Zara zerou. O “alerta” dado pelo sistema de som da loja Zara do Shopping Iguatemi, em Fortaleza (CE), podia indicar uma promoção, mas era usado para discriminar clientes. O código secreto soava para que os funcionários ficassem atentos e acompanhassem a movimentação de pessoas negras ou com “roupas simples” que entrassem no estabelecimento.

O alerta racista, revelado após investigação da Polícia Civil cearense, foi repudiado por deputados do PCdoB. “Essa loja, que já teve o nome ligado a trabalho análogo à escravidão na cadeia produtiva, agora criou o alerta racista para identificar negros que entravam em suas dependências. A propósito, Zara Zerou é ótimo nome para campanha de boicote. #ZaraRacista”, disparou o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) em suas redes.

A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) também condenou a postura da loja. “Zara zerou há muito tempo. O caso no Ceará soma-se ao longo histórico da empresa com ações de racismo, trabalho escravo e plágio. São práticas abomináveis, nojentas e injustificáveis”, disse.

Testemunhas que trabalharam no estabelecimento afirmaram à polícia que eram orientadas a identificar pessoas com “estereótipos fora do padrão da loja”. A partir da seleção, elas eram “acompanhadas de perto”. “Isso geralmente ocorria com pessoas com roupas mais simplórias e ‘pessoas de cor’”, relatou o delegado-geral da Polícia Civil do Ceará, Sérgio Pereira, que considerou o procedimento “absurdo” e “inaceitável”.

A investigação teve início após registro de ocorrência da delegada Ana Paula Barroso, que sofreu uma abordagem racista na loja em setembro e registrou boletim de ocorrência.

De acordo com reportagem do portal UOL, o inquérito finalizado foi enviado à Justiça. Entidades do movimento negro ingressaram na Justiça do Ceará contra a rede de lojas Zara, pedindo R$ 40 milhões de indenização por dano moral coletivo.

 

Por Christiane Peres

 

(PL)