Nésio Fernandes: atacar vacinas é atacar nosso projeto de civilização
Depois de uma longa batalha contra a Covid-19, finalmente gestores e população começam a respirar mais aliviados com a redução constante de casos e mortes. Um deles é o secretário de Saúde do Espírito Santo e membro do Comitê Central do PCdoB, Nésio Fernandes. Em uma série de postagens pelas redes sociais, ele comemorou o novo cenário e falou sobre as perspectivas para os próximos meses, alertando para a necessidade de ampliar a vacinação e a conscientização sobre sua importância. “Atacar as vacinas é atacar nosso projeto de civilização”, disse.
“Acabo de fazer a rotina de avaliação dos dados da Covid-19 no Espírito Santo. Meus olhos se encheram de emoção. Nove casos registrados ocorridos no dia de hoje (9) num ambiente de plena oferta de testes, 27 pacientes positivos internados; zero óbitos confirmados hoje e em dias anteriores”, declarou.
O secretário salientou que “se os casos continuarem caindo, com eles as internações remanescentes também cairão e períodos mais longos sem óbitos poderão ser registrados. Temos o desafio de manter a vacinação caminhando. Hoje considero que temos dois grandes riscos: queda significativa da proteção entre 6-8 meses da última dose, em ambiente sem novas variantes e nova variante com escape vacinal. Vamos precisar medir a cobertura vacinal considerando suscetíveis vacinados há mais tempo”.
Nésio ponderou ainda que “é possível um cenário de risco durante o processo eleitoral e revivermos o debate da pandemia, com aumento de casos entre os meses agosto-outubro de 22. Quem acha que a pandemia acabou e que ela não estará no debate eleitoral, poderá se surpreender. O melhor para o Brasil e para todos os brasileiros é que esse cenário não aconteça. Para evitá-lo, precisamos de ampla campanha de atualização de esquema vacinal para todas as faixas etárias aptas”.
Vacinação infantil
Um ponto de preocupação do secretário diz respeito à imunização das crianças. “O cenário da vacinação infantil no Brasil é o pior da história da vacinação. Vacinas pediátricas da Pfizer vão vencer em todo o país, não obstante o SUS ter ampliado sua capacidade de vacinação. Precisamos debater a segurança e a necessidade da vacinação infantil sem trégua”.
Nésio alertou que “o cenário da Ômicron desenhou no Espírito Santo a maior incidência de óbitos em três meses de toda a pandemia entre crianças de zero a nove anos de idade. No primeiro trimestre de 22, tivemos três vezes mais óbitos de crianças em comparação ao último trimestre de 21. A maioria entre zero e quatro anos, ainda sem vacina”.
O secretário enfatizou que “em sociedades civilizadas crianças não morrem de doenças imunopreveníveis. Temos excelentes vacinas, que além de eficazes, são altamente seguras! O SUS representa uma das maiores características do projeto de nação civilizada. Atacar as vacinas é atacar nosso projeto de civilização”.
Preservar a baixa mortalidade
Nésio Fernandes explicou ainda que “temos 120 dias para manter o povo bem protegido com as vacinas e evitar comportamento de óbitos e internações superiores aos padrões que vamos conquistar no Brasil entre abril e junho. Acho pouco provável que tenhamos novas grandes ondas, mas é preciso preservar a baixa mortalidade”.
Para tanto, destaca que a segunda dose de reforço dos idosos “deve ser considerada a melhor de todas as notícias deste ano de pandemia. A idade representou ser o principal fator de risco para óbitos pela Covid-19, novamente os extremos de idade (zero a quatro anos e acima de 60) são os mais afetados.
Precisamos da segunda boa notícia ainda este ano: vacina segura e eficaz autorizada para menores de 5 anos”.
A dose de reforço anual, concluiu, “poderá ser uma realidade necessária. A meia dose da AstraZeneca, ou melhor, a nova dose ajustada, poderá ser a melhor opção para a estratégia nacional”.
Ele também chamou atenção para o Projeto de Pesquisa Viana Vacinada. O município capixaba faz parte de um estudo inédito, realizado por pesquisadores do Hospital Universitário (HUCAM-UFES) e da Fiocruz, apoiado pela OPAS e Ministério da Saúde, para medir a eficácia da meia dose da vacina AstraZeneca Oxford/Fiocruz.
Conforme site do projeto, “o estudo concluiu que a meia dose é efetiva e capaz de produzir defesa contra a Covid-19, semelhante à dose inteira, mas com menos efeitos colaterais. Em pré-imunes (quem já tinha tido contato com Covid) a resposta foi bastante robusta indicando que também pode ser usada como reforço”.
Se os casos continuarem caindo, com eles as internações remanescentes também cairão e períodos mais longos sem óbitos poderão ser registrados.
Temos o desafio de manter a vacinação caminhando.
— Nésio Fernandes (@dr_nesio) April 9, 2022
Por Priscila Lobregatte