Papa defende paz com desenvolvimento e condena gasto enorme com armas
O papa Francisco condenou, durante um compromisso em Bari, no sul da Itália, que os países gastem “enormes somas de dinheiro” em armamentos enquanto proclamam a paz nas cúpulas internacionais.
“Infelizmente, ainda hoje, depois de duas guerras mundiais cruéis e de tantas guerras regionais que destruíram povos e países, há Estados que ainda gastam enormes somas de dinheiro em armamento”, frisou, em mensagem divulgada no domingo (23), por ocasião da 60ª Marcha pela Paz, entre as cidades de Assis e Perugia.
“A guerra é contrária à razão, é uma loucura e não faz sentido, e não podemos nunca nos acostumar com ela”, acrescentou, no encontro “O Mediterrâneo, fronteira para a paz”, organizado pela conferência episcopal italiana junto a 59 bispos vindos de 20 países.
O Papa denunciou o “grande pecado da hipocrisia”, já que muitos países “falam de paz e vendem armas aos que estão em guerra”.
A guerra “é uma verdadeira loucura, porque é irracional destruir casas, pontes, fábricas, hospitais, matar pessoas e aniquilar recursos em vez de construir relações humanas e econômicas”, ressaltou.
Francisco falou sobre “as divisões” e “as desigualdades” que afetam a região do Mediterrâneo, que definiu como “O Mare Nostrum, o lugar físico e espiritual no qual nossa civilização foi formada, como resultado do encontro de diferentes povos”.
Ao referir-se a essa área, com muitos focos de instabilidade e guerra, tanto no Oriente Médio quanto na África, Francisco comentou sobre o conflito entre Israel e os palestinos.
“Também não podemos esquecer o conflito, ainda sem resolução, entre israelenses e palestinos, que corre o perigo de ter soluções não equitativas e, portanto, pode gerar uma nova crise”, alertou.
O pontífice defendeu, mais uma vez, os imigrantes, que são os que “mais sofrem na área do Mediterrâneo, os que fogem das guerras e deixam sua terra em busca de uma vida humana mais digna”, afirmou.
“Não há alternativa possível em relação à paz”, disse após convidar todos os membros da Igreja Católica a se comprometer a “desenvolver uma teologia da acolhida e do diálogo”.
Para Francisco, “a retórica do choque de civilizações serve apenas para justificar a violência e alimentar o ódio”.
“Enquanto estamos reunidos aqui para rezar e refletir sobre a paz e o destino dos povos do Mediterrâneo, do outro lado deste mar, especialmente no noroeste da Síria, uma grande tragédia está acontecendo”, lamentou.
As forças militares dos EUA controlam ilegalmente territórios do norte e nordeste da Síria nas províncias de Deir ez-Zor, Al-Hasakah e Raqqa, onde se encontram os maiores depósitos de petróleo e gás da Síria. Damasco tem qualificado repetidamente como ocupação militar a presença das forças norte-americanas em seu território, classificando como pirataria estatal o transporte ao exterior do petróleo e até trigo obtidos nessas regiões.
“Devemos silenciar o rugido das armas e ouvir os gritos das crianças e dos desamparados. Deixar de lado cálculos e interesses, e proteger a vida de civis e muitas crianças inocentes que sofrem as consequências”, ressaltou o Papa.