ONU: cresceu a disparidade salarial entre homens e mulheres sob Covid
Em mensagem pelo 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, advertiu que a pandemia “está eliminando anos de progresso em direção à igualdade de gênero”, lembrou que a maioria dos trabalhadores de serviços essenciais na linha da frente do combate à Covid-19 “são mulheres” e defendeu que o processo de recuperação se torne “a oportunidade de traçar um novo caminho mais igualitário” e com ajudas “especialmente direcionadas a meninas e mulheres”.
“É hora de construir um futuro igualitário” e este “é um trabalho de todos e para o benefício de todos”, conclamou Guterres, que saudou que, durante a pandemia, as organizações femininas “preencheram lacunas cruciais no fornecimento de serviços e informações essenciais, especialmente ao nível comunitário”. O 8 de Março foi adotado oficialmente pela ONU como dia Internacional da Mulher em 1975.
O recuo citado por Guterres se verificou, por exemplo, em relação a uma das bandeiras centrais da luta feminina, a do salário igual para trabalho igual. Como destacou o secretário-geral da ONU, sob a pandemia “as disparidades salariais entre homens e mulheres, já elevadas, aumentaram, inclusive no setor da saúde”.
A que se soma que a prestação não-remunerada de cuidados haja “aumentado drasticamente devido às medidas de confinamento e ao fechamento de escolas e creches”, segundo Guterres.
“Milhões de meninas poderão nunca mais voltar à escola”, apontou, frisando que as mães – especialmente as mães solteiras – “enfrentam sérias adversidades e sentem elevados níveis de ansiedade”.
Guterres alertou, também, que a pandemia desencadeou “uma epidemia global paralela de violência contra as mulheres em todo o mundo”, com um aumento significativo de casos de violência doméstica, tráfico, exploração sexual e casamento infantil.
Diante do que o mundo “precisa de um novo estímulo à promoção da liderança feminina e da participação igualitária”, enfatizou.
Ressaltando “o poder e a eficácia da liderança feminina” no enfrentamento da pandemia, Guterres abordou a questão do enorme fosso das mulheres em relação aos homens nos postos de comando.
Em nível global, ele sublinhou, as mulheres representam apenas um quarto dos parlamentares nacionais, um terço dos postos executivos e apenas um quinto dos ministros.
“A este ritmo, a igualdade de gênero não será alcançada nos sistemas políticos nacionais antes de 2063. A paridade entre chefes de Estado levará mais de um século”, disse Guterres, que expressou seu orgulho de ter alcançado “a igualdade de gênero nas posições de liderança das Nações Unidas”.
Para o secretário da ONU, quando as mulheres lideram governos se assiste a “maiores investimentos na proteção social e avanços mais significativos contra a pobreza”. “Quando as mulheres estão no Parlamento, os países adotam políticas mais eficazes de combate às alterações climáticas. Quando as mulheres negociam a paz, os acordos são mais duradouros”, exemplificou.