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O PCdoB, PT e PSol divulgaram nota, em conjunto, em resposta ao Editorial do Estadão da última sexta-feira (13) que ataca parte da esquerda brasileira ao desqualificar as notas emitidas por estes partidos e acusa de “seletividade” das legendas publicando apenas trechos das notas emitidas em solidariedade às vítimas do conflito entre Israel e Palestina. Ao contrário que afirma o jornal, todas as notas atacadas lamentam e se solidarizam com às vítimas dos atos perpetrados pelo Hamas, afirma o texto dos partidos.

O comunicado dessas siglas diz ainda que em meio a notícias de bombas e mortes em Gaza, o jornal escolheu fazer um editorial justamente para atacar os partidos que há décadas denunciam a crise humanitária na Palestina, os crimes de guerra e contra a humanidade perpetrados pelo Estado de Israel.

Por fim, os partidos ressaltam que seguirão “defendendo a solução de dois Estados soberanos, com os dois povos, palestino e israelense, vivendo em paz, em conformidade com as reiteradas resoluções da ONU”.

Confira a íntegra da Nota:

Editorial do Estadão do dia 13 de outubro ataca frontalmente parte da esquerda brasileira ao comentar as notas emitidas pelo PSOL, PCdoB e PT sobre a escalada do conflito Palestina. A alegação é de que há humanismo seletivo. Quando, na verdade, “seletivo” é o prisma escolhido pelo próprio veículo em seu ato de julgamento de quem é mais humanista. Em meio a notícias de bombas e mortes em Gaza, escolheu fazer editorial justamente para atacar os partidos que há décadas denunciam a crise humanitária na Palestina.

Em todas as notas atacadas há lamento e solidariedade às vítimas dos atos perpetrados pelo Hamas. Não há tergiversação sobre os direitos humanos e não há evasivas à condenação dos métodos que provocam a dor incomensurável com a retirada da vida de inocentes. O que não significa, no entanto, que partidos historicamente comprometidos com a causa palestina fechem seus olhos para os sistemáticos e fartamente documentados ataques israelenses ao território e à população da Palestina há pelo menos meio século.

O jornal escolheu tomar o ponto de chegada, ataques a Israel partindo de Gaza no último 7 de outubro, como o ponto de partida. E quer impor sua visão a quem há décadas denuncia o massacre do povo palestino e ocupação de seu território pelo Estado de Israel. Que tenham dedicado um editorial e tantas linhas a mirar na esquerda por ousar falar de história, por lembrar da real sequência dos fatos nesta guerra colonial e de opressão, e assim tomar posição, é mais uma amostra do estímulo à polarização por parte da imprensa. Querem criar o ambiente propício para calar e vilanizar a esquerda.

Será a falta de compreensão histórica ou puro cinismo fechar os olhos para as práticas reiteradamente denunciadas pela ONU como crimes de guerra e crimes contra a humanidade realizados pelo Estado de Israel? A desumanização do povo palestino é, afinal, a principal arma contra a sua persistência e resiliência. Mas a perspectiva histórica não parece mesmo caber nessa lógica das redações em que o sofrimento cotidiano, reiterado e sistemático de um povo sob ocupação militar não choca as consciências. E é também por isso que os partidos atacados seguirão denunciando o conjunto dos eventos que aprofundam o conflito e não, seletivamente, os episódios que estejam mais afeitos ao gosto de um ou outro veículo de imprensa.

Seguiremos defendendo a solução de dois Estados soberanos, com os dois povos, palestino e israelense, vivendo em paz, em conformidade com as reiteradas resoluções da ONU.

Brasil, 15 de outubro de 2023.

Presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann
Presidenta do PSol, Paula Coradi 
Vice-presidente nacional do PCdoB, Walter Sorrentino