Os protestos que repudiam o assassinato do negro desarmado George Floyd, na segunda-feira (25), vítima de violência policial em Minneapolis, se alastraram.

Nem o toque de recolher decretado pelo prefeito de Minneapolis, nem a Guarda Nacional enviada à cidade para apoiar a Polícia local impediram que manifestantes ocupassem as ruas.

O protesto se torna nacional. Pelo menos 30 cidades, entre as maiores e mais importantes dos Estados Unidos, já viveram manifestações muitas com confrontos violentos.

Um rapaz de 19 anos e um policial morreram e centenas de pessoas foram presas durante o quarto dia de protestos contra a morte de George, entre a noite de sexta-feira (29) e a manhã de sábado (30).

Houve manifestações, além de Minneapolis, em Nova York, Washington, Los Angeles, Las Vegas (Nevada), Saint Paul (Minnesota), Atlanta (Geórgia), Detroit (Michigan), Portland (Oregon), Dallas, Houston (Texas), San Jose, Oakland (Califórnia), Columbus (Ohio), Phoenix (Arizona) e muitas outras cidades, onde milhares de pessoas entoaram nas ruas dizeres como “Sem justiça, sem paz” ou “Diga o nome dele: George Floyd”. Cartazes registravam “Ele disse que não podia respirar. Justiça para George”.

Na área metropolitana de Minneapolis e de Saint Paul, que são cidades separadas pelo rio Mississippi, milhares de pessoas bloquearam uma ponte. As manifestações foram pacíficas ao longo do dia em Minneapolis, mas se tornaram violentas perto de meia-noite. A polícia da cidade deteve várias pessoas que desafiaram o toque de recolher a partir das 20h.

Na capital, Washington, centenas de pessoas caminharam até a Casa Branca, sede do governo dos EUA e à residência de Donald Trump. O local foi momentaneamente trancado pelo serviço secreto por “precaução”. Manifestantes tentaram chegar ao Trump Hotel, empreendimento do magnata republicano na capital. Na cidade foram registrados tumultos entre manifestantes e policiais em vários pontos. Forças de segurança usaram spray de pimenta durante os confrontos.

Em Nova York, milhares de pessoas repudiaram a discriminação e a violência que atinge principalmente a população mais pobre, hoje golpeada pelo desemprego. Além de Floyd, foi lembrado Eric Garner, outro homem negro morto em ação policial em 2014, em circunstâncias similares, em Staten Island, Nova Iorque. Os protestos ocorreram mesmo com as medidas severas de isolamento social na cidade mais atingida pela Covid-19 no mundo.

As manifestações entraram pela madrugada de sábado (30) e houve confronto entre policiais e manifestantes. Na sexta-feira, Uma multidão tentou derrubar barreiras de contenção e jogou garrafas de água contra as forças de segurança, que dispararam bombas de gás lacrimogêneo. “Dúzias” de pessoas foram detidas, segundo a polícia local.

Como em Nova York, os protestos em Louisville, no Kentucky incluíram  a lembrança da morte de Breonna Taylor, que foi morta por policiais que entraram em sua casa em março, sem chances de defesa. Um grupo colocou fogo ao tentar invadir pelo subsolo um edifício do judiciário da cidade, divulgou a imprensa norte-americana.

Em Atlanta centenas de pessoas se aglutinaram em frente à sede da emissora CNN em protesto contra o racismo. Um repórter negro do canal foi detido enquanto cobria as manifestações nesta quinta. Houve manifestantes que queimaram a bandeira dos EUA e pediram aos policiais que “deixassem seus empregos”. Outros picharam o letreiro com a logo da emissora, e outros queimaram carros.

Em Detroit, um jovem de 19 anos morreu depois de um marginal que estava num carro ter disparado contra a multidão que protestava contra a morte de Floyd. Segundo a polícia, o suspeito dos disparos parou o carro na área onde decorriam os protestos e atirou indiscriminadamente, acertando o garoto.

Em Oakland, dois agentes federais foram baleados durante protestos que reuniram cerca de 7, mil pessoas. Um deles morreu.