O Partido Comunista Francês (PCF) completa cem anos nesta quarta-feira (30/12). As comemorações do centenário ocorreram durante todo 2020, com videoconferências e exposições, sob o lema “100 anos de história, 100 anos de futuro”. Hoje, o centenário PCF tem cerca de 150 mil filiados e é considerado um dos eixos articuladores da esquerda e da luta de classes na França.

A data que marca a fundação da agremiação coincide com o encerramento do 18º Congresso do Partido Socialista, o Congresso de Tours. Aberto em 25 de dezembro de 1920, o encontro durou cinco dias e culminou na criação da SFIC (Section Française de l’Internationale Communiste – a Seção Francesa da Internacional Comunista).

Conforme relatou, em 2010, o advogado e jornalista Max Altman, o Congresso de Tours transcorreu “debaixo de intensos confrontos de opinião. A maioria dos membros da SFIO (Section Française de l’Internationale Ouvrière – Seção Francesa da Internacional Operária) se mostrou favorável a uma adesão à 3ª Internacional”, criando, assim, o Partido Comunista. Uma minoria restante daria seguimento à SFIO – que teria sua denominação mudada para Partido Socialista somente em 1969.

O Partido Comunista Francês foi fundado por aqueles que, dentro da SFIO, defendiam a Revolução de Outubro na Rússia e se opuseram à participação na 1ª Guerra Mundial. Com efeito, as tensões dentro da SFIO tinham vindo à tona em 1914 com o começo das hostilidades. Àquela altura, a maioria dos membros da direção da SFIO, chamados pela ala esquerda de “social-chauvinistas”, alinhou-se na sustentação do esforço francês na guerra.

Com 120 mil membros, o partido era três vezes maior do que a SFIO. Mas o PCF logo entraria em crise tendo, expulsado um dos seus líderes, Boris Souvarine, e perdido influência já no final dos anos 1920. Apesar disso conseguiu atrair vários intelectuais e artistas de renome, como André Breton, Henri Lefebvre, Paul Eluard e Louis Aragon.

Um ponto alto da trajetória do PCF foi a criação, em 1941, da principal organização da resistência armada ao nazi-fascismo durante a 2ª Guerra Mundial: os Francs-Tireurs et Partisans (FTP). Foi graças, sobretudo, ao prestígio adquirido na luta antifacista que os comunistas franceses passaram a ter expressivos desempenhos eleitorais. O PCF foi o mais votado nas eleições legislativas francesas em 1945, 1951 e 1956.

No final dos anos 1970, um brasileiro entrou para a história do partido. O arquiteto Oscar Niemeyer, comunista assumido, ofereceu gratuitamente ao PCF um projeto para sua sede oficial. A obra foi construída em 1980, na praça Coronel-Fabien, em Paris, e é um dos trabalhos clássicos de Niemeyer.

Entre 1923 e 1993, o PCF também foi responsável pela edição do jornal L’Humanité, fundado em 1904. Um dos mais tradicionais veículos de esquerda na França, o diário dos comunistas foi censurado entre 1939 e 1944, mas continuou a circular clandestinamente sob a ocupação nazista. Durante a guerra na Argélia, entre 1954 e 1962, o jornal também foi impedido de circular por suas posições anticolonialistas. Na fase de maior prestígio, o L’Humanité vendia 250 mil exemplares por dia.

Em entrevista recente ao portal Prensa Latina, o secretário nacional Fabien Roussel enalteceu a história centenária do PCF. Questionado sobre as prioridades impostas pela pandemia de Covid-19 aos comunistas da França, Roussel destacou a luta contra o aumento do desemprego e da pobreza e contra a realocação de fábricas para outros países.

 

Com informações do Brasil de Fato e do Opera Mundi

 

(PL)