilegalidade, à perseguição, às mortes e à tortura”, destacou, citando ainda a Carta de Krushev, que causou abalos ideológicos no movimento comunista internacional.
O diálogo histórico entre os países foi de mão dupla, conforme o desenvolvimento brasileiro inédito entre 1930 e 1978 também foi fonte para a China compreender seu potencial. Ela terminou homenageando Haroldo Lima, recentemente falecido em decorrência da covid-19, que tinha uma relação interessada com a China. “A distância do estado brasileiro da experiência chinesa se aprofunda, conforme fica mais evidente a tragédia em que o Brasil mergulha, ao avançar em pobreza e desigualdade e deixar sua população à mercê de um vírus”, observa.
Zhou Zhiwei, diretor-executivo do Centro de Pesquisa do Brasil do Instituto Latino-Americano na Academia Chinesa de Ciências Sociais, destaca o salta de US$ 23 de PIB per capita dos chineses na década de 1940 para US$ 10 mil dólares, hoje. “A China era um país castigado pelo imperialismo, feudalismo e colonialismo e conseguiu emancipação e êxitos impressionantes, sempre orientado pelo marxismo leninismo, colocando os trabalhadores sempre em primeiro lugar”, declarou.
Ele ressaltou como o marxismo está na base das reformas da estrutura e do socialismo chinês, “mas ajustado para a cultura, afazeres e hábitos chineses”. “A China está numa nova etapa em que se pergunta de qual governança precisa para resolver as contradições que aparecem nesse momento para não aumentar a desigualdade”, salienta, mostrando que o PCCh se preocupa em desenvolver uma estrutura eficiente que resolva os problemas que surgem, que modernize a governança chinesa no partido para as reformas.
A iniciativa de Cinturão e Nova Rota da Seda também tornam-se um desafio monumental para a estratégia do país. Discutem-se 128 medidas envolvendo defesa, economia, política, cultura e meio ambiente, entre outras. Ele diz que, mesmo não assinando a iniciativa chinesa, o Brasil como maior país da América Latina com participação ativa na governança global, é parceiro estratégico. Ele citou inúmeros mecanismos de diálogos bilaterais e multilaterais entre Brasil e China.
O Brasil é o único país da América Latina com voos diretos para a China, assim como a China é parceiro importante na infraestrutura do Brasil, seja na mineração, na agricultura, na infraestrutura de hidrelétricas, aeroportos, portos, linhas elétricas e concessão de portos. “O comércio bilateral ultrapassou US$ 100 bi e nunca desceu. A China é o maior país destino de exportações brasileiras, com mais de 30% e grande destino de investimentos diretos chineses”.
A professora Christine Dabat, do Departamento de História da UFPE, defende que o Brasil precisa desenvolver sua própria cinologia (seu ponto de vista especializado sobre a China), para não depender de interpretações de outros países.
Ela prestou sua homenagem aos “jovens corajosos” que, de 1921 a 1949 tomaram a “decisão perigosa e ousada” de apostar num futuro emancipado para a China. Ele considera que houve um enorme espírito de sacrifício desses militantes comunistas num período muito longo de repressão, que tornou a empreitada quase improvável e praticamente impossível.
Ela considera original o fato da revolução ter se apoiado na maioria camponesa, já que o movimento proletário foi completamente esmagado. Foi assim que foi possível superar, “para dizer claramente, o narcotráfico que as potências ocidentais organizaram para derrubar a China”.
Nesse período de resistência a Chiang Kai-shek ela destaca, com carinho acadêmico, a participação das mulheres. Christine fez um relato da história da mobilização do PCCh para construir essa resistência às invasões brutais e repressivas até antes de 1949, quando começa a reforma agrária, que melhora a vida camponesa e financia a industrialização nos anos 1950.
Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)
Dirigentes do Partido Comunista do Brasil, entre especialistas e estudiosos, participaram, nesta terça-feira (29), do diálogo de Think Tanks China-Brasil para celebrar os cem anos de história do Partido Comunista Chinês (PCCh).
Dirigentes do Partido Comunista do Brasil participaram, nesta terça-feira (29), do diálogo de Think Tank China-Brasil para analisar os cem anos de história do Partido Comunista Chinês (PCCh), celebrado neste 1º de julho. Entre os convidados estiveram especialistas e estudiosos da historia do partido, assim como dirigentes do PCdoB, como a presidenta nacional e vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos, o presidente da Fundação Maurício Grabois, Renato Rabelo, e Ana Prestes, da Comissão de Relações Internacionais do Partido. O presidente da Fundação Leonel Brizola de Pernambuco e dirigente do PDT, Pedro Josephi também avaliou a trajetória dos comunistas chineses.
