O Boletim de Desempenho do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) demonstra que no primeiro semestre de 2019 o banco encolheu suas operações. Os três principais indicadores das atividades da instituição tiveram intensas variações negativas em relação ao mesmo período de 2018. A divulgação foi feita na quinta-feira (25 de julho).
O volume de desembolsos, a preços correntes no período, foi 9% menor do que 2018. Os empréstimos do banco caíram em 2018 pelo quinto ano consecutivo. A aprovação de novos créditos sofreu uma redução de 39% e o indicador que projeta o interesse em novos financiamentos, expressos no volume em reais (R$) de consultas realizadas no período, desabaram em 49%.
Os números refletem a decisão política de esvaziar o BNDES, especialmente os recursos para a indústria, através do aumento de suas taxas de juros, da devolução de mais de R$ 300 bilhões antecipadamente ao Tesouro, diminuindo os recursos para financiamentos, entre outras ações deletérias das diretorias, como a de Joaquim Levy e agora de Gustavo Montezano, indicados por Bolsonaro.
Conforme Pedro Lootty, atual superintendente do banco, a tendência de apresentar desembolsos menores está dentro do novo papel do banco “atuando em uma lógica mais complementar para o mercado”, ou seja, deixando empresários sem alternativas de financiamento de longo prazo à mercê dos juros astronômicos dos bancos comerciais.
Por setor, os desembolsos dos R$ 25,153 bilhões do primeiro semestre foram pela ordem de volume. R$ 11,5 bilhões para infraestrutura, cujo objetivos do governo é de apoio às privatizações, ou transferência de patrimônio público travestidos de investimentos e R$ 6,4 bilhões para a agricultura.
A indústria e o comércio, principalmente o primeiro setor, objetivos históricos do banco, ficaram com os minguados R$ 4,8 bilhões (19% dos financiamentos) e R$ 2,6 bilhões (10%) respectivamente.
Pelo porte das empresas, os festejados R$ 11,5 bilhões em empréstimos às micro, pequenas e médias empresas (MPME), que representam 45% dos desembolsos, significam uma queda de 15% nessa modalidade, em relação a 2108. As grandes empresas, com R$13,7 bilhões também tiveram um recuo, no caso de 4%.