A inflação do país alcança 10,74% em 12 meses. A combinação da carestia com juros altos e desemprego se manifesta em drásticas mudanças na vida das famílias brasileiras. Segundo pesquisa da empresa de análises Bare Internacional, a grande maioria dos brasileiros já opta pelo consumo de proteínas mais baratas, estoca alimentos em promoções e tem recorrido à bicos para complementar as rendas corroídas pela política econômica do atual governo.

A pesquisa realizada em novembro aponta que 76% dos entrevistados declaram que trocaram a carne por proteínas mais baratas, como frango (57%), seguido do ovo (19%), peixes, com exceção do salmão (15%), cortes menos nobres de boi (14%) e porco (6%). No Brasil de Bolsonaro, a população não pode mais comer picanha ou filé mignon: 75% dos brasileiros deixaram de consumir picanha e 73% nem chega perto do filé mignon. Com a inflação da carne vermelha nas alturas (em média 50% nos últimos 12 meses), 67% alegam que sequer consomem carne bovina no dia a dia.

“As pessoas não apenas estão optando por produtos mais baratos, mas já começam a retomar antigos hábitos como o de estocar itens em promoção”, avalia a gerente da Bare no Brasil, Tânia Alves.

A prática de procurar produtos mais baratos e de estocar comida em promoção já é um hábito de 51% dos entrevistados.

Quase 90% dos brasileiros deixam de consumir produtos e serviços

Para poder botar comida na mesa, 89% tiveram que cortar gastos com vestuário, viagens e entretenimento. Segundo a pesquisa, 69% deixaram de viajar ou comprar roupas. Quanto ao entretenimento, 68% da população cortou gastos com cinema, shows e teatro.

Para tentar complementar a renda, muitos se viram obrigados a buscar alternativa na dupla jornada.

“Os bicos têm sido a salvação inclusive para a parcela que está empregada – 60% começaram a pegar trabalhos extras, o que pode ser reflexo da falta de reajustes ou de aumentos que não acompanharam a inflação”, afirma Tânia.

Comparando os dados com pesquisas semelhantes realizadas em outros países, a Bare Internacional aponta que a escalada do custo de vida foi sentida globalmente, mas que no Brasil foi muito mais intensa e perversa para a população.