O projeto agora aprovado estabelece que o Congresso elegerá os novos integrantes do TSE que apurarão as novas eleições ainda sem data marcada

Depois de cinco semanas de manifestações populares nas quais morreram 32 manifestantes sob uma violenta repressão – incluindo os criminosos massacres em Senkata e Sacaba – a Câmara dos deputados da Bolívia aprovou – após acordo entre todos os partidos – projeto que convoca novas eleições na Bolívia.

Segundo a agência RT, a proposta, horas antes aprovada no Senado, anula as eleições de 20 de outubro das quais saiu vencedor o presidente Evo Morales.

Em 10 de novembro, Evo anunciou sua renúncia depois de uma série de distúrbios encabeçados pela oposição que não reconheceu a vitória de Evo em primeiro turno. A polícia negou-se a impedir os distúrbios, que incluíam agressões a mulheres indígenas. A seguir ocorreu o posicionamento dos chefes militares ‘sugerindo’ que Evo se afastasse. Um posicionamento que significou apoio, de fato, aos que convocavam a uma sublevação contra o governo em pleno exercício de um mandato que está previsto até 22 de janeiro. A deposição se deu mesmo após o próprio Evo haver anunciado que pediria a anulação do pleito recente e a convocação de novas eleições e a renovação do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE).

À renúncia, seguiu-se o exílio de Evo e seu vice-presidente, Garcia Linera, acolhidos no México e autoproclamação da senadora Jeanine Añez como presidente.

 O projeto agora aprovado estabelece que o Congresso elegerá os novos integrantes do TSE que apurarão as novas eleições ainda sem data marcada.

Todos os partidos legalmente instituídos poderão apresentar candidatos aos cargos majoritários.

O projeto, determina que nenhum candidato que tenha exercido o mesmo cargo por duas vezes sucessivas pode participar de um terceiro pleito consecutivo. Com este artigo, ficam inviabilizadas as candidaturas do presidente Evo e de seu vice, Linera.

Ao projeto, já se havia antecipado o próprio Evo ao pedir a pacificação do país e ao anunciar sua disposição em não participar de um novo pleito em nome desta pacificação ao tempo em que exigiu a suspensão dos massacres de manifestantes.

O acordo que possibilitou a aprovação da proposta sobre novas eleições foi intermediado pela Igreja Católica da Bolívia, ONU e União Europeia.