O evento foi organizado pelo Consulado Geral da China em Recife, em parceria com a Fundação Maurício Grabois, a Fundação Leonel Brizola e o Centro Sino-Brasileiro de Pesquisas Socioeconômicas. Todos destacaram o enorme avanço alcançado em pouco mais de setenta anos de revolução. Nos últimos 40 anos, a China retirou 840 milhões de pessoas da linha da pobreza, sendo assim responsável por 83% dos seres humanos retirados da miséria no mundo nesse período. A China sob o critério da Paridade do Poder de Compra (PPC) já é dimensionada como a maior economia do mundo.
A cônsul-geral da China em Recife, Yan Yuqing, considera que o centenário do partido chinês é um momento de “relembrar esta história centenária, analisar o papel do Partido para o desenvolvimento da China e do mundo, celebrar os intercâmbios realizados com partidos políticos no Brasil e em outros países, e vislumbrar as perspectivas em sua nova trajetória.
Ela abriu o diálogo salientando os conceitos essenciais que norteiam a trajetória do Partido. O primeiro, para ela, é a “grandeza das ideias”, expresso por Xi Jinping na “missão original de buscar o bem-estar do povo chinês”, ao erradicar a pobreza absoluta entre 1,4 bilhões de chineses, fazer o país prosperar, estabelecer o estado de direito e derrotando a pandemia.
Ela citou novamente o secretário-geral Xi Jinping, quando disse: “O Partido Comunista da China conseguiu cumprir as missões árduas que as outras forças políticas não foram capazes de realizar, porque persiste no marxismo como o guia para suas ações e mantém o compromisso de enriquecer e desenvolver esta teoria científica nas suas práticas.” Mas ressaltou, também, que o Partido vem adaptando o marxismo à realidade chinesa, desde Mao Zedong e Deng Xiaoping, por meio de conceitos como a “Tríplice Representatividade”, o Desenvolvimento Científico e, agora, o Pensamento de Xi Jinping sobre o Socialismo com Características Chinesas na Nova Era.
Outro conceito que ela salienta é a “grandeza das práticas”, que se não estiverem firmadas na realidade do povo podem sofrer danos e até reviravoltas. “A grandeza das práticas reflete-se em priorizar os interesses do povo e persistir na linha das massas populares”, diz ela. Ela concorda com a linha do Partido de primar pelo vínculo próximo com a população.
“A razão pela qual o Partido Comunista da China ganhou o apoio espontâneo de centenas de milhões de chineses reside no fato de que sempre serve ao povo de forma dedicada, exerce o poder em benefício do povo, sensibiliza-se com o povo e busca o bem-estar do povo”, reafirma a cônsul. Ela ainda destaca o engajamento da China em parcerias e iniciativas por todo o mundo pela paz, cooperação, transformar o sistema de governança global, condizente com seu papel como grande nação.
O terceiro conceito, segundo ela, é a grandeza da inovação que manifesta-se no espírito de pioneirismo e na busca de atualização constante. Ela pontua as etapas históricas da revolução, desde a luta contra as dominações estrangeiras, a reconstrução e unificação da nação, com as atuais inovações teóricas. Ela citou o grande projeto de Cinturão e Rota, que propôs um novo conceito de desenvolvimento.
Ela conclui afirmando o duro combate a condutas nocivas de formalismo, burocratismo, hedonismo e extravagância. Há uma campanha sólida anticorrupção para consolidar os alicerces da governabilidade.
Leia a íntegra do discurso da cônsul Yan YuqingRenato Rabelo afirmou o olhar atento do PCdoB para a experiência dos dirigentes partidários chineses, incorporando o papel das especificidades brasileiras para a construção do socialismo. Para ele, o centenário do Partido Comunista da China é um acontecimento de magnitude para toda a humanidade.
Ele relacionou a fundação dos partidos comunistas da China e do Brasil, com a diferença de um ano, ao momento de triunfo da Revolução de Outubro, na Rússia. “Diante dessa realidade, o Partido Comunista da China foi fundado como resultado de um movimento de combinação entre a teoria do marxismo-leninismo e o crescimento das lutas camponesa, operária e patriótica da época”, afirmou.
Renato aponta as valiosas vitórias chinesas que só foram possíveis com a liderança do partido. “A vitória da revolução democrática de 1949, levou a China a pôr fim ao sistema de monarquia absoluta feudal, edificar um sistema democrático-popular, unificar o país e suas diferentes etnias, dar um fim conclusivo à sociedade semifeudal e semicolonial, revogar todos os tratados impostos pelas potências estrangeiras e não mais se submeter ao mando do imperialismo na China.
Ele também enfatizou o caráter inovador e original do marxismo chinês, a partir do pensamento de Mao Tsetung e Den Xiaoping. “A China na sua experiência não copiou modelos e teve elevado êxito histórico, demonstrou originalidade. O Partido Comunista da China conseguiu elaborar uma orientação autônoma para a construção do socialismo conforme sua realidade nacional”.
