Da sacada do Hospital Policlínico em Roma o Papa defendeu saúde pública e gratuita para todos

O papa Francisco reapareceu em público neste domingo (11) para celebrar a Hora do Angelus – o momento da Anunciação – em Roma com um discurso afirmativo em defesa do acesso público e gratuito à saúde. De acordo com o pontífice, sua internação após uma semana por causa de uma cirurgia no cólon o fez experimentar “o quanto é importante ter um bom serviço sanitário acessível a todos, assim como existe na Itália e em outros países”. “Um sistema de saúde gratuito, que assegure um bom serviço acessível a todos. Não podemos perder esse bem precioso”, enfatizou.

Desde a sacada de seu apartamento no Hospital Policlínico Agostino Gemelli, o papa condenou ações mercantilistas, dizendo que até mesmo na Igreja surgem pensamentos de “vender” saúde quando instituições sanitárias sofrem problemas econômicos. “Mas a vocação da Igreja não é fazer dinheiro, é servir, e o serviço sempre é gratuito. Não se esqueçam disso: salvar as instituições gratuitas”, acrescentou Francisco, sendo muito aplaudido. Registrando a solidariedade dos fiéis nos momentos mais difíceis, o papa agradeceu a todos: “eu senti sua proximidade e o apoio de suas orações. Obrigado de coração”.

“Quero expressar o meu apreço e o meu alento aos médicos e a todo o pessoal de saúde e hospitalar. E rezemos por todos os enfermos, especialmente pelos que se encontram nas condições mais difíceis: para que ninguém fique só, que todos recebam a unção de escuta, proximidade e cuidado”, sublinhou.

Frente às pessoas reunidas na praça em frente ao hospital, o papa sorriu acompanhado de quatro crianças internadas: Anna e Elena, de 13 anos, Michael, de seis, e Giorgio, de quatro. “Aqui há algumas crianças doentes. Por que as crianças sofrem? É uma pergunta que toca o coração. Acompanhem-nos com oração e rezem por todos os doentes, especialmente por aqueles em condições mais difíceis”, disse o pontífice.

Na segunda parte da celebração, Francisco condenou o recente assassinato do ex-presidente do Haiti, Jovenel Moise, fazendo uma conclamação para que todos “deponham as armas, escolham a vida e escolham viver fraternamente”. “Estou ao lado do caro povo haitiano, desejo que a espiral de violência se interrompa e que a nação possa retomar o caminho rumo a um futuro de paz e concórdia”, enfatizou.

Francisco se recupera de uma cirurgia de três horas realizada no domingo passado (4) para corrigir uma estenose diverticular do cólon, estreitamento causado pelo aparecimento de pequenas bolsas – chamadas divertículos – nessa parte do intestino grosso.