Benny Gantz e Yair Lapid, líderes da coalizão Azul e Branco, veem na renúncia de Netanyahu a saída para a formação de um governo de unidade - Amir Cohen - Reuters

Referindo-se ao processo que corre contra o premiê Netanyahu por fraude, suborno e quebra de confiança, o principal opositor, Benny Gantz, disse que ele deveria renunciar caso seja indiciado.

“Não gostaria de ver Netanyahu indiciado ou trancado atrás das grades, mas se for indiciado deve renunciar”, afirmou o general Gantz que lidera a coalizão Azul e Branco.

Esclarecendo que a questão é “a indicação de um primeiro-ministro e não de um imunidade-ministro”.

Yair Lapid, que divide com Gantz a liderança da coalizão Azul e Branco – formada com o acordo de que, se a coalizão vencesse, Gantz ficaria na direção de Israel por dois anos e cederia o comando a Lapid por outros dois – declarou total apoio a Gantz em suas iniciativas para formar um governo sem Netanyahu.

Nesta quinta-feira, Lapid declarou que abre mão dos dois anos acordados para facilitar a ampliação da base de apoio de Gantz e possibilitar que ele atue da melhor forma para estabelecer a maioria parlamentar e encabeçar o novo governo.

Quanto a Bibi Netanyahu, Lapid secundou a fala de Gantz e afirmou que “um  primeiro-ministro embrulhado em corrupção, não tem, necessariamente, os melhores interesses dos cidadãos em mente”.

“O que precisamos tratar são itens importantes como Saúde, Segurança e Educação, não com questões referentes a suborno”, alfinetou ainda Lapid.

Quanto a Netanyahu, não conseguiu, em seu segundo dia de arguição, nenhum avanço em termos de apoio ao seu desespero em formar gabinete ministerial. A reunião com o direitista Lieberman, que comanda o partido “Israel Nossa Casa”, terminou depois de uma hora, sem que nenhum dos lados se pronunciasse a respeito de um acordo. Lieberman, até o momento, diz que só pretende integrar um governo sem a participação dos religiosos, pois pretende aprovar uma nova legislação tirando o privilégio dos estudantes em escolas de religião ortodoxa, de não servirem nas Forças Armadas, ou de não estudarem matemática ou outras cadeiras científicas.

Lapid também se manifestou quanto às dificuldades de Netanyahu de formar governo, lembrando que, caso o impasse permaneça, haverá novas eleições ao final de novembro ou início de dezembro, elevando a tensão no país. Lapid destacou que “não é possível que um homem que encara três indiciamentos tente arrastar a todos nós para mais uma eleição”.

O líder trabalhista e ex-líder sindical, Amir Peretz, declarou que Gantz deve ser capacitado a dirigir a formação do governo o quanto antes e destacando que os trabalhistas “serão os primeiros a apoiar um governo amplo sob seu comando”.

O isolamento de Netanyahu já chega até às hostes de sua coalizão, o Likud. Um dos principais líderes da coalizão e ex-ministro do Interior, Gideon Saar, teria aventado a possibilidade de que Netanyahu abra mão de seu posto para que sua coalizão possa estabelecer com a coalizão Azul e Branco e demais formações um governo de “unidade”.

Segundo informações do jornal israelense, Haaretz, a resposta de Netanyahu foi ameaçar com a convocação de eleições internas extraordinárias para determinar se ele continua ou não liderando o Likud, ao que Gideon Saar respondeu: “Estou pronto”.