Entre as etapas da condução histórica do partido, ele citou a política de Reforma e Abertura, caracterizada como sendo a etapa primária do socialismo, surgida na 3ª Sessão Plenária do Comitê Central do Partido Comunista da China, em dezembro de 1978. Deng Xiaoping foi o grande dirigente desse novo período, comparado com as experiências exitosas de desenvolvimento em países da Ásia, que não seguiram o Consenso de Washington.
Renato se mostra atento as novas perspectivas apontadas pelo presidente Xi Jinping em seu relatório ao 19º Congresso do Partido Comunista da China, em 2017, quando sinalizou uma nova etapa de desafios ao socialismo chinês. Ele observa como o governo encarou a epidemia em Wuhan como um teste para o Partido.
“O verdadeiro legado da República Popular da China ao mundo pós-pandemia é sua capacidade cada vez maior de se gestar de forma consciente um Estado e uma sociedade, com base no projeto e na planificação”, diz o dirigente comunista brasileiro, ressaltando a dedicação da Fundação Maurício Grabois ao estudo e pesquisa da experiência chinesa.
Leia a íntegra do discurso de Renato Rabelo
Luciana Santos descreveu em poucas palavras a jornada épica iniciada por doze pessoas, entre elas um líder camponês, de 28 anos, Mao Tsetung, ao fundar o PCCh. Trajetória que se tornou uma grande marcha de 28 anos de lutas para a conquista de Beijing, em 1949. “Em apenas 43 anos, a partir de 1978, a economia chinesa, de atrasada, periférica, começou a ultrapassar a economia de países altamente desenvolvidos, construindo um parque industrial avançado, com alta tecnologia, eliminando a pobreza extrema no interior, rumo a um progresso social, político e econômico sem precedentes na história da humanidade”, pontuou Luciana.
Luciana compara a complementariedade das economias chinesa e brasileira em sua parceria comercial. Parceria que se consolidou com o agrupamento BRICS de cinco emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). “Juntos, representam cerca de 42% da população do mundo, 23% do PIB, 30% do território e 18% do comércio mundial”.
Ela também compara as trajetórias desenvolvimentistas das duas nações, em que a emergência da China está ligada ao socialismo moderno e nacionalista que adotou. “Já o Brasil, luta por um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, ainda tendo que enfrentar as forças reacionárias e negacionistas do conservadorismo, as forças que defendem os interesses imperialistas que impõem ao país restrições ao desenvolvimento econômico, social e político de toda a ordem”, afirma.
Da mesma forma, diz ela, a parceria que já existe entre os PCs deve se desenvolver em patamares superiores com intercambio maior entre delegações e conhecimento. “O desenvolvimento da República Popular da China e sua política internacional contribuem decisivamente para o desenvolvimento e o crescimento de dezenas de outros países que se integram numa política de ganha—ganha e de cooperação mútua que vão dando uma nova fisionomia para as relações internacionais no mundo”, encerrou Luciana.
Leia a íntegra do discurso de Luciana SantosPedro Josephi falou como o mundo permanece perplexo diante do processo revolucionário que levou a China ao centro da produtividade global e a se tornar o país mais atrativo para investimentos internacionais. Ele ressaltou como o PCCh, com seus 90 milhões de filiados, realizou uma profunda reforma agrária e uma industrialização que foram fundamentos desse processo.
Esse perplexidade se expressa na dificuldade da intelectualidade ocidental em categorizar o fenômeno econômico e político que é o socialismo chinês. “Pouco me preocupo com a terminologia, pois Marx dizia que o que importa é a prática”, disse ele. A combinação de elementos do capitalismo e do socialismo foi capaz, como observa ele, de levar a China a um crescimento exponencial do seu PIB, universalizou a alfabetização, desenvolveu a tecnologia do 5G e chegou a Marte.
“Tornou a China um país de classe média, com serviços públicos gratuitos e acessíveis para todos, um ambiente propício e fértil para os investimentos internacionais, com preocupação com a necessidade de preservação ambiental, sendo o país que mais investe em energias limpas e as melhores práticas de desenvolvimento sustentável”, apontou.
Ele agradeceu a cooperação chinesa com o Brasil em meio à pandemia, “em que pese as agressões gratuitas não compartilhadas pelo povo brasileiro”.
Para ele, a China busca uma nova forma de se relacionar com o mundo, que pode ajudar a América Latina a superar a falta de um projeto nacional devido às restrições impostas pelo imperialismo americano.
Peng Xiantang, vice-diretor do Centro Sino-Brasileiro de Pesquisas Socioeconômicas do Instituto Confúcio da Universidade de Pernambuco e diretor chinês do Instituto Confúcio da UPE, salientou o intercambio cultural que promove no Brasil, desse 2013.
Tem reunido especialistas brasileiros e chineses para debater temas como mecanismos de inovação, segurança alimentar, energia limpa e internacionalização da moeda chinesa, a iniciativa do Cinturão e Rota e educação, entre outros. Ele acredita que, apesar das distancias geográficas, culturais, e da barreira do idioma, há aproximações no contexto econômico e social.
