Parlamentares vão à Justiça contra violência de Bolsonaro com repórter
Bolsonaro voltou a ser Bolsonaro. Questionado sobre os depósitos de R$ 89 mil feitos por Fabrício Queiroz na conta da primeira-dama Michelle, o presidente respondeu ao repórter do Globo Daniel Gullino: “A vontade é de encher sua boca com porrada”. O contato com os jornalistas, que ocorreu neste domingo (23), ao lado da Catedral de Brasília, revela que o presidente apenas disfarçava uma fase “paz e amor” adotada após o aprofundamento da crise envolvendo Queiroz com a sua família.
O vice-líder do PCdoB na Câmara, deputado Márcio Jerry (MA), afirmou que o desequilíbrio de Bolsonaro diante de questionamentos é uma “confissão de culpa” do presidente sobre seus crimes e que o caso precisa ser levado à Justiça.
“Bolsonaro mostra total desequilibro quando o assunto é a relação dele e familiares com Queiroz e milicianos. Uma espécie de confissão de culpa! Não é a boca da repórter do Globo que Bolsonaro quer encher de porrada; mas de toda a imprensa, de quem o incomode. Um ser violento, psicopata e covarde, eis quem hoje ocupa a Presidência. Esta ameaça é criminosa, atenta contra o cargo que exerce. Por isso, requer acionamento da Justiça”, disse.
O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) diz que não se pode esperar outra postura de Bolsonaro diante do questionamento. “Para quem se iludiu com a moderação de Bolsonaro no último período, a ameaça de partir às vias de fato contra um jornalista fala por si. É impossível existir moderação em um brucutu, filhote da ditadura, acostumado a enfrentar adversários ao modo das milícias”, disse.
A líder do PCdoB na Câmara, deputada Perpétua Almeida (AC), criticou a postura de Bolsonaro e cobrou respostas sobre o dinheiro recebido por sua esposa. “Esse é o presidente contido?! A família inteira se envolve em corrupção. Mas quando questionado, Bolsonaro promete porrada no jornalista. Para defender liberdade de expressão, insisto: presidente Bolsonaro, por que sua esposa, Michele, recebeu R$ 89 mil de Fabrício Queiroz?”, indagou a parlamentar em suas redes.
Para o líder do PSB na Câmara, deputado Alessandro Molon (RJ), além de expor seu desprezo pela imprensa livre, Bolsonaro cometeu dois crimes de responsabilidade: contra o exercício de direitos individuais e falta de probidade na administração. “Ambos serão acrescentados ao pedido de impeachment já apresentado pelo PSB”, revelou.
A deputada Natália Bonavides (PT-RN) já acionou o STF (Supremo Tribunal Federal). “Acabo de protocolar no STF denúncia contra Bolsonaro por crime de constrangimento ilegal. Hoje ele ameaçou agredir um jornalista para impedi-lo de fazer seu trabalho. Bolsonaro é um delinquente contumaz! À proposito, por que Michelle Bolsonaro recebeu R$ 89.000,00 de Queiroz?”, indagou.
O deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ) também avaliou que Bolsonaro agiu conforme sua natureza. “Não é falha de segurança. É falta de educação e compromisso com a vida. Bolsonaro sempre defendeu a ditadura e a tortura. Por isso ameaça jornalistas. Isso não é de hoje. Conhecemos a violência de Bolsonaro”, disse.
Senado
O líder da minoria no Senado, senador Randolfe Rodrigues (AP), vai acionar a OEA (Organização dos Estados Americanos). “Superamos a ditadura, somos uma democracia e Bolsonaro tem que respeitar os direitos adquiridos. Iremos apresentar denúncia à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA para que o órgão acompanhe a violência contra a liberdade de imprensa no Brasil”, anunciou.
“Se o jornalista elogiar o Bolsonaro, isso é liberdade de expressão, se criticá-lo é perseguição política. Na cartilha autoritária do Bolsonaro, bom mesmo é o Queiroz que paga as contas do Flávio (há suspeitas) e faz depósitos para a Michele (mais suspeitas), com o dinheiro de quem?”, escreveu no Twitter o líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE).
O senador Humberto Costa (PT-PE) diz que, além de não responder por que Michelle recebeu R$ 89 mil de Queiroz, Bolsonaro ainda não pediu desculpas ao repórter que ameaçou bater neste domingo. “Ele voltou a mostrar a sua verdadeira face, que envergonha os brasileiros”, afirmou.
Por Iram Alfaya
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(PL)