Batalhão Azov, força paramilitar de ucranianos neonazistas, ajuda no cerco à região das repúblicas antifascistas Donetsk e Lugansk

Por unanimidade, o Conselho da Federação da Rússia (Senado) aprovou na terça-feira (22) a medida do presidente Vladimir Putin para uso das Forças Armadas russas fora das suas fronteiras, iniciativa adotada em consequência do reconhecimento oficial, por Moscou, das repúblicas antifascistas do Donbass, Donetsk e Lugansk.

“Ao concordar com a missão, partimos da premissa de que serão forças da paz, enviadas para preservar a paz e estabilidade na terra das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk”, assinalou a porta-voz do senado, Valentina Matvienko.

“Os acordos garantem a defesa dos direitos dos cidadãos vivendo no território das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, criam uma base legal para a presença de formações russas nos referidos territórios, o que é necessário para a manutenção da paz na região”, ressaltou Klishas.

O reconhecimento foi efusivamente comemorado no Donbass, que está sob cerco de 150 mil soldados ucranianos – além de batalhões de neonazis, como o tristemente célebre Azov.

Na véspera, o presidente Putin e os líderes das duas repúblicas antifascistas assinaram os documentos que estabelecem a cooperação e amizade, assim como formalizam o reconhecimento da independência.

Setores do governo de Kiev vinham explicitamente recomendando “expulsar os russos – a população de fala russa” do Donbass, inclusive havendo consultas à Croácia sobre a operação montada pela Otan que expulsou da Krajina, na mira de armas, 200 mil sérvios.

O reconhecimento de Moscou ocorre após sete anos tentando conseguir que o regime de Kiev – instalado em um golpe de Estado da CIA-neonazis em 2014 – cumprisse os Acordos de Minsk que, resolviam o conflito, através da concessão, na constituição, de autonomia e fim da perseguição contra o idioma russo, além de anistia e eleições.

Levante contra nazificação

Tanto o Donbass quanto a Crimeia haviam se oposto ao golpe de Estado e recusado a nazificação da Ucrânia e anexação pela Otan. O que levou ao levante popular em Donetsk e Lugansk e, na Crimeia, ao referendo que aprovou por larga margem a reunificação com a Rússia. O regime de Kiev fez duas tentativas de, pela força militar, esmagar a revolta, o que causou 13 mil mortos e ainda mais feridos.

O regime patrocinado pela CIA – a “nova Ucrânia da Otan” – assumiu como seus patronos colaboracionistas da ocupação hitlerista na II Guerra Mundial e das SS, que cometeram massacres de judeus, poloneses, comunistas e soviéticos em geral.

O Partido Comunista foi banido e seus deputados, cassados. O regime perseguiu com suas gangues neonazistas oposicionistas de várias tendências e fechou jornais e emissoras.

Em 2 de maio, 41 manifestantes antifascistas foram encurralados e queimados vivos dentro do prédio de um sindicato, por estarem fazendo campanha por uma Ucrânia federal e pelo direito ao uso da língua russa, como fazem há séculos no leste e sul do país.

Nesses sete anos, o regime de Kiev sabotou a implementação dos acordos, bloqueou o Donbass, cortou o pagamento de aposentadorias e aprovou leis que contrariavam abertamente os acordos de Minsk.

Nas últimas semanas, após ser entupido de armas e conselheiros militares pelos EUA, e com quatro meses de campanha desde a Casa Branca de ‘invasão russa iminente’, o regime de Kiev passara a dizer publicamente que não ia aplicar os Acordos de Minsk por terem sido arrancados “sob cano de arma”.

O próprio presidente Zelensky pediu um “calendário” para entrada na Otan e ainda ameaçou dotar a Ucrânia de armas nucleares, mais de um mês depois que Moscou se dirigira aos EUA e à Otan exigindo o fim da expansão da Otan até às fronteiras russas, especialmente a Ucrânia, o retorno dos sistemas de armas a 1997 e a restauração da segurança coletiva e indivisível.

Em seu discurso à nação russa e ao povo ucraniano, o presidente Putin advertiu que era inaceitável a transformação da Ucrânia numa “anti-Rússia” e que, para todos efeitos práticos, o país já estava sob comando da Otan.

Assim, na prática, partiu de Kiev – sob controle dos EUA – a iniciativa de rasgar os Memorandos de Budapeste, que estabeleceram que a Ucrânia é um país neutro.

O que haveria de ruim em ser um país neutro, que não esteja sob uma aliança bélica? Que é o que acontece com Suíça, Áustria, Suécia e Finlândia.

Que há de ruim, quando há diferentes grupos étnicos, que o país tenha oficialmente mais de um idioma? A Suíça tem: três, alemão, francês e italiano. O Canadá, dois: inglês e francês. A Bélgica, dois: francês e holandês.

Na Ucrânia, pelo menos um terço da população fala russo.

Segundo ministério russo da Defesa, mais de 100 mil civis refugiados do Donbass já estão em regiões da Rússia, situação considerada “altamente difícil e tendente ao agravamento”, quase 30 mil crianças.

A evacuação, que inclui também mulheres e idosos, foi desencadeada no final da semana passada depois que tropas ucranianas violaram intensamente o cessar fogo.

Ao portal Sputnik, o vice-ministro da Defesa russo, Nikolai Pankov, afirmou que “é necessário proteger os residentes desses jovens Estados, muitos dos quais, centenas de milhares, são cidadãos russos”.

“Na verdade, Kiev já está realizando ações militares descaradamente e com impunidade. Os bombardeios de artilharia estão aumentando de dia para o dia. Eles estão sendo realizados em todas as direções, chegando a 2.000 projéteis por dia, dos quais 316 são armamentos pesados proibidos pelos acordos de Minsk”, apontou ele, e constatou que “o número de vítimas inocentes está crescendo”.