Senadora Eliane Nogueira

Na documentação sobre o chamado “orçamento secreto” remetida pelos parlamentares para a ministra do STF (Supremo Tribunal Federal), Rosa Weber, à qual a imprensa teve acesso, a senadora Eliane Nogueira (PP-PI) está entre os congressistas que se destacam pelo montante declarado.

Mãe do ministro da Casa Civil, senador licenciado Ciro Nogueira (PP-PI), é suplente do filho e assumiu o mandato em 28 de julho do ano passado. Até dezembro de 2021, ela indicou R$ 399.280.837,78 em emendas.

Ao todo, foram R$ 175,2 milhões encaminhados para a saúde, detalhados pela parlamentar como compra de ambulâncias, veículos e equipamentos.

A segunda maior destinação foi por meio da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) — R$ 138,8 milhões voltados, segundo detalhamento feito pela equipe da senadora, para o apoio às cadeias produtivas locais, obras de infraestrutura, poços tubulares, além da aquisição de veículos, máquinas e equipamentos.

A senadora ainda realizou repasses pelo FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), pelo Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas), pelos ministérios da Agricultura, e do Desenvolvimento Regional.

Apesar de informar onde os recursos seriam aplicados, em nenhum dos repasses, a suplente de senador mencionou as cidades que receberam a verba.

Em nota à imprensa, a senadora salientou que “todo o meu trabalho tem sido pautado em atender as necessidades e demandas do povo do Piauí com total transparência. (…).” “A pedido do presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco [PSD-MG], informei cada indicação de emenda de relator por meio de ofício. Ressalto que as destinações dos recursos estão acessíveis no Portal da Transparência e são sempre divulgadas nas minhas redes sociais, longe de serem secretas. Não tenho nada a esconder”.

Resta saber por que somente a panelinha do governo é aquinhoada com tão vultosas somas de dinheiro em emendas.

A origem de 70% dos recursos das emendas de relator continua sendo um mistério.

O material enviado ao Supremo, por determinação da ministra Rosa Weber, detalha R$ 10,9 bilhões dos quase R$ 37 bilhões reservados para emendas de relator nos últimos dois anos (menos de 30% do valor total).

Apenas 340 dos 513 deputados e 64 dos 81 senadores responderam, ou seja, três em cada 10 parlamentares ignoraram o pedido de detalhamento feito pela ministra.