Borrell, chefe da diplomacia da UE, afirmou que a Sputnik V é uma "boa notícia para a humanidade"

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA na sigla inglesa) aprovou o pedido de registro para testes para a vacina russa contra a Covid-19, a Sputnik V, na terça-feira (9). A aprovação é passo significativo para que a vacina seja amplamente aplicada nas populações do continente.

O Fundo Russo de Investimentos Diretos, que financiou a produção e distribuição do imunizante criado pelo Instituto Gamaleya, informou que a solicitação foi feita no dia 29 de janeiro.

As expectativas do Fundo apontam para que o processo de revisão da documentação com base nos testes já realizados em outros países comece já em fevereiro.

O uso emergencial da vacina Sputnik V já foi aprovado em um total de 18 países, entre eles Argentina, Bolívia, Emirados Árabes Unidos, Irã, México, Coreia do Sul, Nicarágua e Venezuela. Além disso, segundo os criadores do medicamento, eles já receberam pedidos de mais de 1,2 bilhão de doses de 50 países ao redor do mundo.

A Hungria, que pertence à UE, foi o primeiro país do bloco a autorizar a aplicação do imunizante contra a Covid-19 em seu território, segundo anunciaram esta segunda-feira as autoridades de saúde húngaras.

A vacina desenvolvida pela Rússia revelou uma eficácia de 91,6% contra as formas sintomáticas da doença, segundo resultados publicados na revista médica The Lancet e validados por especialistas independentes.

Cerca de 40 mil voluntários participaram da fase 3 e, há três semanas, a publicação divulgou os resultados preliminares sobre a eficácia da vacina com um grupo de 20 mil pessoas.

A Sputnik ganhou então o selo de aprovação ocidental, destacando-se, além do elevado nível de 91,6% de eficácia no ensaio, a segurança de sua tecnologia em termos de efeitos adversos, pois as duas aplicações injetam adenovírus (vírus atenuado de resfriado comum) diferentes para levar proteína do coronavírus para estímulo da resposta imune do corpo contra o vírus.

Logo depois da publicação na Lancet, a chanceler alemã, Angela Merkel, falou com Putin acerca da eventual produção local da Sputnik V.

O continente europeu enfrenta uma crise com seu programa de vacinação. A EMA já autorizou o uso emergencial das vacinas da Pfizer/BioNTech (EUA/Alemanha), Moderna (EUA) e AstraZeneca/Universidade de Oxford (Reino Unido/Suécia).

Enquanto as encomendas dão e sobram para imunizar sua população, a velocidade das entregas está lenta, prejudicando o programa de vacinação em uma das regiões mais afetadas do planeta.

Além disso, a União Europeia tem expectativa em vacinas que não foram ainda aprovadas, como a da Janssen (Bélgica/EUA), em estágio avançado, e as mais atrasadas Sanofi/GSK (França/Reino Unido) e CureVac (Alemanha).

Além disso, as agências de notícias russas enfatizam que, em comparação com as outras vacinas contra a Covid-19 com eficácia superior a 90%, o imunizante do centro Gamaleya apresenta várias vantagens significativas em termos de custo e logística. As duas doses de Sputnik V necessárias para imunizar uma pessoa custam menos de US$ 20, o mesmo preço que suas contrapartes estrangeiras cobram por uma única dose com um nível semelhante de eficácia. Há ainda o fato de que as vacinas da Pfizer e da Moderna exigem temperaturas extremamente baixas para conservação (-70ºC para a da Pfizer), a Sputnik V resiste bem a temperaturas de geladeira comum (-2 a -8 ºC).