Putin

A eleição presidencial que ocorreu neste domingo (18) na Rússia reflete as dimensões daquele que é o maior país do mundo.

Por José Carlos Ruy*

São 17 milhões de quilômetros quadrados (duas vezes o território brasileiro), população superior a 142 milhões de habitantes, e nada menos que onze fusos horários – o que faz a eleição ter a duração total de 22 horas.

Mas o grande desafio da eleição não se resume a isso. Com oito candidatos, esta é uma eleição de repercussão mundial óbvia, dada a importância geopolítica da Rússia.

Mas há ainda repercussões internas – e o principal desafio é o combate à pobreza, agravada por sanções impostas à Rússia pelas potências ocidentais, Estados Unidos à frente.

É prevista a reeleição, com mais de 69% dos votos, do atual presidente Vladimir Putin para mais um mandato de seis anos – que durará, portanto, até 2024.

Putin navega no prestígio e na popularidade que decorrem da recuperação, sob seu comando, do protagonismo mundial da Rússia. O país se fortaleceu, enfrentou e venceu ameaças graves, como a crise da Ucrânia, há quatro anos. Que resultou na anexação da Crimeia, um território histórico da Rússia no mar Negro e que a Ucrânia ameaçava ocupar. Enfrentou com êxito também a ameaça significada pela intervenção imperialista na Síria, ajudando aquele aliado tradicional a derrotar grupos terroristas armados e financiados por potências ocidentais, como o Estado Islâmico. Vitórias que alimentam o orgulho nacional russo, e com certeza se refletem na boa vontade da opinião pública para com o presidente, que é aprovado por 81% dos russos.

Os desafios internos são, primeiro, um possível crescimento na abstenção eleitoral, que pode ocorrer ante a previsibilidade do resultado, com a vitória provável de Putin – cuja campanha tenta combater difundindo em sua propaganda o slogan 70%+70% – isto é, comparecimento desse número de eleitores e igual votação para Putin.

Mas não é o principal desafio – o maior deles é o da pobreza que aflige o país. Como Putin se referiu, no discurso pronunciado no início de março, perante o Parlamento russo, sua meta é cortar pela metade a taxa de pobreza, que hoje alcança 20 milhões de pessoas. Número que já foi maior – em 2000, refletindo a mudança ocorrida desde o fim do socialismo no início da década de 1990, era de 42 milhões de pobres. “Devemos resolver uma das tarefas-chave da próxima década: garantir o crescimento sustentado dos rendimentos reais dos cidadãos e, em seis anos, reduzir pelo menos para metade a taxa de pobreza”, disse Putin.

É um grande desafio, a ser enfrentado pela Rússia, uma das principais potências mundiais e que se tornou, sob Putin, um forte contraponto ao domínio unilateral do imperialismo dos EUA, que ameaçou ascender desde o colapso da URSS.

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*Jornalista, escritor, estudioso de história e do pensamento marxista.

 

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