O jogo entre os times Universidad de Chile e Internacional, que aconteceu no estádio Nacional em Santiago, na terça (4), teve fortes protestos nas arquibancadas, com cadeiras jogadas na pista de atletismo, setores quebrados e até um princípio de incêndio.

Chegando ao fim da partida válida pela segunda fase da pré-Libertadores, muitos torcedores chilenos com faixas contra o presidente Sebastián Piñera começaram a retirar cadeiras e arremessá-las, com a maioria delas chegando até a pista de atletismo. Algumas inclusive caíram no gramado.

Na parte Sul do estádio, a torcida incendiou alguns objetos, criando um fogo de proporções perigosas para um local com grande quantidade de pessoas.

Muita confusão já ocorria fora do estádio desde o início da partida, mas no segundo tempo o protesto de torcedores se acirrou.

A revolta no Chile chegou ao futebol quando, há alguns dias, um enfrentamento envolvendo torcedores do Colo-Colo contra a polícia chilena resultou na morte de um rapaz, gerando mais protestos nos jogos do campeonato local durante o final de semana e, também, na partida pela Libertadores.

Durante os protestos, os carabineiros – policiais locais – não se mexeram. Os meios locais avaliam que temiam que a situação pudesse ficar pior em caso de conflito.

As imagens do protesto não foram mostradas pela Conmebol durante a transmissão. Todos os relatos foram feitos por jornalistas gaúchos que estavam no estádio cobrindo a partida para os veículos esportivos do Rio Grande do Sul.

Desde outubro do ano passado, os chilenos têm protestado contra privatizações, custo de vida elevado, previdência privada, precariedade na educação e o aumento da desigualdade econômica do país.

Tudo começou com uma ação contra o aumento na tarifa do metrô da capital Santiago, e os protestos se estenderam para o resto do país. As reivindicações colocadas pelos manifestantes ganharam abrangência e surgiram exigências generalizadas: aposentadoria digna, redução do preço dos medicamentos, alívio no endividamento dos chilenos, salários decentes, custo de vida controlado, melhora no transporte público, gratuidade nas universidades, etc.

As equipes empataram em 0 a 0 e no próximo dia 11, no estádio Beira-Rio, Inter e Universidad de Chile definem a classificação à próxima fase do campeonato de futebol mais importante da América Latina.