O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), declarou na chegada ao plenário da Câmara,
na terça-feira (10), que as crises geradas pelos ataques do presidente Jair Bolsonaro ao
Congresso Nacional foram responsáveis pelo baixo crescimento do PIB.
Ele falou também da acusação que Bolsonaro fez de que houve fraude nas eleições de 2018.
“O TSE [Tribunal Superior Eleitoral] já respondeu [à Bolsonaro], vamos ao que interessa? Nós
temos 52 milhões de brasileiros vivendo com cinco dólares por dia. Vamos tratar do que é
sério, do que é urgente para o Brasileiro”, falou o presidente da Câmara ao ser questionado
sobre a declaração do presidente de que as eleições de 2018 teriam sido fraudadas.
“O Brasil no ano passado, em janeiro do ano passado, projetava um crescimento de 2,5%; o
Brasil cresceu 1%. Por que que o Brasil projetava o crescimento de 2,5%, teve uma aprovação
de reforma, que poucos esperavam que fosse do tamanho que foi, a previdenciária, e mesmo
assim nós não conseguimos garantir o crescimento de 2,5% do PIB?”, questionou.
“Desses 1,5% que nós perdemos, uma parte disso certamente tem relação com o meio
ambiente, tem relação na falta de harmonia entre os poderes”, completou Rodrigo Maia. Para
o deputado, outros fatores também ajudam a estagnar a economia do país, como a falta de
infraestrutura e o sistema tributário “de péssima qualidade”.
“Mas também os conflitos que nós tivemos no ano passado, as dúvidas do governo em relação
ao parlamento no ano passado, os conflitos que se mantém infelizmente nesse ano, é óbvio
que esses conflitos para quem vai investir a médio e longo prazo gera insegurança e
certamente tiveram parte de culpa na queda do investimento”, disse.
Maia acredita que o Congresso não deve ser reativo, pois isso, na avaliação dele, ajudará o
governo “a jogar o país numa recessão”. “Nós não podemos ser parte disso. Nós temos que ter
a mesma paciência, o mesmo equilíbrio que o parlamento teve no ano passado. Quando todo
mundo achou que, em determinado momento, não se aprovava nada aqui, nós aprovamos
uma reforma histórica nas duas casas, sob meu comando e do presidente [do Senado] Davi”,
declarou.
O deputado ressaltou ainda, que caso o Congresso adote o mesmo comportamento do
presidente, quem irá sofrer é a camada mais pobre da população. “Nós não podemos jogar
mais lenha nessa fogueira. Lenha nessa fogueira vai colocar mais brasileiros na pobreza, vai
tirar mais crianças nas escolas e vai gerar mais brasileiros trabalhando em um subemprego,
sem carteira assinada e sem proteção social”, avaliou.
Maia acrescentou que o “liberalismo radical” não vai levar o Brasil a reduzir disparidades
socioeconômicas e que o Estado é um indutor da redução da desigualdade. “Temos que gastar
melhor esse dinheiro, reduzir as despesas correntes para ter mais recursos nas despesas
discricionárias, para investimento”, defendeu. Para ele, os recursos entram nos cofres públicos
e ainda ficam concentrados nas mãos de uma elite pública e privada.
Segundo Maia, o que o País precisava discutir agora é o Fundo Nacional de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e a redução da pobreza e da desigualdade. O
presidente da Câmara criticou ainda a equipe econômica do governo. “Dentro da equipe
econômica, tem pessoas que tem agenda de 1989”, finalizou.