Paralisação de auditores fiscais da Receita bloqueia porto e alfândega
A greve dos auditores fiscais da Receita Federal, que teve início no último dia 27, paralisa atividades em portos e alfândegas nesta quarta-feira (5) e quinta-feira (6).
Desde o início da greve, os servidores realizam a chamada operação-padrão nos postos aduaneiros, também conhecida como operação-tartaruga, provocando maior lentidão na entrega de resultados com o aumento dos critérios para liberação das mercadorias, por exemplo.
A decisão pela paralisação ocorreu após o governo Bolsonaro descumprir o acordo com a categoria de garantir a regularização do Bônus de Eficiência e cortar recursos da Receita para custear o reajuste dos policiais federais, enquanto deixa o conjunto dos servidores sem qualquer reposição das perdas salariais.
De acordo com o governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), cerca de 800 caminhões com diferentes produtos ficaram parados na fronteira, nesta quarta-feira, incluindo os que estão na capital Boa Vista e em Manaus.
O auditor-fiscal, Alisson de Oliveira Rocha, afirmou que os servidores iniciaram a paralisação no Estado na segunda-feira (3) e a greve segue por tempo indeterminado.
“Houve descumprimento de vários acordos do governo com a Receita Federal. Além disso, foi retirado o orçamento da Receita, o orçamento para manutenção do órgão foi retirado para dar aumento a uma classe específica e isso gerou um descontentamento geral, inclusive com entrega de todos os cargos comissionados. Praticamente todos os chefes da receita entregaram os cargos”, afirmou Alisson.
No Porto de Santos, em São Paulo, a liberação de trigo vindo da Argentina está atrasada e já causa preocupação no setor. Segundo informações do Ministério da Agricultura, o problema em Santos envolve a carga de dois navios. Uma delas desembarcou no último dia 2, mas ainda não foi liberada em função da paralisação e que, com o espaço físico ocupado pelo primeiro carregamento, o segundo está impedido de descarrego.
Negociação
Com a pressão dos auditores, Denarium, afirmou ter procurado Guedes para garantir o bônus eficiência à categoria em reunião com representantes do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco) e disse apoiar a pauta reivindicatória da categoria dos auditores fiscais.
“Falei com o ministro da Economia, Paulo Guedes, que está sensibilizado com essa situação e também com o chefe geral da Receita em Brasília, Julio Cesar Viera Gomes. Estão abertas as negociações para o reconhecimento do bônus salarial de todos os auditores da Receita”, afirmou.
“O governo do estado está preocupado com a situação e estamos reunidos com os delegados da Receita Federal em Boa Vista, com o Sindifisco e com as empresas transportadoras. Trabalhamos em uma negociação para a abertura de nossas fronteiras para as exportações”, completou.
O Ministério da Economia, porém, negou que Guedes tenha conversado com o governador Antonio Denarium e o secretário especial da Receita Federal, Júlio Vieira, sobre reajuste do funcionalismo. “O ministro limitou-se a repassar as mensagens do governador ao secretário para colocá-los em contato sobre o assunto de Pacaraima”, disse o Ministério em nota, que ressalta que o ministro está em férias até 7 de janeiro.
Arrocho Salarial
Em dezembro, Guedes já havia dito que é contra o reajuste salarial do funcionalismo, incluindo os dos policiais, demagogicamente defendido por Bolsonaro.
Enquanto Bolsonaro faz um aceno para tentar manter os policiais em sua base neste ano eleitoral, o corte no Orçamento da Receita impede o reajuste salarial dos servidores do órgão.
Além da greve da categoria, os servidores se mobilizam para uma paralisação nacional no próximo dia 18 para pressionar o governo quanto ao reajuste salarial do funcionalismo, que está há cinco anos sem reposição das perdas salariais.