Orlando Silva

Nos primeiros sete meses da gestão Jair Bolsonaro (PSL), a esquerda ficou, invariavelmente, presa a temas menores, aprendendo a se desvencilhar do estilo do presidente. Esta é a opinião do deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), que defende uma mudança na postura da oposição no Congresso para barrar os retrocessos do governo.

“O presidente tenta montar armadilhas, tem sido pródigo nisso – e por vezes a esquerda morde a isca. Há método nesse aparente caos”, afirma o parlamentar comunista, um dos oito deputados da bancada do PCdoB. No total, os partidos de esquerda (PT, PCdoB, PDT, PSB e PSOL) somam 131 deputados, ou 25% da Câmara.

A condição minoritária exige que a oposição conquiste aliados nos partidos do chamado “Centrão”. Do contrário, obter vitórias contra o governo é altamente improvável. No segundo semestre, não deverá haver um tema dominante na pauta da Câmara, como a reforma da Previdência. A esquerda aposta que os campos de batalha principais se darão na reforma tributária, no pacote do ministro Sergio Moro (Justiça) de segurança e combate à corrupção, além dos cortes de gastos, sobretudo na educação.

Orlando diz que, no caso da reforma tributária, a esquerda não deveria deixar o debate restrito aos termos preferidos do Ministério da Economia, da racionalidade do modelo. “Temos de fazer um debate mais de mérito”, analisa. “A esquerda não pode se contentar com a simplificação tributária. Temos de avançar na discussão de um sistema tributário progressivo.”

Já o deputado Rui Falcão, ex-presidente do PT, acrescenta a instalação de uma CPI mista sobre fake news como um momento promissor para a esquerda no segundo semestre. Sua criação foi assegurada ao PT pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). A investigação terá como um dos temas a estratégia fraudulenta de campanha nas redes sociais utilizada na eleição do ano passado por Bolsonaro.

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Com informações da Folha de S.Paulo

Edição: André Cintra