Ele mencionou o modo como nas décadas de 1970 e 1980, ambos os países passam por transformações profundas. “Apesar de sua dimensão, Brasil e China não têm muita força na governança mundial, ou voz na participação mundial. Precisamos melhorar nossa capacidade de contar nossas historias”, disse, apontando para a necessidade de fortalecer mecanismos de estudo e pesquisa sino-brasileira. O centro de pesquisa específico para estudos da China na FGV e o Instituto Confúcio, são janelas de conhecimento importantes, na opinião dele.
Ana Prestes resgatou similaridades entre o surgimento dos partidos comunistas no Brasil e na China, a partir de uma trajetória que remete à sua linhagem familiar. A modernização brasileira tem raízes no movimento tenentista e na espetacular Coluna Prestes, iniciada por seu avô Luiz Carlos Prestes, que se tornou um dos mais proeminentes líderes comunistas do mundo. Ela mostra que, desde os anos 1920, já havia uma intersecção entre as trajetórias dos dois partidos.
“Prestes esteve na China para comemorar os dez anos da revolução”, relatou ela. A virada dos anos 1950 na China foi paralela ao enfrentamento no Brasil, pelos comunistas, de poderosas forças do atraso. “A ditadura militar exigiu muito dos comunistas em buscar a melhor forma de defender seu povo e achar meios de sobreviver física e ideologicamente à clandestinidade, à ilegalidade, à perseguição, às mortes e à tortura”, destacou, citando ainda a Carta de Krushev, que causou abalos ideológicos no movimento comunista internacional.
O diálogo histórico entre os países foi de mão dupla, conforme o desenvolvimento brasileiro inédito entre 1930 e 1978 também foi fonte para a China compreender seu potencial. Ela terminou homenageando Haroldo Lima, recentemente falecido em decorrência da covid-19, que tinha uma relação interessada com a China. “A distância do estado brasileiro da experiência chinesa se aprofunda, conforme fica mais evidente a tragédia em que o Brasil mergulha, ao avançar em pobreza e desigualdade e deixar sua população à mercê de um vírus”, observa.
Zhou Zhiwei, diretor-executivo do Centro de Pesquisa do Brasil do Instituto Latino-Americano na Academia Chinesa de Ciências Sociais, destaca o salta de US$ 23 de PIB per capita dos chineses na década de 1940 para US$ 10 mil dólares, hoje. “A China era um país castigado pelo imperialismo, feudalismo e colonialismo e conseguiu emancipação e êxitos impressionantes, sempre orientado pelo marxismo leninismo, colocando os trabalhadores sempre em primeiro lugar”, declarou.
Ele ressaltou como o marxismo está na base das reformas da estrutura e do socialismo chinês, “mas ajustado para a cultura, afazeres e hábitos chineses”. “A China está numa nova etapa em que se pergunta de qual governança precisa para resolver as contradições que aparecem nesse momento para não aumentar a desigualdade”, salienta, mostrando que o PCCh se preocupa em desenvolver uma estrutura eficiente que resolva os problemas que surgem, que modernize a governança chinesa no partido para as reformas.
A iniciativa de Cinturão e Nova Rota da Seda também tornam-se um desafio monumental para a estratégia do país. Discutem-se 128 medidas envolvendo defesa, economia, política, cultura e meio ambiente, entre outras. Ele diz que, mesmo não assinando a iniciativa chinesa, o Brasil como maior país da América Latina com participação ativa na governança global, é parceiro estratégico. Ele citou inúmeros mecanismos de diálogos bilaterais e multilaterais entre Brasil e China.
O Brasil é o único país da América Latina com voos diretos para a China, assim como a China é parceiro importante na infraestrutura do Brasil, seja na mineração, na agricultura, na infraestrutura de hidrelétricas, aeroportos, portos, linhas elétricas e concessão de portos. “O comércio bilateral ultrapassou US$ 100 bi e nunca desceu. A China é o maior país destino de exportações brasileiras, com mais de 30% e grande destino de investimentos diretos chineses”.
A professora Christine Dabat, do Departamento de História da UFPE, defende que o Brasil precisa desenvolver sua própria cinologia (seu ponto de vista especializado sobre a China), para não depender de interpretações de outros países.
Ela prestou sua homenagem aos “jovens corajosos” que, de 1921 a 1949 tomaram a “decisão perigosa e ousada” de apostar num futuro emancipado para a China. Ele considera que houve um enorme espírito de sacrifício desses militantes comunistas num período muito longo de repressão, que tornou a empreitada quase improvável e praticamente impossível.
Ela considera original o fato da revolução ter se apoiado na maioria camponesa, já que o movimento proletário foi completamente esmagado. Foi assim que foi possível superar, “para dizer claramente, o narcotráfico que as potências ocidentais organizaram para derrubar a China”.
