Paulo Guedes

O ministro da Economia, Paulo Guedes, comemorou o resultado do novo Caged divulgado nesta terça-feira (30) sobre a geração de emprego formal em fevereiro e voltou a tergiversar sobre a vacinação em massa dos brasileiros como forma de “permitir um retorno seguro ao trabalho”.

“Temos de vacinar em massa, para que o brasileiro informal, os 40 milhões de brasileiros invisíveis, não fiquem entre essa escolha cruel de sair e ser abatido pelo vírus, ou ficar em casa e ser abatido pela fome”, declarou Guedes.

Depois de deixar os 40 milhões de brasileiros “invisíveis” sem receber nada durante três meses, Paulo Guedes e Bolsonaro renovaram o auxílio emergencial no momento mais trágico da pandemia, com o número de mortes chegando a 318 mil no país, por apenas R$ 150, para quem mora sozinho; R$ 250 para uma família, independente de quantos dependentes tiver; e R$ 375 para mãe chefe de família.

Nos últimos três meses, o preço dos alimentos disparou, assim como a inflação do aluguel. O gás de cozinha subiu e a conta de luz também, além dos produtos de higiene e remédios, todos com aval do governo.

Por outro lado, Guedes chantageou o Congresso Nacional para aprovar o auxílio emergencial, arrochando os servidores públicos que estão na linha de frente no combate à pandemia. E a vacinação continua mais do que emperrada, sofrendo todo tipo de sabotagem do governo Bolsonaro.

Os recursos liberados para compra de vacinas pelo Congresso ninguém sabe ninguém viu. Além de não garantir vacina à população, os hospitais estão colapsados, com as UTIs lotadas, sem oxigênio, sem medicamentos, sem profissionais suficientes para enfrentar esse tragédia humanitária. E sobre isso, Guedes não se manifestou.

Os programas de amparo às micro, pequenas e médias empresas que estão endividadas, fechando as portas, como bares e restaurantes, pequenos comércios, pequenas indústrias, até agora também não foram renovados, como o Pronampe (crédito às pequenas empresas) e o BEm (suspensão e redução de jornada com contrapartida do governo), enquanto juros, a taxa básica, Selic, do Banco Central, foram aumentados em 40% com aval do governo, dificultando ainda mais o crédito às empresas.

Caged

O Brasil gerou 401.639 empregos com carteira assinada em fevereiro, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados nesta terça-feira (30) pelo Ministério da Economia. Essa é a diferença entre as contratações, que somaram 1.694.604 no mês passado, e as demissões, que totalizaram 1.292.965.

De acordo com o Ministério, esse é o melhor resultado para fevereiro desde o início da série histórica,

em 1992, ou seja, em 30 anos. Porém, os resultados do novo Caged, implementado por Paulo Guedes, vem sendo questionado por especialistas que afirmam que não dá para comparar metodologias diferentes. Houve mudança no método de coleta de dados e a inclusão de trabalhadores temporários, por exemplo, no governo Bolsonaro. Até os intermitentes, que às vezes não auferem qualquer renda ao longo do mês, foram incluídos. Ou seja, o Caged comemorado por Bolsonaro e Guedes inclui trabalhadores que não trabalharam e que nada receberam. Uma falsificação grosseira para tentar enganar o povo brasileiro.

Além do mais, os dados do novo Caged têm ficado bem distantes dos resultados apresentados pela Pnad Contínua, pesquisa sobre emprego feita pelo IBGE que será divulgada quarta-feira (31). Essa diferença do Caged em relação aos dados do IBGE também foram alertados por economistas, que apontaram casos de subnotificação no ano passado.

Mas a tragédia que tem levado vários estados a paralisarem as atividades não essenciais diante do recrudescimento da pandemia, com as previsões de queda na atividade econômica no primeiro semestre deste ano, não tem a menor importância para as pretensões fiscalistas de Paulo Guedes.

Quando defende “vacinação em massa” e diz que “o país está no caminho certo e que o mercado formal de trabalho está se recuperando em altíssima, velocidade”, é para acelerar seu projeto de arrocho fiscal, de transferência de recursos públicos e do patrimônio do povo brasileiro para o pagamento de juros da dívida.