“Estamos à beira de uma crise da dívida”, advertiu o secretário-geral da ONU.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, lançou um apelo à “ação urgente” para aliviar a dívida dos países pobres e em desenvolvimento, no contexto da “pior recessão desde a Grande Depressão” sob a pandemia. A convocação foi feita em Nova York, durante conferência para o desenvolvimento, na segunda-feira (29)

“Os alívios suplementares e direcionados da dívida a favor dos países vulneráveis, incluindo os países com rendimentos médios, serão necessários em definitivo”, disse, ao conclamar a criação deste “novo mecanismo”.

Guterres sugeriu medidas “mais audaciosas e mais ambiciosas”, referindo-se às recentes medidas do FMI e do G20 sobre a questão. Ele pediu a prorrogação até 2022 do mecanismo do G20 de suspensão da dívida, que expira no final de junho. Ele propôs, ainda, a inclusão dos países com rendimentos médios que o desejarem.

Os países dos G20 despenderam cerca de US$ 16 trilhões para relançar as suas economias, mas os países em desenvolvimento não têm essa capacidade, assinalou Guterres no evento, organizado com o Canadá e a Jamaica, na presença de representantes de várias dezenas de Estados.

O G20, o grupo das 20 maiores economias do mundo, chegou a acordo sobre um quadro comum para reestruturar a dívida de países pobres com uma moratória sobre o pagamento dos juros no âmbito da “iniciativa de suspensão do serviço da dívida”.

“Estamos à beira de uma crise da dívida”, advertiu o secretário-geral da ONU, ao considerar que “um terço das economias emergentes estão expostas a um risco elevado de crise orçamentária”.

Por outro lado, seis países estão em incumprimento, incluindo a Zâmbia e o Líbano, este último pela primeira vez na sua história.

No início de março, os ministros das Finanças do G7 tinham apoiado no FMI novas ajudas aos países desfavorecidos fragilizados pela pandemia, por meio de uma nova emissão de direitos especiais de saque (DES), a primeira desde a crise financeira de 2009, para “garantir liquidez” aos países em questão.