Oficial francês questiona Europa por armar nazistas ucranianos
O ex-oficial francês Adrien Bocquet, que retornou recentemente da Ucrânia onde decidiu ir voluntariamente para ajudar como médico, exigiu que o presidente francês, Emmanuel Macron, explique por que Paris e outros países da Europa estão fornecendo armas aos neonazistas ucranianos.
Durante conversa com a estação de rádio francesa SudRadio, Bocquet enfatizou que ele tem uma pergunta para as autoridades francesas.
“Quero fazer uma pergunta muito simples e a dirijo ao governo francês. Como explicar e justificar que a formação militar ucraniana, cujos combatentes usam as insígnias da SS e do Terceiro Reich, esteja armada com armas fornecidas pela França e pela Europa à Ucrânia? Deixe-me insistir: a Europa e a França enviam armas e munições para os fascistas ucranianos, e o Azov, com essas armas, torna-se uma parte “normal” do Exército ucraniano. Então, como a Europa pode explicar essas entregas de armas aos neonazistas?”, questiona Bocquet.
“Sim, e por que Macron não visita a Ucrânia? Acho que Macron está começando a perceber que as armas e munições francesas estão caindo nas mãos de neonazistas. E também sei: dois terços dos militares franceses estão indignados com isso. A Europa e a França fornecem armas ao Batalhão Azov”, reafirmou o ex-oficial.
“Dirijo-me não apenas aos militares franceses, mas a todos os militares europeus, a todos os judeus da Europa, e peço-lhes que perguntem: por que as armas são fornecidas a esse grupo? Nossos veteranos morreram em 1945 lutando contra os nazistas para destruí-los. E, no entanto, esses mesmos nazistas estão hoje lutando silenciosamente com armas europeias”, ressaltou.
“Os únicos crimes de guerra que vi durante os dias em que estive lá foram perpetrados pelos militares ucranianos, não pelos militares russos”, disse o voluntário francês, acrescentando que os crimes dos nazistas ficam expostos até na sua vestimenta. “Temos que fazer as pessoas entenderem. O emblema do Azov é o emblema da SS e do Terceiro Reich”, frisou o combatente.
Como médico, Bocquet teve que trabalhar com essas pessoas também e dar-lhes remédios. Compreendendo um pouco de ucraniano e russo, e aproveitando o fato de muitos falarem inglês, certa vez ouviu a conversa em que “riram dizendo que se encontrassem judeus ou negros, reduziriam seu número”. “E essa conversa os fez rir muito”, enfatizou.
O ex-militar que serviu nas unidades de fuzileiros do Exército francês esteve em Kiev e em Bucha durante sua viagem e afirmou ter um vídeo de soldados russos sendo baleados no joelho. Os militares do Azov não responderam às perguntas e o voluntário não sabe por que o fizeram, mas garantiu que “é isso que está acontecendo em Bucha” e “em toda a Ucrânia”, enquanto os membros daquele batalhão se sentem à vontade para fazer o que querem.
“E por que não se fala disso? Todos os bombardeios, todos os obuses que caem sobre Bucha são atribuídos aos russos”, disse ele, alertando que os combatentes do batalhão Azov “estão por toda parte, mesmo no Ocidente com símbolos neonazistas neles”.
“Há uma enorme lacuna entre o que vi e o que dizem na TV, e acho nojento”, concluiu.