Nesse período de resistência a Chiang Kai-shek ela destaca, com carinho acadêmico, a participação das mulheres. Christine fez um relato da história da mobilização do PCCh para construir essa resistência às invasões brutais e repressivas até antes de 1949, quando começa a reforma agrária, que melhora a vida camponesa e financia a industrialização nos anos 1950.
Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)
Dirigentes do Partido Comunista do Brasil, entre especialistas e estudiosos, participaram, nesta terça-feira (29), do diálogo de Think Tanks China-Brasil para celebrar os cem anos de história do Partido Comunista Chinês (PCCh).
Dirigentes do Partido Comunista do Brasil participaram, nesta terça-feira (29), do diálogo de Think Tank China-Brasil para analisar os cem anos de história do Partido Comunista Chinês (PCCh), celebrado neste 1º de julho. Entre os convidados estiveram especialistas e estudiosos da historia do partido, assim como dirigentes do PCdoB, como a presidenta nacional e vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos, o presidente da Fundação Maurício Grabois, Renato Rabelo, e Ana Prestes, da Comissão de Relações Internacionais do Partido. O presidente da Fundação Leonel Brizola de Pernambuco e dirigente do PDT, Pedro Josephi também avaliou a trajetória dos comunistas chineses.
O evento foi organizado pelo Consulado Geral da China em Recife, em parceria com a Fundação Maurício Grabois, a Fundação Leonel Brizola e o Centro Sino-Brasileiro de Pesquisas Socioeconômicas. Todos destacaram o enorme avanço alcançado em pouco mais de setenta anos de revolução. Nos últimos 40 anos, a China retirou 840 milhões de pessoas da linha da pobreza, sendo assim responsável por 83% dos seres humanos retirados da miséria no mundo nesse período. A China sob o critério da Paridade do Poder de Compra (PPC) já é dimensionada como a maior economia do mundo.
A cônsul-geral da China em Recife, Yan Yuqing, considera que o centenário do partido chinês é um momento de “relembrar esta história centenária, analisar o papel do Partido para o desenvolvimento da China e do mundo, celebrar os intercâmbios realizados com partidos políticos no Brasil e em outros países, e vislumbrar as perspectivas em sua nova trajetória.
Ela abriu o diálogo salientando os conceitos essenciais que norteiam a trajetória do Partido. O primeiro, para ela, é a “grandeza das ideias”, expresso por Xi Jinping na “missão original de buscar o bem-estar do povo chinês”, ao erradicar a pobreza absoluta entre 1,4 bilhões de chineses, fazer o país prosperar, estabelecer o estado de direito e derrotando a pandemia.
Ela citou novamente o secretário-geral Xi Jinping, quando disse: “O Partido Comunista da China conseguiu cumprir as missões árduas que as outras forças políticas não foram capazes de realizar, porque persiste no marxismo como o guia para suas ações e mantém o compromisso de enriquecer e desenvolver esta teoria científica nas suas práticas.” Mas ressaltou, também, que o Partido vem adaptando o marxismo à realidade chinesa, desde Mao Zedong e Deng Xiaoping, por meio de conceitos como a “Tríplice Representatividade”, o Desenvolvimento Científico e, agora, o Pensamento de Xi Jinping sobre o Socialismo com Características Chinesas na Nova Era.
Outro conceito que ela salienta é a “grandeza das práticas”, que se não estiverem firmadas na realidade do povo podem sofrer danos e até reviravoltas. “A grandeza das práticas reflete-se em priorizar os interesses do povo e persistir na linha das massas populares”, diz ela. Ela concorda com a linha do Partido de primar pelo vínculo próximo com a população.
“A razão pela qual o Partido Comunista da China ganhou o apoio espontâneo de centenas de milhões de chineses reside no fato de que sempre serve ao povo de forma dedicada, exerce o poder em benefício do povo, sensibiliza-se com o povo e busca o bem-estar do povo”, reafirma a cônsul. Ela ainda destaca o engajamento da China em parcerias e iniciativas por todo o mundo pela paz, cooperação, transformar o sistema de governança global, condizente com seu papel como grande nação.
O terceiro conceito, segundo ela, é a grandeza da inovação que manifesta-se no espírito de pioneirismo e na busca de atualização constante. Ela pontua as etapas históricas da revolução, desde a luta contra as dominações estrangeiras, a reconstrução e unificação da nação, com as atuais inovações teóricas. Ela citou o grande projeto de Cinturão e Rota, que propôs um novo conceito de desenvolvimento.
Ela conclui afirmando o duro combate a condutas nocivas de formalismo, burocratismo, hedonismo e extravagância. Há uma campanha sólida anticorrupção para consolidar os alicerces da governabilidade.
Leia a íntegra do discurso da cônsul Yan YuqingRenato Rabelo afirmou o olhar atento do PCdoB para a experiência dos dirigentes partidários chineses, incorporando o papel das especificidades brasileiras para a construção do socialismo. Para ele, o centenário do Partido Comunista da China é um acontecimento de magnitude para toda a humanidade.
