Novo diretor da PF troca comando de setor que investiga Bolsonaro
O novo diretor-geral da Polícia Federal, Márcio Nunes de Oliveira, indicado por Jair Bolsonaro em fevereiro, trocou o delegado responsável pelo setor que investiga Bolsonaro e seus aliados que ocupam cargos públicos.
O novo chefe da Diretoria de Combate ao Crime Organizado e à Corrupção (Dicor) será Caio Rodrigo Pellim, ex-superintendente da PF no Ceará. Ele substitui Luís Flávio Zampronha, que será transferido para um cargo no Ministério da Justiça.
A troca foi oficializada no Diário Oficial de quinta-feira (17), mas já tinha sido noticiada no começo de março.
A Diretoria de Combate ao Crime Organizado e à Corrupção engloba a Coordenação de Inquéritos nos Tribunais Superiores, responsável por tocar as investigações de inquéritos que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Ou seja, o novo diretor-geral da PF indicado por Jair Bolsonaro já fez mudanças no setor que investiga o presidente e seus aliados em inquéritos como o das fake news e o dos atos antidemocráticos.
O setor também é o que investiga Jair Bolsonaro por interferir politicamente na Polícia Federal ao pressionar o ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, a trocar o superintendente da PF no Rio de Janeiro para proteger seus filhos.
Em uma gravação feita durante uma reunião ministerial, Bolsonaro afirmou que “já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro oficialmente e não consegui. Isso acabou. Eu não vou esperar foder minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura. Vai trocar; se não puder trocar, troca o chefe dele; não pode trocar o chefe, troca o ministro. E ponto final. Não estamos aqui para brincadeira”.
Márcio Nunes de Oliveira é o quarto diretor-geral da PF desde o começo do governo Bolsonaro. Antes de assumir o cargo, ele era o número dois do Ministério da Justiça, homem de confiança de Jair Bolsonaro.
Ele foi indicado para o cargo semanas depois da PF ter produzido um relatório em que afirma que Jair Bolsonaro cometeu crimes ao divulgar um inquérito sigiloso para atacar as urnas eletrônicas.
O relatório da PF aponta que Bolsonaro teve “atuação direta, voluntária e consciente” na ação criminosa em que revelou “conteúdo de inquérito policial que deveria permanecer em segredo até o fim das diligências”.
Bolsonaro divulgou em suas redes sociais um inquérito que investigava uma invasão hacker nos sistemas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 2018, para tentar convencer seus seguidores de que as eleições presidenciais foram fraudadas, mesmo que a conclusão da PF tenha sido de que a invasão não prejudicou ou colocou em risco a lisura das eleições.