A situação da epidemia do novo coronavírus na cidade de Passo Fundo, no interior do Rio
Grande do Sul, é alarmante e teve seu início a partir do contágio em uma empresa local. A
cidade á e segunda do estado em número de infectados, ficando atrás apenas da capital, Porto
Alegre.
Em apenas dois dias, de sexta-feira (24) a sábado, dia 25, o número de pessoas infectadas
passou de 78 para 106, com 6 mortes. O quadro do município gaúcho é revelador de que o
chamado “distanciamento vertical”, defendido pelo presidente da República, não funciona.
Trabalhadores infectados levaram para dentro de casa a epidemia.
A situação da região é ainda mais preocupante porque toda a região norte do estado está
sendo atingida, já que o foco inicial da epidemia na cidade se deu no interior de um frigorífico
da JBS que emprega trabalhadores de várias cidades. Os municípios de Carazinho e Marau são
exemplo disso. Este último teve um salto de 35 casos para 46 casos, um aumento de 31%,
enquanto Carazinho teve um aumento de 3 casos para 8 casos.
Juliano Rosso, presidente do PCdoB do Rio Grande do Sul, advertiu que o agravamento da
situação deverá levar a administração da cidade a tomar providências para o retorno de
medidas mais gerais de intensificação do distanciamento social, mas também medidas

específicas quanto aos focos reconhecidos da doença. Apesar de ser um setor considerado
essencial, a indústria de produtos de alimentação deve adotar medidas especiais de proteção
de seus funcionários. Segundo Rosso, o Ministério Público do Trabalho já teria sido acionado
para tomar as providências necessárias e urgentes.
Outra importante notícia foi a constatação de que numa casa de repouso da cidade, que vinha,
inclusive, tomando medidas adequadas de proteção, apresentou 18 de seus pacientes
positivos para a Covid-19. A confirmação se deu no sábado (25). Segundo informações do
diretor, Jonathan dos Santos, na última quinta-feira (23) dois idosos apresentaram sintomas de
febre. Os idosos foram transferidos para o Hospital São Vicente de Paulo e lá testaram
positivo.
18 casos relatados por Casa de Repouso
Em nota, a direção do PCdoB do estado alertou a população do município para a gravidade do
quadro, pediu maior engajamento social nas medidas de proteção e cobrou mais iniciativas
das autoridades. “Os governos municipal, estadual e federal vêm sinalizando a disponibilização
de testes, mas é importante salientar que estes são em número, muitas vezes, inferior a
necessidade de Passo Fundo”, diz um trecho na nota.
Artur Luis, médico e integrante do Conselho Municipal de acompanhamento da epidemia,
avalia que deverá haver nos próximos dias uma intensificação das medidas de proteção social.
Segundo ele, Passo Fundo começou o distanciamento social em 20 de março e vinha
controlando a situação. A partir de 10 de abril houve o início do afrouxamento das medidas de
isolamento e os casos explodiram, colocando Passo Fundo na segunda posição em número de
casos e de mortes.
Juliano Rosso chama atenção que “neste momento, dos quase 100 leitos de UTI em Passo
Fundo, há apenas cerca de 15 liberados para uso imediato para a COVID-19 para todo o
município e região – cumpre salientar a característica de Passo Fundo ser um polo regional em
saúde. Em nosso município, já há seis óbitos com dezenas de pessoas perdendo seus
familiares”. “Não se trata de estatísticas, mas de vidas humanas perdidas para a doença.
Famílias que não terão como recuperar a maior de suas perdas”, afirma o dirigente político.