Parlamentares comentam rejeição recorde de Bolsonaro: 43%
De acordo com o levantamento houve recuo na avaliação positiva da gestão bolsonarista – ou seja, no percentual de entrevistados que consideram o governo “ótimo” ou “bom”. O índice – que era de 34,5% em janeiro – está, agora, em 32,0%. Na direção contrária, a avaliação negativa (“ruim” + “péssimo”) passou de 31,0% para 43,4% no mesmo período. Os que avaliam a gestão como regular eram 32,1% há quatro meses, passando, em maio, para 22,9%.
Em janeiro, havia um equilíbrio na avaliação do desempenho pessoal do presidente à frente do governo federal: 47,8% aprovavam Bolsonaro e 47,0% o reprovavam – um empate técnico. Tudo mudou desde então: a rejeição subiu para 55,4%, enquanto o apoio ao presidente caiu para 39,2%. A diferença, hoje, é de 16,2 pontos percentuais.
Para a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), o resultado é prova de que “o povo perdeu a paciência com as falas e atitudes criminosas de Bolsonaro”.
Já a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) afirmou que o governo “derrete”. “Mantém-se irresponsável no enfrentamento ao coronavírus, continuando na contramão do mundo. É farra com dinheiro público, interferência na PF para proteger a familícia. Bolsonaro é o caos para o Brasil. Basta”, salientou.
O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) também comentou o resultado da pesquisa. Segundo ele, “das séries de pesquisas, as mais generosas com Bolsonaro costumam ser da CNT/MDA, mas mesmo nela, o apoio se esvai e a rejeição se amplia”. Para o parlamentar, é preciso ainda intensificar a denúncia e isolá-lo.
Os resultados são os piores já registrados pelo bolsonarismo – seja na avaliação do governo, seja no julgamento pessoal do presidente. A crise de credibilidade de Bolsonaro ocorre num momento em que, em meio às medidas para combater a pandemia da Covid-19, gestores estaduais e municipais ganham mais apoio.
Conforme a pesquisa, de janeiro a maio, a aprovação média dos governadores saltou de 30,5% para 41,3%. Governantes como Flávio Dino (PCdoB-MA) têm sobressaído na proteção da população e feito contraponto ao discurso negacionista de Bolsonaro. Com os prefeitos, a avaliação positiva, em média, passou de 34,4% para 40,1%.
A combinação entre o avanço do coronavírus e a crise política, econômica e social, agravada pela omissão de Bolsonaro, mexeu no sentimento dos brasileiros em relação ao futuro. Em janeiro – antes da divulgação de que a economia havia crescido apenas 1,1% em 2019 –, 43,2% acreditavam que a situação do emprego melhoraria e 18,9%, que pioraria. Agora, 68,1% creem que as perspectivas para o mercado de trabalho vão piorar, contra 15,1% ainda confiantes em melhoras.
Outra tendência é a sensação de que os serviços públicos vão piorar. Desde janeiro, mais que dobrou o percentual de brasileiros que acreditam em retrocessos na saúde (de 24,8% a 52,3%) e na educação (de 21,4% a 47,4%). A expectativa de que a segurança pública também vai regredir foi de 22,0% para 34,9. Embora menor do que em outras áreas, a crescente descrença com a segurança chamusca uma das principais bandeiras do governo Bolsonaro.
Coronavírus
Quanto o coronavírus é citado explicitamente na sondagem, fica clara a percepção mais favorável da população aos governadores e aos prefeitos, em detrimento do presidente. Segundo a pesquisa, 51,7% da população aprova a atuação do governo Bolsonaro frente a crise, ante 42,3% que desaprovam. Com os governadores, o apoio vai a 69,2%.
As medidas mais rigorosas para combater a pandemia seguem com ampla adesão dos brasileiros: 67,3% acham que o isolamento social “deve ser praticado por todos”, 29,3% preferem isolamento apenas para o grupo de risco e somente 2,6% são contrários a qualquer forma de isolamento. A população tampouco concorda com as distrações golpistas de Bolsonaro para esconder a crise: 51,8% rejeitam as manifestações golpistas contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal.
Contratada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), a pesquisa foi feita pelo Instituto MDA, de 7 a 10 de maio, por telefone, com 2.002 entrevistados de 25 unidades federativas. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.