Ele relacionou a fundação dos partidos comunistas da China e do Brasil, com a diferença de um ano, ao momento de triunfo da Revolução de Outubro, na Rússia. “Diante dessa realidade, o Partido Comunista da China foi fundado como resultado de um movimento de combinação entre a teoria do marxismo-leninismo e o crescimento das lutas camponesa, operária e patriótica da época”, afirmou.
Renato aponta as valiosas vitórias chinesas que só foram possíveis com a liderança do partido. “A vitória da revolução democrática de 1949, levou a China a pôr fim ao sistema de monarquia absoluta feudal, edificar um sistema democrático-popular, unificar o país e suas diferentes etnias, dar um fim conclusivo à sociedade semifeudal e semicolonial, revogar todos os tratados impostos pelas potências estrangeiras e não mais se submeter ao mando do imperialismo na China.
Ele também enfatizou o caráter inovador e original do marxismo chinês, a partir do pensamento de Mao Tsetung e Den Xiaoping. “A China na sua experiência não copiou modelos e teve elevado êxito histórico, demonstrou originalidade. O Partido Comunista da China conseguiu elaborar uma orientação autônoma para a construção do socialismo conforme sua realidade nacional”.
Entre as etapas da condução histórica do partido, ele citou a política de Reforma e Abertura, caracterizada como sendo a etapa primária do socialismo, surgida na 3ª Sessão Plenária do Comitê Central do Partido Comunista da China, em dezembro de 1978. Deng Xiaoping foi o grande dirigente desse novo período, comparado com as experiências exitosas de desenvolvimento em países da Ásia, que não seguiram o Consenso de Washington.
Renato se mostra atento as novas perspectivas apontadas pelo presidente Xi Jinping em seu relatório ao 19º Congresso do Partido Comunista da China, em 2017, quando sinalizou uma nova etapa de desafios ao socialismo chinês. Ele observa como o governo encarou a epidemia em Wuhan como um teste para o Partido.
“O verdadeiro legado da República Popular da China ao mundo pós-pandemia é sua capacidade cada vez maior de se gestar de forma consciente um Estado e uma sociedade, com base no projeto e na planificação”, diz o dirigente comunista brasileiro, ressaltando a dedicação da Fundação Maurício Grabois ao estudo e pesquisa da experiência chinesa.
Leia a íntegra do discurso de Renato Rabelo
Luciana Santos descreveu em poucas palavras a jornada épica iniciada por doze pessoas, entre elas um líder camponês, de 28 anos, Mao Tsetung, ao fundar o PCCh. Trajetória que se tornou uma grande marcha de 28 anos de lutas para a conquista de Beijing, em 1949. “Em apenas 43 anos, a partir de 1978, a economia chinesa, de atrasada, periférica, começou a ultrapassar a economia de países altamente desenvolvidos, construindo um parque industrial avançado, com alta tecnologia, eliminando a pobreza extrema no interior, rumo a um progresso social, político e econômico sem precedentes na história da humanidade”, pontuou Luciana.
Luciana compara a complementariedade das economias chinesa e brasileira em sua parceria comercial. Parceria que se consolidou com o agrupamento BRICS de cinco emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). “Juntos, representam cerca de 42% da população do mundo, 23% do PIB, 30% do território e 18% do comércio mundial”.
Ela também compara as trajetórias desenvolvimentistas das duas nações, em que a emergência da China está ligada ao socialismo moderno e nacionalista que adotou. “Já o Brasil, luta por um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, ainda tendo que enfrentar as forças reacionárias e negacionistas do conservadorismo, as forças que defendem os interesses imperialistas que impõem ao país restrições ao desenvolvimento econômico, social e político de toda a ordem”, afirma.
Da mesma forma, diz ela, a parceria que já existe entre os PCs deve se desenvolver em patamares superiores com intercambio maior entre delegações e conhecimento. “O desenvolvimento da República Popular da China e sua política internacional contribuem decisivamente para o desenvolvimento e o crescimento de dezenas de outros países que se integram numa política de ganha—ganha e de cooperação mútua que vão dando uma nova fisionomia para as relações internacionais no mundo”, encerrou Luciana.
Leia a íntegra do discurso de Luciana SantosPedro Josephi falou como o mundo permanece perplexo diante do processo revolucionário que levou a China ao centro da produtividade global e a se tornar o país mais atrativo para investimentos internacionais. Ele ressaltou como o PCCh, com seus 90 milhões de filiados, realizou uma profunda reforma agrária e uma industrialização que foram fundamentos desse processo.
Esse perplexidade se expressa na dificuldade da intelectualidade ocidental em categorizar o fenômeno econômico e político que é o socialismo chinês. “Pouco me preocupo com a terminologia, pois Marx dizia que o que importa é a prática”, disse ele. A combinação de elementos do capitalismo e do socialismo foi capaz, como observa ele, de levar a China a um crescimento exponencial do seu PIB, universalizou a alfabetização, desenvolveu a tecnologia do 5G e chegou a Marte.
