"Não pretendemos permitir que Kiev perpetre um banho de sangue no Donbass, disse o representante da Rússia na ONU, Vassili Nebenzia

“Kiev fez de tudo para sabotar e destruir os acordos de Minsk [Acordos com a participação da Rússia e da Ucrânia, em 2014, que instituiu o cessar-fogo na região do vale do rio Don – Donbass – e que está sendo violado agora mais de mil vezes pelas tropas do governo da Ucrânia], afirma o representante permanente da Rússia na ONU, Vassili Nebenzia.

As declarações de Nebenzia ocorrem durante reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, na sede da entidade em Nova Iorque, após o decreto do presidente Vladimir Putin, já referendado pelo parlamento russo, reconhecendo a independência das repúblicas que se rebelaram contra o regime neonazi, instalado na Ucrânia com apoio dos Estados Unidos, regime este que já está causando mortes e deslocamento populacional devido ao bombardeio com canhões contra as populações civis das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk.

Na reunião, convocada por iniciativa da Albânia, Reino Unido, Irlanda, México, Noruega, Estados Unidos, Ucrânia e França, Nebenzia enfatizou que, “no dia de hoje, a questão que prevalece é centrar-se em como evitar a guerra e obrigar a Ucrânia a deter os bombardeios e as provocações contra Donetsk e Lugansk”.

“Permitir um banho de sangue no Donbass é algo que não pretendemos fazer”, acrescentou o diplomata russo e destacou que “seguimos abertos à diplomacia, a uma solução diplomática do conflito”.

Nebenzia ressaltou que “em conformidade com os acordos firmados hoje [entre a Federação da Rússia e as repúblicas populares da região do Donbass] as funções de manutenção da paz no território destas repúblicas e atendendo a solicitação destas, serão desempenhadas pelas Forças Armadas da Federação da Rússia”.

O presidente da Rússia, Vladímir Putin, informou, nesta segunda-feira, em mensagem à nação, da decisão de seu país de “reconhecer de imediato a independência e a soberania das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk”.

Em seguida, em cerimônia no Kremlin, o chefe de Estado da Rússia assinou com o líder da República do Donetsk, Denís Pushilin, e com o líder da República popular de Lugansk, Leonid Pásechnik, acordos de amizade, cooperação e assistência mútua entre a Rússia e as repúblicas do Donbass.

“O chamado mundo civilizado, do qual os colegas ocidentais se autodenominam únicos representantes, prefere não se dar conta da matança de civis, do assédio e do fustigamento de pessoas no Donbass, como se todo esse horror, genocídio a que são submetidas quase quatro milhões não existisse”, declarou Putin no seu pronunciamento à nação, destacando ainda que “não passa um só dia sem que as localidades do Donbass sejam bombardeadas”.

Na reunião do Conselho de Segurança os Estados Unidos prosseguiram com seu comportamento de incitação à histeria e à beligerância ao classificar a decisão do presidente Putin de “uma maluquice” e, sem atender ao apelo da Rússia por solução diplomática, voltar a ameaçar com guerra: “Veremos uma devastadora perda de vidas, um sofrimento inimaginável, milhões de pessoas deslocadas, uma crise de refugiados na Europa”, declarou a representante de Washington, Thomas Greenfield, como se os deslocamentos de dezenas de milhares de mulheres, crianças e idosos, que já se iniciam, não tivesse nada a ver com o regime que os Estados Unidos ajudou a instalar em Kiev.