Porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova, afirmou na quarta-feira (27) que o Ocidente continua faturando alto ao entupir a Ucrânia de armas, para desestabilizar a região e atiçar o conflito.

“Certamente, é um negócio, tal carrossel infernal, e além de tudo isso, o objetivo principal é a desestabilização da região e […] agudização contínua do conflito que cause ainda mais mortes”, a porta-voz, em entrevista à Rádio Sputnik, respondendo a uma pergunta se o Ocidente continua ganhando nas entregas de armamento para a Ucrânia.

“Se eles voltam a falar publicamente que para eles a vida humana está em primeiro lugar, então é preciso deixar de entregar armas à Ucrânia”, ressaltou.

Os fabricantes de armas norte-americanos não escondem sua êxtase com a atual situação de confronto, com a renovação de arsenais de guerra em curso no Ocidente, sob o maior orçamento bélico da história dos EUA e com os países subalternos da Otan passando a gastar 2% do PIB para atender a esses abutres.

Zakharova acrescentou que o regime de Kiev tornou-se  um “megafone de Washington”, por meio do qual a Casa Branca “propaga quaisquer matérias difamadores e falsas” e exerce chantagem para ser obedecida.

Ela assinalou ainda que a Ucrânia [pós-golpe de 2014] é um país europeu que designou como ideia fundamental de sua existência “a reformação de seu desenvolvimento e a transformação total de sua economia, cultura e história, finalizando completamente o passado e escrevendo tudo do zero”.

Piedosa forma de se referir à ‘nova Ucrânia’, ‘racialmente pura’, infestada de banderistas e seu ódio a tudo que é russo ou foi soviético.

Ao entupir a Ucrânia de armas Washington está açulando a continuação do conflito, ao invés de pressionar pelo não esvaziamento das negociações de paz.

Na semana passada, o chefe do Pentágono, general Austin, e o secretário de Estado, Anthony Blinken foram a Kiev para insuflar o regime instalado pelo golpe de estado de 2014 a perseguir os objetivos de Washington e a anexação à Otan “até o último ucraniano”.

O governo dos EUA prometeu mover “céus e terras” para armar a Ucrânia e instalou, na base de Ramstein, na Alemanha, um centro de distribuição de armas para o regime de Kiev.

Em 2008, o governo de W. Bush definiu a meta da anexação da Ucrânia na Otan – o que foi cinicamente chamado de ‘convite’, o que passou a ser posto em prática com o golpe CIA-nazis de 2014 que derrubou o presidente legítimo, instalou nas entranhas do novo regime os neonazistas e transformou um colaborador da ocupação hitlerista em ‘patrono nacional’.

Golpe no qual tiveram notória presença a atual conselheira de Biden, a então subsecretária de Estado, Victoria Nuland, e do embaixador norte-americano em Kiev. Também do senador republicano John McCain, que inclusive se reuniu – e foi fotografado – com o nazista mais conhecido da Ucrânia.

Foi também o golpe que proibiu o partido comunista e decretou a ‘descomunização’ do país, perseguiu e espancou oposicionistas e iniciou o banimento do idioma russo, o que levou ao rechaço pela população da Crimeia e do Donbass – que, aliás, majoritariamente haviam votado no presidente derrubado. Em maio de 2014, 42 antifascistas foram queimados vivos em um assalto de neonazis à sede da central sindical em Odessa.

Os levantes antifascistas levaram, na Crimeia, ao referendo pela volta à pátria histórica, a Rússia. No Donbass, à criação das Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk.

Como o presidente Vladimir Putin reiterou ao visitante, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, ao invés de negociar, por duas vezes o regime de Kiev tentou, pela força militar, esmagar os antifascistas mais foi derrotada.

Forçado a assinar os Acordos de Minsk, co-garantidos por Paris e Berlim, para reintegração pacífica do Donbass na Ucrânia, sob garantia, inscrita na constituição, de autonomia e direito à língua russa, o regime de Kiev por oito anos se recusou a cumprir com o que assinara. Optou por tornar a linha de contato em um bastião para uma futura blitzkrieg contra os antifascistas, agora sob orientação direta da Otan, e oficialmente, disse em janeiro que não iria cumprir os Acordos de Minsk.

Foi assim, na iminência de nova tentativa de limpeza étnica contra os russófonos do Donbass, que a Rússia reconheceu a independência das duas repúblicas antifascistas gêmeas e, fazendo uso do artigo 51 – direito de defesa – da Carta da ONU, iniciou sua operação militar especial, que visa também ‘desnazificar e desmilitarizar’ a Ucrânia, bem como garantir que continue, como estabelecido nos Memorandos de Budapeste, na condição de país neutro, sem bases estrangeiras e sem armas nucleares.