“Tornou a China um país de classe média, com serviços públicos gratuitos e acessíveis para todos, um ambiente propício e fértil para os investimentos internacionais, com preocupação com a necessidade de preservação ambiental, sendo o país que mais investe em energias limpas e as melhores práticas de desenvolvimento sustentável”, apontou.
Ele agradeceu a cooperação chinesa com o Brasil em meio à pandemia, “em que pese as agressões gratuitas não compartilhadas pelo povo brasileiro”.
Para ele, a China busca uma nova forma de se relacionar com o mundo, que pode ajudar a América Latina a superar a falta de um projeto nacional devido às restrições impostas pelo imperialismo americano.
Peng Xiantang, vice-diretor do Centro Sino-Brasileiro de Pesquisas Socioeconômicas do Instituto Confúcio da Universidade de Pernambuco e diretor chinês do Instituto Confúcio da UPE, salientou o intercambio cultural que promove no Brasil, desse 2013.
Tem reunido especialistas brasileiros e chineses para debater temas como mecanismos de inovação, segurança alimentar, energia limpa e internacionalização da moeda chinesa, a iniciativa do Cinturão e Rota e educação, entre outros. Ele acredita que, apesar das distancias geográficas, culturais, e da barreira do idioma, há aproximações no contexto econômico e social.
Ele mencionou o modo como nas décadas de 1970 e 1980, ambos os países passam por transformações profundas. “Apesar de sua dimensão, Brasil e China não têm muita força na governança mundial, ou voz na participação mundial. Precisamos melhorar nossa capacidade de contar nossas historias”, disse, apontando para a necessidade de fortalecer mecanismos de estudo e pesquisa sino-brasileira. O centro de pesquisa específico para estudos da China na FGV e o Instituto Confúcio, são janelas de conhecimento importantes, na opinião dele.
Ana Prestes resgatou similaridades entre o surgimento dos partidos comunistas no Brasil e na China, a partir de uma trajetória que remete à sua linhagem familiar. A modernização brasileira tem raízes no movimento tenentista e na espetacular Coluna Prestes, iniciada por seu avô Luiz Carlos Prestes, que se tornou um dos mais proeminentes líderes comunistas do mundo. Ela mostra que, desde os anos 1920, já havia uma intersecção entre as trajetórias dos dois partidos.
“Prestes esteve na China para comemorar os dez anos da revolução”, relatou ela. A virada dos anos 1950 na China foi paralela ao enfrentamento no Brasil, pelos comunistas, de poderosas forças do atraso. “A ditadura militar exigiu muito dos comunistas em buscar a melhor forma de defender seu povo e achar meios de sobreviver física e ideologicamente à clandestinidade, à ilegalidade, à perseguição, às mortes e à tortura”, destacou, citando ainda a Carta de Krushev, que causou abalos ideológicos no movimento comunista internacional.
O diálogo histórico entre os países foi de mão dupla, conforme o desenvolvimento brasileiro inédito entre 1930 e 1978 também foi fonte para a China compreender seu potencial. Ela terminou homenageando Haroldo Lima, recentemente falecido em decorrência da covid-19, que tinha uma relação interessada com a China. “A distância do estado brasileiro da experiência chinesa se aprofunda, conforme fica mais evidente a tragédia em que o Brasil mergulha, ao avançar em pobreza e desigualdade e deixar sua população à mercê de um vírus”, observa.
Zhou Zhiwei, diretor-executivo do Centro de Pesquisa do Brasil do Instituto Latino-Americano na Academia Chinesa de Ciências Sociais, destaca o salta de US$ 23 de PIB per capita dos chineses na década de 1940 para US$ 10 mil dólares, hoje. “A China era um país castigado pelo imperialismo, feudalismo e colonialismo e conseguiu emancipação e êxitos impressionantes, sempre orientado pelo marxismo leninismo, colocando os trabalhadores sempre em primeiro lugar”, declarou.
Ele ressaltou como o marxismo está na base das reformas da estrutura e do socialismo chinês, “mas ajustado para a cultura, afazeres e hábitos chineses”. “A China está numa nova etapa em que se pergunta de qual governança precisa para resolver as contradições que aparecem nesse momento para não aumentar a desigualdade”, salienta, mostrando que o PCCh se preocupa em desenvolver uma estrutura eficiente que resolva os problemas que surgem, que modernize a governança chinesa no partido para as reformas.
A iniciativa de Cinturão e Nova Rota da Seda também tornam-se um desafio monumental para a estratégia do país. Discutem-se 128 medidas envolvendo defesa, economia, política, cultura e meio ambiente, entre outras. Ele diz que, mesmo não assinando a iniciativa chinesa, o Brasil como maior país da América Latina com participação ativa na governança global, é parceiro estratégico. Ele citou inúmeros mecanismos de diálogos bilaterais e multilaterais entre Brasil e China.
