Olimpíadas de Inverno têm início em Pequim com show de luzes e neve

Em uma cerimônia de abertura marcada pela beleza e por efeitos de luz no estádio Ninho do Pássaro, as Olimpíadas de Inverno Pequim 2022 – a 24ª edição – tiveram início nesta sexta-feira (4), unindo o espírito olímpico e o congraçamento de atletas e povos, mas sob os mais rígidos protocolos sanitários já vistos, em razão da pandemia.

É o mesmo local da abertura das Olimpíadas de 2008, e Pequim se torna a única cidade do mundo a sediar ambos os jogos de verão e de inverno. Nos próximos 16 dias, cerca de 2.900 atletas competirão em 109 eventos de 15 modalidades em sete esportes.

Delegações de mais de 90 países e regiões participaram da cerimônia, juntamente com líderes mundiais, incluindo o presidente russo Vladimir Putin, o presidente sérvio Aleksandar Vucic, o presidente argentino Alberto Fernández e o secretário-geral da ONU Antonio Guterres.

Em seu discurso, ao lado do presidente chinês Xi Jinping, o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), o alemão Thomas Bach, afirmou que “este ano do tigre também é um ano olímpico”.

“Tanto o Ano do Tigre quanto o Tigre Olímpico representam coragem e força. Hoje a China é um país de esportes de inverno. Mais de 300 milhões de pessoas praticam esportes de inverno em cerca de 2.000 estações de esqui e gelo pistas”, acrescentou.

E concluiu: “Caros atletas: seu palco olímpico está montado. Estamos todos com vocês. Estamos todos apoiando vocês. Estamos todos torcendo por vocês”.

Em seu pronunciamento, Bach também pediu que as Olimpíadas fossem “uma inspiração para tempos de paz”.

Na descrição da Associated Press, “a China deu seu show”. “Quando Xi se sentou, os artistas se viraram para ele e se curvaram repetidamente. Uma onda de aplausos simultâneos aumentou quando eles ergueram seus pompons em direção ao presidente – o maior líder da China desde Mao Zedong, que estabeleceu a República Popular em 1949. Uma enxurrada de fogos de artifício, incluindo alguns que diziam “Primavera”, anunciou que as festividades estavam à mão”.

O presidente Xi declarou abertos os 24º Jogos Olímpicos de Inverno Pequim 2022, que o próprio COI considerou os realizados nas condições mais desafiadoras, com os atletas, treinadores e dirigentes em um circuito fechado, uma “bolha”, para evitar a pandemia.

Os Jogos de Pequim também marcam o fracasso da provocação movida por Washington, o assim chamado ‘boicote diplomático’, acompanhado por alguns satélites, como o Reino Unido e a Austrália, aliás, parceiros da aliança agressiva Aukus recém-formada, e que é parte da tentativa cada vez mais furada de tentar deter o desenvolvimento chinês soberano. Tanto o COI quanto alguns dos principais líderes mundiais repudiaram a tentativa de “politização” do esporte.

Como em 2008, a cerimônia de abertura foi dirigida pelo diretor de cinema chinês Zhang Yimou, famoso pelos filmes “Lanternas Vermelhas”, “Herói” e “O Clã das Adagas Voadoras”. Agora, tendo flocos de neve como tema central. “Diferentes flocos de neve chegam a Pequim e se juntam em um floco de neve gigante da humanidade”, disse Zhang sobre seu conceito para a abertura em entrevista ao China Media Group (CMG).

Não havia atores ou dançarinos profissionais, todos eram cidadãos comuns, estudantes e trabalhadores que se apresentaram como voluntários para participar da abertura, 3 mil, a maioria crianças e adolescentes, em um palco de 11.600 metros quadrados de tela de LED de alta definição semelhante a uma superfície de gelo.

Ao contrário de edições anteriores, a organização optou por uma pira menor, com a tocha ao centro do floco de neve. O que reflete a importância que Pequim vem dando à questão ambiental e à sustentabilidade: uma chama menor, para diminuir a emissão de carbono.

Ao som de um trompete tocado por um menino, a bandeira da China foi levada ao palco por representantes das 56 etnias que formam o povo chinês, dando início à apresentação artística da festa.

Uma linda cascata de luz, simulando o Rio Amarelo, berço da milenar civilização, invadiu o palco e fez surgir um imenso e simulado bloco de gelo. Em imagens refletidas, a lembrança das 23 edições anteriores dos Jogos.

Delegações desfilam

Como é tradição, a delegação da Grécia abriu o desfile, encerrado como sempre pela delegação anfitriã. As delegações do Canadá e da Finlândia optaram por levar a maior parte de seus atletas ao desfile. A temperatura de quatro graus (Celsius) negativos não demoveu o porta-bandeira da Samoa Americana de se apresentar sem camisa e besuntado. A equipe de bobsled da Jamaica atravessou o palco executando uma dança. 16º país a desfilar, a delegação brasileira foi encabeçada por Jaqueline Mourão e Edson Bindilatti.

Os desfiles de atletas de Taiwan – que compete separadamente como “Taipei Chinesa” –, assim como os de “Hong Kong, China” – que é uma região especial autônoma – foram saudados com aplausos da multidão, assim como os competidores russos. Putin, de sobretudo, se levantou para a delegação russa, acenando com a cabeça enquanto marchavam.

Em um sintoma das dificuldades que envolvem os atuais Jogos, os EUA precisaram trocar sua porta-bandeira, Elana Meyers Taylor, do bobsled. Ela havia sido a escolhida, mas testou positivo para Covid-19, e foi substituída por Brittany Bowe, da patinação de velocidade.

Ao final, novos efeitos de luzes fizeram nevar flocos no Ninho do Pássaro, com os nomes dos países que participam dos Jogos, dando origem origem a um floco de neve gigante, que voou pelo palco.

Pira

Após segmento do tributo a todos os povos, com imagens de cidadãos de todos os cantos do mundo, além de referências aos desafios enfrentados durante a pandemia de Covid-19, nomes do esporte chinês entraram no estádio empunhando a bandeira olímpica.

Após apresentações musicais, enfim o ponto culminante da cerimônia: o acendimento da tocha.

Weichang Zhao, Yan Li, Yang Yang, Bingtian Su, Yang Zhou, representando as últimas décadas do esporte chinês, fizeram a reta final do revezamento da tocha.

No fim, coube à dupla Dinigeer Yilamujiang – este, um integrante da minoria uigur chinesa – e Jiawen Zhao acender a pira olímpica, com a tocha ao centro do floco de neve.