Com vacinação de mais de 70% da população do estado, números de óbitos e internações despencaram

Nove estados e o Distrito Federal não registraram mortes por Covid-19 em 24 horas. São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Sergipe, Piauí, Rondônia, Amapá, Roraima, Acre e o Distrito Federal não tiveram mortes pelo vírus nesse período.

O Brasil registrou nas últimas 24 horas, 126 óbitos pela Covid-19, de acordo com dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) divulgados nesta segunda. Com os registros, o País acumula 609.573 vidas perdidas para a doença.

O país registrou hoje (8) a menor média móvel de óbitos pela doença em 2021. São 269,2 mortes na média móvel, além de 10,7 mil casos. Trata-se de uma queda de 21% em relação aos últimos 14 dias e de 91% em comparação com o pico da pandemia, em abril.

O Estado de São Paulo não registrou nenhuma morte por Covid-19 no período de 24 horas nesta segunda-feira (8) pela primeira vez desde o início da pandemia. A média móvel diária de mortes, que leva em consideração os registros nos últimos sete dias, foi de 73 óbitos por dia nesta segunda.

Esta é a primeira vez que o estado não registrou nenhuma morte, desconsiderando apenas os dias em que houve falha no sistema oficial.

“Habitualmente durante as segundas-feiras os dados divulgados são abaixo da média semanal, já que os municípios registram os óbitos no sistema oficial Sivep-gripe durante o domingo. No entanto, desde que a primeira morte pelo novo coronavírus foi registrada no Estado em março de 2020, este fato ainda não havia acontecido nenhuma vez”, disse a Secretaria de Estado da Saúde.

No pior momento da pandemia, em abril deste ano, o estado chegou a registrar 890 mortes em média por dia. Naquele período, pelo menos 500 pessoas morreram com Covid à espera de um leito de UTI no estado. A fila em todo o estado chegou a ter mais de 1.500 pacientes.

Vacinação

Com o avanço da vacinação, as mortes começaram a cair bruscamente. Atualmente, o estado tem 70,4% da população total com esquema vacinal completo. São Paulo fechou o último mês de outubro com o menor número de óbitos desde abril de 2020.

São Paulo é o estado com maior porcentagem da população imunizada, de acordo com levantamento nacional realizado pelo consórcio de veículos de imprensa. Segundo dados do vacinômetro atualizados nesta segunda (8), foram aplicadas 73,4 milhões de doses no estado, o que representa:100% da população adulta com uma dose;

89,5% da população adulta com esquema vacinal completo;

83,9% da população total com uma dose;

70,4% da população total com esquema vacinal completo.

A taxa de ocupação dos leitos de UTI destinados a pacientes com Covid é de 24,5% no estado de São Paulo e de 31,3% na Grande São Paulo nesta segunda (8).

Centelha de Esperança

O médico plantonista, Gerson Salvador, considerou que “esse resultado se deve sem dúvidas ao avanço da vacinação em São Paulo e no Brasil”.

“No feriado prolongado dedicado à memória dos mortos, eu dei três plantões na emergência referenciada em que se atendem exclusivamente casos graves, entre os quais não fiz um único diagnóstico de Covid-19. A realidade da chamada linha de frente é uma biópsia do que acontece no mundo ao redor, a cidade de São Paulo inteira registrou um óbito no dia de finados. Então, uma centelha de esperança me aqueceu”, destacou Gerson, que é diretor do Sindicato dos Médicos de São Paulo, em artigo publicado no site da “Folha de S. Paulo”.

“Apesar dos próceres do negacionismo que boicotaram como puderam a imunização, bastou a chegada das vacinas para os profissionais do Sistema Único de Saúde distribuírem e vacinarem maciçamente a população. Graças a esses trabalhadores e ao nosso povo, que tem como patrimônio o maior programa público de imunizações do mundo, por aqui a realidade atropelou os grupos de WhatsApp e propaganda oficiosa, 94% das pessoas assumiram querer se vacinar”, destacou o médico do Hospital Universitário da USP.

O médico contudo alerta ainda para a necessidade de se manter os cuidados para evitar uma recrudescência da pandemia. “Entretanto, destaque-se que os imunizantes contra a Covid-19 são mais eficazes para prevenir casos graves e mortes do que infecções, e as chamadas medidas não farmacológicas, como uso de máscaras, ventilação de ambientes e limitação do número de pessoas em eventos para evitar aglomerações são necessários para evitarmos a recrudescência observada na Europa, em que países com menor cobertura vacinal do oriente passam pelo pior momento da pandemia tanto em número de casos quanto de mortes, e no ocidente há uma explosão de casos com aumento menor de óbitos graças às vacinas”.

“Quem nessa altura segue fazendo propaganda antivacina atenta contra a vida em larga escala, assim como quem alega razões individuais para recusa da imunização que não protege apenas o indivíduo mas toda a coletividade”, ressalta.