Tedros Ghebreyesus: “não podemos enfrentar esta pandemia como um mundo dividido”.

O diretor geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, advertiu de Genebra que a pandemia continua “fora de controle”, mas sublinhou que esta crise sanitária provocada pelo COVID-19 é uma oportunidade única para que haja “solidariedade global e liderança mundial”.

“Este é um momento para a autorreflexão, para olharmos o mundo em que vivemos, e para encontrarmos formas de fortalecer nossa colaboração na medida em que trabalharmos juntos para salvar vidas e controlar esta pandemia”, disse, acrescentando que “juntos, agora temos uma oportunidade única nesta geração para demonstrarmos mutuamente que podemos ser maiores que a soma de nossas partes”.

Visivelmente emocionado e pausadamente, afirmou: “Esta é uma tragédia que… de fato… está nos forçando a sentir falta de muitos de nossos amigos. Perdendo-se vidas… E não podemos enfrentar esta pandemia como um mundo dividido”.

Reconhecendo que não estava pronunciando um “informe padrão” que marca um espaço e “se coloca em uma prateleira para que acumule pó”, Adhanom inquiriu:  “Por que é tão difícil para os humanos unirem-se, para lutar contra um inimigo comum que mata pessoas indiscriminadamente? Somos incapazes de reconhecer nosso inimigo comum? ”

Embora não tenha feito nenhuma referência explícita, a declaração do líder da OMS aponta para a atitude de Donald Trump repudiada pelo mundo inteiro que, no dia 29 de maio, informou que estava cortando a contribuição norte-americana e encerrando relações de Washington com a Organização Mundial da Saúde, fato que não foi só um desconhecimento do importante trabalho da organização internacional para vencer a pandemia, como também da tragédia que o povo norte-americano vive, o mais atingido no mundo pelo vírus.

“Meus amigos, não se enganem. A maior ameaça que enfrentamos agora não é o vírus em si. Antes de tudo, é a falta de liderança e solidariedade em níveis global e nacional. Não podemos vencer esta pandemia com um mundo dividido. O vírus prospera na divisão, mas se frustra quando nos unimos”, sublinhou.

O diretor da OMS ressaltou que o vírus não conhece fronteiras e que tem deixado em evidência a vulnerabilidade dos sistemas de saúde dos países. “Expôs as desigualdades existentes, ampliando e aprofundando as rachaduras entre nós”, disse.

E concluiu, constatando que “o vírus derrubou os sistemas de saúde em algumas das nações mais ricas do mundo, enquanto alguns países que obtiveram uma resposta bem-sucedida tiveram meios modestos”.