Paulo Coelho e Christina Oiticica se oferecem para cobrir gastos do Festival do Capão

Após a repercussão do cancelamento do apoio do governo federal ao Festival de Jazz do Capão, o escritor Paulo Coelho, de 73 anos, e sua mulher, a artista plástica Christina Oiticica, de 69 anos, se ofereceram para cobrir os gastos evento que foi reprovado pela Funarte para ter apoio da Lei Rouanet.

No seu Twitter oficial, na madrugada desta quarta-feira (14), Coelho postou uma foto ao lado de Christina, com quem tem uma fundação, para comunicar que se dispõem a arcar com o valor.

“Fundação Coelho & Oiticica se oferece para cobrir os gastos do Festival do Capão, solicitados via Lei Rouanet (R$ 145,000). Entrem em contato via DM pedindo a alguém que sigo aqui que me transmita. Única condição: que seja antifascista e pela democracia”, dizia o post.

O parecer, anexado no sistema Salicweb, em papel timbrado do Ministério da Cidadania, e datado de 25 de junho de 2021, está assinado pelo coordenador do Programa Nacional de Apoio à Cultura da Funarte, Ronaldo Gomes, que foi exonerado do cargo no dia 2 de julho de 2021 e diz que “o objetivo e finalidade maior de toda música não deveria ser nenhum outro além da Glória de Deus e a renovação da alma”, citando uma fala atribuída ao compositor alemão J. S. Bach (1685-1750).

O documento cita, ainda, que “por inspiração no canto gregoriano, a Música pode ser vista como uma Arte Divina, onde as vozes em união se direcionam à Deus” (sic.). Outro argumento de caráter religioso usado no documento diz que “a Arte é tão singular que pode ser associada ao Criador”.

“Destarte, conforme consta no link https://www.facebook.com/FestivJazzCapao/, localizamos uma postagem do dia 1º de junho de 2020, com uma imagem, contendo um slogan para ‘divulgação’, com a denominação de Festival de Jazz do Capão, na plataforma Facebook, a qual complementou os fundamentos para emissão deste Parecer Técnico. Para tanto, printamos a imagem e a mesma foi encaminhada para à Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura, para upload no Salic, como complementação da apreciação deste parecer”, diz trecho do documento.

Baseado nesse post, o documento afirma que “a ocorrência constatada escapa ao escopo das possíveis denominações do conceito de música”.

“É um parecer absurdo. Em nenhum momento o parecerista foi analisar o projeto de maneira técnica, artística”, critica o músico Rowney Scott, diretor artístico e idealizador do Festival de Jazz do Capão.

“Ele simplesmente foi na nossa página e achou um post avulso, publicado no ano em que não houve captação de recursos e nem teve evento. Nos posicionamos enquanto um evento antifascista e pela democracia e ele fez o parecer em cima disso, com citações religiosas que desvirtuam completamente do que um parecer deveria tratar”, afirma, citando a postagem feita no dia 1º de junho de 2020.