PC da Argentina: verdadeira unidade é contra o FMI e o neoliberalismo
Os resultados das Primárias Abertas, Simultâneas e Obrigatórias (PASO), que favoreceram a direita neoliberal e representaram um duro revés para o governo do presidente Alberto Fernández, está provocando um grande debate entre os progressistas argentinos. Nesta quinta-feira (16), o Secretariado Nacional do Partido Comunista da Argentina emitiu uma nota sobre o tema. Leia, abaixo, a íntegra.
Atender às demandas dos/das trabalhadores/ras para reverter o resultado eleitoral
Depois do resultado do PASO e reafirmando nossa proposta de unidade para enfrentar a direita e as políticas ditadas pelo FMI, nós comunistas nos comprometemos, como membros da Frente Todxs, a continuar nossa militância com vistas às eleições de novembro. E levar a cabo as propostas que deram origem à Frente e nos permitiram derrotar o macrismo em 2019.
Entendemos que esta é a mensagem dada pela sociedade ao governo e que deve ser tomada como um grande alerta.
Os esforços feitos para garantir a vacinação contra a Pandemia de COVID-19 não escondem as deficiências ou a insuficiência das medidas tomadas para amenizar a crise socioeconômica em que nos encontramos. Não são suficientes para enfrentar os poderes concentrados e travar o processo inflacionário que constantemente provoca a perda do poder aquisitivo dos salários e das pensões, condenando à sobrevivência precária a grande maioria do nosso povo.
Para enfrentar adequadamente as consequências da crise acumulada na Argentina desde 2015, aquela provocada pelo macrismo a que se somaram os efeitos que a pandemia gerou mundialmente, devem ser tomadas medidas estruturais, em profundidade, que atentem contra o próprio coração da matriz capitalista e neoliberal na Argentina.
Para isso é essencial que todas as forças que compõem a Frente de Todxs possam participar democraticamente do debate e das decisões sobre as ações a serem tomadas. Devemos superar a instância da frente eleitoral e nos constituir como uma verdadeira frente política que promova a construção do poder popular e atenda às demandas de nosso povo.
Nos últimos dias da campanha anterior ao PASO, várias referências da direita em nosso país, de Rodriguez Larreta a Vidal, de Milei a López Murphy, deixaram claro que um dos principais objetivos que perseguem é a flexibilidade trabalhista que remove o direitos adquiridos em décadas de lutas dos trabalhadores.
Esta posição foi endossada com o projeto de lei apresentado por Martín Lousteau no Congresso para eliminar as verbas rescisórias em caso de demissão.
Diante disso, os e as comunistas continuaremos trabalhando pela unidade, defendendo nossas propostas:
– Redução da jornada de trabalho / Não à flexibilidade laboral.
– Aumento imediato de salários e pensões de acordo com a cesta básica.
– Não ao acordo com o FMI / Investigação e punição daqueles que contraíram a dívida no governo Macri / Assumir que a prioridade é pagar a dívida interna com o nosso povo.
– Nacionalização do comércio exterior / Exercer a soberania sobre nossas hidrovias.
– Reforma do sistema tributário / Recuperação de empresas de serviço público privatizadas.
– Liberdade a Milagro Sala e a todxs xs presxs políticxs.
– Fortalecimento e maior protagonismo para a economia popular.
– Maior apoio às pequenas e médias empresas e não às grandes corporações.
Para frear o avanço das direitas, tanto em nosso país como em nossa América, não bastam simples retoques, nem mudanças de gabinete. Muito menos acordos com o FMI. Devemos priorizar o pagamento da dívida interna e satisfazer as necessidades de nosso povo defendendo seus direitos.
A direita se enfrenta nas ruas e nas urnas com unidade. Não com acordos de governança ao estilo Moncloa (1), ou fazendo concessões ao bloco de poder e ao FMI.
Os e as comunistas, continuamos a travar esta batalha em todos os campos.
Secretariado Nacional do Partido Comunista da Argentina
16 de setembro de 2021
1 – Pacto celebrado na Espanha, conduzido pelo Rei, na transição espanhola do franquismo, que preservou a monarquia. (N.R.)
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(BL)