A Frente Parlamentar Mista do Serviço Público realizou um ato pela valorização do serviço público reunindo parlamentares, centrais sindicais, federações, confederações e sindicatos das mais diversas categorias do funcionalismo, nesta quarta-feira (12).
O ato lotou o auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados, contra os ataques do governo aos serviços públicos e as tentativas de Paulo Guedes de difamar os servidores.
O ato foi presidido pela deputada federal Alice Portugal (PCdoB-BA), que abriu os trabalhos solidarizando-se com à greve dos petroleiros que estão paralisados desde o sábado (01). Estiveram presentes, dentre outras, as mobilizações dos trabalhadores da Casa da Moeda, Dataprev, Correios, Serpro e Petrobrás.
A deputada condenou as mentiras propagadas pelo governo para “tentar jogar a sociedade contra os serviços públicos, colocando os servidores como uma elite dos trabalhadores com privilégios. Foi o que disseram para aprovar em cascata as reformas da previdência nos estados brasileiros, inclusive no meu”, disse.
Com o repúdio e mobilização das entidades de servidores repúdio de diversas entidades, o governo recuou e desistiu, nesta quarta-feira, 12, de apresentar projeto de reforma administrativa que pretende extinguir a estabilidade, suspende concursos, reduzir a jornada e os salários, e barra a perspectiva de crescimento nas carreiras, impedindo novos planos de carreira.
“O governo Federal não quer apresentar o texto [da reforma administrativa], não quer assumir a responsabilidade porque não há ninguém que queira assumir a maternidade ou a paternidade da maldade maior contra o Estado brasileiro”, disse Alice Portugal.
Na última sexta feira (07), Guedes atacou o conjunto dos servidores, classificando-os como “parasitas” do Estado, o que provocou uma profunda indignação e repúdio nos mais diferentes setores da sociedade, o que fez com que se retratasse com uma nota à imprensa.
“Chamar de parasita aquela auxiliar de enfermagem que está lá cuidando dos nossos filhos, parentes, avôs e avós, os bombeiros que é são verdadeiros heróis, aquele policial que tenta proteger as nossas vidas da melhor maneira o possível, num Brasil de tanta desigualdade, de tanta violência, os carteiros e os demais servidores… os parasitas de verdade são os banqueiros”, disse o senador Fábio Contarato (REDE-ES).
“Parasita é essa relação promíscua estabelecida pela política econômica neoliberal do Estado mínimo […] mas podem contar comigo! Porque se está no hino nacional ‘verás que um filho teu não foge à luta’ não vamos nos calar diante das violações dos direitos dos servidores públicos”, completou Contarato.
Para o deputado federal Elvino Bonh Gass (PT-RS), “não adianta o Paulo Guedes pedir desculpas, dizer que foi mal interpretado, porque ele não só disse como pratica a ideia de destruir o serviço público porque é isso que pensa. Ele não quer o SUS, porque ele quer a saúde privatizada. Ele não quer o ensino público, porque ele quer o ensino privado. Ele ataca os servidores públicos porque ele quer privilegiar apenas os banqueiros e seus interesses”.
Para o deputado federal e ex-deputado constituinte, Paulo Ramos (PDT-RJ), “a soberania nacional também incorpora a prestação dos serviços públicos. Tudo que estava escrito na Constituição vem sendo mudado”.
Ramos alerta que desde a aprovação da Constituição, os sucessivos governos neoliberais vêm pregando o Estado mínimo, contudo o governo Bolsonaro vai além e quer destruir as possibilidades de o povo brasileiro constituir um projeto de nação.
“Paulo Guedes se atreveu a chamar o servidor de parasita, mas é ele o sanguessuga. Ele estruturou uma organização que está desviando os recursos públicos de praticamente todos os fundos de pensão, do BNDES, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica. É uma organização criminosa. Nós sabemos o que ele representa”. “Já ingressei na Procuradoria da República, no Tribunal de Contas da União e amanhã recorrerei ao Supremo Tribunal Federal. Ele não pode continuar ministro”, disse Paulo Ramos.
O deputado federal Daniel Almeida (PCdoB-BA) alertou que “o objetivo desse governo é destruir os serviços públicos, é atender os interesses do mercado. Eles [governo] sabem que o caminho mais curto é atingir os servidores públicos, é tirar direito dos servidores públicos, é diminuir a resistência baixando a moral dos servidores públicos. Nada tem sido feito para proteger os mais pobres neste país. Todo orçamento da União se destina a garantir os interesses do capital financeiro”.
O deputado federal Tadeu Alencar (PE), líder do PSB, ressaltou que “esse governo tem feito diversos ataques aos direitos do povo. São ataques à democracia, ataques a educação, ataques ao patrimônio estratégico do Brasil e, agora, ataques aos servidores públicos”. “Como se pudesse haver políticas públicas que não tivessem por trás delas a honradez, a qualificação técnica dos servidores públicos”.
Para o deputado federal cearense, André Figueiredo, líder do PDT, o governo Bolsonaro “não tem compromisso nenhum com o povo brasileiro. Veio apenas para desmontar o Estado e vender empresas que são lucrativas, para desempregar milhares de trabalhadores deste país”. “Hoje vemos milhões de brasileiros que não conseguem se aposentar. Diziam que a reforma da Previdência era ‘mil maravilhas’, já vemos suas consequências nas ruas, no desespero, na desesperança de milhões de brasileiros”.
O governo faz “uma tática de saturação para nos dividir e nos dispersar, por isso essa movimentação do dia 18 [de março] é essencial, e o parlamento está aqui pronto para repercutir e apoiar”, concluiu a deputada Alice Portugal, referindo-se à mobilização nacional convocada pelos servidores.