Norte-americanos repudiam racismo na polícia, registra pesquisa
Pesquisa Reuters/Ipsos mostrou que – após os protestos contra o linchamento do cidadão negro George Floyd por um policial branco, o que desencadeou a maior revolta nos EUA em cinquenta anos contra o racismo e a brutalidade policial – 82% dos norte-americanos querem proibir a polícia de usar técnicas de estrangulamento, 83% querem a proibição de perfis raciais ao efetuar revista [que atinge desproporcionalmente a negros e latinos] e 92% querem que policiais sejam forçados a usar câmeras corporais
Concluiu que os norte-americanos apoiam amplamente as propostas dos congressistas democratas para uma reforma policial, como vem exigindo os manifestantes.
Diz ainda que, 89% da população desejam que a polícia informe aos detidos sobre seu nome, número do crachá e motivo da prisão, e 91% apoiam a realização de investigações independentes em departamentos de Polícia que mostrem padrões de força excessiva.
Além disso, 75% dos norte-americanos apoiam que vítimas de má conduta policial possam processar os departamentos de polícia por danos.
Congressistas republicanos também anunciaram que farão um projeto próprio de reformulação da polícia.
Outras pesquisas de opinião, sobre as eleições, têm mostrado que o candidato oponente de Trump, o democrata Joe Biden, vem ampliando sua vantagem desde os protestos.
O próprio Trump disse em uma entrevista ser favorável à proibição de uso de estrangulamento ao se efetuar uma prisão, mas dizendo que “às vezes”, “é difícil [evitar]”. “Falando em termos gerais, deveria acabar”.
Mesmo a proposição de “desfinanciar a polícia”, que surgiu durante os protestos, está merecendo a atenção das pessoas, conforme a pesquisa, dependendo que significado é atribuído à questão.
76% disseram apoiar a mudança de “algum dinheiro atualmente indo para os orçamentos da polícia para melhor treinamento de oficiais, programas locais para sem-teto, assistência à saúde mental e violência doméstica”. Em muitos municípios, a segurança é a maior dotação orçamentária.
39% dos entrevistados apoiaram propostas “para desmantelar completamente os departamentos de polícia e dar mais apoio financeiro para enfrentar a falta de moradia, a saúde mental e a violência doméstica”.
O grito “Eu não consigo respirar” se tornou o símbolo dos protestos, após um policial branco asfixiar Floyd – já algemado e derrubado no chão – com o joelho sobre o pescoço dele, até agonizar quase nove minutos depois, apesar das súplicas da vítima e dos apelos de espectadores do crime, que teve a cumplicidade de mais três policiais.
Manifestantes no mundo inteiro se solidarizaram com os protestos nos EUA e em repúdio ao racismo. Em 28 de maio, a Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, ex-presidente do Chile, denunciou uma longa série de assassinatos de afro-americanos desarmados, cometidos pela polícia e pessoas armadas nos EUA, e instou o governo dos EUA a parar com os assassinatos de negros pela polícia.
A revolta nos EUA contra o linchamento de negros também desmoraliza a tradicional preleção anual do Departamento de Estado sobre a ‘violação de direitos humanos’, em que Washington se arvora em juiz do assunto no planeta.
A pesquisa Reuters/Ipsos foi divulgada na quinta-feira (11) e realizada nos dias 9 e 10, com 1113 entrevistados e intervalo de confiança de mais ou menos 3 pontos percentuais.