Em opinião divulgada por meio de suas redes sociais no último sábado (17), o secretário de Saúde do Espírito Santo, Nésio Fernandes, integrante do Comitê Central do PCdoB, fala sobre as novas cepas o coronavírus, a importância da cobertura vacinal como estratégica de saúde coletiva e o papel fundamental do SUS na luta contra a Covid-19.

“Repito o que tenho dito ao longo da pandemia: vacinação é estratégia coletiva, principal medida de prevenção primária capaz de controlar a Covid-19, desta forma o que determina o sucesso da política é a plena cobertura vacinal e não a eficácia individual prometida em bula”, aponta.

 

Leia a íntegra abaixo:

 

De fato não acabou. Temos uma longa jornada de cinco, seis meses pela frente até alcançar com esquema completo (primeira e segunda dose) toda a população alvo do Plano Nacional de Imunização. Ainda estamos tratando de controlar a morbimortalidade.

Com as vacinas disponíveis controlaremos radicalmente as internações e óbitos, no entanto, o vírus com menor letalidade continuará circulando. Até final de 2022 teremos atualizações tecnológicas nas vacinas e reforço de doses na maioria delas.

Se não ocorrerem grandes novidades, a vacina da AstraZeneca deve consolidar-se como a principal vacina do SUS. Se garantidas segurança e eficácia satisfatória, a Butanvac pode incrementar nossa autonomia na imunização.

No entanto, a segurança e a eficácia da AstraZeneca, associada ao baixo custo de produção e a transferência de tecnologia materializada para Fiocruz permitirão ao Brasil prescindir em 2022 da compra de vacinas de outras plataformas e laboratórios.

Com os dados de hoje, a vacina produzida pela Fiocruz possui a melhor relação custo-efetividade entre as diversas opções disponíveis. Desta maneira o maior desafio é em 2021 alcançar plena cobertura vacinal com o catálogo de vacinas disponíveis.

Repito o que tenho dito ao longo da pandemia: vacinação é estratégia coletiva, principal medida de prevenção primária capaz de controlar a Covid-19, desta forma o que determina o sucesso da política é a plena cobertura vacinal e não a eficácia individual prometida em bula.

Ainda que novas cepas tenham “escape parcial” da eficácia das vacinas disponíveis, ainda que derrubem para 40% a eficácia das mesmas, com plena cobertura vacinal alcançaríamos êxito no controle da morbimortalidade. Com serenidade afirmo: esse cenário não está posto.

Não temos fortes evidências de que as novas cepas apresentem grande escape vacinal, até o presente momento as vacinas disponíveis possuem eficácia satisfatória para enfrenta-las, no entanto, precisamos de plena cobertura vacinal, incluindo a vacinação de adolescentes.

Precisamos compreender que num cenário de controle da morbimortalidade, cada vez mais recairá sobre a sociedade e o indivíduo a responsabilidade do livre arbítrio. Conscientização no uso disciplinado das máscaras e para evitar atividades e comportamentos de risco.

O SUS seguirá garantindo as melhores estratégias para a saúde coletiva. As diversas polêmicas do momento são justas e merecem um reconhecimento: todos querem acertar e apontar o melhor caminho para superar essa noite escura. “Na multidão de conselhos há sabedoria”.

A posição do PNI de ampliar os prazos da primeira e segunda doses (D1 e D2) das vacinas da Pfizer e da AstraZeneca para 12 semanas foi acertada, garantiu ampla cobertura de doses com eficácia superior a 60% para os grupos prioritários e na população com maior mortalidade pela doença.

Operacionalmente, diante de ampla disponibilidade de doses D2 e sem comprometer a aplicação da D1, prazos mais curtos de vacinação podem ser adotados com segurança. Os limites máximos definidos pelo PNI devem ser respeitados.

Vivemos um momento de maior clareza, onde os embustes e sabotagens estão sendo revelados. Esse contexto permite a sociedade e aos gestores do SUS um ambiente favorável à unidade ampla e à coesão tripartite entre Ministério da Saúde, estados e municípios.

Hoje não perdemos mais tempo discutindo o uso de antimaláricos e antiparasitários, ou se máscaras devem ou não ser usadas. Acredite, para o que já vivemos na pandemia, já é um avanço.

Se deixarem o SUS trabalhar, nós sabemos construir uma unidade administrativa independente de cores políticas, ideológicas ou da agenda eleitoral.


(PL)