A estratégia da Oposição de esvaziar a sessão do Plenário funcionou. Após cinco horas sem o quórum necessário para o início da votação, o presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) anunciou o encerramento da sessão na qual estava sendo analisada a autorização para o Supremo Tribunal Federal (STF) processar, por crime comum, o presidente da República, Michel Temer, e os ministros Eliseu Padilha, da Casa Civil, e Moreira Franco, da Secretaria-Geral. Com isso, Maia terá que convocar nova sessão para tentar votar a denúncia.

De acordo com a líder do PCdoB na Câmara, Alice Portugal (BA), a legenda foi uma das que atuou arduamente para obter esta vitória. “Não concordamos com essa vitória construída na compra de votos. Temos que liberar Temer para que o Supremo o julgue, mas obtermos a vitória final precisamos enfraquecer ainda mais este governo”, disse a parlamentar.

A presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos (PE) destacou que “dependendo da votação de hoje, se a base do governo não conseguir botar os 342, a gente pode virar esta página e mudar a agenda do país”.

“Temos que tirar Temer para barrar a agenda ultraliberal que ele está impondo ao país. (…) O governo entreguista que comete crimes de lesa-pátria e nós precisamos reagir à altura”. Para a dirigente, a segunda denúncia por corrupção que o presidente golpista enfrenta, tem provas robustas. “Não é possível que a Câmara dos Deputados possa trocar isso por uma benesse pessoal de um ou outro deputado. É preciso pensar no país e colocar o interesse nacional acima de tudo e por isso, Fora, Temer”, destacou Luciana Santos em vídeo publicado em suas redes sociais.

Além do PCdoB e do PT, partidos como PSol, Rede, PDT, PPS, PSB, além de parlamentares do PHS, Avante, Solidariedade encamparam a proposta do esvaziamento, contribuindo para o sucesso da estratégia.

A estratégia também foi comemorada pelo líder da Minoria, José Guimarães (PT-CE). Segundo ele, a unidade dos parlamentares para enfrentar as provocações da base aliada de Temer e permanecer unida foi “impressionante”. O parlamentar lembrou ainda da tentativa da tropa de choque do peemedebista de botar em votação um requerimento de adiamento, com o intuito de obrigar a marcação de presença dos parlamentares. “Quando eles perceberam que não tinham os 342 colocaram o requerimento. Mas fizemos nosso dever de casa 100% e mantivemos nossa decisão”, pontuou Guimarães.

O pedido encabeçado pelo PMDB era um “teste de quórum”, visto que para votar a denúncia é preciso ter, no mínimo, 342 parlamentares – mesmo número que é necessário para autorizar a continuidade da denúncia. No entanto, votaram 191 deputados apenas, o que motivou a comemoração dos oposicionistas.

Temer e os ministros Eliseu Padilha e Moreira foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República pelos crimes de obstrução de justiça e organização criminosa.

 Matéria alterada às 19 horas para acréscimo de informações e vídeo.