Two women wearing a protective facemask walk across the Piazza del Duomo, in front of the Duomo, in central Milan, on February 24, 2020 closed following security measures taken in northern Italy against the COVID-19 the novel coronavirus. - Italy reported on February 24, 2020 its fourth death from the new coronavirus, an 84-year old man in the northern Lombardy region, as the number of people contracting the virus continued to mount. (Photo by ANDREAS SOLARO / AFP) (Photo by ANDREAS SOLARO/AFP via Getty Images)

“O número de novos casos fora da China excedeu os registrados na China pela primeira vez”, alertou o diretor geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, em Genebra, sobre a epidemia Covid-19. Na terça-feira, 411 novos casos foram registrados na China, onde o vírus apareceu em dezembro, e 427 no resto do mundo.
Especialmente na Itália, Coreia do Sul e Irã houve “aumento repentino de casos”, como salientou Ghebreyesus, situação que considerou “preocupante”. Segundo a OMS, existem 78 mil 190 casos no total, com 2.178 mortes. Fora da China, houve 2.970 casos e 44 mortos em 37 países até agora.
A França anunciou a primeira morte de um cidadão do país por coronavírus, um professor de 60 anos que não havia estado na zona de risco. Também acaba de ser confirmado o primeiro caso de contágio na América do Sul, no Brasil – um idoso de 61 anos, que mora em São Paulo e veio da Itália.
Por sua vez, o vice-diretor-geral da OMS, o epidemiologista canadense Bruce Aylward, que chefiou missão in loco da organização na província de Hubei e foi a Wuhan, considerou que “é real” o declínio do surto na China.
Ao encerrar sua missão na China, Aylward lembrou que desde que chegou há duas semanas as novas infecções caíram de 2.500 diariamente para apenas 406. “É uma queda de 80%, e a queda que estamos vendo é autêntica”, disse o vice-diretor-geral da OMS. No domingo, 24 de 30 províncias da China, incluindo as megacidades de Pequim e Xangai, não detectaram nenhum novo contágio.
Ele acrescentou que as duras medidas de contenção adotadas pela China se mostraram eficazes e devem servir de exemplo para as nações onde surgirem novos focos do vírus.
Embora essas medidas sem precedentes por parte da China, como a OMS já apontou, hajam possibilitado um tempo precioso aos demais países para a preparação do enfrentamento do novo vírus, esse tempo parece estar se esgotando, após as altas taxas de infecções na Itália, Irã e Coreia do Sul e a ausência perceptível de vínculos desses casos com a origem do contágio, em Wuhan, na China.
São 21 os países da Ásia que já registraram casos do novo coronavírus, sendo que o país, fora a China, com mais casos confirmados, é a Coreia do Sul, com 1. 146. Na Europa, são 387 casos em 12 países.
Outra questão que causa apreensão é a rapidez na propagação do coronavírus desde Wuhan, com mais de 80 mil casos em apenas dois meses desde o primeiro caso. Em comparação, na disseminação do SARS foram mais de 8 mil casos em nove meses e, no do MERS, 108 ao longo de um ano. Em menos de uma semana os casos na Itália subiram de três para mais de 300.
No fim de semana, a OMS realizou uma reunião de emergência em nível de ministros da Saúde em conjunto com a União Africana e os Centros Africanos de Controle e Prevenção de Doenças. A OMS identificou como “prioritários” 13 países, por seus vínculos econômicos diretos e alto volume de viagens com a China. Todos têm sistemas de saúde pública abaixo do padrão e estão particularmente vulneráveis se ocorrer um grande surto.
Nos EUA, como assinalou o órgão responsável pela prevenção de epidemias, a questão não é mais “se”, mas “quando” o surto do Covid-19 virá. Hospitais nos EUA foram alertados para começarem a se preparar para uma escalada de pacientes com COVID-19. Há temor sobre o que pode acontecer no sistema altamente privatizado de saúde nos EUA. Uma vacina experimental contra a Covid-19 começará a fase de testes em abril.