Bruno Covas e seu filho Tomás

A agressão de Bolsonaro à memória do prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), falecido em maio deste ano após enfrentar uma longa batalha contra um câncer, recebeu o repúdio de personalidades, parlamentares e do governador de São Paulo, João Doria (PSDB).

“A desumanidade de Bolsonaro, agredindo de forma covarde Bruno Covas, só demonstra ainda mais sua falta de respeito pelos vivos e pela memória dos mortos”, escreveu Doria nas redes sociais na segunda-feira (2).

Em conversa com apoiadores nesta segunda-feira (2), Bolsonaro se referiu a Bruno Covas como “o outro que morreu”. Bolsonaro criticava o ex-prefeito de São Paulo por ir, ao lado do filho, à final da Libertadores, em janeiro deste ano, após implementar medidas de controle contra a Covid-19 na capital paulista.

“Um fecha São Paulo e vai para Miami. O outro, que morreu, fecha São Paulo e vai ver Palmeiras e Santos no Maracanã. Esse é o exemplo…”, disse Bolsonaro.

O PSDB afirmou que “Bolsonaro não respeita os vivos, os mortos, as instituições, a democracia, o bom senso”. “Agora ataca até a memória de Bruno Covas, prefeito eleito por milhões de paulistanos. Não é sem motivos que o presidente está cada vez mais isolado, em direção a ser novamente um representante apenas de um gueto, de um extremo da sociedade”.

O presidente do PSDB da capital paulista, Fernando Alfredo, em nota, declarou que Bolsonaro “demonstra desespero e medo do próximo ano” com o ataque ao ex-prefeito de São Paulo.

“Mas o que se esperar de um chefe do Executivo que zomba da dor alheia, que ignora os enlutados, ironiza doentes e deixa sua nação morrer e passar fome? Já são 550 mil e não vamos esquecer!”, afirmou em nota Alfredo.

“É fácil falar de dentro do seu cercadinho no Planalto, para o seu curral. Queremos ver nos debates que, aliás, ele sempre foge”, desafiou.

O deputado federal Orlando Silva (PCdoB) também afirmou pelas redes sociais que Bolsonaro está “desesperado”.

“Bolsonaro bateu o próprio recorde de sordidez e falou mal do falecido Bruno Covas. Inacreditável”, disse.

“O fracasso das manifestações de domingo subiu à cabeça de Bolsonaro. Desesperado, apareceu no cercadinho, onde o gado diminui a cada dia, para ofender a memória do prefeito Bruno Covas, que enfrentou uma doença letal com uma dignidade que jamais o presidente terá. COVARDE!”, afirmou Orlando.

O deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ) manifestou solidariedade à família de Bruno Covas. “Quero manifestar minha solidariedade à família do Bruno Covas, que ao contrário de Bolsonaro sempre foi um homem digno. As ofensas grotescas do presidente jamais estarão à altura da memória do Bruno”.

O repúdio a Bolsonaro nas redes é geral.

Bruno Covas (PSDB) morreu aos 41 anos, em 16 de maio deste ano, vítima de câncer na cárdia (entre estômago e o esôfago).

Ver o jogo do Santos contra o Palmeiras pela final da Libertadores com o filho, Tomás Covas, fazia parte da sua lista de últimos desejos a realizar, pois pressentia que sua luta contra o câncer estava sendo perdida.

Numa entrevista ao Fantástico, em 24 de maio, Tomás Covas falou do dia em que assistiu ao jogo de seu time, o Santos, com o pai, também santista.

Bruno Covas justificou na época a sua ida ao jogo respondendo às críticas que fizeram e disse que tirou três licenças da Prefeitura para ficar com o filho.

“Depois de tantas incertezas sobre a vida, a felicidade de levar o filho ao estádio tomou uma proporção diferente para mim. Ir ao jogo é direito meu. É usufruir de um pequeno prazer da vida”, declarou então.

Depois da morte do pai, Tomás relatou na entrevista que conversou com o médico do pai sobre a ida ao jogo. “[O médico] falou que não foi por acaso que ele tinha me levado. Ele sabia os riscos da imprensa, etc, mas foi por coração. Ele tinha esse desejo de me levar numa final de Libertadores. Ele falou que queria me deixar realizado e deixou”, contou Tomás.