Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) realiza reunião com 33 itens. Entre eles, a PEC 1/2019, que trata do voto aberto na eleição das mesas do Congresso.rrEm pronunciamento, à bancada, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).rrFoto: Pedro França/Agência Senado

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) anunciou que entrará com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) questionando a indicação de Eduardo Bolsonaro para ocupar a embaixada brasileira nos Estados Unidos.
“A insistência de Bolsonaro em nomear o filho desqualificado ao cargo de embaixador dos EUA encontrará forte resistência nossa”, afirmou Randolfe pelas redes sociais.
“Na próxima semana ingressaremos com uma ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) contra este ato de nepotismo”, informou.
Para o senador, “é imoral a insistência de Bolsonaro em nomear seu filho como embaixador nos EUA”.
“Estaremos aguardando no Senado, com todos os questionamentos necessários, na CRE (Comissão de Relações Exteriores do Senado), contra esse nepotismo descarado do presidente”.
Bolsonaro voltou a defender o nome do seu filho para a embaixada durante visita ao Rio de Janeiro no sábado (27). “Vocês acham que eu botaria um filho meu em um posto de destaque desse pra pagar vexame? Eu quero um contato imediato, rápido, com o presidente norte-americano. Como eu tive dificuldade agora pra tratar a questão do navio iraniano que está aqui no Brasil”, disse.
Pelo visto, Bolsonaro quer seu filho atuando como menino de recados nos EUA para ele defender mais ainda e mais rápido os interesses de Trump no Brasil.
Na avaliação de diplomatas, Eduardo Bolsonaro seria um “bedel” nos EUA.
Outros consideram que o filho de Bolsonaro transformará a diplomacia brasileira em Washington como uma “subdivisão do Departamento de Estado norte-americano”, tal é a bajulação da família Bolsonaro a Trump.
Na semana passada, o Itamaraty submeteu ao governo dos EUA o nome do filho indicado ao cargo.
Eduardo Bolsonaro, deputado federal pelo PSL de São Paulo, declarou-se credenciado ao cargo porque fritou “hambúrguer nos EUA” e já rodou o mundo. Mas descobriu-se que a lanchonete em que ele supostamente fritava hambúrgueres, não tem hambúrgueres. Somente frango frito.
Eduardo Bolsonaro também inventou possuir curso de pós-graduação em economia, sem ter concluído. Desmentido pela imprensa, ele teve que admitir e confirmar que “sobre a pós-graduação no Mises, a minha qualificação é pós-graduando, tenho até o final do ano para entregar o TCC”.
Bolsonaro anunciou que pretende nomear seu filho para a embaixada nos EUA no dia 11 de julho, no dia seguinte em que Eduardo Bolsonaro completou 35 anos, idade mínima para ser embaixador. A embaixada estava há 4 meses com o cargo vago, depois que o embaixador Sérgio Amaral foi demitido por Bolsonaro pela imprensa.
A indicação do filho gerou muitas críticas. O deputado Marcelo Calero (Cidadania-RJ), que é diplomata e foi ministro da Cultura, classificou a indicação como uma prática da “velha política”. “A indicação vai contra exatamente o que o presidente Jair Bolsonaro pregava durante a campanha.
Ele dizia que as escolhas para cargos públicos seriam escolhas técnicas, baseadas na meritocracia, e ele está adotando práticas aí da velha política. Porque nós precisamos chamar as coisas como elas são. É um caso claro de nepotismo”, afirmou.
Para o embaixador Marcos Azambuja, que foi secretário-geral do Itamaraty, “nas grandes repúblicas ocidentais modernas, não há uma sucessão dinástica, por vínculo de família ou sangue. As escolhas normalmente são meritocráticas e, nesse caso, haverá um pouco a surpresa de que a primeira atividade no exterior desse agente seja representar o Brasil junto ao nosso maior sócio parceiro”.
Segundo o Instituto Paraná Pesquisas, 64,9% dos brasileiros rejeitam a indicação de Eduardo Bolsonaro para assumir a embaixada brasileira nos EUA.