O governo Jair Bolsonaro precisa agir já e coordenar nacionalmente restrições à circulação de pessoas. Caso contrário, “se não estancarmos (a pandemia) nesta semana”, a contagem de mortos por Covid-19 logo chegará à marca de 4 mil por dia no País. A estimativa é do governador do Piauí, Welligton Dias (PT), que está à frente do Fórum de Governadores no debate sobre a pandemia e do consórcio dos governadores do Nordeste.

Para ele, mais do que responsabilizar o ministro da Saúde – Eduardo Pazuello ou Marcelo Queiroga –, é preciso que o presidente mude suas posições em relação à crise. Dias teve uma interlocução frequente com Pazuello e mostra otimismo em relação às chances de aceleração da vacinação. Mas diz que para isso, novamente, é necessária uma coordenação que envolva diversos órgãos, com empenho direto do presidente.

Segundo ele, mais medidas restritivas são inevitáveis. “Os estados brasileiros estão adotando essas medidas até domingo – alguns terão medidas ainda depois”, afirma Dias, em entrevista ao Valor Econômico. “Agora, falta o governo federal. Seriam importantes medidas em relação a aeroportos, s portos, ferrovias, ao próprio serviço público federal, que definisse o que são serviços essenciais para que tivéssemos medida mais uniformes do Brasil inteiro.”

O governador afirma que o discurso do presidente – que supostamente estaria protegendo a economia – não se sustenta. “O que aconteceu com Alemanha, Itália, Espanha e outros países que também já passaram por situações de agravamento muito forte da pandemia? Nesses países, a adoção dessas medidas foi importante não apenas para a saúde – mas também para a própria economia”, compara. “Às vezes se diz que as medidas de restrição são inimigas da economia. Não são. Estamos perdendo profissionais, perdendo mão de obra qualificada, estamos perdendo vidas.”

Dias conversou na terça-feira (16), por telefone, com o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. A seu ver, o ex-ministro Pazzuelo “tinha pouco apoio do presidente da República”. E como será com Queiroga? “O que todos nós, governadores e todo povo brasileiro, esperamos é que, sendo um médico conceituado, ele possa colocar como prioridade o plano estratégico contra a pandemia, que foi aprovado após um debate com vários setores”, declara Dias.

“O que tem que mudar, na verdade, é a decisão política do presidente de passar a seguir o caminho de salvar vidas”, agrega. “Quem comanda é quem foi eleito, mas eu tenho esperança que, sendo o Queiroga um médico, poderemos ter mudanças, poderemos ter minimamente a ciência sendo levada em conta.”

A urgência da vez, diz o governador, é ampliar a vacinação. “Se o Brasil fizer acontecer os contratos que já tem, se a gente não deixar que a burocracia atrapalhe, vamos ter condições de terminar o mês de março com aproximadamente 11% ou 12% da população vacinada. É possível que em abril alcancemos algo em torno de 25% da população vacinada”, calcula. “Isso significa vacinar toda a fase 1, todo o grupo de maior risco – ou seja, o grupo que responde por 70% das internações e por mais de 70% dos óbitos. Ao vacinar todo esse grupo até abril, temos chances reais de reduzir internações e reduzir óbitos.”

Com informações do Valor Econômico