O Brasil é o único país da América Latina com voos diretos para a China, assim como a China é parceiro importante na infraestrutura do Brasil, seja na mineração, na agricultura, na infraestrutura de hidrelétricas, aeroportos, portos, linhas elétricas e concessão de portos. “O comércio bilateral ultrapassou US$ 100 bi e nunca desceu. A China é o maior país destino de exportações brasileiras, com mais de 30% e grande destino de investimentos diretos chineses”.
A professora Christine Dabat, do Departamento de História da UFPE, defende que o Brasil precisa desenvolver sua própria cinologia (seu ponto de vista especializado sobre a China), para não depender de interpretações de outros países.
Ela prestou sua homenagem aos “jovens corajosos” que, de 1921 a 1949 tomaram a “decisão perigosa e ousada” de apostar num futuro emancipado para a China. Ele considera que houve um enorme espírito de sacrifício desses militantes comunistas num período muito longo de repressão, que tornou a empreitada quase improvável e praticamente impossível.
Ela considera original o fato da revolução ter se apoiado na maioria camponesa, já que o movimento proletário foi completamente esmagado. Foi assim que foi possível superar, “para dizer claramente, o narcotráfico que as potências ocidentais organizaram para derrubar a China”.
Nesse período de resistência a Chiang Kai-shek ela destaca, com carinho acadêmico, a participação das mulheres. Christine fez um relato da história da mobilização do PCCh para construir essa resistência às invasões brutais e repressivas até antes de 1949, quando começa a reforma agrária, que melhora a vida camponesa e financia a industrialização nos anos 1950.
Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China do curso de Direito da FGV-Rio, considera que as conquistas chinesas são indissociáveis do modelo de governança sob liderança do PCCh. Mas ele considera que há uma visão superficial e estigmatizada desse processo chinês. “Entenderíamos melhor, se olhássemos sem preconceitos ocidentais”, disse.
Para ele, há um “eclipse cognitivo” que cria uma barreira para a compreensão do fenômeno. Já em 1937, Lin Yutang, de Harvard, dizia que a incompreensão ocidental sobre a China não tinha meio termo, “ou se gosta, ou se tem aversão”, o que justifica os gostos sobre o país. “Magnificamente ignorada, a China preferia ter sido compreendida do que ser descrita como grande”, algo que se dizia nos anos 1930 e parece continuar válido até hoje.
“Há pouca abertura para se estudar a China do ponto de vista chinês, no Brasil”, diz Carvalho, sobre o “ranço intelectual” que inspira preconceito em todo o ocidente.
Ele compara o partido e seus membros à agulha e linha para a costura do país, com seu tecido esgarçado pelas guerras. “Ao deixar de ser o partido da revolução para se tornar o partido do poder, o PCCh deixou para trás o século dos tratados humilhantes, para subir dos US$ 149 bi do PIB, em 1948, para os US$ 14 tri dólares atuais, com a ampliação do papel do mercado”.
Ele citou gigantes como a Lenovo, Huawei, Alibaba, Tencent e Baidu considerados alguns dos mais intelientes do mundo. Mencionou o fato da China assumir. o primeiro lugar em corrida de patentes, com uma educação que estimula a inovação. A China também é a primeira em incubadoras de apoio a novos empreendedores, tem 11 universidades entre as 100 melhores do mundo, deixando universidades tradicionais americanas como Yale e Columbia para trás.
Ele critica a caricatura de país fechado para o mundo, quando seus turistas são os que mais gastam. O potencial de expansão desse mercado é enorme se consideramos que apenas 10% dos chineses têm passaporte. Ele ainda aponta uma abertura gradual do sistema financeiro, com investidores estrangeiros ávidos para entrar no setor de ativos financeiros.
O 14o. Plano Quinquenal traz uma clara recomendação de investimento em inovação, principal motor do desenvolvimento, com preocupação com sustentabilidade desse crescimento, estabilidade no ambiente de negócios de classe mundial e cooperação internacional. Segundo ele, o fortalecimento do estado de direito com novo código civil, como estratégia para atender às demandas de uma classe média crescente.
Carvalho vê a Iniciativa de Cinturão e Rota conectando a Ásia e abrindo possibilidade de conexão com o resto do mundo, como a versão chinesa de globalização. Para ele, “ao enquadrar a realidade chinesa aos padrões ocidentais, intelectuais agradam ouvidos dos críticos da China, mas não compreendem, nem falam a língua dos chineses”.
Carvalho ainda diz que a “ascensão chinesa introduz uma nova semântica, novas táticas, que, ora se entendem e atritam com potências ocidentais”. “O PCCh soube ser resiliente e paciente para aprender com seus êxitos e fracassos, mas também com o mundo, ao contrário do que o senso comum pregou. O PC é mais aberto ao diálogo que muitos partidos ocidentais”, concluiu ele.
(Por Cezar Xavier)
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