"Tudo somado, a semana será de tirar o fôlego...de Bolsonaro”, resumiu o deputado Orlando Silva

Em uma série de postagens feitas em suas redes sociais nesta segunda-feira (19), o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) falou sobre a semana que se inicia e as tensões que rondam o governo de Jair Bolsonaro. “Tudo somado, a semana será de tirar o fôlego…de Bolsonaro”, resumiu.

No que diz respeito à CPI da Covid no Senado — que deverá ser iniciada na próxima quinta-feira (22) — Orlando avaliou que provável escolha dos senadores Omar Aziz (PSD-AM) para a presidência da Comissão e Renildo Calheiros (MDB-AL) para a relatoria representa importante “derrota de Bolsonaro”.

Sobre o teor das investigações, constatou Orlando, “há um verdadeiro campo minado no caminho do governo. Há a negação das 70 milhões de doses da vacina Pfizer, sabotagem ao isolamento, desmando, boicote contra medidas locais. Tudo a corroborar que o governo agiu para ampliar o contágio em busca da tal imunidade de rebanho”.

Ele acrescentou ainda que “os gastos com cloroquina são fichinha diante do mais grave: o Ministério da Saúde inventou um protocolo que constrangia estados e municípios a adotarem medicamentos sem eficácia na cura, mas com efeitos colaterais sabidos e catalogados. É inescapável: pessoas morreram por isso”.

Outra questão de materialidade mais do que comprovada, disse o parlamentar, “é a omissão criminosa no apagão de oxigênio em Manaus. Há documentos que comprovam que o governo foi informado e não agiu para impedir a tragédia”. Além disso, colocou,  “parte dos responsáveis pelo morticínio continua aboletada em cargos no ministério. Não será difícil achar a ponta do comando. Aliás, basta [Eduardo] Pazuello confirmar em depoimento o que disse ao mundo: ‘um manda, o outro obedece’. Simples e criminoso assim, como atestam 373 mil mortos”.

Orçamento 2021

Outro ponto abordado pelo deputado Orlando Silvia foi o impasse em torno do Orçamento deste ano, que em pleno mês de abril ainda não está sacramentado pelo governo — o presidente tem até o dia 22 para sancioná-lo.

“Como foi construído, o Orçamento está assentado em flagrantes ilegalidades. Até calote no INSS foi dado para assegurar bilhões aos apoiadores do governo. [Paulo] Guedes [ministro da Economia] sabia e participou do acordo, mas não sabe do riscado, se enrolou e agora está entre a cruz e a caldeirinha. Se Bolsonaro sancionar incorrerá em crime de responsabilidade — mais um! —, como já disseram técnicos do Tribunal de Contas da União. Além disso, desmoralizaria mais uma vez Paulo Guedes, o ‘liberal de Taubaté’, que virou piada no Congresso”, avalia Orlando.

Mas se vetar, pondera o deputado, “o presidente abrirá uma guerra contra o Centrão, principal beneficiário dos recursos extras. Em política a palavra conta e a quebra de acordos tem consequências logo ali na esquina. Com CPI aberta, ainda que no Senado, a explosão é garantida”.

Orlando aponta que Bolsonaro sabe disso, tanto que chegou a cogitar negociar uma embaixada para mudar a composição do TCU [Tribunal de Contas da União]. Manobra detectada, senadores já disseram que a indicação não seria aprovada pelo Senado. Além do flagrante desvio de finalidade que poderia parar no STF”.

Clima e impeachment

Além destas questões, Orlando lembrou que nesta semana terá início a Cúpula do Clima, evento com maiores lideranças mundiais “em que o Brasil estará no triste papel de pária e exemplo negativo, em tema que sempre fomos referência. Crescerá a pressão pela demissão de [Ricardo] Salles [ministro do Meio Ambiente]”.

Por fim, Orlando recordou que também nesta semana a mesa diretora da Câmara dos Deputados terá que responder à ministra Carmen Lúcia, do STF, sobre a não apreciação de um pedido de impeachment do presidente.

 

Por Priscila Lobregatte