Para deputados, Bolsonaro admite culpa ao impor sigilo sobre reuniões
Ao decretar sigilo de 100 anos nos encontros que teve com os pastores Gilmar dos Santos e Arilton Moura, acusados de cobrarem propina a prefeitos para a liberação de verbas do Ministério da Educação (MEC), Bolsonaro age mais uma vez para dificultar as investigações contra escândalos de corrupção no seu governo.
Além disso, o presidente evita que os brasileiros tenham conhecimento do grau de envolvimento dele com os lobistas. O ex-ministro Milton Ribeiro, que deixou o cargo após o escândalo, dise que os pedidos do pastor eram prioridades por conta de Bolsonaro.
“Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”, diz Ribeiro numa gravação obtida pela Folha de S.Paulo. “Porque a minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”, complementou Ribeiro.
Contra um pedido feito pelo PT ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que seja feita uma investigação eleitoral, a Advocacia-Geral da União (AGU) afirmou que o ex-ministro fez “menção indevida” ao nome do presidente.
De acordo com o jornal O Globo, que teve seu pedido de Lei de Acesso à Informação (LAI) negado, Bolsonaro se encontrou ao menos três vezes com os pastores lobistas.
No entendimento de parlamentares de oposição, o presidente confessou sua culpa no episódio. “Confissão de culpa! Bolsonaro decreta sigilo nos documentos sobre o escândalo de corrupção dos pastores no MEC. Está com medo porque sabe que tem digital dele na roubalheira!”, reagiu no Twitter o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP).
“Governo tem um padrão vergonhosamente escancarado: comete crime e decreta sigilo por 100 anos. Confissões de que devem muito à Justiça”, afirmou o deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA).
Para a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), Bolsonaro assina sua confissão de culpa com a medida. “Quem não deve, não teme, mas eles têm muito o que esconder! Governo corrupto !”, assinalou.
Por Iram Alfaia
(PL)