Em opinião publicada na revista CartaCapital da última segunda-feira (17), o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) avaliou “positivamente” o governo de “reconstrução nacional” implementado por Lula-Alckmin nos seis primeiros meses do ano.

“Visto de conjunto, é de se comemorar o primeiro semestre do governo Lula-3, que prefiro chamar de Lula-Alckmin para não perder o conteúdo de frente ampla que nos garantiu a vitória”, ponderou.

Para Orlando – que já foi ministro do Esporte nos governos Lula e Dilma Rousseff e que está em seu terceiro mandato como deputado federal -, “melhorar concretamente a vida das pessoas é o antídoto contra o bolsonarismo e o caminho para a união e reconstrução do País”.

Dito isso, o parlamentar considerou fundamentais as primeiras ações do governo Lula, principalmente, nas áreas política e econômica. Pois, segundo o deputado, a nação se encontrava pós-Bolsonaro “politicamente cindida e economicamente em frangalhos”.

Neste sentido, o deputado avalia que o presidente Lula acertou em “priorizar a retomada de políticas públicas de sucesso e essenciais para a população, mas que haviam sido desmontadas nos quatro anos anteriores”, afirmou.

Mencionou no artigo, o retorno de programas sociais anunciados na campanha eleitoral, como o relançamento do Bolsa Família, o novo Mais Médicos, o resgate do Farmácia Popular e do Minha Casa Minha Vida e a volta do aumento real do salário-mínimo, entre outros.

Para o deputado, que é titular da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara, outro ponto positivo do governo Lula-Alckmin foi a volta da normalidade política e institucional no país. Tanto nas relações entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, quanto nas relações internacionais, com o Brasil de volta ao lugar de destaque na América Latina e no restante do mundo.

A volta da civilidade e o novo ambiente de previsibilidade são essenciais, segundo o deputado, para atrair investimentos e melhorar o ambiente de negócios. Assim, o país ganha respeito e credibilidade, “de negociar de forma altiva, buscar novos mercados comerciais e parcerias estratégicas, enfim, cuidar dos interesses reais de uma nação”, completou Orlando.

Entretanto, o parlamentar diz que de fato, nos primeiros meses de governo houve dificuldades políticas em organizar uma base de sustentação efetiva no Congresso Nacional, sobretudo, na Câmara, por vários fatores, como por exemplo, o perfil reacionário de parte dos eleitos até a insistência em métodos antigos para compor a maioria, citou ele.

Entretanto, para Orlando, o governo conseguiu reagir e ganhar força ainda no primeiro semestre. “Tanto é que o governo terminou o semestre vendo aprovadas matérias prioritárias de sua agenda econômica”, considerando o CARF, o arcabouço fiscal e a reforma tributária, que há mais de 30 anos estava em tramitação nas casas legislativas.

Crescimento do PIB e queda de juros

Sobre os sinais de melhora da econômica, o parlamentar citou o crescimento do PIB em 1,9% no 1º trimestre do ano e a projeção de crescimento superior a 2,3% para 2023. “O se reflete em menores índices de desemprego, que recuou a 8,3% em maio”. Citou ainda a queda constante na inflação, “o que torna injustificáveis as taxas de juros do Banco Central” que está em 13,75%, referiu.

Orlando reforçou que o presidente acerta em “pressionar pela imediata queda dos juros para possibilitar maior fôlego para a retomada econômica”.

Ainda no plano econômico, segundo Orlando, há algumas carências no governo como o de traçar um plano mais estratégico de retomada da industrialização do país. “Se subestimarmos esse desafio, cometeremos um erro que custará novas décadas perdidas”, ponderou.

Neste quesito, o parlamentar considera que o governo precisa ter uma visão ambiciosa de futuro para o país e assim, tomar uma decisão política, apresentar um rumo, além de fazer investimentos públicos e privados.

“O governo precisa estruturar projetos com começo, meio e fim para que o Brasil ao menos entre no jogo do que se debate no mundo: indústria 4.0, inteligência artificial, internet das coisas, a economia do conhecimento”.

Por fim, no artigo, Orlando observa que é preciso manter a luta contra a pressão conservadora que é persistente e permanente e, considera decisivo manter a luta popular e o diálogo do governo com os movimentos sociais e a sociedade civil. “É preciso ter ideias e energia para transformá-las em realidade”, concluiu.