NBC denunciou fake news sobre ataque russo com armas químicas

A mídia alistada na Otan deu destaque à ‘notícia’ de que as fake news da Casa Branca sobre a Rússia estar ‘se preparando para usar armas químicas na Ucrânia’ integrariam uma ‘nova e ousada estratégia’ para ‘entrar na mente de Putin’ e nada tinham a ver com a realidade nem base em quaisquer fatos, conforme registrou a NBC News.

“Não há evidências” de que a Rússia “tenha trazido armas químicas para perto da Ucrânia”, asseguraram à NBC News “três funcionários dos EUA”, falando sob anonimato.

Questão que mereceu um estardalhaço da NBC News, como se inventar falsidades e fabricar provocações fosse novidade e não fizesse parte do modus operandi de Washington há mais de um século.

Do incêndio do Maine no porto de Havana à exibição de um ‘tubinho de antraz’ no Conselho de Segurança da ONU pelo então secretário de Estado Colin Powell na véspera da invasão do Iraque, onde Sadam teria “armas de destruição em massa”, até ao ‘incidente no Golfo de Tonkim, no Vietnã.

‘Linhas vermelhas’ com ‘armas químicas’ não pararam de aparecer – uma provocação por vez dos ‘Capacetes Brancos’ na Síria – além dos hits ‘Skripals’ e ‘Navalny’, saídos do manual de bandeiras trocadas CIA/MI6.

Com Kinzhals hipersônicos, para que a Rússia iria querer usar o mais evidente pretexto dos últimos anos no Ocidente para intervir, as ‘armas químicas’? Só para dar à CIA e Pentágono a escusa que vivem abanando?

Conto de Biden

Então, é um conto da carochinha que o regime Biden esteja “inovando” em alguma coisa quanto a mentir, fraudar e roubar. Afinal, foi isso exatamente que Mike Pompeo esclareceu ser o âmago do trabalho da ‘Agência’ – além de promover golpes e atentados.

O novo esforço global por mentir incluiu a divulgação de ‘informações’ sem pé nem cabeça nas redes sociais, segundo as quais Putin estaria sendo “enganado por seus próprios conselheiros, que têm medo de lhe dizer a verdade”.

Quando, no mesmo dia, o próprio Biden foi questionado sobre isso, segundo as palavras dele, seria “uma questão em aberto”. “Há muita especulação”, ele acrescentou. “Mas ele parece estar – não estou dizendo isso com certeza – ele parece estar se isolando.”

O grau em que Putin está isolado ou confiado em informações falsas não pode ser verificado, disse Paul Pillar, um oficial de inteligência americano aposentado. “Não há como provar ou refutar essas coisas”, disse ele.

Após o vídeo do presidente Biden com a mão estendida para o vazio – supostamente, alguém ironizou, para cumprimentar um eleitor imaginário -, soa um pouco pretensioso pretender “desequilibrar Putin”. Logo o Putin.

A mesma baboseira foi repetida em fevereiro por um elemento do ‘Council of Foreign Relations, Max Boot, que exaltou que o governo Biden inaugure “uma nova era de operações de informação” com lançamentos de inteligência projetados “não para dizer a verdade, mas para influenciar as decisões de Putin”. Aliás, é de Putin a observação de que os EUA são “o império da mentira”.

O ex-chefe do MI6 John Sawers não parecia tão impressionado quanto Boot. Ele disse ao The Atlantic Council em fevereiro que os lançamentos de “inteligência” do governo Biden foram baseados mais em “uma vibração geral do que em inteligência real”, e foram projetados “para manipular em vez de informar”.

Sobre a questão, a articulista Catlin Johnstone destacou que um dos autores da matéria é Ken Dilanian, que em 2014 revelou ter trabalhado como ativo da CIA na redação do Los Angeles Times. “Se você vir a assinatura de Dilanian, pode ter certeza de que está lendo exatamente o que os gerentes do império americano querem que você leia”.

Para que o leitor possa ter uma “melhor noção de onde estou querendo chegar”, Johnstone recomenda assistir a versão televisionada deste relatório, em que Dilanian e a âncora da NBC, Alison Morris, se entusiasmam sobre o quão brilhante e maravilhoso é que o governo Biden esteja empregando essas táticas de guerra psicológica para mexer com a mente de Putin.

Para Johnstone, a mensagem que um espectador doutrinado da NBC “receberá ao assistir a este segmento é: ‘Isso não é incrível? Nosso presidente está fazendo todos esses movimentos legais de xadrez em 3D para vencer Putin, e nós somos parte disso!’”

Para a autora, há muito tempo que o império dos EUA vem trabalhando para fortalecer seu controle narrativo e sua dominação hegemônica do planeta por meio de censura na internet, propaganda, manipulação de algoritmos do Vale do Silício e a banalização da perseguição a jornalistas.

Podemos – ela advertiu – estar agora simplesmente no estágio de controle narrativo imperial, onde eles podem começar a fabricar abertamente o consentimento do público para que minta “pelo próprio bem”.