Não há como substituir o gás russo, afirmam Hungria e Áustria
Enquanto os líderes da União Europeia reiteram sua recusa ao gás russo “pago em rublos”, autoridades na Áustria e na Hungria advertiram que não há alternativa real ao gás natural russo, nem sob o aspecto da capacidade de fornecimento, e menos ainda no quesito preço.
“Substituir o gás russo barato pelo gás americano caro” é uma proposta “absurda”, disse o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban , à Rádio Kossuth na sexta-feira.
“Não é que vamos vestir um suéter extra à noite e diminuir um pouco o aquecimento ou pagar alguns florins a mais pelo gás. O fato é que se o fornecimento de energia não vier da Rússia, não haverá energia na Hungria”, enfatizou Orban.
Ele observou que 85% do suprimento de gás da Hungria e 64% do petróleo do país vêm da Rússia, e que a geografia limita a capacidade de Budapeste de diversificar suas fontes de energia.
Na Áustria, o executivo-chefe da gigante de energia OMV, Alfred Stern, ecoou o alerta do primeiro-ministro húngaro, dizendo que não havia alternativa de GNL para a Áustria.
“Desistir do gás russo é impossível, a menos que estejamos dispostos a viver com as enormes consequências de tal passo. Alguns países podem fazer isso. Não pode ser implementado pela Áustria este ano…Como um país sem litoral, não temos acesso ao GNL. Qualquer diversificação significaria investir em infraestrutura mais cara para ter acesso a gás mais caro. A eliminação progressiva do gás russo tem um preço. Isso deve estar claro para nós”, disse Stern , falando ao Die Presse na sexta-feira.
Diante das sanções ilegais contra a Rússia por causa da crise na Ucrânia e do sequestro das reservas russas, impostos pelos EUA e endossados pela União Europeia, Moscou determinou que os clientes dos países hostis terão que abrir conta em rublos em banco russo para fazer o pagamento do gás. Caso isso não seja feito, o gás não será fornecido. Mas haverá todo um processo de transição e respeito às cláusulas acordadas, apenas com a mudança da moeda para rublo.