O trabalhismo no PCdoB, por João Vicente Goulart
O objetivo de nossa luta pelo nacional-desenvolvimentismo, pregado pelo trabalhismo, é o primeiro passo para, como dizia Darcy Ribeiro, empreendermos o caminho para o socialismo.
Após minha saída do Partido Democrático Trabalhista (PDT), do qual sou fundador e signatário da Carta de Lisboa, e minha incorporação ao Partido Pátria Livre(PPL), por uma questão íntima de coerência, pelo apoio que este deu ao governador Rollemberg, traidor da história de meu pai, o presidente João Goulart, morto no exílio, sinto-me hoje honrado de poder integrar o quase centenário Partido Comunista do Brasil(PCdoB) e preparar-me para mais uma jornada de luta e resistência ao entreguismo de nossa pátria.
Nos 55 anos que nos distanciam do golpe de Estado de 1964, as bravatas da direita usadas naquele então e repetidas hoje, inclusive de formas não republicanas, em direção àqueles que, como nós, defendem a justa relação entre capital e trabalho, direitos humanos, igualdade de oportunidades para todos os brasileiros, reforma agraria, reforma urbana, reforma bancaria, as nossas estatais estratégicas, educação integral e gratuita para todos, distribuição de renda através do salário mínimo, e se posicionam contra qualquer tipo de injustiça, somos nós, os que, depreciativamente, tildados de “comunistas vermelhos”, haveremos juntos de derrotar o nazifascismo.
Pois bem, não por ser herdeiro político e sim apenas por ser descendente de Jango, que diante da realidade desta democracia autoritária, quero afirmar que o autêntico trabalhismo hoje é representado no PCdoB. Quando nos incorporarmos ao partido não o fizemos somente com pessoas, incorporamos também nossos ideais.
Na IV reunião do Comitê Central, realizada entre os dias 16 e 18 de agosto, foram incorporadas, através da Resolução 007, aprovada por unanimidade pelo plenário, as lutas do governo João Goulart, as lutas da legalidade e educação de Leonel Brizola, e principalmente, as lutas sociais da era Vargas.
Diz o trecho da resolução:
“Essa base comum, que inclui a Carta Testamento de Getúlio Vargas, a Campanha da Legalidade sob a liderança de Leonel Brizola e o governo João Goulart, fez brotar, no momento em que o Brasil vive uma grave ameaça, uma visão tática confluente: sem abrir mão da intransigente defesa da soberania nacional e dos direitos dos trabalhadores, é preciso agregar um leque amplo de forças para empreender a resistência democrática, isolando a extrema-direita, barrando a sua progressão e abrindo caminho para liquidar suas pretensões de se perpetuar no poder.”
Ficam desta maneira, incorporadas também na atuação do PCdoB toda a história e as lutas trabalhistas e somam-se a estas forças de atuação política do partido a estratégia de por todos meios disponíveis, eleitorais e políticos, fazermos frente a esta situação de extremo entreguismo da direita colonial, que representa o governo Bolsonaro e seus apoiadores.
No desafio político, que nos é imposto e no revigoramento que nossas almas clamam, agrega o partido, o trabalhismo que é luta, o trabalhismo que é esperança, o trabalhismo das Reformas de Base de Jango, que é hoje o caminho brasileiro ao socialismo.
O trabalhismo hoje no PC do B, é para resistir, é para travar a luta sem claudicar, ao lado sempre, das aspirações legítimas de libertação de nosso povo.
*João Vicente Goulart é diretor do Instituto João Goulart-IJG.